Segundo o jornal referido, o Sheik Sayyed Hassan Nasrallah, leader do Hezbollah, jantou na passada 5ª feira, em Damasco, com os presidentes da Síria, Bachar al-Assad e do Irão, Mahmud Ahmadinejad, a fim de discutirem a situação internacional, o problema da Palestina e a questão dos Montes Golã, território sírio ocupado por Israel desde 1967. A visita de Nasrallah a Damasco é a primeira desde há muitos anos, devido ás ameaças de morte que pesam sobre a sua pessoa, e acontece na altura em que os Estados Unidos nomearam um embaixador para a Síria, lugar que se encontrava vago desde 2005.
Segue a notícia na íntegra:
Sayyed Hasan Nasrallah, the leader of the Lebanese radical Shiite group Hezbollah, came out of hiding Thursday night for dinner in Damascus with his two closest allies, the presidents of Syria and Iran.
Hezbollah leader sheik Hassan Nasrallah, left, speaks with Syrian President Bashar Assad, center, and Iranian President Mahmoud Ahmadinejad, right, upon their arrival for a dinner, in Damascus, Syria, late Thursday Feb. 25, 2010. Syrian President Bashar Assad defied U.S. calls to loosen ties with Iran on Thursday, saying his long-standing alliance with Tehran remains strong despite overtures from Washington intended to shift his loyalties.
The Hezbollah owned and controlled Lebanese TV station al Manar reported the first visit by Nasrallah to Damascus for many years. Since the conflict with Israel in 2006 he has been a virtual recluse for fear of Israel assassination attempts.
He normally appears only via a large video screen from a secret studio and rarely in public at all.
Iran and Syria have both supported his organization with money and arms despite U.N. Security Council resolution 1701 imposed to prevent Hezbollah rearming.
But there has been a steady flow of arms shipments including thousands of Iranian-made rockets to replenish those fired in 2006 at the towns and cities of northern Israel.
Iranian President Mahmoud Ahmadinejad also met Thursday with leaders of several different Palestinian factions based in the Syrian capital and yet again made threats against Israel.
"This criminal regime is doomed and the grand victory is imminent," he said.
Syrian President Bashar al Assad warned Israel against starting a new conflict.
"We believe we are facing an entity that is capable of aggression at any point and we are preparing ourselves for any Israeli aggression," Assad said.
The Obama administration has decided to appoint an ambassador in Damascus for the first time since 2005 in an effort to improve relations. Analysts detect an attempt to draw Syria away from its Iranian ally. Washington has also expressed support for a reopening of negotiations between Israel and Syria over the fate of the Israeli occupied Golan Heights.
publicou no dia 24 deste mês a notícia que abaixo se transcreve, e que um amigo fez o favor de me enviar:
After the collapse of its coalition cabinet, the Netherlands is set to withdraw its 2,000 troops from Afghanistan by the end of this year. That decision is an embarrassment to the Netherlands, to NATO, and to Washington at a moment when President Obama’s counterinsurgency strategy faces a crucial test.
NATO members should be looking for ways to add troops and military and police trainers in Afghanistan. The withdrawal will be a blow to the Afghan province of Oruzgan, where most of the Dutch troops have been stationed since 2006 and have earned a reputation as good fighters, sensitive to local needs and concerns.
It is possible, though unlikely, that the next Dutch government could change its mind after elections this June. For now, Washington, other NATO partners and the Dutch need to reflect on how this happened and how to contain the damage.
The Dutch cabinet fell when the Labor Party, one of the main coalition partners, refused NATO’s — and Washington’s — request to extend the Oruzgan mission for an additional year. The mission had already been extended twice before. But with Dutch casualties rising sharply and the overall effort struggling, public support evaporated and the Labor Party refused to go along.
That forced new elections, in which the main issue is likely to be not Afghanistan but the more emotional question of restricting Muslim immigration to the Netherlands. The biggest parliamentary gains are expected to go to the hate-spewing xenophobic Freedom Party, which also advocates withdrawing from Afghanistan.
Centrist parties, like Labor and Prime Minister Jan Peter Balkenende’s Christian Democrats, worry about voters defecting to Freedom. But Mr. Balkenende strongly favors keeping Dutch troops in Oruzgan to reinforce NATO and to give Mr. Obama’s strategy a chance to work. Labor chose not to get caught on the unpopular side of the issue. That seems woefully shortsighted.
We fear the Dutch decision could provide cover for wavering politicians elsewhere — Germany, for example, or Canada, which is now scheduled to pull out its troops at the end of 2011.
Europe’s leaders need to tell themselves — and their voters — the truth. The war in Afghanistan is not just about America’s security. It, too, is about denying sanctuaries to Al Qaeda, which has also carried out deadly terrorist attacks in Europe. NATO is stronger when it stands together. The Netherlands weakens itself and all of its allies by choosing to stand alone.
