quinta-feira, 9 de maio de 2024

A SOMBRA DE CARAVAGGIO

Recebi finalmente, e vi, Caravage (L'ombra di Caravaggio), de Michele Placido (2022), que me provocou alguma perplexidade. 

Trata-se de um filme indubitavelmente interessante, em que o realizador pretende reproduzir na película a atmosfera das telas do notável pintor, mas que se me afigura apresentar uma figura de Caravaggio não precisamente conforme à ideia que dele possuímos, traduzida nos numerosos textos ou filmes já produzidos sobre o mesmo, como os de Derek Jarman e Angelo Longoni. Não sendo (infelizmente) um especialista de Caravaggio, tenho algumas dúvidas sobre a reconstituição histórica dos factos, embora não fosse porventura essa a principal preocupação do realizador. Também me parece que há, recorrentemente, uma violência excessiva, ainda que tal violência não seja propriamente estranha à época.

A introdução de uma figura de ficção, a Sombra (um inquisidor particular ao serviço do Papa Paulo V) para averiguar da vida e da obra do pintor, e que serve de fio condutor do filme, é uma liberdade cinematográfica que servindo os objectivos do realizador acaba por condicionar a estória.

Devo à Providência a graça de ter visitado, em 2010, a primeira grande retrospectiva mundial de Caravaggio, em Roma, no Palácio do Quirinale. E de ter observado os seus quadros nos museus europeus e nas igrejas italianas e de Malta. 

Catálogo da exposição no Quirinale

E li alguns livros sobre a vida e a obra de tão singular criatura, cuja projecção universal só começou a ser reconhecida no século passado.

Em 2010, publiquei aqui http://domedioorienteeafins.blogspot.com/2010/04/caravaggio-em-roma.html um post sobre a exposição de Roma. Nada mais tenho, por agora, a acrescentar.

Publico a capa de três livros sobre o Mestre.

"M" (de Michelangelo Merisi da Caravaggio)

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