domingo, 3 de fevereiro de 2019

SALÓNICA X - O SÍTIO ARQUEOLÓGICO DE PELLA



A cidade de Pella foi a capital do antigo reino da Macedónia, depois da sua transferência de Aigai (localizada junto à actual cidade de Vergina) pelo rei Arquelau, cerca de 400 AC., e aí nasceu Alexandre Magno. A cidade foi alargada por Filipe II (pai de Alexandre) e atingiu o seu esplendor no tempo de Cassandro e de Antígono II Gónatas.


Desde o século IV AC, Pella estava organizada em espaços ortogonais, segundo o sistema hipodâmico. A Agora, um largo quadrado de vastas dimensões, era o ponto de referência por excelência da cidade. Estava rodeada por quatro alas de galerias abertas sobre o espaço central. Estas alas (pórticos) albergavam lojas, oficinas e serviços públicos. Nas galerias leste, sul e oeste funcionavam oficinas de cerâmica e de metalurgia e lojas de venda de produtos (grão, carne, vinhos, perfumes etc.). Alguns estabelecimentos dispunham mesmo de caves. Os serviços públicos encontravam-sr nas galerias norte, onde se identificaram uma sala de reuniões dos magistrados e uma estrutura em arcadas destinada ao culto. No ângulo sudoeste da Agora estavam situados os Arquivos Públicos.


Ao sul da Agora encontravam-se duas das mais ricas residências da cidade: a Casa de Dionisos e a Casa do Rapto de Helena, ocupando cada uma a superfície de um bloco residencial. O chão das salas de simpósio estavam decorados com magníficos mosaicos, feitos de pedras naturais, e por vezes inspirados por grandes obras de pintura. Os mosaicos da primeira casa foram, como se escreveu em post anterior, transferidos para o Museu Arqueológico de Pella.  Os da segunda casa encontram-se no local onde foram descobertos. Outras duas residências da dimensão das anteriores, e situadas mais a sul, são a Casa dos Estuques e a Casa de Poseidon. Da primeira foi retirada uma parede revestida de estuque colorido e da segunda uma estátua de Poseidon, estando ambas as peças igualmente no Museu de Pella.



Além destes locais nas imediações da Agora, encontraram-se mais a sul oficinas de cerâmica, fornos para cozer os artigos de barro, bacias para limpeza da argila, etc. A norte deste bloco ficavam os Banhos Públicos, os mais antigos banhos conhecidos da época helenística. Este sítio conheceu três fases de construção, e foi ininterruptamente usado do século IV ao século I AC.


Dois dos mais antigos santuários públicos da antiga Pella encontram-se no perímetro do plano da cidade e abertos ao público: o santuário da Mãe dos Deuses e de Afrodite (as padroeiras da cidade), a norte da Agora, e o santuário de Darron (referido por Hesíquio), uma divindade local conhecida pelas suas propriedades de curandeiro, a sudoeste. Algumas partes do chão deste santuário estavam decoradas com mosaicos expostos no Museu de Pella. No nordeste da cidade foi investigado outro santuário, o Thesmophorion (do nome de um antigo festival religioso em honra da deusa Deméter e de sua filha Perséfone, divindades ligadas à agricultura e à fertilidade), uma área circular ao ar livre destinada a esse culto.


A cidade da época helenística era o prolongamento da cidade clássica, uma grande cidade à beira-mar, dotada de um porto muito movimentado. Os limites da cidade de Filipe II e de Alexandre são indicados pelos vestígios da parte norte das muralhas da época clássica, sendo visíveis numa das ruas centrais da cidade helenística.


A presença acentuada de de artigos de cerâmica provenientes da Ática confirma as estreitas relações com Atenas na primeira metade do século IV AC. Igualmente se nota a influência da Ática em outros domínios, como na escultura, campo em que a influência ática se sucedeu à das ilhas da costa da Jónia. Na segunda metade do século IV AC, o incremento das oficinas de cerâmica, terracota, metalurgia e mosaicos para o solo determinou uma produção que floresceu continuamente até a cidade ter sido abandonada devido a um violento sismo nos começos do século I AC. A transferência das autoridades administrativas para a província romana vizinha não impediu que continuasse parcialmente habitada, pelo menos na parte sul, onde foram descobertas residências do período romano Séculos I a IV EC.


A cidade antiga ocupava uma área de cerca de 400 hectares e possuía um traçado rectangular, com os edifícios dispostos em blocos de dimensões semelhantes, separados por ruas com 6 a 9 m de largura. Foi a cidade mais desenvolvida do mundo grego. O seu comprimento norte/sul era de 2,5 km e leste/oeste de 1,5 km. As ruas principais estavam pavimentadas e rodeadas por passeios e colunatas e possuíam drenagem de águas. Túneis escavados nas rochas transportavam a água das montanhas para as fontes, cisternas e edifícios públicos e privados e muitas residências tinham instalações para banhos. A superfície das residências mais pequenas oscilava entre os 150 e os 200 m2 e das maiores entre 2.500 e 3.000 m2, com um peristilo central decorado com elementos arquitectónicos jónicos e dóricos, salas de banquete com o chão revestido de mosaicos, paredes pintadas no estilo mais tarde adoptado pelas cidades italianas (Pompeia é um exemplo), santuários domésticos, apartamentos privados, etc.


O palácio de Pella ocupava uma área de 60.000 m2 e compreendia cinco edifícios com vastos peristilos, salas de recepção, salas de reunião, espaços dedicados ao culto, armazéns e instalações de banhos incorporadas numa vasta "palestra". A Agora, acima referida, vasto centro comercial e administrativo, ocupava uma superfície de 70.000 m2, e era atravessada no sentido leste/oeste por uma rua de 15 m de largura, a maior da cidade.


Também foram encontradas várias oficinas em outras zonas da cidade exteriores ao complexo da Agora, o que confirma a continuação das indústrias de produção mesmo depois da conquista romana em 168 AC. e pelo menos até ao terramoto já mencionado.





Nos cemitérios de Pella encontram-se todos os tipos de arquitectura funerária, túmulos talhados na rocha, túmulos subterrâneos, túmulos cobertos por telhas, etc., e os artigos neles encontrados fornecem preciosas indicações sobre a estrutura da sociedade local, a economia, a vida privada, o custo das sepulturas e sobre as preocupações relativas ao pós-vida ou à vida pós-morte.












Além de dois modestos desdobráveis, não existe catálogo do Sítio Arqueológico de Pella.



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