Independentemente das razões que assistam ao governo dos Países Baixos (ou de outros estados) para retirar as suas tropas do Afeganistão, julgo que toda a gente já percebeu há muito tempo que a decisão de invadir este país, na sequência dos ataques de 11 de Setembro de 2001, nada teve a ver com aquele evento. De facto, os aviões que chocaram com as torres do World Trade Center, o avião que, hipoteticamente se despenhou sobre o Pentágono, e um quarto avião que, ao que parece, se volatilizou, não descolaram do Afeganistão mas dos Estados Unidos. Se a sede da Al-Qaeda, a quem se atribui o ataque, estava domiciliada no Afeganistão, se ali vivia Osama bin Laden (?!), pretenso chefe daquela organização (e até hoje nunca capturado), nada prova que o referido ataque não pudesse ter sido comandado de qualquer outro país, inclusive dos EUA. Por isso, a decisão de Georges W. Bush (estúpido, mas não tanto) e da administração norte-americana foi obviamente motivada por outras razões ao atacar um país que, goste-se dele ou não, era um país independente. Aliás, foi posteriormente utilizado o mesmo figurino no Iraque, sob o pretexto da existência de armas de destruição massiva. Pairou idêntica ameaça sobre a Síria e continua em marcha todo um arsenal de propaganda relativamente ao Irão.
De resto, a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) não tem nada a fazer em plena Ásia Central. Criada durante o período da guerra fria, terminada esta deveria seguir o caminho da dissolução. Acho, por isso, pornográfico, utilizá-la como braço armado dos "interesses ocidentais" em qualquer parte do mundo que aos mesmos convenha. Assim, concordo inteiramente com a retirada das tropas dos Países Baixos e espero que outros países venham a seguir idêntico procedimento.
Os regimes começam a cair pelos seus partidos. Portugal é um exemplo claro. Quando os partidos tradicionais da monarquia constitucional, o Partido Regenerador e o Partido Progressista, perderam qualquer espécie de identidade ideológica e programática, falharam sucessivamente no governo e se desintegraram em facções sem significado e sem destino, a República chegou. E, na República, quando o Partido Democrático de Afonso Costa, depois de 1918, deixou o seu jacobinismo original e passou a ser um conjunto de pequenos ranchos que se guerreavam, nada podia já impedir o 28 de Maio e a Ditadura. Mesmo a Ditadura se desfez, quando Salazar morreu, em bandos de "notáveis" que se detestavam e que pouco a pouco conseguiram paralisar Caetano.
A agonia desta II República, sob que vivemos, também está hoje à vista no calamitoso estado dos partidos parlamentares. O PC há 20 anos que não acredita na revolução e só quer impedir o governo de governar - seja ele qual for: da direita, do centro ou do PS. É um apêndice maligno, que dura contra todo o senso e toda a lógica. O Bloco, que não passa do PC da nova classe média, não serve para nada. Acabou por se tornar num grupo de protesto vociferante e vão, incompreensivelmente instalado em São Bento. E o PS, que Sócrates transformou numa tropa calada e reverente, vai desaparecendo agora, afundado (com razão ou sem ela, não importa) em escândalos de vária ordem e gravidade, e numa crise que não previu e não soube tratar. Como pode ele, sozinho, sustentar o regime?
Quanto ao PSD, Santana Lopes disse ontem que é, literalmente, uma "casa de ódios". Não vale a pena insistir na balbúrdia eleitoral em curso e na irremediável mediocridade dos candidatos. Ou no congresso extraordinário, que se reunirá em Março, ninguém percebeu ainda por quê e para quê. O PSD "precisa de salvação", como explicou Santana? Com certeza que sim. Mas, "precisando de salvação", como se propõe esse náufrago salvar o país? Falta falar do CDS ordeiro e laborioso de Paulo Portas, que não sai e parece que nunca sairá do seu cantinho. Por muitos méritos que lhe atribuam ou que, de facto, tenha, contar com ele não é realista. Na II República já não existem partidos. Existem sombras de partidos, restos de partidos, destroços de partidos. O regime não irá durar muito.
A Austrália fez ontem um duro aviso em relação ao uso de passaportes falsificados do país por suspeitos de assassinar um comandante do Hamas no Dubai - um assassínio que o emirado diz ter sido levado a cabo por uma equipa de 26 agentes dos serviços secretos israelitas, a Mossad.
"Qualquer Estado que tenha sido cúmplice do uso ou abuso do sistema de passaportes australianos, já para nem falar no âmbito de um assassínio, está a tratar a Austrália com desprezo e, portanto, haverá acção do Governo australiano", disse ontem o primeiro-ministro, Kevin Rudd, citado pela agência Reuters.
A Austrália mandou chamar o embaixador israelita para lhe pedir explicações sobre o sucedido - Israel não confirma nem nega a operação, o procedimento habitual quando estão em causa acções da Mossad, dizendo que não há provas de que os serviços secretos israelitas tenham estado por trás do crime. Mas poucos, quer em Israel quer fora do país, têm dúvidas de que a operação tem a marca dos serviços secretos israelitas (embora haja teorias da conspiração que apontam para trabalho de outra agência de espionagem a tentar prejudicar Israel, diz um ex-agente citado pela revista alemã Der Spiegel).
O Dubai identificou entretanto 15 novos suspeitos com passaportes da Grã-Bretanha, Irlanda, França, Estados Unidos e Austrália. A polícia do emirado começou por divulgar, na semana passada, os passaportes de 11 suspeitos com passaportes falsos e imagens de alguns membros do grupo de assassinos no hotel onde estava instalado Mahmoud al-Mabhouh antes do crime, cometido em Janeiro.
Dez destas 11 pessoas entraram no Dubai com passaportes falsos do Reino Unido, França e Irlanda (seis dos primeiros 11 suspeitos terão roubado a identidade a britânicos a viver em Israel), e o décimo primeiro elemento viajava com um passaporte verdadeiro alemão, obtido de forma fraudulenta.
