sexta-feira, 9 de março de 2012

OS MITOS DA POLÍTICA ISRAELITA


Quando publiquei, há semanas, um post sobre a última obra publicada de Roger Garaudy, aludi ao seu livro, Les Mythes fondateurs de la politique israélienne, editado em 1996, como samiszdat (clandestinamente). Pediram-me então vários leitores, pessoalmente e por escrito, que tecesse algumas considerações sobre o conteúdo desse livro, cuja edição normal está proibida em França, devido à famigerada lei Gayssot.

Refere-se a obra, como o título indica, aos mitos fundadores do Estado de Israel. Mas o cerne da polémica reside mais concretamente no facto de, supostamente, a obra de Garaudy negar a existência de câmaras de gás destinadas pelos nazis ao extermínio dos judeus, durante a Segunda Guerra Mundial.

Antes de passarmos à análise das opiniões expendidas por Garaudy, concentremo-nos nas câmaras de gás. Em parte alguma da obra o autor escreveu que não existiram câmaras de gás. Tendo procedido a uma cuidadosa investigação dos mais variados documentos, declarações de personalidades, testemunhos prestados no tribunal de Nuremberga, e muitas outras fontes, Garaudy levanta, isso sim, dúvidas sobre a existência das ditas câmaras, que teriam funcionado com o gás ziklon B, e descrê do número das vítimas judaicas do nazismo, contestando a cifra hoje tradicionalmente aceite de seis milhões.

Contrariamente à versão sustentada geralmente pelos historiadores, também Garaudy questiona que a expressão "solução final" (endlösung), que tem sido entendida como o destino a dar aos judeus, que teria sido decidido em definitivo na reunião de Wannsee, em 20 de Janeiro de 1942, dirigida por Reinhard Heydrich, significasse o seu extermínio nas câmaras de gás, mas sim a sua expulsão primeiro da Alemanha e depois de toda a Europa, que Hitler se dispunha a conquistar.

Não constitui segredo para ninguém que sempre Hitler proclamou a superioridade da raça ariana  e considerou  os judeus (os judeus e os comunistas), especialmente os judeus-comunistas, os responsáveis pela ruína da Alemanha. É doutrina já consignada no Mein Kampf, escrito muito antes de Hitler alcançar o poder. Por isso, as perseguições aos judeus no Terceiro Reich são naturalmente salientadas, e condenadas, por Garaudy, que refere a sua deportação para outros países e depois o seu envio para os campos de concentração. Como igualmente menciona a morte de milhares de judeus (e de não judeus) em penosas marchas e trabalhos forçados, primeiro na Alemanha e depois nos territórios conquistados. Devido às epidemias, especialmente de tifo, e às péssimas condições de detenção, os cadáveres eram incinerados em fornos crematórios, que, de acordo com o autor, teriam dado origem à tese das câmaras de gás. Para Garaudy, a "solução final" seria a deportação de todos os judeus para fora da Europa, estando prevista para o seu alojamento a ilha de Madagáscar, colónia francesa que o governo de Vichy deveria disponibilizar para o efeito.

Todo o discurso de Garaudy encontra-se suportado por textos devidamente identificados, nomeadamente os que respeitam às arbitrariedades cometidas pelo Tribunal de Nuremberga, mas temos de atender que se tratava da justiça dos vencedores.

Não sendo possível dar aqui conta dos pormenores, importa, antes de concluir este post, fazer uma referência à primeira parte do livro ("Os mitos teológicos"), que o autor considera serem o mito da terra prometida, o mito do povo eleito e o mito de Josué ou da purificação étnica (uma espécie de anti-semitismo ao contrário) relatada pela Bíblia.

Na segunda parte, além do mito da justiça de Nuremberga e do mito dos "seis milhões", já referidos, são também focados o mito do antifascismo sionista e o mito de uma "terra sem povo".

Termina Garaudy aludindo à utilização política do "mito" na criação e na política quotidiana do Estado de Israel, aos grandes lobbies judaicos, nomeadamente nos Estados Unidos e em França e ao financiamento exterior que permitiu o milagre israelita.

Cabe naturalmente aos interessados, lida a obra (se conseguirem adquiri-la), tirarem as respectivas conclusões. Trata-se de um trabalho muito contestado pela intelligentsia ocidental e mesmo por alguns árabes e até palestinianos (verbi gratia, Edward Saïd). Mas, apesar de algumas imprecisões ou conclusões precipitadas, o livro de Garaudy não deixa de constituir uma leitura curiosa. Só o tempo, uma investigação mais aturada e despida de preconceitos e a indispensável serenidade de espírito permitirá obter certezas inequívocas, se for possível obtê-las alguma vez.

3 comentários:

Anónimo disse...

com todo o respeito pelo sr.GAURUDY
não pode mudar a Historia, e, pela
leitura que faço, posso avaliar da

parcialidade do autor do post em causa,pelo que me não admira a sua atitude fase a uma realidade historica.
Sejamos mais honestos com factos que na realidade merecem relfexão.
,

Zephyrus disse...

Onde poderei comprá-lo? Tem alguma cópia extra que me possa vender?

Blogue de Júlio de Magalhães disse...

PARA ZEPHIRUS:

Possuo apenas um exemplar da obra, que adquiri em Tunis há alguns anos.

Não creio que o livro esteja à venda em Portugal. Mas poderá encomendar um exemplar na livraria online Amazon.fr ou consultar o site http://www.vho.org/aaargh/fran/livres3/RGMythes.pdf, que contém o texto (ao que presumo) integral.