terça-feira, 3 de abril de 2012

AGORA É O MALI


Anda o mundo islâmico em desassossego. Agora é o Mali, onde os confrontos que decorrem desde Janeiro estão a assumir proporções da maior gravidade. Estima-se que 200.000 pessoas tenham já abandonado as suas casas, metade das quais permaneceu no país, a outra metade refugiando-se nos países vizinhos (Mauritânia, Níger, Burkina Faso ou Argélia). O golpe de estado militar, dirigido pelo capitão Amadou Haya Sanogo, que na noite de 21 para 22 de Março depôs o presidente Amadou Touré, com o argumento de que este não conseguia controlar a revolta tuaregue no norte do país, resultou infrutífero, uma vez que os rebeldes, integrando grupos islamistas, não cessam de avançar no terreno, tendo já ocupado a histórica e simbólica cidade de Timbuktu.



A Comunidade de Estados da África Ocidental (CEDEAO) impôs, ontem, sanções à Junta Militar, o que está a provocar escassez de alimentos e de combustível e hoje a União Africana aprovou novas sanções contra os militares golpistas e os rebeldes, incluindo congelamento de bens e proibição de viajar. O principal grupo islamista em acção é o Ansar Dine, que está estreitamente ligado ao AQMI (Al-Qaeda no Maghreb Islâmico) e cuja pretensão é constituir uma república islâmica  pelo menos no norte do Mali, senão em todo o país. Combate aliado ao Mouvement national de libération de l'Azawad (MNLA), uma região que abrange uma parte do sul da Argélia, uma parte do norte do Mali e uma parte do norte do Níger.



Em Bamako, capital do Mali, receia-se um atentado, e o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Alain Juppé, pediu aos franceses que o possam fazer, que abandonem rapidamente o país. Os objectivos do Ansar Dine e do MNLA não são coincidentes. O primeiro quer manter a integridade territorial do Mali e aí instaurar a sharia, o que já começou a fazer em Timbuktu; o segundo pretende a independência do norte do território.

Segundo "Le Monde", a França obteve dos seus parceiros no Conselho de Segurança um "acordo de princípio" para uma declaração sobre o Mali, esperando que esse texto seja aprovado ainda esta noite ou amanhã. A declaração condena o golpe de Estado em Bamako e a ofensiva dos rebeldes no norte e exige o imediato regresso à ordem constitucional e o restabelecimento do presidente Amadou Touré e do governo democraticamente eleito.

Estamos a passar da Primavera Árabe para a Primavera Islâmica.

3 comentários:

Anónimo disse...

TIMBUKTU ou TOMBOUCTOU?
pode me explicar a origem da diferença
Agradecia.

Blogue de Júlio de Magalhães disse...

Para o Anónimo das 08:46:

Timbuktu é o nome original em Koyra Chiini, uma variedade da língua Songhai, falada no norte do Mali, nomeadamente na própria região de Timbuktu. Os franceses chamaram-lhe Tombouctou, nome ainda hoje utilizado em alguns países, francófonos e não só, dado que o território do actual Mali foi durante muitos anos uma colónia francesa.

Anónimo disse...

aceito a sua explição.
mas eu prefiro utilizar Tombuktu
e aqui tenho a dizer q em tempos
pisei aquele territorio africano
boa noite