sexta-feira, 30 de setembro de 2011
HOMENAGEM A ANTONESCU
Como prometera, em resposta a um comentário ao meu post anterior, publico a fotografia de um dos muitos grafitti existentes nas ruas de Bucareste, este na Rua Gabroveni, em homenagem ao Marechal Antonescu, que foi Conducâtor da Roménia durante a Segunda Guerra Mundial.
Traduzindo: "MARECHAL ANTONESCU, último herói da Roménia".
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
CHORAR OS MORTOS
Os acontecimentos de 1989 estão ainda bem presentes no espírito dos romenos. A execução sumária do presidente Nicolae Ceausescu e de sua mulher Elena, em 25 de Dezembro, na sequência de um movimento revolucionário iniciado em Timisoara e Bucareste, que alastrou a outras zonas do país e que provocou a queda do regime, causou profunda impressão na Roménia.
Ceausescu não era propriamente uma pessoa cuja frequência fosse particularmente agradável, especialmente nos últimos anos do seu consulado, mas a Roménia ficou a dever-lhe alguns inestimáveis serviços, em especial a protecção dos mais desfavorecidos, hoje em vias de extinção, em pleno triunfo do capitalismo neo-liberal.
Após o seu fuzilamento, os corpos de Nicolae e Elena foram sepultados sigilosamente em 30 de Dezembro, no Cemitério de Ghencea, em Bucareste, em campas assinaladas com simples cruzes de madeira com os pseudónimos de dois coronéis na reserva: "Coronel Popa Dan 1920-89" e "Coronel Enesco Vasile 1921-89", para evitar que as sepulturas se tornassem objecto de culto. Tal expediente não evitou que as mesmas passassem a ser visitadas diariamente por todos quantos durante décadas beneficiaram de pensões de reforma, de apartamentos e tratamento médico gratuitos, e de outras regalias que acabaram com a queda do regime. Os seus túmulos, rapidamente identificados, passaram a ficar diariamente cobertos de flores e de velas e tornaram-se num lugar de peregrinação.
Mais tarde foram construídas novas sepulturas, devidamente identificadas, e hoje os restos mortais do Conducator e de sua mulher repousam num único túmulo de mármore vermelho, com a inscrição dos respectivos nomes, situado do lado esquerdo da capela do Cemitério, como se vê na imagem.
Todos os que ficaram privados das suas pensões, de alojamento gratuito, de transportes gratuitos, de escolaridade gratuita, de cuidados de saúde gratuitos e de muitas outras regalias que o regime, ditatorial, é certo, lhes havia concedido, continuam - e continuarão - a chorar este morto, até que se extingam as gerações sobreviventes, e que o tempo, esse "grande escultor", nas palavras de Marguerite Yourcenar, apague da memória dos vivos um passado não propriamente glorioso, mas que satisfez as necessidades básicas de um povo que anteriormente vivia em muito piores condições sociais.
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
"EVGHENI ONEGHIN" EM BUCARESTE
A Ópera Nacional de Bucareste apresentou nos dias 21 e 23 de Setembro a ópera Evgheni Oneghin, de Tchaikovski, integrada nas manifestações do XX Festival Internacional George Enesco.
Têm os romenos uma longa tradição musical, e cultural, muitas vezes menosprezada no Ocidente.
O espectáculo, no Teatro da Ópera, no fim do Bulevardul Mihail Kogâlniceanu, foi um momento para reviver as obsessões sexuais de Tchaikovski (e porventura de Pushkin, autor do romance, premonitório, que serviu de tema à ópera), aqui traduzidas no duelo fatal entre o arrogante Evgheni Oneghin e o jovem poeta Vladimir Lenski.
A orquestra, dirigida pelo maestro Iurie Florea, teve um correcto desempenho, tal como solistas e coro, com alguns momentos de grande brilho vocal. O mesmo não se poderá dizer da encenação, da responsabilidade de Ion Caramitru, que revelou uma leitura superficial do drama (ignorando a ambiguidade emocional das relações Oneghin/Lenski, que o encenador não soube ou não quis evidenciar), acrescida de alguma falta de imaginação e sujeita às limitações técnicas do palco.
Em qualquer caso, um espectáculo que não desmereceu Bucareste, considerada como a Paris do leste europeu, o que pode ser sobejamente confirmado por quem a visita.
O público, que encheu por completo o teatro, era composto por alguns estrangeiros, provavelmente turistas, várias senhoras muito "veche România", bastante juventude e os habituais frequentadores de ópera. Os aplausos foram prolongados e vibrantes.
domingo, 18 de setembro de 2011
INTERRUPÇÃO
Por motivo de ausência do seu autor, a actividade deste blogue será interrompida durante alguns dias.
sábado, 17 de setembro de 2011
A PALESTINA À PORTA DA ONU
A Palestina vai apresentar na próxima semana às Nações Unidas o seu pedido de reconhecimento como estado membro de pleno direito. É a decisão transmitida pelo presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas. Como se esperava, os Estados Unidos e Israel têm-se desdobrado em esforços para dissuadir os palestinianos de tal propósito. Inclusive, muitos palestinianos mantêm dúvidas quanto à oportunidade do gesto.A diplomacia joga as suas cartas em todo o mundo e a hipocrisia também. A União Europeia, que deveria falar a uma só voz, neste como na maior parte dos casos, não alcança um consenso.
