Não tenho acompanhado, com a atenção que a questão justifica (e por razões de natureza pessoal e familiar e por outras preocupações com assuntos culturais), os problemas que vêm afectando a justiça em Portugal. Não conheço o conteúdo das escutas, ao que parece divulgadas pelo jornal Sol, nem os presumíveis negócios envolvendo o audiovisual, nem o suposto controlo da comunicação social, nem os processos em curso ou em recurso, nem as eventuais inverdades do primeiro-ministro, nem toda a parafernália jurídica diariamente invocada nos órgãos de comunicação social.
Feita esta declaração de interesses (ou de desinteresses), gostaria tão-só de referir que, em minha opinião, se caminha a passos largos para uma situação insustentável, para todas as partes em confronto, já que a Justiça, que se presume cega e garante da igualdade dos cidadãos, poderá transformar-se, por culpa dos seus agentes ou por interferências alheias e inconfessáveis, numa entidade que, caída na valeta, ninguém mais respeitará.
As perguntas a magistrados e os escritos de certos jornalistas são de alguma forma desculpáveis, atendendo ao nível da cultura e da inteligência dos mesmos. Outro tanto não se aplica (ou não se deveria aplicar) aos agentes políticos que produzem, em total impunidade e enredadas nos maiores dislates, as mais inverosímeis declarações.
Além disto, e para terminar, deixo uma interrogação que é também uma perplexidade que há muito me acompanha: deverá haver sindicatos na área da Justiça?
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