segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

TAGUSGATE


A avaliar pelo que o Diário de Notícias hoje divulga, a negociata do Taguspark com Figo é simplesmente obscena. De acordo com o jornal, João Carlos Silva, administrador executivo do Taguspark, tinha «um plano para enganar Luís Figo». O gestor pretende explicar esse plano aos accionistas, justificando (?) desse modo o teor das escutas do DIAP. Anedótico? Sinistro?

Supostos factos: Figo teria começado por exigir 1,250 milhões de euros (250 mil x 5 anos), mas acabou por aceitar 750 mil (350 mil+200+200). João Carlos Silva, esse, pretenderia denunciar o contrato após pagamento da primeira tranche. Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras, principal accionista do Taguspark, terá tido conhecimento de tudo, embora os valores que lhe apresentaram fossem «bem mais baixos».

A mim não me incomoda nada que o Taguspark faça contratos com Figo ou com a rainha do Sabá, seja a que pretexto for. Hoje foi para apoiar Sócrates? Amanhã será para apoiar Passos ou Rangel ou qualquer outro. Sempre assim foi, sempre assim será. De resto, a estrutura accionista do Taguspark inclui, além da Câmara de Oeiras, o Instituto Superior Técnico, o BPI, a Caixa Geral de Depósitos, o Millennium BCP, o INESC, a Portugal Telecom, a EDP, a SIBS, a Universidade Técnica de Lisboa, a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, o IAPMEI, a Câmara de Cascais, a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), a Associação Industrial Portuguesa, o Grupo Edifer e o Instituto de Soldadura e Qualidade. Esta gente anda toda a dormir na forma? As vestais do menos Estado/melhor Estado escusam de apontar baterias a São Bento. Porque esta negociata é um bom exemplo do laissez faire da nossa sociedade civil.
 
 
Publicado hoje por Eduardo Pitta no blogue "Da Literatura"

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