A aprovação pelo Conselho de Segurança está praticamente fora de questão, devido à mais do que provável oposição dos EUA, cujo voto negativo equivale a um veto, independentemente da votação dos outros membros permanentes ou não.
Já se o pedido for endereçado à Assembleia Geral o caso muda de figura, pois a probabilidade de uma votação favorável é elevada. A Palestina não obteria o estatuto que reivindica mas ficaria como observador, situação idêntica à do Vaticano, que, para todos os efeitos, é um estado internacionalmente reconhecido.
Em qualquer caso, esta atitude é bastante incómoda para Israel, pois, de algum modo, "internacionaliza" o conflito israelo-palestiniano, que dura há mais de 60 anos. E é incómoda para os países ocidentais, Estados Unidos à cabeça, pois os votos negativos obrigam-nos a retirar a última máscara que ainda afivelam em relação ao problema. O mundo será confrontado pela primeira vez, no fórum mundial por excelência que é a ONU, com o mais antigo conflito permanente da História contemporânea.
Se a ameaça, eu diria a chantagem, do corte de fundos à Autoridade Palestiniana por parte do chamado Ocidente e também a ameaça de graves represálias por parte de Israel não levarem a uma desistência de última hora, a próxima semana será crucial para o desenvolvimento do processo de realinhamento geoestratégico do Médio Oriente, depois da queda de Qaddafi e atendendo ao aumento da conflitualidade na Síria.
Nisto tudo, há uma verdade incontornável: Israel, apesar do apoio permanente e quase incondicional dos EUA, está cada vez mais isolado. Perdido o seu grande aliado no mundo árabe, o Egipto, e face ao progressivo endurecimento da atitude da Turquia, que ambiciona estender a sua influência a toda a zona que integrou o Império Otomano, Israel, que acabará por alienar alguma "compreensão" dos reinos da Península Arábica, acabará por ficar só na região. E se os judeus não incomodam a Turquia, como nunca incomodaram na vigência do Império Otomano, o Estado de Israel não convém aos novos senhores de Ancara, os actuais ou os futuros.
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
NÃO DISSE TUDO...
Cristiano Ronaldo, comentando os apupos do adversário, no jogo do Real Madrid com o Dinamo de Zagreb, na capital da Croácia, disse: «Será porque sou bonito, rico e um grande futebolista. É por terem inveja de mim. Não tenho outra explicação».
Isto mostra que Cristiano Ronaldo é um rapaz modesto, pois que dotado de outros grandes atributos, como tem demonstrado ao longo dos últimos anos, nos relvados, na comunicação social e quiçá em outros fóruns, a eles não se referiu.
O jovem madeirense subiu muito depressa na chamada "escala social", graças também aos apoios que teve, e isso faz com que se julgue o melhor do mundo. Ficava-lhe bem um pouco mais de contenção, mas não se pode concluir que o seu desabafo não seja verdadeiro. E invejas há muitas.
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
SIR ALEX FERGUSON
No momento em que o Benfica empata a uma bola com o Manchester United, justo é que dediquemos umas linhas ao treinador deste clube, Sir Alex Ferguson, em funções desde 1986, personalidade bem conhecida no futebol mundial, dotada de uma notável perspicácia para a descoberta de jovens talentos, não só britânicos mas estrangeiros, nomeadamente portugueses, como é o caso de Cristiano Ronaldo e de Nani. Muitas têm sido as estrelas que passaram, ou ainda estão no MU, e que devem ao interesse e estímulo de Ferguson a reputação de que hoje gozam. Também o português Carlos Queiroz foi por duas vezes assistente de Sir Alex, que alguns consideram ter mau feitio, tendo mesmo levado à saída de alguns jogadores muito apreciados, como David Beckham, quando lhe atirou com um par de botas à cara.
Em qualquer caso, Ferguson, que exerce um controlo absoluto sobre o balneário, e que costuma dizer "Nenhum jogador é maior do que o clube", é hoje considerado um dos maiores treinadores a nível internacional.
OS DIREITOS DOS GAYS
Segundo notícia de ontem do jornal Guardian, três homens foram enforcados a semana passada no Irão pela prática de relações homossexuais.
Num artigo particularmente bem documentado, Zoe Williams refere-se à legislação que ainda penaliza a homossexualidade em 82 países. Por infeliz coincidência, 40 destes países são membros da Commomwealth, sendo esta atitude uma "exportação" britânica, já que a criminalização das relações same-sex fazia parte do pacote legislativo do Império Britânico, que as penalizou nos anos 1880. Apenas em 1967 foram descriminalizadas em Inglaterra e no País de Gales, em 1980 na Escócia e em 1982 na Irlanda do Norte. Hoje, na Comunidade Britânica, mais de um milhão de pessoas prosseguem vidas alternativas.
