sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

CONSTANTINO P. CAVAFY


Iniciou este blogue a sua publicação, no início do ano passado, tendo por epígrafe os dois últimos versos do poema “À Espera dos Bárbaros”, de Constantino P. Cavafy, um dos mais notáveis poetas do século XX, traduzido pela primeira vez para português por essa outra figura maior da nossa cultura que foi Jorge de Sena.


Circunstâncias várias não permitiram, durante o ano transacto, que dedicasse ao poeta, e à sua cidade de Alexandria, lugar por excelência da cultura universal, a atenção que a ambos é devida. Tentarei redimir-me da falta ao longo do ano que agora se inicia.



Célebre poeta grego, natural de Alexandria, Constantino P. Cavafy é uma das mais notáveis figuras da literatura contemporânea.


Tendo vivido sempre no Egipto, aparte curtas estadas em Inglaterra, França, Turquia e Grécia, Cavafy escreveu em grego toda a sua obra. E embora falasse o árabe dialectal egípcio, não sabia escrevê-lo. A sua poesia evoca essencialmente uma Alexandria mítica e o universo helenístico, ou por vezes uma abstracta cidade sensual. Mas o mundo árabe, egípcio, oriental, o mundo concreto que o rodeia, não faz parte, a não ser metaforicamente, da sua obra, isto apesar das relações, de todas as relações, que o poeta necessariamente com ele mantinha. É certo que as comunidades "estrangeiras" viviam "separadas" nessa Alexandria que Cavafy habitou, na segunda metade do século XIX e na primeira metade do século XX. Ele frequentava a colónia grega e também a sociedade inglesa, pois eram os ingleses que então dominavam o Egipto. Por isso, os seus contactos com egípcios restringiam-se normalmente a indispensáveis relações de natureza social, com uma classe alta, ou a necessárias relações de natureza sexual, com uma classe baixa. Os seus amigos habituais de tertúlia eram essencialmente gregos, mas por detrás da abstracção dos seus poemas sensuais encontram-se seguramente vários jovens naturalmente egípcios. Os poemas que sobravam dos muitos que escrevia e destruía circulavam em folhas soltas ou eram publicados em revistas e só em 1904 editou a primeira colectânea da sua poesia. Para o fim da vida, Cavafy dispôs a sua produção poética em três partes: as duas brochuras impressas intituladas Poemas: 1905-1915 e Poemas: 1916-1918, e um terceiro grupo, constituído por folhetos, a que chamou Poemas: 1919-1932. Os dois primeiros estavam organizados tematicamente e o último cronologicamente. Havia ainda um conjunto de poemas inacabados, repudiados pelo autor ou do seu foro íntimo, em que se incluem os primeiros poemas. A edição original e póstuma dos Poemas de Cavafy foi publicada em Alexandria, em 1935, e posteriormente em Atenas, em 1949. Desde então, a poesia de Cavafy tem sido objecto de numerosas edições, incluindo todos os poemas "rejeitados", e a sua obra está traduzida em inglês, francês, alemão, italiano, espanhol, português, holandês, russo, árabe, turco, sueco, polaco, romeno, sérvio, hebraico, etc.


Cronologia



1863 – Nascimento, em Alexandria, de Konstandinos Petros Kavafys (Constantino Cavafy), em 29 de Abril, nono e último filho de Pedro João (I) Cavafy e de Haricleia Photiadis, no primeiro andar de uma casa da aristocrática rua Chérif. No rés-do-chão, são os escritórios da firma Cavafy & Cº, pertencente a seus pais, abastados negociantes de algodão e de trigo, originários de Constantinopla.

Os seus irmãos nasceram e morreram nos seguintes anos:

- Jorge (Iorgos) – 1850-1900

- Pedro João (II) (Petrus Iannis) – 1851-1891

- Aristides (Aristidis) – 1853-1902

- Helena (Helini) – 1855-1856

- Alexandre (Alexandros) – 1856-1905

- Paulo (I) (Pavlos) – 1858-1859

- Paulo (II) (Pavlos) – 1860-1920

- João Constantino (Iannis Konstandinos) – 1861-1923


O pai de Cavafy nascera em 1814 e a mãe em 1834.

Neste ano, o rei Otão da Grécia é substituído por Jorge I e Ismaïl Pacha ascende a governador do Egipto, obtendo mais tarde do sultão otomano o título de khediva.


