terça-feira, 17 de abril de 2012

O ETERNO RETORNO DO FASCISMO (II)


A propósito do "retorno do fascismo", que evocámos no passado dia 14, neste post, Mário Soares escreve hoje no Diário de Notícias, na sua coluna  O tempo e a memória:

O retorno do fascismo

«1. Na passada quinta-feira, a Fundação que tem o meu nome teve o gosto de receber, no auditório intitulado Gomes Mota, meu saudoso amigo desaparecido, vice- -presidente da Fundação, o reputado filósofo e ensaísta holandês Rob Riemen, diretor do Instituto Nexus, um centro internacional sediado na Holanda, que dissertou sobre a situação democrática em que se encontra a União Europeia e sobre a crise global que a está afetar, praticamente sem qualquer reação inteligente, da parte dos seus atuais dirigentes.
Rob Riemen é autor de vários livros, um dos quais se intitula O Eterno Retorno do Fascismo, cuja publicação, em português, se deve à Editorial Bizâncio, bem como de um outro livro, também traduzido pela mesma editora, que se chama Nobreza de Espírito, Um Ideal Esquecido, prefaciado pelo sociólogo George Steiner.

A ideia central da sua conferência consiste na falta de humanismo e de ética que hoje existe nos partidos e nas instituições europeias, que não têm especialmente a ver com o fascismo italiano ou o fascismo alemão, mas que, nem por isso, deixam de estar a pôr em causa o projeto político e cultural, de paz e de aprofundamento democrático, da União Europeia e a destruí-la, no plano social, primeiro e depois no político.

Nas bases do projeto europeu sempre estiveram os valores éticos, como a solidariedade, a igualdade dos Estados, pequenos ou grandes, ricos ou pobres e os grandes princípios da democracia económica e social e dos direitos humanos. Hoje tudo mudou: o supremo valor é o dinheiro e os interesses mesquinhos dos especuladores que põem os mercados acima dos Estados e a comandá- -los, e não, como devia ser, o contrário.

O professor Riemen sabe do que fala - e tem autoridade para o dizer - porque a Holanda de hoje tem um partido e um governo que chegaram ao poder por via do voto popular - como, aliás, Mussolini e o próprio Hitler -, não se diz fascista, que horror, mas na prática procede como tal. Como aliás está a acontecer também com a Hungria. E com a própria União Europeia, sobretudo da Zona Euro, porque graças ao comando da chanceler Merkel, educada na ex-Alemanha de Leste, não o esqueçamos, associada ao volúvel Presidente Sarkozy, por pouco tempo, espero, tem vindo, para evitar a inflação, que tanto a aterroriza, a deixar prevalecer a austeridade sobre a recessão e o desemprego, ambos crescentes - com as consequências trágicas que daí resultam - pelo menos em seis Estados europeus prestigiados, como: Grécia, Irlanda, Portugal, Chipre, Espanha e Itália. E os que aí vêm, como é inevitável.»


1 comentário:

Xico disse...

Não deve ser por culpa do acordo ortográfico, mas o texto deixa muito a desejar. Não o seu conteúdo, que não critico, mas a forma. Também ficamos a saber que quem vem da Alemanha do Leste é um potencial fascista. É bom saber...