sexta-feira, 22 de maio de 2015

PALMYRA




A conquista de Palmyra pelo auto-denominado Estado Islâmico, sustentado por "forças ocultas" aos olhos dos ingénuos e dos ignorantes, é um crime contra a Humanidade. Não sabemos ainda se as antiquíssima ruínas serão destruídas, havendo só noticia de que algumas peças únicas da Antiguidade foram retiradas do museu local.

Estive alguns dias em Palmyra, em Setembro de 2005, e fiquei deslumbrado pela magnificência do conjunto arqueológico, de estonteante beleza ao entardecer,  e pelo cuidado que o governo de Bashar Al-Assad, ainda que com meios modestos, dispensava ao museu da cidade.



As ruínas de Palmyra situam-se a alguma distância de Tadmur, nome árabe da localidade, mas o percurso faz-se facilmente a pé.

Continua a constituir um enigma para muita gente como foi possível a um punhado de fanáticos apoderarem-se em poucos meses de um território maior do que Portugal. Insondáveis (ou estúpidos) são os desígnios dos Estados Unidos da América. E abomináveis as monarquias da Península Arábica. Mas tudo começou com a invasão anglo-americana do Iraque, em 2003, encabeçada por dois criminosos de guerra, George W. Bush e Tony Blair, apoiados por outros proxenetas menores mas nem por isso menos danosos.

A destruição do Médio Oriente, a que vimos assistindo desde há mais de dez anos, constitui um dos actos mais ominosos das últimas décadas, com o seu cortejo de milhões de vítimas e a destruição de um património cultural de inestimável valor universal. Não pode haver perdão para os autores materiais e morais desta hecatombe, a maior parte infelizmente ainda vivos, nem para os turiferários de uma guerra justificada pela mais completo argumentário de mentiras alguma vez produzido na História.



Não é este o momento para analisar a criação do "Estado Islâmico" nem para confiar as minhas impressões pessoais sobre a inesquecível estada em Palmyra. Mas não posso deixar de manifestar hoje a mais profunda indignação pela situação que se vive na Síria e no Iraque e pela manifesta hipocrisia do Mundo Ocidental.

Sem comentários: