segunda-feira, 12 de novembro de 2012

ATRÁS DAS PORTAS AZUIS...



Et derrière les portes bleues, les garçons aux yeux noirs


Michel Giliberti, pintor, fotógrafo e escritor (e ocasionalmente cantor, há 40 anos, com discos editados), nasceu em Ferryville (hoje Menzel-Bourguiba), próximo de Bizerte, na Tunísia. Tem vivido entre a França e o seu país-natal.

Autor de uma obra que denota, nos géneros que tem cultivado, um elevado sentido estético e um inequívoco bom-gosto, Giliberti é também um "blogger" que nos brinda periodicamente com imagens de qualidade indiscutível.

Vem este post a propósito do seu romance Derrière les portes bleues, publicado há uns anos mas que só agora tive oportunidade de ler. Trata da história do encontro em Paris de um homem jovem, Jérémie, cantor e compositor de música ligeira (uma estrela do showbusiness) e de Tarek, um rapaz francês de origem tunisina, desempregado, para quem o cantor é um ídolo. Não só do encontro mas das consequências previsíveis e imprevisíveis do encontro. Escrito parcialmente em verlan, o calão francês que inverte as sílabas das palavras e que passou a ser usado principalmente pela juventude da banlieue parisiense, em meados do século passado, e especialmente pelos beurs, que o arabizaram, o livro adquire uma autenticidade acrescida. Pena é que o autor não tenha incluído um glossário dos termos no final, para os leitores menos familiarizados com o tema, ou talvez seja melhor assim, para os levar à descoberta do significado das palavras.




A leitura desta obra é um prazer, muito em especial para quem conheça bem a Tunísia e o seu povo.  Michel Giliberti, que no final se introduz a si mesmo como personagem, é indiscutivelmente um profundo conhecedor do país e dos seus habitantes, usos e costumes, o que não admira pois, ainda que francês, nasceu nessa terra maravilhosa.

Michel Giliberti é também autor de uma peça de teatro, Le centième nom, sobre o problema israelo-palestiniano, em que um dos intérpretes foi o conhecido actor francês de origem argelina Salim Kechiouche, um ícone beur em França, também modelo, e que foi descoberto para o cinema quando tinha 15 anos pelo realizador Gaël Morel.

1 comentário:

Anónimo disse...

Estas portas azuis escondem tesouros inimagináveis. Haja fé em que o fundamentalismo islâmico não estrague tudo.