quinta-feira, 10 de março de 2011

REI DE MARROCOS REDUZ OS SEUS PODERES


O rei Mohamed VI, de Marrocos, dirigindo-se ontem à nação, anunciou uma substancial redução dos seus poderes, correspondendo assim aos desejos expressos pelos manifestantes do passado dia 20 de Fevereiro, que entretanto haviam marcado nova manifestação para 20 de Março, e cuja realização não será provavelmente anulada

Segundo Mohamed VI, a reforma da Constituição que vai ter lugar reforçará o papel do primeiro-ministro e do governo, embora não ficasse claro da declaração real se os ministros-chave (Interior, Negócios, Estrangeiros, Justiça e Assuntos Religiosos) continuarão a depender do rei e não do chefe do governo. Implícita ficou a ideia de consolidação dos partidos políticos e a realização de eleições livres. E também a independência do poder judicial.

Não houve igualmente referência a uma possível retirada da Constituição do título de Comandante dos Crentes, que o rei (que se reivindica de descendente do Profeta Maomé) ostenta, designação não aceite pelo principal movimento islamista, Justiça e Espiritualidade, o que impede a sua legalização.

A nova Constituição será apresentada ao povo marroquino para a referendar, não sendo, portanto, elaborada por uma assembleia constituinte.

Também se ignora, como aqui se escreve, se o soberano aceitará prescindir do seu secretário particular e administrador da fortuna real, Mounir Majidi, figura muito contestada na sociedade marroquina.

2 comentários:

O tal leitor disse...

Embora conheça qualquer coisa de Marrocos,não conheço o árabe suficiente para me espraiar sobre o significado exacto e preciso do que é traduzido para francês como "commandeur". De qualquer modo,a intenção não é a de "comendador" mas sim de "comandante". O original árabe é,salvo erro "amir" ou "emir",que estará mais próximo de "chefe","comandante", e não comendador,que é uma simples distinção honorífica. Mas mais importante que precisões de léxicos,é o alcance das reformas em Marrocos,que importa acompanhar dada a proximidade desse nosso vizinho,cuja capital é mais próxima do que Madrid,e onde os portugueses gozam de prestígio e espontânea simpatia.

Blogue de Júlio de Magalhães disse...

Tem toda a razão o "tal leitor". Escrevi Comendador por distracção e já corrigi para Comandante. A designação em árabe, que não posso transcrever por falta dos respectivos caracteres, é Amir al-Mu'minin, à letra Príncipe dos Crentes, mas habitualmente traduzida por Comandante dos Crentes, dos Fiéis, onde se incluem não só os muçulmanos mas também os judeus e os cristãos, isto é, os Povos do Livro.

A designação para Comandante dos Muçulmanos seria Amir al-Muslimin, mais restritiva, uma vez que o rei se considera o chefe de todos os crentes do seu reino..