Michèle Alliot-Marie |
As recentes convulsões no mundo árabe estão a provocar vítimas colaterais na Europa. Em França, Michèle Alliot-Marie (MAM), ministra dos Negócios Estrangeiros, foi obrigada a demitir-se devido às suas relações muito próximas com o regime de Ben Ali, tendo inclusive passado vários dias na Tunísia, pelo Natal, quando os protestos contra o governo faziam prever o seu colapso. Aliás, dias antes, na Assembleia Nacional, em Paris, MAM declarara que a polícia tunisina deveria conter os manifestantes aprendendo com a polícia francesa.
O primeiro-ministro francês, François Fillon, passou igualmente a quadra natalícia no Egipto, a convite do presidente Mubarak, embora antes do início da contestação, o que lhe permitiu sair desta estada apenas chamuscado.
Em Londres, foi o director da prestigiada London School of Economics, Howard Davies, que teve de se demitir devido às relações daquela instituição com o regime de Qaddafi, do qual recebeu 350 mil euros, parte de uma doação que poderia elevar-se aos dois milhões de euros. Pelo meio, o filho de Qaddafi, Seif Al-Islam, obteve um doutoramento, que agora se julga ter sido plagiado. O próprio sociólogo Anthony Giddens, conselheiro de Blair, teórico da "Terceira Via" para o socialismo e que foi presidente daquela instituição quando o filho de Qaddafi começou o doutoramento, parece estar igualmente envolvido em actividades menos claras com o regime líbio.
De resto, não é novidade que os príncipes herdeiros e outras gradas figuras dos regimes autocráticos do Médio Oriente têm passado pelas melhores escolas e academias militares europeias e americanas, às quais efectuaram generosas dádivas.
É a vida.
1 comentário:
Exactamente. É a vida,a vida real. Os países,na cena internacional,movem-se e sempre se moveram por interesses e não por valores.E quando,muito raramente,aparecem semi-idealistas como o presidente Wilson,os resultados são deploráveis.
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