quarta-feira, 9 de novembro de 2011

UM GOLPE MILITAR?


Segundo o PÚBLICO, Otelo Saraiva de Carvalho declarou em entrevista à Agência Lusa que «para mim a manifestação dos militares deve ser, ultrapassados os limites, fazer uma operação militar e derrubar o Governo».

Não creio que estejam criadas as condições, quer a nível nacional, quer a nível internacional, para um golpe militar em Portugal. Contudo, numa situação limite, a hipótese não deverá ser absolutamente descartada. As exigências que vêm sendo progressivamente feitas a alguns países europeus, Portugal incluído, são propícias a uma indignação geral dos cidadãos.

Segundo notícias recentes, divulgadas pela televisão, na reunião de hoje, em Frankfurt, Angela Merkel e Nicolas Sarkozy terão encarado a possibilidade de uma Europa a duas velocidades, onde os países periféricos (quais?) seriam banidos da zona euro, o que, a ser exacto, contradiz as declarações proferidas à mesma hora, na Fundação Gulbenkian, pelo presidente do Euro-Grupo e primeiro-ministro do Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, em defesa da vigência da moeda única.

Com tantas reuniões, cimeiras e confusões é difícil descortinar o destino próximo, salvo que os políticos europeus não são pessoas sérias. O que dizem hoje não é o que afirmaram ontem nem o que defenderão, certamente, amanhã. Islândia aparte, o drama começou na Grécia, passou à Irlanda, depois a Portugal, agora à Itália, a que se seguirão, neste percurso imparável, a Espanha, a Bélgica e, porque não, a França. Talvez seja essa a razão que faz correr Sarkozy.

Um golpe de Estado em Portugal, com a consequente instauração de uma Ditadura Militar, é improvável mas não impossível. Como o não é na Grécia (onde Papandreu substituiu há dias as chefias militares, atitude irrelevante para o caso), ou noutros países europeus. Recordemos que por golpe militar ou via democrática, a Europa teve nas últimas décadas muitas ditaduras: Franco, em Espanha, Mussolini, na Itália, Hitler, na Alemanha, Horthy, na Hungria, Antonescu, na Roménia, Papadopoulos, na Grécia, Pilsudski, na Polónia, etc., para não falar dos regimes comunistas do leste europeu, embora estes se considerassem democracias populares. Não eram muito populares, nem deviam, de facto, muito à democracia. Mas, é conveniente constatá-lo, as democracias ditas ocidentais (e cujo conceito engloba hoje esses países do leste europeu), são cada vez mais impopulares e de democracia quase já só conservam a forma.

Por isso, devemos ser prudentes, governos e cidadãos, para evitar situações que conduzam à violência (e algumas situações conduzem) e das quais não possamos depois arrepender-nos. Porque a única resposta seria então a que Norma deu a Pollione, no 2º acto, cena X, da ópera de Bellini: "È tardi".

1 comentário:

Anónimo disse...

Não é provável que os militares façam um golpe de estado, mas nunca se sabe. Parece que o descontentamento actual já é maior que o do tempo do Marcelo Caetano!!!