1864 – Constantino é baptizado na Igreja de Evangelismos, da comunidade grega de Alexandria. A família faz uma viagem a Paris.


1869 – Inauguração do Canal de Suez.


1870 – Morte do pai. O irmão Jorge toma conta da Casa Cavafy de Londres.


1872 – Devido a dificuldades económicas, Haricleia instala-se com os filhos em Liverpool. Constantino inscreve-se numa escola inglesa.


1874 – Mudança da família para Londres. Passagem do verão nas grandes estâncias balneares. Ismaïl Pacha, numa situação financeira muito difícil, cede aos ingleses as suas acções no Canal de Suez.


1876 – Bancarrota no Egipto. É instalada a tutela franco-inglesa. Falência da Casa Cavafy.


1877 – Regresso da família ao Egipto, à excepção do filho mais velho, Jorge, que permanece em Londres. Os Cavafy, privados dos recursos do passado, enfrentam agora as dificuldades de uma nova vida.


1879 – Por pressão de ingleses e franceses, o sultão otomano Abdul-Hamid II substitui o khediva Ismaïl pelo filho deste Tewfiq Pacha.


1881 – Constantino Cavafy inscreve-se no Liceu Comercial Hermes, de Alexandria. Tem 18 anos e começa a redigir um dicionário histórico. Uma sedição militar derruba o governo do Cairo.


1882 – Período de grande instabilidade política no Egipto. O coronel Urabi Pacha, um dos símbolos do Partido Nacionalista, rejeita as pretensões colonialistas franco-britânicas sobre o Egipto. Os ingleses bombardeiam Alexandria e Urabi é derrotado. A casa dos Cavafy é destruída pelo incêndio que consumiu parte da cidade e Haricleia refugia-se com os filhos mais novos em casa de seu pai, em Constantinopla.


1883 – A família Cavafy passa por dificuldades materiais em Constantinopla. Constantino, que pretende ser jornalista, é iniciado em práticas homossexuais por seu primo direito Jorge Psilliary. Ocupação britânica de Alexandria, depressão económica e epidemia de cólera.


1884 – Revolta do Sudão.


1885 – Regresso de Constantino a Alexandria, na companhia da mãe e dos irmãos Paulo e Alexandre. Na cidade, dominada pelos ingleses, Aristides trabalha na Bolsa como corretor; Alexandre, na firma Thomas Cook & Son; Pedro, no Departamento de Saúde do Governo e Paulo na Câmara Municipal. Constantino faz alguns trabalhos e escreve os primeiros poemas. No Sudão, Mohamed Ahmed, o Mahdi, chefe da guerra santa contra "os estrangeiros infiéis e os turcos ímpios", cerca Khartum com os seus fiéis ansares e derrota o general Gordon, governador-geral nomeado pelo khediva a pedido dos ingleses, que é decapitado, sendo a sua cabeça passeada em triunfo. O Mahdi morre subitamente seis meses mais tarde e sucede-lhe um novo "califa", Abdallah Mahmud.


1886 – Constantino obtém cartão de jornalista do Telegraphos e publica os seus dois primeiros poemas na revista Hesperos, de Leipzig.


1888 – Trabalha como corretor na Bolsa do Algodão, por conta de seu irmão Aristides.


1889 – Trabalha gratuitamente como secretário no Serviço de Irrigação. Morte do seu amigo Mikis Ralli, aparentemente de febre tifóide.


1890 – Recusa o lugar que o irmão Jorge lhe propõe em Londres.


1891 – Morte súbita do irmão Pedro. Escreve uma série de artigos para a revista Quindicilane, pedindo a restituição à Grécia dos mármores do Parténon, que haviam sido mandados arrancar no século anterior pelo embaixador inglês na Turquia Lord Elgin, e ainda hoje se encontram no Museu Britânico, em Londres. Publica em outras revistas em Leipzig e Alexandria e faz imprimir o seu primeiro poema em folhas soltas.


1892 – É admitido pelos ingleses como escriturário no Serviço de Irrigação (Terceiro Círculo) do Ministério das Obras Públicas (recebendo mensalmente sete libras egípcias), aonde permanecerá durante 30 anos. Morte do khediva Tewfiq, a quem sucede seu filho Abbas Hilmi II.


1893 – Remete-se a uma vida frugal e ocupa-se cuidadosamente das suas contas. Viagem particular ao Cairo. Publicações em revistas do Cairo e de Constantinopla. Toma partido pelo regresso de Chipre à Grécia.