Antes a UE tinha reagido expressando preocupação pelo uso indevido destes documentos europeus e dos roubos de identidade, numa declaração redigida cuidadosamente e que não nomeava Israel.
A polícia do Dubai diz ter "99 por cento de certeza" de que a operação foi montada pela Mossad. Os suspeitos chegaram em voos diferentes ao Dubai, vindos de cidades como Zurique, Paris, Roma, Milão ou Hong Kong. Depois de terem concluído a sua parte do plano, saíram para locais diferentes e por diferentes meios - dois foram mesmo de barco para o Irão. Alguns cartões de crédito de vários membros foram emitidos pela mesma empresa.
Chegou a suspeitar-se de que a operação se poderia ter apoiado em informações de palestinianos do Hamas, mas as autoridades do Dubai parecem estar, entretanto, a concentrar-se em palestinianos, não necessariamente do movimento islamista, que poderiam ter dado antes apoio logístico.
Os muçulmanos de todo o mundo celebram hoje, dia 12 do mês de Rabi al-Awwal de 1431, o 1.440º aniversário do nascimento do profeta Muhammad (s.a.w.).
Natural de Mekke (Meca), da tribo dos Quraysh, nascido em 570 (E.C.), Abû Ibrâhîm Muhammad ibn 'Abd Allâh ibn 'Abd al-Muttalib ibn Hâshim, conhecido em português por Maomé, é o Profeta do Islão e, segundo os muçulmanos, o último dos profetas.
Maomé era um árabe de nobre ascendência tribal, originário de uma reputada família da sua cidade natal, mas pertencendo a un clan pobre, o de Hâshim ibn 'Abd Manâf. Órfão de pai desde muito cedo, foi recolhido pelo seu avô 'Abd al-Muttalib bin Hâshim, já octogenário, e depois pelo seu tio Abû Tâlib, que conduzia caravanas e efectuava comércio não só na Península Arábica mas viajando até à Síria. Aos 25 anos desposou uma viúva rica, já com 41 anos, Khâdija bint Khuwaylid, e passou a gerir os negócios da mulher, o que lhe permitiu uma maior independência, sem contudo lhe facultar o acesso à classe dominante.
Cerca de 610 recebeu as primeiras revelações, que lhe foram transmitidas por uma voz que lhe ordenava que "recitasse" o que ouvia e que era, segundo versículos mais tardios do Corão, a voz do anjo Gabriel. Acrescente-se que em árabe Corão significa Recitação. Contudo, só passados quatro anos (cerca de 615) Maomé iniciou publicamente a sua pregação. Desde então não deixou de multiplicar os seus apelos, o que lhe valeu a hostilidade dos habitantes de Meca.
À sua volta, apenas um pequeno grupo de fiéis, entre os quais o seu primo 'Ali ibn Abû Tâlib e alguns homens de meios diversos, uns de boas famílias, outros deserdados e até estrangeiros. Maomé anunciava-lhes a iminência do Juízo Final depois da ressurreição dos mortos, pregava o regresso a Deus, recomendava a generosidade e a ajuda aos mais fracos e condenava o politeísmo até então praticado em Meca, defendendo simultaneamente a crença num deus único, Allâh.
Ao longo dos primeiros anos de pregação, confrontou-se com a incompreensão e os insultos dos habitantes da cidade, que recearam vê-lo tornar-se um chefe político. Submetidos a pressões económicas, alguns dos seus apoiantes e seguidores emigraram em 616 para a Etiópia mas Maomé preferiu manter-se em Meca. Aliás, em 619, perdeu a mulher Khâdija e o tio e ficou de alguma forma isolado. É nessa altura que estabelece contactos com estrangeiros, que lhe manifestam o seu apreço, e que recebe o preito de fidelidade dos representantes da população da cidade de Yathrib. Em 622, a primitiva comunidade dos crentes abandona Meca, sendo Maomé o último a partir (em 24 de Setembro) para as terras onde pretende constituir um local de apoio mais do que um refúgio e onde faz uma entrada solene. O ano desta "expatriação" (hijra, em árabe) ou Hégira (em português) corresponde ao início da "era muçulmana", relativamente à qual foi mais tarde estabelecido um novo calendário. Acolhido em Yathrib como um árbitro destinado a fazer reinar a ordem entre as diversas tribos que povoavam o oásis e entre elas e os habitantes de Meca, celebrou um pacto de fraternidade entre os recém-chegados, desigandos como Muhâjirûn ou Expatriados e os antigos habitantes do oásis, árabes politeístas que entretanto haviam aderido ao islão e que receberam o nome de Ansâr, ou Auxiliares. As tribos árabes que anteriormente se tinham convertido ao judaísmo, e que habitavam Yathrib, mantiveram a sua religião.
A partir deste momento, Maomé acrescenta ao seu papel de transmissor das revelações divinas o de chefe político e de guerra, cuja missão é organizar e defender o novo Estado muçulmano, permanecendo o objectivo fundamental a reconquista de Meca que fora obrigado a abandonar. A cidade de Yathrib, pelo acolhimento dispensado a Maomé, viria a ser designada mais tarde por Medina, do árabe al-Madîna al-Nabi, a Cidade do Profeta. Um documento correntemente chamado "Constituição de Medina", que foi conservado e que certamente comporta aditamentos ao texto primitivo, foi então redigido com o objectivo de fixar as obrigações dos diversos membros desta nova comunidade, a umma, que revestia um carácter confessional e que se sobrepunha aos clans primitivos. Nele foi estabelecida uma regra primordial de solidariedade interna, material e moral, aceitando os seus membros que todos os litígios fossem resolvidos pelo Enviado de Deus, ou seja Maomé, a quem todos reconheciam a autoridade.
