sábado, 14 de maio de 2022

FERNANDO PESSOA E A TEOSOFIA

Yelena Petrovna Blavatskaya nasceu em Yekaterinoslav, no Império Russo (hoje Dnipro, anteriormente Dnipropetrovsk, na Ucrânia) em 12 de Agosto de 1831 e morreu em Londres em 8 de Maio de 1891, vítima de uma epidemia gripal. Figura maior da Teosofia, ficou mundialmente conhecida por Helena Blavatsky ou simplesmente Madame Blavatsky.

Tendo viajado por muitos países, privilegiou o Oriente, e especialmente a Índia e o Tibete, debruçando-se em particular sobre o Budismo, ainda que os seus estudos incidam em geral sobre as tradições espirituais da Humanidade.   

A obra em apreço (A Voz do Silêncio), que Fernando Pessoa traduziu, foi publicada em Londres em 1889, com o título The Voice of the Silence, por The Theosophical Publishing Company, Limited, com prefácio e notas da autora. Naturalmente que Pessoa, sempre virado para o Esoterismo, não poderia ignorar Blavatsky, mesmo que os seus pensamentos não se identificassem. Como não hesitou em se aproximar de Aleister Crowley, cujas ideias lhe suscitaram sempre as maiores reservas.

Segundo António Quadros, o esoterismo pessoano, em estádio filosófico, entre 1905 e 1915, passará ao estádio neo-pagão até cerca de 1920 e, a partir de então e até ao fim da vida, ao estádio gnóstico, por influência de Blavatsky.

Considerou Pessoa que a doutrina blavatskyana poderia ser considerada um sistema ultra-cristão, e disso deu conta ao seu amigo Mário de Sá-Carneiro, manifestando-se assustado pela "possibilidade de que ali, na Teosofia, esteja a verdade real".

O volume A Voz do Silêncio inclui três fragmentos: A Voz do Silêncio (coincidindo com o título), Os Dois Caminhos e As Sete Portas. 

«E então ao ouvido interior falará A Voz do Silêncio e dirá: Se a tua Alma sorri ao banhar-se ao sol da tua vida; se a tua Alma canta dentro da tua crisálida de carne e de matéria; se a tua Alma chora dentro do seu castelo de ilusão; se a tua Alma se esforça por quebrar o fio de prata que a liga ao Mestre; sabe, ó discípulo, que a tua Alma é da terra.»

Não cabe, naturalmente, neste post discorrer sobre a Teosofia e os seus meandros.

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