1894 – O seu trabalho é apreciado pelos superiores (sabe grego, inglês, francês e italiano e fala o árabe), embora não seja um modelo de pontualidade no escritório.


1895 – Trava relações com Péricles Anastasíades, sete anos mais novo do que ele, jovem educado em Inglaterra e muito interessado em literatura, além de pintor amador.


1896. Colabora no Farol de Alexandria. Primeiros Jogos Olímpicos da era moderna, em Atenas.


1897 – Viagem de cinco semanas a Paris com o irmão João, a que se segue uma semana em Londres, antes do regresso a Alexandria. Guerra greco-turca e Tratado de Constantinopla. Primeira tradução inglesa de um poema seu, Muros, feita pelo irmão João, e impressa em opúsculo de quatro páginas.


1898 – Confronto armado das tropas inglesas e francesas em Fachoda, no Sudão, e partilha das respectivas esferas de influência colonial. As forças anglo-egípcias intervêm no Sudão e vencem os mahdistas, comandados pelo "califa" Abdallah Mahmud, na batalha de Omdurman. Lord Kitchener manda exumar e decapitar o cadáver do Mahdi, enviando a cabeça ao sobrinho do general Gordon. Edição de três poemas de Cavafy, numa tiragem de 50 exemplares.


1899 – Morte súbita de Haricleia. Os cinco filhos (ainda vivos) acompanham o carro fúnebre puxado por seis cavalos.


1900 – Viagem ao Cairo. Morte do irmão Jorge, devido a "doença crónica", no Hospital Alemão de Alexandria, algum tempo depois do seu regresso de Inglaterra.


1901 – Cavafy efectua a primeira viagem à Grécia, na companhia do irmão Alexandre. Trava conhecimento com o romancista e crítico Gregório Xenopoulos.


1902 – Morte do irmão Aristides, no Cairo. Cavafy interrompe a sua actividade como corretor.


1903 – Nova viagem a Atenas, a fim de visitar o irmão Alexandre, que ficara a trabalhar na cidade. Apaixona-se por Alexandre Mavrudis e marca com as suas iniciais 'A.M.' alguns originais dos seus poemas.


1904 – O irmão João é transferido para o escritório da sua firma no Cairo. Tornando-se a casa do Boulevard de Ramleh demasiado grande só para os dois, Constantino e Paulo mudam-se para um rés-do-chão na Rua de Roseta, 17. É impressa a primeira colectânea de poemas de Cavafy, de que são enviadas cópias a Alexandre Mavrudis, Gregório Xenopoulos e Kimon Michaelides, da revista Panathenaea.


1905 – Viaja novamente para Atenas onde assiste à morte do irmão Alexandre, vítima de febre tifóide.


1907 – Muda-se com o irmão Paulo (o outro homossexual da família) para o segundo andar do nº 10 da Rua Lepsius (hoje Rua Charm El-Cheikh, nº 4), sendo o primeiro andar ocupado por uma casa de prostituição. O edifício situa-se num velho bairro grego, próximo da Catedral Ortodoxa-Grega de São Saba e do Hospital Grego. Entra em contacto com um grupo de jovens escritores que publicarão a revista Nea Zoe (Nova Vida), dedicada à literatura em grego demótico.


1908 – O irmão Paulo decide instalar-se em França. Cavafy permanece na Rua Lepsius, onde viverá durante 26 anos, até à sua morte.


1909 – Cavafy começa a escrever a sua genealogia.


1910 – O primeiro-ministro egípcio, o copta anglófilo Butros Ghali Pacha, é assassinado por Ibrahim El-Wardani, um jovem nacionalista. Cavafy regista o evento nas suas notas, salientando a emoção que a execução do criminoso provocou na população egípcia. Alguma simpatia demonstrada por Cavafy no seu escrito não deve ser alheia ao facto de que Wardani era, ao que parece, um bonito rapaz.


1911 – Lord Herbert Kitchener é nomeado cônsul-geral da Grã-Bretanha no Egipto, lugar que desempenhará até 1914, sucedendo a Sir Evelyn Baring, mais tarde Lord Cromer (1883-1907) e Sir Eldon Gorst (1907-1911). Os cônsules-gerais britânicos são durante este período os verdadeiros governadores do Egipto. Constantino Cavafy atinge a sua maturidade como grande poeta.