Durante este período da sua vida, chamado medinense, por oposição ao primeiro período, desigando por mequense, Maomé recebe ainda uma série de revelações, destinadas principalmente a precisar as regras públicas e privadas de acordo com as quais os seus Companheiros deveriam viver. Os versículos corânicos desta época enunciam as prescrições essenciais relativas ao culto, que impõem a Oração (salât), a Peregrinação (hajj), o jejum do Ramadan(sawm) e a Esmola legal (zakât) e regulam também a vida social e familiar a propósito das heranças, dos casamentos (incluindo o repúdio e a poligamia), das transacções comerciais, dos delitos graves e de muitos outros aspectos. Maomé que, viúvo, casara já com a filha, Â'isha, de um dos seus primeiros companheiros Abû Bakr (que foi o seu sucessor e primeiro califa), casou com outras mulheres, aparentemnete para estabelecer alianças com diversas famílias susceptíveis de lhe proporcionarem apoio, já que empenhara os Muhâjirûn e os Ansâr em expedições ofensivas contra os mequenses, É neste contexto que surge o termo jihad, ou guerra legal.
Em Março de 624, um grupo de 300 muçulmanos ataca uma caravana mequense que passa próximo de Medina e dispersa a tropa dos mequenses, três vezes mais numerosa; é a célebre batalha de Badr, a que o Corão faz referência. Seguem-se outros episódios visando a conquista de Meca. Segundo novas orientações, Jerusalém deixa de ser o local para onde todos os fiéis se voltavam para fazer as orações, sendo substituída pela Ka'ba, de Meca, que passa a ser a nova qibla, isto é, a direcção para onde se deverão dirigir durante a Oração. Maomé proclama ainda que a nova religião é a verdadeira religião de Abraham/Ibrahim, profeta bíblico venerado desde então como o primeiro construtor da Ka'ba e monoteísta absoluto, cuja mensagem teria sido desviada do seu sentido por judeus e cristãos.
Os esforços de Maomé continuaram para consagrar o seu triunfo sobre Meca, cidade santa desde então associada à celebração do culto muçulmano. Tentou primeiro cumprir o ritual da Pequena Peregrinação, a umra, e em Março de 628 apresentou-se no limite do Haram ou territótio sagrado. Sendo~lhe vedada a entrada concluiu o pacto de al-Hudaybiya, que lhe permitiria, e aos seus partidários, cumprirem o rito no ano seguinte, o que se verificou. Entusiasmados por este sucesso, então já em número de dez mil, decidiram os muçulmanos, em Janeiro de 630, ocupar Meca, onde o chefe dos Quraysh, Abû Sufyân, após negociações secretas, decidiu juntar-se a Maomé, que entrou como vencedor no santuário, e destruiu os ídolos até aí adorados, à excepção da famosa Pedra Negra.
Tendo cumprido, em Março de 632, a Peregrinação segundo os novos ritos, Maomé morreu em Meca em Junho do mesmo ano.
Escusando-nos perante os nossos leitores pelas omissões de tanto quanto haveria a dizer sobre Maomé e o Islão, que em árabe significa "submissão à vontade de Deus", recordemos que os cinco pilares desta nova religião, que conta hoje mais de mil e quinhentos milhões de crentes, são os quatro preceitos já citados (Oração, Jejum, Esmola e Peregrinação) e a shahâda (testemunho), o primeiro de todos: "Não há outra divindade senão Deus e Maomé é o seu Enviado (ou Mensageiro)" (Lâ ilâha illa Allâh wa-Muhammad rasûluhu).
“O facto de um terrorista ter sido morto, e não interessa se foi no Dubai ou Gaza, é uma boa notícia para quem combate o terrorismo”, afirmou Livni, líder do Kadima (centro), a propósito da morte de Mahmoud al-Mabhouh, no mês passado, quando se encontrava num hotel do emirado.
Até agora, as autoridades israelitas recusaram-se a comentar as alegações de que a Mossad esteve por trás do assassínio, apesar de a polícia do Dubai apontar o dedo à agência dos serviços secretos, acusando um esquadrão de 18 elementos de ter usado documentação falsa para entrar no país.
Os suspeitos teriam usado passaportes falsos britânicos, irlandeses e franceses, e um outro alemão (verdadeiro, mas obtido em Colónia de forma fraudulenta), o que levou a UE a emitir uma declaração crítica, embora sem nomear directamente Israel.
Ontem, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Avigdor Lieberman, foi pressionado por líderes europeus num encontro em Bruxelas. Na semana passada, Lieberman afirmara – no único comentário do Governo até à data – que “Israel nunca responde, nunca confirma e nunca nega”. E adiantou: “Não sei porque estamos a partir do princípio que Israel, ou a Mossad, usou esses passaportes”.
Livni, que anteceu Lieberman na chefia dos Negócios Estrangeiros e que agora lidera a oposição parlamentar, não comentou quem estará por trás do assassínio de Mabhouh, fundador da ala militar do Hamas (organização que não reconhece o Estado israelita). “O mundo inteiro deve apoiar os que lutam contra o terrorismo”, adiantou numa conferência judaica, em Jerusalém. “Qualquer comparação entre terrorismo e os que o combatem é imoral”.
