sábado, 27 de fevereiro de 2010

MORTE NO DUBAÏ (III)

Austrália furiosa com uso de passaportes falsos

A Austrália fez ontem um duro aviso em relação ao uso de passaportes falsificados do país por suspeitos de assassinar um comandante do Hamas no Dubai - um assassínio que o emirado diz ter sido levado a cabo por uma equipa de 26 agentes dos serviços secretos israelitas, a Mossad.

"Qualquer Estado que tenha sido cúmplice do uso ou abuso do sistema de passaportes australianos, já para nem falar no âmbito de um assassínio, está a tratar a Austrália com desprezo e, portanto, haverá acção do Governo australiano", disse ontem o primeiro-ministro, Kevin Rudd, citado pela agência Reuters.

A Austrália mandou chamar o embaixador israelita para lhe pedir explicações sobre o sucedido - Israel não confirma nem nega a operação, o procedimento habitual quando estão em causa acções da Mossad, dizendo que não há provas de que os serviços secretos israelitas tenham estado por trás do crime. Mas poucos, quer em Israel quer fora do país, têm dúvidas de que a operação tem a marca dos serviços secretos israelitas (embora haja teorias da conspiração que apontam para trabalho de outra agência de espionagem a tentar prejudicar Israel, diz um ex-agente citado pela revista alemã Der Spiegel).

O Dubai identificou entretanto 15 novos suspeitos com passaportes da Grã-Bretanha, Irlanda, França, Estados Unidos e Austrália. A polícia do emirado começou por divulgar, na semana passada, os passaportes de 11 suspeitos com passaportes falsos e imagens de alguns membros do grupo de assassinos no hotel onde estava instalado Mahmoud al-Mabhouh antes do crime, cometido em Janeiro.

Dez destas 11 pessoas entraram no Dubai com passaportes falsos do Reino Unido, França e Irlanda (seis dos primeiros 11 suspeitos terão roubado a identidade a britânicos a viver em Israel), e o décimo primeiro elemento viajava com um passaporte verdadeiro alemão, obtido de forma fraudulenta.

Antes a UE tinha reagido expressando preocupação pelo uso indevido destes documentos europeus e dos roubos de identidade, numa declaração redigida cuidadosamente e que não nomeava Israel.

A polícia do Dubai diz ter "99 por cento de certeza" de que a operação foi montada pela Mossad. Os suspeitos chegaram em voos diferentes ao Dubai, vindos de cidades como Zurique, Paris, Roma, Milão ou Hong Kong. Depois de terem concluído a sua parte do plano, saíram para locais diferentes e por diferentes meios - dois foram mesmo de barco para o Irão. Alguns cartões de crédito de vários membros foram emitidos pela mesma empresa.

Chegou a suspeitar-se de que a operação se poderia ter apoiado em informações de palestinianos do Hamas, mas as autoridades do Dubai parecem estar, entretanto, a concentrar-se em palestinianos, não necessariamente do movimento islamista, que poderiam ter dado antes apoio logístico.

NOTÍCIA PUBLICADA ONTEM NO "PÚBLICO"

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