quinta-feira, 22 de março de 2012

O DESFECHO INDESEJÁVEL


Tal como receávamos, no post que publicámos ontem à noite, o presumível autor dos atentados de Montauban e Toulouse não foi capturado com vida, a fim de que pudesse ser submetido a julgamento.

De acordo com as notícias veiculadas pela comunicação social francesa e internacional, Mohammed Merah ter-se-á refugiado na casa de banho do seu apartamento e, perante a investida policial, decidiu saltar pela janela, morrendo no solo, ou sendo atingido pelos tiros do comando que cercou o imóvel durante 30 horas. As informações não são precisas, tal como não existem fotografias do salto mortal, já que os jornalistas foram mantidos a uma conveniente distância do prédio, ficando impedidos de presenciar a cena final deste inconcebível espectáculo. Ignora-se também se o assalto foi determinado por um magistrado, como manda a lei, ou pelo ministro do Interior Claude Guéant, que permaneceu no local.

Não possui a polícia francesa um gás paralisante que lhe permita deter um indivíduo dentro de casa sem ter de o matar? São necessárias 30 horas (trinta) para efectuar uma persuasão de rendição que conduziu a nada? Não tenho respostas para estas perguntas, mas estou certo de que, em França e no mundo, surgirão muitas interrogações quanto ao desfecho deste caso lamentável, ocorrido a poucos dias da primeira volta das eleições para a presidência da República.

Entretanto, Nicolas Sarkozy, a exemplo de Bush após o ataque ás torres de Nova Iorque e antes da invasão do Afeganistão e do Iraque, decretou também uma nova luta contra o terrorismo. Segundo o "Nouvel Observateur", Sarkozy  propõe-se «punir pénalement "toute personne qui consultera de manière habituelle des sites internet qui font l'apologie du terrorisme" ainsi que "toute personne se rendant à l'étranger pour y suivre des travaux d'endoctrinement". En outre, "la propagation et l'apologie d'idéologies extrémistes seront réprimées par un délit figurant au code pénal, avec les moyens qui sont déjà ceux de la lutte antiterroriste"».

Aguarda-se os próximos capítulos.

1 comentário:

Anónimo disse...

«Entretanto, Nicolas Sarkozy, a exemplo de Bush após o ataque ás torres de Nova Iorque e antes da invasão do Afeganistão e do Iraque, decretou também uma nova luta contra o terrorismo»
Ja vimos este film.
Evidente.
A vitimização que assume contornos de cheque em branco para toda e qualquer retaliação. E se não estiver disponível assim, à mão de semear, um Inimigo Público Número Um credível, arranja-se qualquer coisa, mais ou menos encenada, mais ou menos bem ensaiada.
O que me preocupa e me ofende é esta ideia subjacente e subliminar que opinião pública que se preze é toda ela cega e surda (o que em bom rigor, até dispensa o ser também muda) e pouco adepta do raciocínio e daquilo a que os italianos chamam de "intuizione ragionata".
Confesso que sigo este blogue por razões puramente egoístas: porque por vezes olho à minha volta e pergunto-me se sou apenas eu que me sinto insultada na minha inteligência.
Pelos vistos não sou.
Menos mal,

Valeria