Mahmoud al-Mabhouh
"O povo de Israel confia em vocês. Boa sorte!" Estas terão sido as palavras de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita, aos homens a quem encomendou a morte de Mahmoud al-Mabhouh, um dos líderes do Hamas - grupo militante islâmico que controla a Faixa de Gaza. O planeamento do crime terá começado em Janeiro. Dois Audi A6 pretos pararam em frente ao portão da sede dos serviços secretos israelitas, nos subúrbios de Telavive. Assim que o primeiro- -ministro saiu do carro, foi cumprimentado por Meir Dagan, líder da agência também conhecida como "midrasha". Na sala de reuniões estavam agentes da Mossad, que aguardavam a autorização final. Segundo revela o "Sunday Times", Netanyahu terá sido informado dos detalhes da operação - que não foi considerada "complicada" nem "de risco".
Dagan, de 64 anos - que precisa de bengala desde que sofreu um acidente em serviço, ainda jovem -, fora informado de que Mabhouh planeava uma viagem ao Dubai. "Estaria desprevenido e era a ocasião ideal para o eliminar", relata o jornal britânico.
A 19 de Janeiro, o líder do Hamas apanha um voo da Síria para o Dubai - descola às 10h05 locais. Doze horas depois estava morto, num quarto de hotel, aparentemente devido a causas naturais. Os agentes da Mossad tinha treinado cada passo da operação num hotel de Telavive e tudo teria sido perfeito, não fosse o Dubai o palco do crime. O sistema de câmaras CCTV no emirado árabe permitiu reconstruir o homicídio, assim que as primeiras dúvidas foram levantadas. Fotografias dos suspeitos - que se fizeram passar por europeus, com perucas e disfarces - foram divulgadas pela polícia do Dubai para o mundo inteiro.
Segundo a Sky News, pelo menos 13 dos passaportes falsificados eram de britânicos e foram fornecidos por oficiais do aeroporto de Telavive. "A fraude é um assunto muito grave", disse ontem um porta-voz dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, acrescentando que "o governo vai continuar a fazer tudo o que for necessário para proteger os cidadãos britânicos de fraudes de identidade".
"Falsificar documentos constitui uma ameaça internacional que afecta a segurança interna dos países e a segurança pessoal dos cidadãos", salientou ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros dos Emirados Árabes Unidos, Sheikh Abdullah bin Zayed al-Nahayan. "Os criminosos serão responsabilizados pelas suas acções."
Os embaixadores europeus estiveram ontem reunidos para encontrar medidas conjuntas de apoio à investigação ao homicídio de Mahmoud al-Mabhouh.
Publicado ontem pela jornal i
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