Curiosamente, os países que penalizam a homossexualidade, com poucas excepções (a Arábia Saudita é uma delas), assinaram a Convenção Internacional de Direitos Civis e Políticos.
Pelo interesse geral que reveste para todos os cidadãos, deve ler-se o artigo na íntegra,
terça-feira, 13 de setembro de 2011
O RESSURGIMENTO DO CALIFADO
Enquanto a Europa se debate numa profunda crise financeira, o primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan, após um corte de relações com Israel, viajou para o Cairo, onde foi triunfalmente acolhido por autoridades e população. A seguir ao Egipto, Erdogan visitará a Tunísia e a Líbia, países em que os regimes foram derrubados e não existe ainda um novo poder eleito.
A viagem de Erdogan aos países que vivem a "Primavera Árabe", e que pertenceram outrora ao Império Otomano, não pode ser dissociada da ambição turca de alargar a sua influência numa zona hoje politicamente conturbada.
Erdogan, que visitou Damasco alguns anos atrás e que tem desenvolvido esforços no sentido de convencer o presidente Bashar Al-Assad a um diálogo com os manifestantes sírios, deslocou-se posteriormente ao Iraque e ao Irão, onde se encontrou com o presidente Ahmedinejad e o guia supremo Ali Khamenei.
O presente périplo de Erdogan, que não se destinará propriamente a restaurar o califado, extinto por Kemal Atatürk após a proclamação da República Turca, pretende em especial apontar para uma liderança turca na região, que foi reivindicada e de alguma forma exercida durante décadas pelo Egipto, agora enfraquecido pela crise interna.
Arauto de um "islão moderado", Erdogan, que tenta neutralizar progressivamente os militares turcos, herdeiros e defensores de um intransigente laicismo, surge também como defensor do reconhecimento do Estado da Palestina, através do seu ingresso de pleno direito nas Nações Unidas, uma situação que conta com a oposição declarada de Israel e dos Estados Unidos.
É incontestável que o mapa do mundo está rapidamente a mudar e que devemos preparar-nos para acontecimentos que ainda há anos, para não dizer há meses, eram politicamente impensáveis. A hegemonia turca no Mediterrâneo poderá ser um deles.
TRAGÉDIA NO QUÉNIA
A explosão de um pipeline nos arredores de Nairobi, no Quénia, provocou mais de 100 mortos e centenas de feridos. A tragédia terá sido provocada por um homem que deitou fora uma ponta de cigarro. Foi como tivesse rebentado uma bomba, referiu uma testemunha que se encontrava a 500 metros do local. Corpos em chamas voaram pelos ares e muitos cadáveres estão a ser arrastados pelas águas de uma ribeira próxima.
O jornal Guardian descreve pormenores deste mortífero acidente. Muitas pessoas pobres estavam a retirar petróleo para uso doméstico duma fuga que se havia verificado horas antes na conduta. O descuido com as condições de segurança foi fatal.
domingo, 11 de setembro de 2011
AS BANDEIRAS
O comissário alemão Gunther Oettinger propôs, segundo o jornal "Público" , que fossem colocadas a meia-haste nos edifícios da União Europeia as bandeiras dos países endividados. Para além de juridicamente inconsistente e politicamente estúpida, a proposta do comissário alemão, conhecido pela sua admiração, ainda que indirectamente expressa, pelo Nacional-Socialismo, revela a mentalidade reinante na Alemanha (na Alemanha e em outros países da União) sobre a resolução dos problemas financeiros que afectam diversos países da Europa e do Mundo.
Os estados que compõem a União são legalmente iguais e mesmo com uma transferência parcial de soberania para a Comunidade não podem ser catalogados em ordens diversas segundo a gestão das suas finanças. No dia em que houver na União Europeia estados de primeira e de segunda ou terceira classe a União acabou.
Compreende-se que Oettinger tenha más recordações da República de Weimar, num tempo em que ainda não era nascido, mas tal não o autoriza a pronunciamentos irresponsáveis, nomeadamente quando ocupa um cargo na própria União Europeia.
Aconselha o bom senso e os bons costumes que o sr. Oettinger apresente a sua demissão, por iniciativa própria ou a pedido do governo alemão, ou que a mesma seja proposta pelo presidente da Comissão Durão Barroso. Ou ainda que o seu nome seja objecto da reprovação do Parlamento Europeu.
sábado, 10 de setembro de 2011
ASSALTO À EMBAIXADA DE ISRAEL
A embaixada de Israel no Cairo foi ontem assaltada por uma multidão que imobilizou a segurança, escalou o edifício e despejou milhares de documentos para a rua. Dos incidentes resultaram 300 feridos e um morto. O embaixador israelita encontrava-se há pouco no aeroporto do Cairo á espera de ser evacuado.
