sexta-feira, 15 de junho de 2012

ROGER GARAUDY



O filósofo francês Roger Garaudy, um dos espíritos mais inquietos e brilhantes do século XX, faleceu anteontem, dia 13, com 98 anos, em Chennevières (Val-de-Marne). O corpo será incinerado na próxima segunda-feira, às 15 horas, no crematório de Champigny-sur-Marne.

Nascido em 17 de Julho de 1913, em Marselha, no seio de uma família protestante, converteu-se depois ao catolicismo e finalmente ao islão, nos anos 80 do século passado, numa incessante busca da verdade.

Agregado de Filosofia e doutor em Letras, aderiu em 1933 ao Partido Comunista Francês (PCF). Em 1940, foi internado durante 30 meses num campo do governo de Vichy, na Argélia. Em 1945, ingressou no comité central do Partido e em 1956 no bureau político. Foi eleito deputado pelo Tarn às assembleias constituintes (1945-1946) e à primeira assembleia nacional (1946-1951). Representou o departamento do Seine no Palácio Bourbon (1956-1958) e no Senado (1959-1962).

Ensinou filosofia em Albi, em Argel e em Paris (1958-1959). Foi depois maître de conférences na Universidade de Clermont-Ferrand (1962-1965) e professor titular da Universidade de Poitiers (1969-1973). A partir do fim dos anos sessenta, as suas posições contestatárias (Garaudy fora um dos expoentes maiores do marxismo em França, como a sua obra atesta), tornaram-no no enfant terrible do PCF. Tendo denunciado a "normalização" da Checoslováquia e acusado Georges Marchais de ser o coveiro do PCF, foi excluído do Partido em 1970.

Na sua acção em defesa dos pobres e dos injustiçados, Garaudy contou com o apoio do célebre Abbé Pierre, fundador do Movimento de Emaús e durante décadas a figura mais popular de França.

A publicação do livro Les Mythes Fondateurs de la Politique Israélienne (1996), valeu-lhe uma condenação por contestação de crimes contra a humanidade. Como escrevemos aqui, e também aqui, Garaudy não negou a existência de câmaras de gás nos campos de concentração dos judeus e de outros indivíduos perseguidos pelo regime nazi, apenas pondo em dúvida a veracidade desta tese, face às investigações que nas últimas décadas têm sido realizadas.

Autor de uma vasta obra, sobre variados assuntos, nomeadamente filosofia, religião, estética, questões sociais, diálogo de civilizações, o marxismo, a política de Israel, o imperialismo americano e o islão, Garaudy  foi largamente traduzido em português, à excepção dos últimos livros, desde que a publicação dos mesmos foi proibida em França.

Neste blogue, dedicado a Garaudy, encontra-se interessante informação sobre a sua vida e obra.

Após a condenação, que o levou a deixar a França, Garaudy habitou sobretudo nos países islâmicos, ensinando e escrevendo, vindo finalmente a morrer na sua pátria.

A longa vida de Garaudy, cujas posições muitos consideram controversas, especialmente a partir do momento em que condenou o sionismo, assumindo a defesa da causa palestiniana, traduziu-se na procura contínua dos valores mais autênticos e caros para a felicidade do Homem.


1 comentário:

Anónimo disse...

Morreu um Homem!!!!!