"O povo de Israel confia em vocês. Boa sorte!" Estas terão sido as palavras de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita, aos homens a quem encomendou a morte de Mahmoud al-Mabhouh, um dos líderes do Hamas - grupo militante islâmico que controla a Faixa de Gaza. O planeamento do crime terá começado em Janeiro. Dois Audi A6 pretos pararam em frente ao portão da sede dos serviços secretos israelitas, nos subúrbios de Telavive. Assim que o primeiro- -ministro saiu do carro, foi cumprimentado por Meir Dagan, líder da agência também conhecida como "midrasha". Na sala de reuniões estavam agentes da Mossad, que aguardavam a autorização final. Segundo revela o "Sunday Times", Netanyahu terá sido informado dos detalhes da operação - que não foi considerada "complicada" nem "de risco".
Dagan, de 64 anos - que precisa de bengala desde que sofreu um acidente em serviço, ainda jovem -, fora informado de que Mabhouh planeava uma viagem ao Dubai. "Estaria desprevenido e era a ocasião ideal para o eliminar", relata o jornal britânico.
A 19 de Janeiro, o líder do Hamas apanha um voo da Síria para o Dubai - descola às 10h05 locais. Doze horas depois estava morto, num quarto de hotel, aparentemente devido a causas naturais. Os agentes da Mossad tinha treinado cada passo da operação num hotel de Telavive e tudo teria sido perfeito, não fosse o Dubai o palco do crime. O sistema de câmaras CCTV no emirado árabe permitiu reconstruir o homicídio, assim que as primeiras dúvidas foram levantadas. Fotografias dos suspeitos - que se fizeram passar por europeus, com perucas e disfarces - foram divulgadas pela polícia do Dubai para o mundo inteiro.
Segundo a Sky News, pelo menos 13 dos passaportes falsificados eram de britânicos e foram fornecidos por oficiais do aeroporto de Telavive. "A fraude é um assunto muito grave", disse ontem um porta-voz dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, acrescentando que "o governo vai continuar a fazer tudo o que for necessário para proteger os cidadãos britânicos de fraudes de identidade".
"Falsificar documentos constitui uma ameaça internacional que afecta a segurança interna dos países e a segurança pessoal dos cidadãos", salientou ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros dos Emirados Árabes Unidos, Sheikh Abdullah bin Zayed al-Nahayan. "Os criminosos serão responsabilizados pelas suas acções."
Os embaixadores europeus estiveram ontem reunidos para encontrar medidas conjuntas de apoio à investigação ao homicídio de Mahmoud al-Mabhouh.
A avaliar pelo que o Diário de Notícias hoje divulga, a negociata do Taguspark com Figo é simplesmente obscena. De acordo com o jornal, João Carlos Silva, administrador executivo do Taguspark, tinha «um plano para enganar Luís Figo». O gestor pretende explicar esse plano aos accionistas, justificando (?) desse modo o teor das escutas do DIAP. Anedótico? Sinistro?
Supostos factos: Figo teria começado por exigir 1,250 milhões de euros (250 mil x 5 anos), mas acabou por aceitar 750 mil (350 mil+200+200). João Carlos Silva, esse, pretenderia denunciar o contrato após pagamento da primeira tranche. Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras, principal accionista do Taguspark, terá tido conhecimento de tudo, embora os valores que lhe apresentaram fossem «bem mais baixos».
A mim não me incomoda nada que o Taguspark faça contratos com Figo ou com a rainha do Sabá, seja a que pretexto for. Hoje foi para apoiar Sócrates? Amanhã será para apoiar Passos ou Rangel ou qualquer outro. Sempre assim foi, sempre assim será. De resto, a estrutura accionista do Taguspark inclui, além da Câmara de Oeiras, o Instituto Superior Técnico, o BPI, a Caixa Geral de Depósitos, o Millennium BCP, o INESC, a Portugal Telecom, a EDP, a SIBS, a Universidade Técnica de Lisboa, a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, o IAPMEI, a Câmara de Cascais, a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), a Associação Industrial Portuguesa, o Grupo Edifer e o Instituto de Soldadura e Qualidade. Esta gente anda toda a dormir na forma? As vestais do menos Estado/melhor Estado escusam de apontar baterias a São Bento. Porque esta negociata é um bom exemplo do laissez faire da nossa sociedade civil.
Publicado hoje por Eduardo Pitta no blogue "Da Literatura"
Mais do que os pintores ou músicos, os escritores são intelectuais com o gosto da intervenção cívica. Muitos tiveram posições políticas marcantes ou biografias dominadas por fortes doses de ideologia. O século XX beneficiou os escritores de esquerda e só agora são consensuais as obras de alguns autores que durante a vida foram associados à direita, por exemplo, Albert Camus, John Dos Passos, George Orwell ou Alexander Solzhenitsyn, que sofreram duros ataques (por exemplo, há quem diga que o americano perdeu o Nobel por ter caído em desgraça junto da poderosa crítica esquerdista de Nova Iorque).
Mas o caso mais brutal de anátema atingiu um escritor norueguês, Knut Hamsun, que sem a política seria hoje um dos maiores génios da literatura. Nascido em 1859, Hamsun recebeu o Prémio Nobel em 1920, numa altura em que já era famoso, sobretudo por um livro disponível em português, A Fome. Ele foi o primeiro grande modernista, influenciou Kafka, Joyce e Thomas Mann, entre muitos outros. De origens modestas, era polémico e rebelde, um homem intratável, que odiava o capitalismo e o colonialismo, que não suportava ideias comunistas e que acreditava em predestinados. Era também pró-germânico e tornou-se um admirador de Adolf Hitler e do nazismo.
