sábado, 30 de novembro de 2013

A SÍRIA ATRAVÉS A HISTÓRIA




Publicado en finais do ano passado, o livro Le Roman de la Syrie não é obviamente um romance, mas também não é propriamente um livro de história. A preocupação dos autores foi dar-nos um panorama histórico-político-cultural da região que há milénios se denomina Síria, dos povos que a ocuparam e dos que hoje lá vivem.

Estando a Síria, pelas piores razões, desde há cerca de três anos no centro das atenções internacionais, os autores, Didier Destremau e Christian Sambin, procuraram fornecer-nos uma perspectiva do país desde a Antiguidade aos nossos dias e do conflito que nele agora se desenrola, no culminar do processo a que imprudentemente se chamou "Primavera Árabe", e que provocou o caos, que se mantém, nos territórios contaminados pela ilusão do estabelecimento de regimes democráticos (nem no chamado Ocidente verdadeiramente os há) em países onde o fundamentalismo religioso se aproveita do jogo eletoral para se alcandorar nas esferas do poder.

Conhecemos todos as interferências nesse processo por parte da União Europeia, dos Estados Unidos, da Turquia, do Irão e da Arábia Saudita e demais monarquias do Golfo, para referir apenas as mais evidentes. Nem faltou a intervenção armada da NATO na Líbia, incessantemente reclamada por Bernard-Henri Lévy, esse arauto das guerras a quem Pierre Assouline chamou "Lévi d'Arabie".

O livro de que nos ocupamos, que contém várias imprecisões e inexactidões (todavia não graves) e cuja estrutura é pouco rigorosa, tem, todavia, o mérito de, sem extraordinárias preocupações de erudição, permitir aos menos familiarizados com a matéria acederem a um nível razoável de conhecimentos sobre o país que é hoje notícia, diariamente, nos jornais.

Com uma referência especial à capital, Damasco, esta obra traça em linhas gerais a história do país, com ênfase para o nascimento do Cristianismo, para a instalação do Islão, para as invasões dos Cruzados, para a queda do Império Otomano, para o período do mandato francês e para a independência. Reserva um capítulo para as minorias activas: os alauítas, os drusos, os curdos, os cristãos (repartidos por mais do que uma dezena de comunidades).

Para quem não tiver a possibilidade (ou o interesse) de um estudo mais pormenorizado, e quiçá mais rigoroso, este livro contém o essencial a saber sobre a Síria, país de antiquíssimos saberes, que foi palco de várias civilizações, hoje esfacelado por uma guerra sem quartel (em parte fratricida, em parte de ingerência), e para o qual se deseja, tão rapidamente quanto possível, a paz.

P.S.: Nota-se, ligeiramente, que os autores são franceses e, provavelmente, cristãos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Os americanos, que queriam invadir a Síria (mais o estúpido do Hollande) ainda hão-de enviar tropas para ajudar a manter o regime de Assad. Ah, ah, ah!!!