terça-feira, 9 de março de 2010

UM HOMEM SINGULAR

Christopher Isherwood (1904-1986)

Não vi o filme A Single Man, de que toda a gente fala. Ainda não vi. Casa vez mais detesto frequentar cinemas de centros comerciais e hoje, praticamente, são os que restam. Sei que não é a mesma coisa ver um filme no cinema ou em dvd, mesmo que num bom LCD, sentado num sofá com amigos, e prescindindo do barulho das insuportáveis pipocas. Mas, mesmo assim, prefiro vê-lo em casa, sem problemas de estacionamento ou ruídos insólitos; por isso, aguardo a edição em dvd, já anunciada na Amazon.uk, mesmo que isso me obrigue a esperar algum tempo.

Mas acabei de reler Um Homem Singular, editado em português em 1987 e adquirido por mim na altura, por Esc. 1.030$00. O livro fora publicado originalmente em 1964 e relata o desgosto profundo de um professor universitário sexagenário (o próprio Isherwood) perante a morte acidental de um jovem companheiro. Trata-se de uma obra de profunda sensibilidade, para a qual o escritor convocou toda a sua experiência, quer dos anos da Inglaterra natal, quer dos anos loucos de Berlim (antes do nazismo), quer finalmente dos anos (meia-vida) passados nos Estados Unidos, de que viria a tornar-se cidadão naturalizado. O livro, dedicado a Gore Vidal, afigura-se-me bem traduzido por Filomena Duarte (não li o original) e espero que o filme reproduza, tanto quanto possível, esse dia singular do solitário professor da universidade de Los Angeles, relatado na obra, que Edmund White classificou (já há anos)como um dos melhores romances do moderno movimento de libertação gay.

1 comentário:

Anónimo disse...

O Cinema pròpriamente dito está para os DVDs,como a Capela Sixtina para um pequeno livro de reproduções que abrimos algures,fechamos,interrompemos. Ainda se pode ver Cinema em Lisboa e arredores em condições de sossego e recolhimento.Pelo menos tal me tem acontecido,e não julgo ser "avis rara". Sem a grande sala escura e o ecran iluminado não se realiza o milagre do Cinema. O DVD é um sucedâneo aceitável para situações de privação ou para re-visualização caseira,tal como os bons livros de Arte. Mas nada como a "real thing",sobretudo quando está à disposição por meia dúzia de euros.