terça-feira, 11 de dezembro de 2012

EGIPTO EM PRÉ-ESTADO DE SÍTIO


Manifestantes removem blocos de cimento do muro do palácio presidencial

O agravamento da situação política no Egipto levou o presidente Morsi a mandar construir um muro em torno do palácio presidencial para evitar a tomada do mesmo pelos manifestantes, o que evoca outros muros, uns entretanto derrubados e outros que ainda se mantêm mas que acabarão por ser destruídos mais tarde ou mais cedo.

Os confrontos entre os partidários laicos ou muçulmanos não fundamentalistas (que apoiam a Frente de Salvação Nacional) de um lado e os irmãos muçulmanos e os salafistas e outros grupos terroristas, que apoiam o presidente Morsi, do outro, têm-se intensificado, diante do palácio, na praça At-Tahrir (onde há agora outro acampamento mas contra Morsi) e em outros locais do Cairo e também em outras cidades egípcias, tendo provocado já vários mortos e centenas de feridos.

Embora o presidente tenha decidido anular os plenos poderes que se havia atribuído, manteve a data do referendo da Constituição, o que é inaceitável para a oposição, já que se trata de um projecto de Constituição islamizada, contrária aos direitos do homem.

O exército apelou a um diálogo nacional e ainda não interveio directamente no conflito, embora a tropa tenha assumido posições em redor da presidência da República. Contudo, foram disparados vários tiros e os aviões sobrevoam o Cairo a baixa altitude. A manutenção da ordem (frágil) tem cabido á Guarda Republicana. Os manifestantes clamam que Morsi é um Mubarak de barbas e exigem a sua resignação. Aliás, os métodos repressivos de Morsi assemelham-se cada vez mais aos do presidente deposto.



Como se pode ler aqui, são muitas e graves as divergências entre os que pretendem um Egipto laico (embora muçulmano), e os que sustentam a introdução da sharia, como fonte da lei.

A "Primavera Árabe", apressadamente apoiada (se não fomentada) pelos regimes ocidentais, e que entusiasmou alguns ingénuos e até outros menos ingénuos mas que nela viram uma forma de pôr termo à corrupção endémica dos regimes depostos, foi-se revelando, progressivamente, um logro. O exemplo do Egipto e da Tunísia é exemplar. Para não falar da Líbia, que se encontra praticamente desmembrada, e da Síria, onde uma guerra civil, fomentada do exterior, com a cumplicidade dos Estados Unidos e da União Europeia, destrói, dia a dia, o país.

É bom que fique claro que o FASCISMO RELIGIOSO É O PIOR DOS FASCISMOS.


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