A situação no Egipto está a agravar-se devido ao prolongamento do julgamento de Mubarak, às indefinições da Junta Militar e à degradação da situação económica. Também a ausência de segurança, à semelhança do que sucede na Tunísia, para já não falar da Líbia, é motivo de preocupação para nacionais e eventuais estrangeiros, uma vez que se encontram em liberdade milhares de criminosos de delito comum.
As revoluções são por vezes inevitáveis, mas sabendo-se normalmente como começam, raras vezes se sabe como terminam, especialmente quando existem actores muito diversos no cenário insurreccional.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
FIFA RECUSA INSCRIÇÃO DE DJALÓ
A FIFA recusou ontem a inscrição do futebolista português, de 25 anos, Yannick Djaló no Nice, para onde fora transferido do Sporting, por uma questão de prazo, mas o clube francês reitera a vontade de possuir o jogador.
O Nice recorrerá a todas as vias de recurso para que sejam reconhecidos os seus direitos, uma vez que a transacção foi efectuada de boa fé e cumpridos todos os requisitos legais.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
ATENTADO EM NOVA DELHI
Os atentados terroristas tornam-se cada vez mais frequentes. Ontem, pelas 10 h (4.30 TMG) explodiu uma bomba que se encontrava numa mala colocada próximo do posto de segurança (onde as pessoas fazem fila para entrar) do Supremo Tribunal de Justiça, em Nova Delhi. Da explosão resultaram 11 mortos e pelo menos 61 feridos, alguns em estado grave.
O atentado foi reivindicado pelo HUJI (Harkat ul-Jihad al-Islami), grupo extremista cujo alegado líder Ilyas Kashmiri foi morto em Junho, no nordeste do Paquistão, num ataque de aviões americanos não tripulados. Contudo, o director da Agência Nacional de Investigação indiana, S.C. Sinha, declarou aguardar a confirmação da mensagem recebida por mail, em que se exige que um homem condenado à morte por um ataque há dez anos ao parlamento não seja enforcado.
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
AGITAÇÃO EM ITÁLIA
A greve geral que ontem paralisou uma parte de Itália e as manifestações que tiveram lugar em Roma e nas principais cidades italianas contra as medidas de austeridade do governo de Silvio Berlusconi prenunciam um Outono quente no país.
Centenas de milhar de pessoas saíram à rua para protestar contra as medidas que se anunciam e que afectam profundamente a população.
Anunciam-se igualmente manifestações e greves um pouco por toda a Europa, face ao progressivo aumento das desigualdades sociais. O Velho Continente enfrenta uma das maiores crises desde a criação da União Europeia, não só uma crise económica e financeira mas especialmente uma crise de valores, consequência da uma larga parte da população ter abraçado o modelo consumista que vai corroendo lenta mas eficazmente o tecido social. Não há, nos esquemas clássicos, receitas capazes de debelar a presente crise. Só uma mudança radical do paradigma vigente poderá inverter a inexorável marcha para o abismo.
terça-feira, 6 de setembro de 2011
O JULGAMENTO DE HOSNI MUBARAK (III)
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Realizou-se ontem a terceira sessão do julgamento do ex-presidente egípcio Hosni Mubarak. O tribunal ouviu diversas testemunhas e a audiência consistiu principalmente na discussão sobre a utilização pela polícia de armas automáticas e de balas verdadeiras na repressão das manifestações que levaram à queda do regime.
Para evitar os incidentes das sessões anteriores o julgamento decorreu à porta fechada e sem a presença da televisão. Precaução inútil, uma vez que no exterior se registaram graves confrontos entre muitos partidários do antigo presidente e muitos dos seus opositores, de que resultaram 26 feridos e 22 detidos.
Segundo a Al-Jazira um jurista egípcio declarou que quer Mubarak, quer o antigo ministro do Interior, El-Adly, só poderiam ser condenados a penas leves uma vez que prevendo a lei egípcia que se mate em legítima defesa, esta norma pode ser transportada para a defesa das instituições do Estado.
Entretanto, com o desaparecimento do turismo e o afundamento da economia, são cada vez mais, especialmente entre a população rural, os egípcios desencantados com a revolução.
Partindo do pressuposto que vão de facto realizar-se eleições, aguarda-se com curiosidade o desenrolar da situação no país.
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
QUEM MANDA?
