Encontrei há anos, num bouquiniste
do Sena uma obra que me chamou a atenção. Tinha por título Français, encore
un effort e como subtítulo "l'homosexualité et sa répression"
e era seu autor Pierre Hahn. Todos conhecemos a expressão
célebre "Français, encore un effort si vous voulez être
républicains", utilizada por Sade no Quinto Diálogo de La philosophie
dans le boudoir. A frase do
Divino Marquês suscitou-me a curiosidade e comprei o livro, uma edição de 1970.
Perdido entre as centenas de livros que aguardam leitura, só agora, por mero
acaso, percorri as suas 200 páginas.
Trata-se de uma recolha de inúmeras citações sobre a homossexualidade, desde os mais respeitáveis clássicos gregos e romanos até aos autores modernos. Como não é propriamente respeitada a ordem cronológica mas as referências estão agrupadas segundo o critério do autor, temos Karl Marx junto a Platão, Nietzsche ao lado de Aristófanes, Plutarco seguido de Stendhal, Ovídio perto de Marcuse, e por aí adiante.
Mais para os nossos dias, encontramos Freud, Jung, Marañon, Dumézil, Kinsey, Wilhelm Reich, Foucault, Jean Monod, Sartre, Simone de Beauvoir, Kropotkine, Trotsky, Rimbaud, Malaparte, Lautréamont, Fourier, Genet, Lorca, Walt Whitman ou Claude Lévi-Strauss, de quem me apetece transcrever uma das suas citações, em Tristes Tropiques: «Les Nambikwara résolvent aussi le problème d'une autre manière: pour les relations homosexuelles qu'ils appellent poétiquement: tamindige kihandige, c'est-à-dire "l'amour-mensonge". Ces relations sont fréquentes entre jeunes gens et se déroulent avec une publicité beaucoup plus grande que les relations normales. Les partenaires ne se retirent pas dans la brousse comme les adultes de sexes opposés. Ils s'installent auprès d'un feu de campement sous l'oeil amusé des voisins. L'incident donne lieu à des plaisanteries généralement discrètes; ces relations sont considerées comme infantiles, et l'on n'y prête guère attention (...)
Les rapports homosexuels sont permis seulement entre adolescents qui se trouvent dans le rapport de cousins croisés, c'est-à-dire dont l'un est normalement destiné à épouser la soeur de l'autre à laquelle, par conséquent, le frére sert provisoirement de substitut.».
É claro que Lévi-Strauss encontrou nas suas andanças pelos trópicos outras formas mais explícitas e evidentes destas relações, algumas das quais também são citadas neste livro. Mas a que transcrevi pareceu-me ilustrar bem o carácter vanguardista dos povos a que, durante muitos anos, apelidámos de "primitivos".
Trata-se de uma recolha de inúmeras citações sobre a homossexualidade, desde os mais respeitáveis clássicos gregos e romanos até aos autores modernos. Como não é propriamente respeitada a ordem cronológica mas as referências estão agrupadas segundo o critério do autor, temos Karl Marx junto a Platão, Nietzsche ao lado de Aristófanes, Plutarco seguido de Stendhal, Ovídio perto de Marcuse, e por aí adiante.
Mais para os nossos dias, encontramos Freud, Jung, Marañon, Dumézil, Kinsey, Wilhelm Reich, Foucault, Jean Monod, Sartre, Simone de Beauvoir, Kropotkine, Trotsky, Rimbaud, Malaparte, Lautréamont, Fourier, Genet, Lorca, Walt Whitman ou Claude Lévi-Strauss, de quem me apetece transcrever uma das suas citações, em Tristes Tropiques: «Les Nambikwara résolvent aussi le problème d'une autre manière: pour les relations homosexuelles qu'ils appellent poétiquement: tamindige kihandige, c'est-à-dire "l'amour-mensonge". Ces relations sont fréquentes entre jeunes gens et se déroulent avec une publicité beaucoup plus grande que les relations normales. Les partenaires ne se retirent pas dans la brousse comme les adultes de sexes opposés. Ils s'installent auprès d'un feu de campement sous l'oeil amusé des voisins. L'incident donne lieu à des plaisanteries généralement discrètes; ces relations sont considerées comme infantiles, et l'on n'y prête guère attention (...)
Les rapports homosexuels sont permis seulement entre adolescents qui se trouvent dans le rapport de cousins croisés, c'est-à-dire dont l'un est normalement destiné à épouser la soeur de l'autre à laquelle, par conséquent, le frére sert provisoirement de substitut.».
É claro que Lévi-Strauss encontrou nas suas andanças pelos trópicos outras formas mais explícitas e evidentes destas relações, algumas das quais também são citadas neste livro. Mas a que transcrevi pareceu-me ilustrar bem o carácter vanguardista dos povos a que, durante muitos anos, apelidámos de "primitivos".
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