Há um episódio patético, em que o escritor, meio surdo e com mais de 80 anos, é recebido pelo ditador nazi. Durante a entrevista, Hamsun (que não era colaboracionista) critica os excessos da ocupação do seu país e interrompe Hitler, para grande irritação deste. Como se não bastasse, em 1945, Hamsun publica um pequeno elogio fúnebre do ditador, dias antes da queda do regime colaboracionista norueguês. Até à sua morte, aos 93 anos, o grande escritor foi humilhado, julgado, internado num asilo. Morreu na pobreza, esquecido pelos compatriotas durante meio século.
Mas, literariamente, Hamsun é um gigante. Num dos seus livros, Os sonhadores, de 1904, descreve os conflitos de uma pequena comunidade piscatória do norte da Noruega e a perda da inocência das suas personagens. A história atravessa um ano e modifica-se de acordo com as estações. A figura central é um individualista rebelde e manipulador, que numa passagem do texto, ao conversar com a mulher do pastor (estará ela amorosamente iludida?) diz isto sobre Deus: “Sim, é o Deus de todas a criaturas. Mas não tem nada de extraordinário ser o Deus dos animais e das montanhas. Somos verdadeiramente nós, os seres humanos, quem fazemos dele aquilo que ele é”.
A frase é todo um programa político e é dita pela personagem em que Hamsun se revê. Como é que um escritor com esta intuição se pode ter iludido sobre Adolf Hitler, que trinta anos mais tarde levaria milhões de pessoas à loucura e à destruição? Hamsun tinha profundo conhecimento da sua matéria-prima, os seres humanos, e apesar de tudo uma ingenuidade camponesa que o arrastou para crenças injustas. Talvez o desconhecimento da verdade explique o enigma; ou, quem sabe, em certas circunstâncias a lucidez não possa resistir ao fascínio do mal.
Publicado hoje por Luís Naves no blogue "Albergue Espanhol"
Embora, neste momento, para lá das intenções, nada nos possa garantir que venha a ser ele o portador de um programa para a refundação da República. Além disso, é-lhe indispensável um cuidado extremo na selecção dos apoiantes (refiro-me aos que, sendo publicamente conhecidos, se colem ou sejam convidados para a sua candidatura, já que o simples direito de apoiar é comum a todos os cidadãos). Soube, por referências da imprensa, da presença, hoje, no Padrão dos Descobrimentos, de uma mulher que nem o Diabo quereria como sua apoiante.
Finalmente, Vítor Constâncio foi indicado para ocupar um dos lugares de vice-presidente do Banco Central Europeu. Ser-lhe-á atribuído um pelouro menor, de acordo com as suas (in)capacidades ou maior, de acordo com os interesses de quem comanda a economia e as finanças mundiais, e que muitas vezes utiliza a asneira em proveito próprio.
De qualquer forma, creio que Portugal está de parabéns, tendo-se desembaraçado, pelo menos provisoriamente, de uma figura medíocre, que nunca se distinguiu pela positiva enquanto secretário-geral do Partido Socialista, ministro das Finanças e do Plano ou governador do Banco de Portugal.
Esperemos que por lá se dê bem e que não regresse tão depressa.
Christian Giudicelli, escritor e crítico literário francês, nasceu em Nîmes, em 1942, sendo a família originária da Córsega. Em 1960 mudou-se para Paris, tendo publicado até hoje mais de 20 livros, incluindo romances, contos, teatro, descrição de viagens, entrevistas, etc., em que sempre sobressaem elementos de carácter autobiográfico, que muito enriquecem a obra.
Colaborador habitual da Nouvelle Revue Française, do Combat, dos Cahiers de saisons, da Quinzaine litteráire, do Figaro Magazine, do Paris-Match, foi também autor de programas difundidos pela France-Culture. Em 1986, o seu romance Station balnéaire foi galardoado com o Prémio Renaudot, de cujo júri passou a fazer parte desde 1993 e é também membro do conselho de leitura das Éditions Gallimard.
Esta semana, foi publicado em França o seu último romance, Square de la Couronne, e é precisamente esse facto que me motiva a escrever este post. Sendo amigo pessoal de Christian Giudicelli e tradutor de uma das suas peças, representada nos palcos nacionais, poderá supor-se que esta evocação é motivada por uma questão de familiaridade e amizade. Mas não.
Acontece que Square de la Couronne é uma obra merecedora, porque justas, das mais encomiásticas referências. Embora o tema se insira, genericamente, nas preocupações habituais do autor, Giudicelli revela na abordagem dos assuntos, já que “o tempo é um grande escultor”, uma profunda compreensão dos seres na sua complexa diversidade. Evidenciada, é certo, nos livros anteriores, essa compreensão assume aqui uma expressão muito particular. E é notável a extraordinária sensibilidade de Giudicelli ao observar e descrever as personagens e as situações de uma estória que, porventura banal em alguns aspectos do seu enredo, constitui a história de grande parte das pessoas do nosso tempo.
