segunda-feira, 23 de abril de 2012
AS ELEIÇÕES FRANCESAS
Com os votos praticamente contados, François Hollande, como se previa, ganhou a 1º volta das eleições presidenciais francesas, com cerca de 29% dos sufrágios, contra o seu adversário, o presidente cessante Nicolas Sarkozy, que não chegou a obter 27%. Marine Le Pen ultrapassou os 18%, Jean-Luc Mélenchon, com pouco mais de 11 %, ficou aquém das expectativas e François Bayrou não atingiu os 10%.
Os resultados desta 1ª volta permitem afirmar que os dados estão lançados, restando saber como se vão posicionar na 2ª volta os eleitores que escolheram os outros oito candidatos. Não é adquirido que Hollande vença a corrida para o Eliseu, embora tudo se conjugue nesse sentido. A taxa de abstenção, que roçou os 20% (melhor, de longe, do que em Portugal), poderá inflectir as percentagens, mas Hollande contará com os votantes de Mélenchon, com os de Eva Joly, com parte dos de Bayrou, e com os votos distribuídos nos quatro candidatos residuais. Assim sendo, afigura-se pacífico dizer que a vitória final de Hollande dependerá, em última análise, dos votos agora recolhidos por Marine Le Pen. Que não irão, pelo menos na sua maior parte, para Nicolas Sarkozy, quedando-se ou por Hollande (por ironia política) ou pela abstenção.
Independentemente de questões ideológicas ou partidárias, há um facto indesmentível: a maior parte dos franceses está farta de Sarkozy. A velha Gália ambiciona na chefia do Estado um homem com perfil de estadista, talvez mesmo com perfil "monárquico". Não esqueçamos que Napoleão III, antes de ser imperador, foi presidente da República. E que as posturas majestáticas de De Gaulle ou Mitterrand se adaptaram melhor ao espírito dos franceses que a esquizofrenia de Nicolas Sarkozy, homem sem allure para ser o supremo magistrado da nação.
Não é Hollande um político carismático, mas por comparação com Sarkozy (e a escolha é entre os dois) creio que os franceses optarão por Hollande.
Acrescente-se que as eleições em França se revestem de grande significado europeu. François Hollande não será um "servidor" de Angela Merkel e toda a actual política europeia conduzida pela chancelerina do Reich será posta em causa, com consequências aliás, neste momento, imprevisíveis. Mas temos boas razões para acreditar que a hegemonia germânica na União Europeia sofrerá um sobressalto. E que a Europa só terá a lucrar com a mudança.
Aguardemos, pois, 15 dias, para sabermos em definitivo quem será o novo inquilino do Eliseu. E aguardemos, mais umas semanas para sabermos o destino próximo de uma União Europeia à beira do colapso.
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