quarta-feira, 24 de outubro de 2012

NO REINO DOS MORTOS



PORQUE, COMO DISSE KEYNES, A LONGO PRAZO ESTAREMOS TODOS MORTOS, REVISITEMOS O CEMITÉRIO DO PÈRE LACHAISE.

Possui Paris cemitérios famosos, como os de Montmartre ou Montparnasse, onde se encontram sepultadas figuras célebres, mas o cemitério emblemático da capital francesa é o do Père Lachaise, no qual repousam alguns dos mais notáveis vultos franceses e estrangeiros. Além, é claro, das figuras que descansam eternamente nos Invalides, maxime Napoleão Bonaparte, ou no Panthéon, essa antiga igreja hoje templo cívico da pátria gaulesa.

Entre as várias personalidades enterradas no Père Lachaise contam-se os escritores Balzac, Proust, Oscar Wilde, Molière, Colette, Alphonse Daudet, Prudhomme ou Éluard, pintores como Delacroix, Ingres, Modigliani ou Géricault, historiadores, como Braudel ou Michelet, filósofos, como Auguste Comte, egiptólogos, como Champollion ou Vivant Denon, compositores, como Rossini, Chopin, Bellini, Cherubini ou Charpentier, actores, como Sarah Bernhardt, Gilbert Bécaud ou Yves Montand.

Os terrenos foram adquiridos pelos jesuítas no século XVII, dando-lhe o nome de Mont-Louis. Aí edificaram uma casa de repouso, para onde se retirou o mais ilustre de entre eles, o père de La Chaise, confessor de Luís XIV. Depois do atentado de Damiens contra Luís XV, os jesuítas foram expulsos do reino e as construções do Mont-Louis foram então abandonadas aos credores. Napoleão I mandou resgatar a propriedade, que em 1804 se tornou o Cimetière de l'Est.

A mais vasta necrópole da capital é também um esplêndido parque possuidor de essências raras. Verdadeiro labirinto fantasmagórico, este país dos Mortos - ou antes da Morte - oferece aos visitantes uma multidão de áleas e contra-áleas. Recinto místico no meio dos rumores da grande cidade, o Père Lachaise alimenta-se da sua história, dos seus segredos, das suas lendas: necrofilia, vampirismo, prostituição, missas negras...

Uma digressão mais rápida do que o desejável (o Cemitério mede 43 hectares) permitiu registar algumas imagens.




Balzac
Cherubini
Chopin
Delacroix
Géricault
Ingres
Proust
Rossini
Sarah Bernhardt
Vivant Denon
 Wilde

3 comentários:

Eduardo Freitas disse...

Diria um cínico - no caso, eu - que o longo prazo de Keynes chegou e não dá mostras de se querer ir embora, antes se tendo instalado de armas e bagagens.

Et pourtant, nous sommes toujours vivants!

Mas tens razão. Esse cemitério é lindíssimo e já o calcorreei um par de vezes.

Xico disse...

Esqueceu-se de Rose Alphonsine Plessis ou Marie duplessis, a famosa inspiradora da Dama das Camélias. É que morrer aos 23 anos já famosa é preciso grande arte e engenho, além de dois palmos de cara.

Blogue de Júlio de Magalhães disse...

Esqueci-me de muitos mortos famosos, a começar por Heloísa e Abelardo, figuras tutelares do Cemitério. Ou melhor, não foi propriamente esquecimento mas falta de tempo. Lamento, por exemplo, não ter fotografado o túmulo de Bellini.