Pela sua oportunidade, tomamos a liberdade de transcrever o post "Ao serviço de quem?", publicado hoje no blogue CLASSE POLÍTICA:
Os líderes europeus parecem estar de algum modo surpreendidos com o agravamento dos juros da dívida soberana da Espanha e da Itália. Depois da cimeira de 21 de Julho e das medidas ali adoptadas, terão considerado que o seu “esforço” na procura de “soluções” para a crise da dívida seria apreciado pelos “mercados” e assim, sem preocupações de maior, partiriam descansados para férias. Na verdade, as tréguas dos “mercados” foram demasiado curtas o que veio lançar um novo e grande sobressalto entre eles. As “soluções”, afinal, não eram soluções, o que tem levado um sem número de antigos líderes europeus, economistas e comentadores políticos da área do poder, a insurgirem-se contra a “liderança” europeia, queixando-se mesmo da falta de uma liderança europeia capaz de uma solução clara e definitiva para a actual crise das dívidas e do próprio euro.
Uma vez mais estamos perante uma grande mistificação.
Na verdade, os actuais líderes europeus não são mais, que a emanação política do domínio financeiro e económico dos “mercados”, o mesmo é dizer das oligarquias financeiras. Foram as oligarquias financeiras que se apropriaram, mercê da falta de regulação, da criação de ofshores e da sua não contribuição para a receita pública, porque gozam de isenção de impostos dos rendimentos (deste modo acumulados) que agora emprestam aos países, a juros cada vez mais altos. Como imaginar então ser possível, que os líderes europeus, que desenharam e continuam a desenhar, todo este ambiente indispensável à acumulação de rendimentos, toda esta política europeia visando a satisfação dos interesses exclusivos do capital financeiro, dos mercados, das oligarquias financeiras, encontrar “soluções” contrárias aos interesses destas oligarquias?
É um contra -senso. Poderão lançar algumas lágrimas de crocodilo, desfazerem-se em queixumes, mas jamais serão capazes de alterar as causas profundas da crise das dívidas soberanas e ultrapassá-las eficazmente.
Os governantes dos vários países da união europeia não estão ao serviço das suas populações mas exclusivamente ao serviço das oligarquias financeiras. As medidas de austeridade sobre os cidadãos, diminuição de salários e pensões, redução do papel social do Estado, aumento de impostos sobre o trabalho, que atingem mais de 80% dos cidadãos de cada país, são a demonstração clara das opções dos governantes. Em vez de procurarem receita, de modo a manter o estado social, taxando as operações financeiras, extinguindo os ofshores e aplicando impostos ao capital, preferem sacrificar os seus povos, numa regressão social sem memória.
Os povos nada têm a esperar destes governantes. A sua manutenção no poder apenas agravará todos os problemas e dificuldades já existentes. Ou os cidadãos encontram rapidamente alternativas políticas capazes de inverter este rumo sem futuro, ou então, uma longa noite sombria e miserável se abaterá sobre os povos europeus.
Ao serviço de quem?
Os líderes europeus parecem estar de algum modo surpreendidos com o agravamento dos juros da dívida soberana da Espanha e da Itália. Depois da cimeira de 21 de Julho e das medidas ali adoptadas, terão considerado que o seu “esforço” na procura de “soluções” para a crise da dívida seria apreciado pelos “mercados” e assim, sem preocupações de maior, partiriam descansados para férias. Na verdade, as tréguas dos “mercados” foram demasiado curtas o que veio lançar um novo e grande sobressalto entre eles. As “soluções”, afinal, não eram soluções, o que tem levado um sem número de antigos líderes europeus, economistas e comentadores políticos da área do poder, a insurgirem-se contra a “liderança” europeia, queixando-se mesmo da falta de uma liderança europeia capaz de uma solução clara e definitiva para a actual crise das dívidas e do próprio euro.
Uma vez mais estamos perante uma grande mistificação.
Na verdade, os actuais líderes europeus não são mais, que a emanação política do domínio financeiro e económico dos “mercados”, o mesmo é dizer das oligarquias financeiras. Foram as oligarquias financeiras que se apropriaram, mercê da falta de regulação, da criação de ofshores e da sua não contribuição para a receita pública, porque gozam de isenção de impostos dos rendimentos (deste modo acumulados) que agora emprestam aos países, a juros cada vez mais altos. Como imaginar então ser possível, que os líderes europeus, que desenharam e continuam a desenhar, todo este ambiente indispensável à acumulação de rendimentos, toda esta política europeia visando a satisfação dos interesses exclusivos do capital financeiro, dos mercados, das oligarquias financeiras, encontrar “soluções” contrárias aos interesses destas oligarquias?
É um contra -senso. Poderão lançar algumas lágrimas de crocodilo, desfazerem-se em queixumes, mas jamais serão capazes de alterar as causas profundas da crise das dívidas soberanas e ultrapassá-las eficazmente.
Os governantes dos vários países da união europeia não estão ao serviço das suas populações mas exclusivamente ao serviço das oligarquias financeiras. As medidas de austeridade sobre os cidadãos, diminuição de salários e pensões, redução do papel social do Estado, aumento de impostos sobre o trabalho, que atingem mais de 80% dos cidadãos de cada país, são a demonstração clara das opções dos governantes. Em vez de procurarem receita, de modo a manter o estado social, taxando as operações financeiras, extinguindo os ofshores e aplicando impostos ao capital, preferem sacrificar os seus povos, numa regressão social sem memória.
