domingo, 13 de junho de 2021

À SOMBRA DE IRMINSUL

Recebi na semana passada mais um DVD de Norma, de Bellini, uma das mais notáveis óperas do repertório do bel canto.

Trata-se da gravação do espectáculo apresentado no Gran Teatre del Liceu, de Barcelona, em Fevereiro de 2015, com a orquestra da casa, dirigida por Renato Palumbo. Interpreta a protagonista a soprano americana, de origem checa, Sondra Radvanovsky, de quem possuo outros desempenhos operáticos em DVD, incluindo uma outra Norma, de 2017, apresentada no Met, com direcção musical de Carlo Rizzi e encenação de David McVicar.

Como é conhecido, a acção decorre numa Gália um pouco fantasiada, à sombra de Irminsul, o carvalho sagrado, que encarnava a ligação entre o céu e a terra. A ópera, com libretto de Felice Romani (a partir do poema Norma, ou L'infanticide, do francês Alexandre Soumet)  foi estreada no Scala, de Milão, em 26 de Dezembro de 1831.

Gravação de 1954

A prestação vocal é de elevado nível (não revi a gravação de 2017 mas tenho em memória que suplanta a presente) mas faltou a Sondra Radvanovsky o golpe de asa que lhe permitiria alcançar o sublime. Também digno de apreço o desempenho de Ekaterina Gubanova, em 'Adalgisa'. É claro que ninguém ainda conseguiu superar a interpretação de Maria Callas, em 'Norma' (que conheço de disco) e estou certo que a mais notável 'Adalgisa' do último meio século foi Fiorenza Cossotto, que ouvi no papel, em São Carlos, contracenando com Mara Zampieri, num espectáculo memorável.

Gravação de 1961

A encenação do americano Kevin Newbury hesita entre o convencional e o moderno, resultando híbrida, embora, globalmente, não desmereça o texto e a música de Bellini. O conflito entre o amor e o dever, o "patriotismo" dos gauleses e a ocupação romana, a paz e a guerra é bem claro nesta tragédia lírica que continua a suscitar pelo mundo o aplauso de multidões.

 

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