segunda-feira, 2 de agosto de 2010
MÁRIO BETTENCOURT RESENDES
Morreu hoje Mário Bettencourt Resendes, jornalista e comentador político, ex-director do "Diário de Notícias". Não o conheci pessoalmente mas, segundo o testemunho dos seus próximos, além de bom profissional era também um homem bom. O que, por si só não chegando, é um valor acrescentado quando se junta a outras qualidades.
Li alguns dos seus escritos e ouvi vários dos seus comentários. Nem sempre concordando com ele, considerava-o um homem bem informado, sereno nas suas apreciações, com uma certa visão do mundo que foi apanágio de toda uma plêiade de jornalistas que está prestes a extinguir-se.
Por razões de ordem diversa, a comunicação social portuguesa vem baixando o seu nível cada ano que passa. As notícias de natureza cultural ou de ordem internacional vão rareando, limitando-se ao absolutamente indispensável. Vai longe o tempo em que os jornais tinham semanalmente um suplemento cultural. E que se ocupavam regularmente com a a cena internacional.
Hoje, nada disso interessa. Talvez porque não venda, ou porque os jornalistas são ignorantes ou estúpidos, ou porque os jornais servem interesses ocultos. De facto, o nível educacional português é cada vez mais baixo. O processo de Bolonha, invenção sinistra para deseducar os europeus, encontrou um terreno fértil em Portugal. Quem sai das universidades nos dias que correm pouco sabe da sua especialidade e nada sabe do resto, salvo limitadíssimas excepções.
A cereja no cimo do bolo é a notícia vinda ontem a público, em que se anuncia o fim das reprovações no ensino secundário. Não encontro epítetos para a classificar. Estamos a entrar no domínio do crime.
Mário Bettencourt Resendes era ainda um jornalista culto e educado. Por isso, o seu desaparecimento constitui uma perda para o país. Já são poucos os que ficam. Em breve não haverá algum.
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