Os povos nada têm a esperar destes governantes. A sua manutenção no poder apenas agravará todos os problemas e dificuldades já existentes. Ou os cidadãos encontram rapidamente alternativas políticas capazes de inverter este rumo sem futuro, ou então, uma longa noite sombria e miserável se abaterá sobre os povos europeus.
OS EUROPEUS (E NÃO SÓ) ESTÃO MENTALMENTE DOENTES
Segundo o jornal "Público" há 165 milhões de pessoas na Europa que sofrem depressão, ansiedade, insónias, demências, como a doença de Alzheimer, dependência do álcool, esquizofrenia, epilepsia, etc., isto é, mais de um terço da população. O estudo refere-se à população europeia, mas as suas conclusões podem naturalmente estender-se aos outros continentes. De facto, o panorama mundial a que nos é dado assistir só é possível atendendo à demência generalizada de uma parte considerável dos dirigentes do planeta que habitamos e que é acompanhada pelos cidadãos dos respectivos países. Aliás, muitos actuais dirigentes já estavam dementes quando ainda integravam a população anónima e transportaram para a "governança" os males de que padeciam.
O estudo agora realizado antecipa as piores expectativas da Organização Mundial de Saúde. Pela importância que reveste para todos nós, bloggers incluídos, transcrevemos o artigo citado:
“As doenças mentais tornaram-se o maior desafio de saúde europeu”, refere Hans Ulrich Wittchen, director do instituto de psicologia clínica e psicoterapia na universidade alemã de Dresden e principal autor do estudo divulgado esta semana. Os números representam mais de um terço (38 por cento) da população europeia e revelam ainda que apenas um terço dos casos de desordens mentais estão a ser tratados com terapia e medicação transformando as doenças mentais num pesado fardo económico e social.
O investigador principal alerta que os poucos doentes que estão a receber tratamento fazem-no já tarde e, por vezes, não beneficiam das terapias adequadas. O estudo decorreu ao longo de três anos, abrangendo 30 países europeus (os 27 estados membros da União Europeia e ainda a Suíça, Islândia e Noruega) e uma população de 514 milhões de pessoas. A equipa liderada por Wittchen avaliou a presença de mais de 100 doenças mentais, entre as quais a depressão, a dependência, esquizofrenia e ainda procurou casos de desordens neurológicas como epilepsia, Doença de Parkinson ou esclerose múltipla.
O estudo de Wittchen antecipa as piores expectativas da Organização Mundial de Saúde e conclui que as doenças do cérebro, mentais ou neurológicas são já as que mais contribuem para o peso das doenças na Europa. No “top 4” das doenças mais incapacitantes surge a depressão, demências como a Doença de Alzheimer, a dependência do álcool e os acidentes vasculares cerebrais (AVC). Na lista das doenças mais presentes na população europeia as desordens relacionadas com a ansiedade obtêm uma fatia de 14 por cento, seguidas da insónia com 7 por cento e da depressão com 6,9 por cento. As desordens relacionadas com hiperactividade de défice de atenção afectam 5 por cento da população mais jovem e as demências envolvem um por cento dos cidadãos entre os 60 e 65 anos e 30 por cento das pessoas com mais de 85 anos.
O último estudo em grande escala sobre saúde mental foi publicado em 2005, abrangendo apenas 301 milhões de pessoas, concluiu que 27 por cento da população adulta europeia sofria de doenças mentais. Apesar das diferenças metodológicas dos estudos que impossibilitam as comparações, o estudo anterior ao de Wittchen referia que o custo dessa má saúde mental para a economia europeia ascendia a 386 mil milhões de euros por ano. A equipa de investigação de Wittchen ainda não fez essas contas mas estima que o preço a pagar hoje é “consideravelmente superior” ao de 2005.
Os investigadores referem que, para reparar os danos económicos e não só, é prioritário detectar os problemas mais cedo e actuar mais cedo. “As desordens mentais manifestam-se cedo na vida e têm um forte impacto negativo mais tarde”, avisa Wittchen, insistindo que apenas um em cada três pessoas com problemas recebe algum tipo de tratamento e notando que 90 por cento das desordens associadas à ansiedade manifestam-se antes dos 18 anos.
O estudo, publicado pelo Colégio Europeu de Neuropsicofarmacologia, nota ainda que as taxas globais de depressão nas mulheres duplicaram desde 1970 (grande salto aconteceu nas décadas de 80 e 90, coincidindo com a mudança de padrões sociais e estabilizou nos últimos anos). Ainda assim, no caso da depressão, as taxas são 2,6 vezes superiores nas mulheres em comparação com os homens. Os especialistas detectaram mesmo alguns “momentos-chave” em que esta doença se manifesta mais como, por exemplo, os anos férteis, entre os 16 e os 42 anos de idade e, mais concretamente ainda, nos períodos após ter um filho, quando têm de lidar com a dupla responsabilidade profissional e familiar.
