Samuel Ramey em Filippo II,na ária "Ella giammai m'amò" da ópera Don Carlo, de Verdi.
Orquestra do Teatro alla Scala de Milão, direcção de Riccardo Muti
Uma das grandes árias da história da música, e uma evocação da transitoriedade do poder, do amor, da glória. À sombra do Sommo Imperatore e do fantasma do Escorial. Talvez seja o Don Carlo a ópera máxima de Verdi, pelo menos aquela que reflecte com mais profundidade os sentimentos humanos e o confronto entre o poder temporal e o poder espiritual. Bastava esta ópera para a eterna glória do compositor, embora Verdi nos brindasse ainda com outras obras-primas.
2 comentários:
Para alem do confronto entre o poder temporal e o espiritual,retratado magistralmente na cena do Grande Inquisidor,há o confronto entre o espírito de liberdade do Rodrigo e o estrito conservantismo do Filipe,expresso no extraordinário dueto iniciado com "Restate". E há a exposição da torturada e contraditória personalidade de Filipe II,sem dúvida uma das mais geniais concepções da história da ópera. Se a admiração pelo D.Carlos não nos deve fazer reduzir a que se sente pelo dramatismo do Otello,pela subtileza céptica e apaziguante do Falstaff,pela poesia sombria do Simão,pelo arrebatamento lírico e romântico dum Trovados e duma Traviata,tendo a concordar que efectivamente o D.Carlos é talvez aquela obra em que Verdi foi mais longe na "cognoszenza del cuor dell'uomo". Só lamento em nota menor que o autor do blogue,em vez do estimável Ramey,não nos tenha proporcionado o inesquecível Chistoff,que levava o retrato do Filipe II para o seu camarim do S.Carlos,ou até o Ghiaurov dirigido pelo Solti. Mas felicitações pelo post,que contrasta com outros sobre os quais prefiro não me pronunciar.
bom comeco
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