As personagens deste romance, à excepção de uma (que se revela, ou não, no final do livro) são homens e mulheres comuns, as situações descritas são as que todos ou muitos de nós vivemos no quotidiano, e se parte dos factos decorre da própria experiência do autor (existe um carácter nitidamente autobiográfico nas suas obras) não é igualmente de excluir que qualquer leitor se possa identificar, no passado, agora, ou no futuro, como protagonista do romance. E digo protagonista e não personagem porque, afinal, neste livro, todas as personagens são, de certa maneira e a seu modo, protagonistas das estórias que se cruzam, sem que a obra jamais perca a unidade que esteve na sua génese.
Haverá quem julgue que se trata de um romance gay; nada mais falso. Se os comportamentos de alguns dos intervenientes assumem, de forma aberta, ambígua ou ocasional, essa característica, é a vida, a verdadeira vida, e não aquela que é apresentada como padrão de normalidade para consumo diário, que surge estampada da primeira à última página deste livro.
Duas notas breves: quando Giudicelli escreve, glosando Sartre, “L’enfer, c’est l’absence des autres.” (pág. 71) não é por menosprezar a solidão, que tantas vezes nos é imprescindível, pelas razões mais diversas (para lá da concepção filosófica expressa em Huis-Clos), mas para sublinhar quão horrível é, igualmente, uma solidão indesejada, cada vez mais comum na sociedade em que vivemos, e onde, por razões de idade, de saúde, de precariedade, aumenta, de ano para ano, o número de pessoas que vivem ou sobrevivem sozinhas.
A outra, sobre o acaso (embora a expressão se compreenda melhor no contexto do livro): “Le hasard fait bien les choses à condition qu’un malin chez malin les fasse pour lui.” (pág. 109).
E mais não direi para não retirar aos presumíveis leitores a fruição de um dos melhores livros publicados em França nos últimos anos. Ignoro se a esta obra será atribuído em 2010 o Prémio Goncourt (o que, aliás, é de somenos importância). Mas considero que a sua leitura é um prazer para o espírito e um convite a meditar sobre a condição humana, suas grandezas e misérias.
Porque as paixões da alma alimentam o corpo, a leitura de Square de la Couronne é imprescindível.
O frio que se faz sentir pede duas coisas: ou passeios energéticos longe do cimento das cidades, daqueles que deixam a cara corada e a ponta do nariz brilhante, ou o conforto das brasas de uma lareira, entre livros, revistas e DVDs. Eu gosto sempre quando chove e faz frio no Carnaval. Podia até chover a cântaros e fazer um frio árctico que não me importava. Penso sempre que isso me pouparia o esforço de tentar não ver, ou o embaraço de ver, as múltiplas imagens dos chamados desfiles tradicionais (tradi... quê? eles sabem mesmo o que quer dizer a palavra tradição?) carnavalescos de inspiração brasileira e tropical e que inundam o Portugal da província de norte a sul para gáudio e orgulho dos “foliões” (só ouvir a palavra já faz mal, quanto mais vê-los) locais. Esses desfiles são verdadeiros atentados à natureza das coisas... mas que é isso perante a força da estupidez humana? A minha esperança acaba por ser, tantas vezes, vã e esmagada por essa força e lá tenho eu que arranjar maneira de não ver nem ouvir falar de desfiles de carnaval. Basta uma nesga de sol para saírem à rua: artificiais, feios e frios, sob o olhar de meia dúzia de “foliões” acompanhados por criançinhas pálidas e vestidas de poliéster que, agitando-se informemente, fingem alegria.
Não tenho acompanhado, com a atenção que a questão justifica (e por razões de natureza pessoal e familiar e por outras preocupações com assuntos culturais), os problemas que vêm afectando a justiça em Portugal. Não conheço o conteúdo das escutas, ao que parece divulgadas pelo jornal Sol, nem os presumíveis negócios envolvendo o audiovisual, nem o suposto controlo da comunicação social, nem os processos em curso ou em recurso, nem as eventuais inverdades do primeiro-ministro, nem toda a parafernália jurídica diariamente invocada nos órgãos de comunicação social.
Feita esta declaração de interesses (ou de desinteresses), gostaria tão-só de referir que, em minha opinião, se caminha a passos largos para uma situação insustentável, para todas as partes em confronto, já que a Justiça, que se presume cega e garante da igualdade dos cidadãos, poderá transformar-se, por culpa dos seus agentes ou por interferências alheias e inconfessáveis, numa entidade que, caída na valeta, ninguém mais respeitará.
As perguntas a magistrados e os escritos de certos jornalistas são de alguma forma desculpáveis, atendendo ao nível da cultura e da inteligência dos mesmos. Outro tanto não se aplica (ou não se deveria aplicar) aos agentes políticos que produzem, em total impunidade e enredadas nos maiores dislates, as mais inverosímeis declarações.
Além disto, e para terminar, deixo uma interrogação que é também uma perplexidade que há muito me acompanha: deverá haver sindicatos na área da Justiça?
É que não são exclusivamente interesses privados que estão em causa mas o próprio futuro do País.
«ISRAËL NE PEUT ÊTRE QU'UNE DÉCEPTION DANS LA MESURE OÙ IL S'AGIT D'UN PAYS NÉ D'UN RÊVE. » (Amos Oz)
Comment croire encore à la paix ?