Porém, num relatório recentemente divulgado pela Comissão Europeia sobre a saúde dos homens europeus os especialistas alertavam para um preocupante sub-diagnóstico da depressão e outros distúrbios mentais nos homens, argumentando que estes mais dificilmente pedem ajuda.
O investigador principal alerta que os poucos doentes que estão a receber tratamento fazem-no já tarde e, por vezes, não beneficiam das terapias adequadas. O estudo decorreu ao longo de três anos, abrangendo 30 países europeus (os 27 estados membros da União Europeia e ainda a Suíça, Islândia e Noruega) e uma população de 514 milhões de pessoas. A equipa liderada por Wittchen avaliou a presença de mais de 100 doenças mentais, entre as quais a depressão, a dependência, esquizofrenia e ainda procurou casos de desordens neurológicas como epilepsia, Doença de Parkinson ou esclerose múltipla.
O estudo de Wittchen antecipa as piores expectativas da Organização Mundial de Saúde e conclui que as doenças do cérebro, mentais ou neurológicas são já as que mais contribuem para o peso das doenças na Europa. No “top 4” das doenças mais incapacitantes surge a depressão, demências como a Doença de Alzheimer, a dependência do álcool e os acidentes vasculares cerebrais (AVC). Na lista das doenças mais presentes na população europeia as desordens relacionadas com a ansiedade obtêm uma fatia de 14 por cento, seguidas da insónia com 7 por cento e da depressão com 6,9 por cento. As desordens relacionadas com hiperactividade de défice de atenção afectam 5 por cento da população mais jovem e as demências envolvem um por cento dos cidadãos entre os 60 e 65 anos e 30 por cento das pessoas com mais de 85 anos.
O último estudo em grande escala sobre saúde mental foi publicado em 2005, abrangendo apenas 301 milhões de pessoas, concluiu que 27 por cento da população adulta europeia sofria de doenças mentais. Apesar das diferenças metodológicas dos estudos que impossibilitam as comparações, o estudo anterior ao de Wittchen referia que o custo dessa má saúde mental para a economia europeia ascendia a 386 mil milhões de euros por ano. A equipa de investigação de Wittchen ainda não fez essas contas mas estima que o preço a pagar hoje é “consideravelmente superior” ao de 2005.
Os investigadores referem que, para reparar os danos económicos e não só, é prioritário detectar os problemas mais cedo e actuar mais cedo. “As desordens mentais manifestam-se cedo na vida e têm um forte impacto negativo mais tarde”, avisa Wittchen, insistindo que apenas um em cada três pessoas com problemas recebe algum tipo de tratamento e notando que 90 por cento das desordens associadas à ansiedade manifestam-se antes dos 18 anos.
O estudo, publicado pelo Colégio Europeu de Neuropsicofarmacologia, nota ainda que as taxas globais de depressão nas mulheres duplicaram desde 1970 (grande salto aconteceu nas décadas de 80 e 90, coincidindo com a mudança de padrões sociais e estabilizou nos últimos anos). Ainda assim, no caso da depressão, as taxas são 2,6 vezes superiores nas mulheres em comparação com os homens. Os especialistas detectaram mesmo alguns “momentos-chave” em que esta doença se manifesta mais como, por exemplo, os anos férteis, entre os 16 e os 42 anos de idade e, mais concretamente ainda, nos períodos após ter um filho, quando têm de lidar com a dupla responsabilidade profissional e familiar.
Porém, num relatório recentemente divulgado pela Comissão Europeia sobre a saúde dos homens europeus os especialistas alertavam para um preocupante sub-diagnóstico da depressão e outros distúrbios mentais nos homens, argumentando que estes mais dificilmente pedem ajuda.
domingo, 4 de setembro de 2011
NELSON ÉVORA
O campeão olímpico português Nelson Évora, que esteve largo tempo afastado das competições devido a uma lesão (na tíbia) , terminou hoje em quinto lugar o concurso do triplo salto nos Mundiais de Atletismo na Coreia do Sul.
Christian Taylor |
Nelson, que foi campeão do Mundo em 2007 e vice-campeão em 2009 não passou dos 17, 35 metros, tendo-se sagrado campeão o norte-americano Christian Taylor, com 17,96 metros. O britânico Phillips Idowu ficou em segundo lugar com 17,77 metros.
Phillips Idowu |
Numa prova como esta, é óbvio que a diferença de alguns centímetros é determinante para a classificação final.
MEIO MILHÃO PROTESTAM EM ISRAEL
Meio milhão de israelitas está a protestar esta noite, num processo que se avoluma desde há oito semanas, contra o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e a sua política. As maiores manifestações estão a ter lugar em Telavive, Jesrusalém e Haifa, embora a contestação se estenda a todo o país.
Naqueles que são os maiores protestos verificados na história de Israel, e que pretendem mobilizar um milhão de pessoas, pede-se mais justiça social, a diminuição do custo de vida, o acesso á habitação, o combate ao desemprego.