1912 – Assina um contrato de cinco anos com o Serviço de Irrigação e passa a receber mensalmente 22 libras egípcias. Primeira Guerra Balcânica.


1913 – Assassinato do rei Jorge I da Grécia. Segunda Guerra Balcânica.


1914 – Primeira Guerra Mundial. O Egipto torna-se um protectorado britânico, ficando assim desligado do Império Otomano. O khediva pró-turco Abbas Hilmi II é deposto e substituído por seu tio Hussein Kamel, com o título de sultão. Sir Reginald Wingate é nomeado alto-comissário britânico. Através de Anastasíades, Cavafy trava conhecimento com o famoso escritor inglês E.M. Forster (também ele homossexual), que se encontra em Alexandria ao serviço da Cruz Vermelha.


1917 – Renova por mais cinco anos o contrato com o Serviço de Irrigação, passando a ser subchefe de uma secção.


1918 – As tropas anglo-francesas entram em Constantinopla.


1919 – O salário de Cavafy no Serviço de Irrigação é agora de 33,6 libras egípcias. Ocupação de Esmirna pelo exército grego. Manifestações anti-britânicas no Egipto. E.M. Forster publica na revista londrina Atheneum um ensaio sobre Cavafy, que será retomado em 1923. Um artigo sobre Cavafy surge no Mercure de France. Primeiras traduções italianas.


1920 – Morte do irmão Paulo em Hyères (França), devido a asma e tuberculose.


1921 – A Comissão Real de Inquérito britânica conclui que não se pode manter o protectorado inglês sobre o Egipto e que é necessário encontrar novas formas de relacionamento. O alto-comissário general Sir Edmund Allenby propõe ao governo britânico a concessão da independência.


1922 – Independência do Egipto, ainda que sujeita a diversas restrições salvaguardando os interesses ingleses. Aproveitando a indemnização oferecida por Saad Zaghlul aos funcionários que abandonassem os seus lugares (tendo em vista a saída dos ingleses), Cavafy demite-se do seu cargo no Ministério das Obras Públicas. E.M. Forster publica a primeira edição do seu livro Alexandria: a History & a Guide.


1923 – Morte do irmão João (autor de poemas em inglês e em francês) que regressara de Inglaterra e vivia agora em Alexandria, atacado de paralisia. Cavafy é, a partir deste momento, um homem praticamente sem família, após a morte de todos os irmãos. Faz então testamento, legando £ 200 a sua sobrinha Haricleia, £ 700 a sua sobrinha Helena e o restante, incluindo o recheio da casa, os direitos literários e alguns diamantes, ao seu amigo Alexandre Singopoulos. E.M. Forster publica Pharos & Pharillon, aonde inclui poemas de Cavafy.


1924 – Verifica-se um incidente desagradável na vida de Cavafy. A propósito da grafia grega da palavra “York” utilizada num poema recentemente publicado, um jornalista nota uma diferença relativamente à usada pelo jornalista e crítico Sócrates Lagudakis. Este passa a atacar na sua coluna semanal não só a obra de Cavafy mas também a sua personalidade e denuncia-o como "um outro Oscar Wilde". Numa conferência de Lagudakis no Aeschylus Club os amigos de Cavafy protestam, gera-se tumulto e Timos Malanus, um seu amigo e biógrafo, fica ferido.


1925 – Golpe de Estado do general Pangalos, na Grécia.


1926 – Pangalos condecora Cavafy com a Ordem da Fénix, e este, embora pressionado pelos amigos, recusa rejeitá-la para não ofender a Grécia. Funda a revista Alexandrini Techni (Arte Alexandrina). Alexandre Singopoulos casa-se com Rika (contra a vontade inicial de Cavafy) e vão habitar o andar por baixo do poeta.


1929 – Segundo o seu biógrafo Timos Malanus, Cavafy conhece por esta altura três rapazes no Café Al-Salam, que leva frequentemente à noite para casa e a quem gratifica: Spyro, Jorge (que foi guarda-livros num café em Ibrahimieh) e Toto (um mecânico de automóveis).


1930 – Recebe a visita do poeta futurista italiano Marinetti.


