O frio que se faz sentir pede duas coisas: ou passeios energéticos longe do cimento das cidades, daqueles que deixam a cara corada e a ponta do nariz brilhante, ou o conforto das brasas de uma lareira, entre livros, revistas e DVDs. Eu gosto sempre quando chove e faz frio no Carnaval. Podia até chover a cântaros e fazer um frio árctico que não me importava. Penso sempre que isso me pouparia o esforço de tentar não ver, ou o embaraço de ver, as múltiplas imagens dos chamados desfiles tradicionais (tradi... quê? eles sabem mesmo o que quer dizer a palavra tradição?) carnavalescos de inspiração brasileira e tropical e que inundam o Portugal da província de norte a sul para gáudio e orgulho dos “foliões” (só ouvir a palavra já faz mal, quanto mais vê-los) locais. Esses desfiles são verdadeiros atentados à natureza das coisas... mas que é isso perante a força da estupidez humana? A minha esperança acaba por ser, tantas vezes, vã e esmagada por essa força e lá tenho eu que arranjar maneira de não ver nem ouvir falar de desfiles de carnaval. Basta uma nesga de sol para saírem à rua: artificiais, feios e frios, sob o olhar de meia dúzia de “foliões” acompanhados por criançinhas pálidas e vestidas de poliéster que, agitando-se informemente, fingem alegria.
domingo, 14 de fevereiro de 2010
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