É inegável que, porventura contagiados pelos acontecimentos do mundo árabe, os israelitas se estão a consciencializar de que mudou algo, definitivamente, na história do país.
sábado, 3 de setembro de 2011
USAIN BOLT VOLTA A GANHAR
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
TURQUIA EXPULSA EMBAIXADOR DE ISRAEL
O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Ahmet Davutoglu, declarou hoje que a Turquia expulsou o embaixador de Israel em Ancara e suspendeu todos os acordos com o estado judaico, na sequência deste país não ter apresentado desculpas pelo ataque ao navio "Marmara", integrado na frota humanitária que levava ajuda a Gaza em 2010, em que morreram nove cidadãos turcos. A utilização da força utilizada por Israel foi agora considerada excessiva pelas Nações Unidas.
A Turquia já havia retirado o seu embaixador em Telavive depois daquele incidente.
As relações entre os dois países atingem assim o nível mais baixo desde há muitos anos.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
YANNICK DJALÓ (III)
Consumou-se a transferência de Yannick Djaló do Sporting para o Nice. Mas paira uma incerteza burocrática. Dado que o acordo foi concluído alguns minutos após o prazo regulamentar, a FIFA, essa entidade que rege o futebol à escala mundial, como poderosa multinacional que é, poderá não homologar a transacção.
Esta questão da compra e venda de jogadores, como se tratasse de meros objectos de decoração (alguns não serão mais do que isso) sempre me fez muita confusão. Mas sou eu, certamente, que estou ultrapassado e que penso que a compra e a venda de pessoas era coisa do tempo da escravatura.
ACTORES e actores
Pela sua oportunidade e pertinência, e porque importa distinguir os verdadeiros actores dos "actores circunstanciais", transcreve-se o artigo de Tiago Mesquita, no "Expresso":
A morangada: uma geração rasca de actores
«De alguns anos a esta parte, em especial desde que surgiram formatos televisivos amorangados, macacadas com vampiros de mochila às costas e rebeldias do acne que a televisão em Portugal (e parte do cinema por arrasto) se tornou numa espécie de viveiro de actores que apenas o são porque alguém os enganou enquanto espremiam as borbulhas uns aos outros num casting de manequins. Uma bandalheira generalizada. E perdeu-se espaço para o talento que marcou muitas e boas gerações de actores neste país.
A formação hoje em dia vem depois, quando o "actor" está farto de ser "actor" e decide ir estudar qualquer coisinha ligada à representação porque não pode fazer de adolescente toda a vida, normalmente escolhem o estrangeiro, vulgarmente Los Angeles porque " lá fora é que é bom". Para esta malta fazer um curso de representação nos EUA é como ir ali ao Pingo Doce comprar fruta da época, sabe bem. Resultado: em Portugal hoje em dia é comum uma pessoa sem qualquer formação ou aptidão especial para representar começar a fazê-lo, por variadíssimas razões, que vão da simples aparência ao facto de serem sobrinhos do não sei quantos ou, muito frequentemente, por não se importarem de dormir com metade da equipa de produção, som, imagem e ainda com o individuo que estaciona os carros à porta dos estúdios e vá -toma lá umas deixas que começas amanhã às 8 a ser uma vedeta.
Não querendo generalizar mas avaliando o estado geral de coisas (basta sintonizar as televisões portuguesas a algumas horas do dia e estar uns minutos atento - mas sem exageros não quero induzir o coma a ninguém) o vulgar jovem actor português de televisão é hoje uma espécie de batido de estupidez com natas e açúcar. E vale tudo. Do rapazola musculado modelo de roupa interior a fazer de galã mas com a expressividade de um pinheiro até à adolescente "boazona" mas que é necessário ter um tradutor de "troglodita" para português para se entender o que diz. Daí à passagem a apresentadores é apenas um passo, dois castings e três noitadas. Chamam-lhe produção nacional. Eu chamo-lhe disfunção cerebral. Completa estupidez de quem gere este sistema.
E nascem assim as novas "vedetas" deste país. Ganham tiques e começam a comportar-se como tal. O ridículo total. Alguns são detidos uns meses mais tarde por posse e venda de estupefacientes num qualquer bairro problemático dos arrabaldes. A passadeira vermelha está estendida a tudo o que é grunho. A maioria destas pessoas é desprovida de talento, capacidade ou inteligência. Infelizmente neste país à beira mar plantado e mal regado quem se dedica de alma a esta nobre arte de entretenimento do público através da representação, quem opta e sonha ser actor e para isso estuda e treina aptidões e a vocação com que nasce (não é coisa que de adquira na Bershka), raramente tem uma verdadeira oportunidade de o demonstrar, pois tem os caminhos tapados por uma fila de morangos deslavados e salas cheias de vampiros de boné na cabeça e brinquinho na orelha. Uma tristeza saloia.»
Os sublinhados são meus.
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