1932 – Queixando-se da garganta desde há algum tempo, em Junho é-lhe diagnosticado um cancro na laringe. Alexandre e Rika Singopoulos e outros amigos convencem-no a deslocar-se a Atenas para consulta e tratamento. No hospital da Cruz Vermelha é submetido a uma traqueotomia e, recusando uma prótese, perde definitivamente a voz, passando a comunicar exclusivamente por escrito. Antes da operação, dissera a Rika: "Todos os velhos têm qualquer coisa: uns perdem a vista, outros o ouvido. Eu vou perder a voz, posso considerar-me com sorte". Passa a convalescença numa clínica em Kifissia e em Outubro regressa a Alexandria.


1933 – Na primavera, o seu estado de saúde agrava-se e é internado no Hospital Grego de Alexandria. Segundo Rika Singopoulos "durante a sua terrível doença, Cavafy só chorou uma vez. Foi quando o levaram para o hospital. Trouxemos-lhe uma pequena mala para pôr alguns papéis (ele guardou as duas pastas com os seus poemas) e algumas peças de roupa de que necessitava. Quando viu a mala, as lágrimas correram-lhe pela cara. Tentámos acalmá-lo, nesse momento crucial em que deixava a sua casa para sempre. Então, pegou no bloco e escreveu: 'Comprei esta mala há 30 anos, uma noite, à pressa, para ir ao Cairo em busca de prazer. Nessa altura era jovem e forte, não era repulsivo'". Não conhecemos exactamente as convicções religiosas de Cavafy, embora seja precipitado considerá-lo um ateu. Quando o patriarca ortodoxo de Alexandria veio ao hospital pela primeira vez, Cavafy recusou a visita, que tinha sido combinada sem o seu conhecimento. Depois, consentiu vê-lo e aparentemente recebeu os últimos sacramentos.


Após uma longa agonia, morreu às duas da manhã de 29 de Abril, dia do seu septuagésimo aniversário. As cerimónias fúnebres tiveram lugar na tarde desse mesmo dia na Catedral Ortodoxa-Grega de São Saba e o corpo foi sepultado no jazigo de família no Cemitério Grego Ortodoxo, em Chatby.


Em Outubro de 2003, a Bibliotheca Alexandrina comemorou os 140 anos do seu nascimento e os 70 anos da sua morte.








2 comentários:

Anónimo disse...

Os leitores portugueses de Cavafy agradecem certamente estes dados biográficos e históricos,que muitos desconhecerão. E esperam dos próximos "capítulos" algumas reflexões sobre a temática dos poemas,a sua recepção neste "nosso mundo",etc.
Pela minha parte,notei a primeira referência quando pelos anos 50-50 li o "Quarteto de Alexandria",onde se fala do "Poeta da Cidade",que em notas finais era identificado como Cavafy,e se apontava a tradução de John Mavrogordato (cito de memória).Penso que muita gente ficou a dever ao Durrell essa discreta introdução ao poeta,antes da chegada das apresentações de Yourcenar,Sena,e tutti quanti. E ainda hoje penso que "Poeta da Cidade" é uma excelente caracterização de Cavafy,ligado indissoluvelmente a Alexandria,e à rememoração das sua glórias e do seu prestígio para sempre perdidos. Assim,tanto nos seus poemas de temática histórica,onde revela uma intimidade extraordinária com o mundo helenístico-romano,como nos apontamentos do "dia a dia" do seu tempo e das suas ruas,perpassa a inevitável melancolia dos que recordam as grandezas abolidas e irreversíveis. De notar tambem as semelhanças com Pessoa,ambos externamente burocratas cinzentos e simultaneamente autores de poesia audaz e de base cultural extraordinária, só plenamente reconhecida no post-mortem. Realizou-se nos anos 90 em Delfos um colóquio de apreciação comparativa Pessoa-Cavafy.Tive alguma coisa a ver com isso,mas infelizmente não pude participar. Mas tambem nunca vi qualquer eco do colóquio no nosso meio cultural,o que talvez afinal não seja surpreendente.
Finalmente,para não me alongar nas sugestões para as eruditas futuras intervenções do autor do blogue,notaria só ser de destacar a coragem de naquela época publicar,mesmo confidencialmente,textos sobre encontros mais ou menos furtivos com jovens encontrados na rua ou numa loja,transfigurados em momentos de um melancólico encanto. Ainda bem que o Poeta da Cidade encontrou aqui um espaço de amizade e compreensão.

Anónimo disse...

Seja-me permitida a correcção de uma gralha de menor importância,mas irritante. Evidentemente a leitura do Quarteto não é nos "anos 50-50",
mas sim 50-60.