Le Nouvel Observateur - Amos Oz, dans votre dernier livre, « Scènes de vie villageoise », vous décrivez un village imaginaire très ancien. L'Israël de votre jeunesse a-t-il disparu ? Et vous, Jean Daniel, avez-vous la nostalgie d'un Israël qui serait resté fidèle à ses utopies fondatrices ? Amos Oz. - Bien sûr qu'il a disparu. Avoir mon âge quand on est israélien, c'est comme être un Français tricentenaire. J'ai 70 ans, et les bouleversements qu'a vécus Israël durant ces sept décennies sont comparables aux changements qu'a connus la France ces trois derniers siècles. Jean Daniel. - Pour moi, la première utopie israélienne était quelque chose de tout à fait abstrait. Quand j'ai grandi, Israël n'existait pas. D'ailleurs, si mon père était religieux, il évoquait Israël à la manière d'un rêve qui n'était pas destiné à se réaliser. Pour rien au monde, cet homme n'aurait quitté sa maison et sa ville, c'est-à-dire ses racines. Je suis né en Algérie dans une petite ville au pied d'une montagne dont il était amoureux. Mon père partageait ce sens de la nature que vous, Amos Oz, manifestez si admirablement: l'un de ses plus grands bonheurs était d'attendre aux premiers jours du printemps l'éclosion des fleurs. Il se sentait bien chez lui. Et lorsque survenaient les actes antisémites, mon père se comportait comme s'il était naturel d'attendre qu'ils disparaissent parce qu'il y avait toujours des alliés pour les combattre. Il disait que Victor Hugo, c'était aussi beau que la Bible. La seconde utopie a eu lieu bien sûr avec la naissance d'Israël, mais pour moi qui ai fait la guerre dans une armée victorieuse [la 2e DB, NDLR], je n'ai pas senti de lien entre l'antisémitisme, Vichy, la Shoah, et un départ possible, puisque je n'ai pas subi l'horreur, j'ai été en mesure de la combattre. C'est en pleine guerre d'Algérie que j'ai fait mon premier voyage en Israël. L'utopie des kibboutzim m'a enthousiasmé au point que ma description a passionné le grand écrivain algérien Kateb Yacine. Cette utopie israélienne a disparu.
A. Oz. - Israël ne peut être qu'une déception dans la mesure où il s'agit d'un pays né d'un rêve. Or tout ce qui naît d'un rêve ne peut qu'être décevant. La seule manière de préserver un rêve, de le garder intact, c'est de ne pas le vivre. Cela s'applique aussi bien aux fantasmes sexuels, à l'écriture d'un livre qu'à la naissance d'un pays. Mais cette déception n'a rien à voir avec la nature même d'Israël. Toute utopie est un rêve, même si Israël est né d'une fédération de rêves et non d'un rêve unique. Il y avait les marxistes, des juifs qui voulaient créer en Israël un paradis communiste sur terre devant lequel même Staline s'agenouillerait en signe de respect. Il y avait des juifs religieux qui voulaient rebâtir le royaume de David et de Salomon. Des sociaux-démocrates qui voulaient faire d'Israël une nouvelle Scandinavie. Des séfarades qui voulaient recréer à l'identique le mellah marocain. Et puis les juifs tolstoïens, des anarchistes semi-religieux qui ne voulaient pas bâtir un Etat ou une nation, mais qui souhaitaient une confédération peu contraignante de villages où les gens connaîtraient une expérience religieuse en travaillant la terre et en menant une vie simple dans laquelle ils partageraient tout. Israël est le produit du choc de tous ces rêves contradictoires et souvent conflictuels. Aujourd'hui, certains de ces rêves sont oubliés, d'autres se sont transformés en cauchemars, et quelques-uns parviennent malgré tout à survivre, même s'ils sont abîmés.
N. O. - Mais vous êtes né en Palestine. Quel était votre rêve à vous, qui n'avez pas immigré ? A. Oz. - Je suis né en Palestine britannique. Les premiers mots que j'ai appris à prononcer dans une langue étrangère étaient «British go home». Mes parents étaient de grands polyglottes, mon père lisait seize langues et en parlait onze, mais toujours avec le même fort accent russe. Ma mère, elle, en parlait cinq. Mais ils ne m'ont appris que l'hébreu, non pas par chauvinisme, mais parce qu'ils craignaient pour ma sécurité. Dans les années 1940, ils pensaient que si j'apprenais ne serait-ce qu'une seule langue étrangère, je partirais en Europe et n'en reviendrais pas vivant. J. Daniel. - Il se trouve que, malgré cette extraordinaire diversité, cette réunion de gens si radicalement différents, tous avaient quand même choisi d'être en Palestine. Or le problème, c'est que ce choix est assumé par les uns et contesté par les autres. A un moment donné, vous posez la question de savoir pourquoi on demande à Israël d'être légitime alors que l'on n'exige pas des autres nations qu'elles prouvent leur légitimité. Question à laquelle je réponds par une autre interrogation, qui nous conduit au coeur même du problème. La caractéristique des contestations sur la nature de l'Etat d'Israël, c'est que les plus grands, Freud, Einstein, Martin Buber, Gershom Scholem, tous ont dit : Israël existe, mais il ne sera légitime - et ils emploient ce mot - que lorsque les riverains le considéreront comme tel. Autrement dit, l'existence ne dépend pas de la force, mais du regard des autres, et nous en sommes toujours là. A. Oz. - La légitimité vient toujours des autres, jamais de soi-même. Ma présence dans votre maison est légitime parce que vous m'y avez invité, pas parce que je m'y suis imposé. L'Etat d'Israël est légitime parce que la plupart des pays du monde le reconnaissent comme tel. J. Daniel. - Vous parlez de légalité, pas de légitimité. A. Oz. - C'est malgré tout une affaire de légitimité, même si Israël n'est pas entièrement légitime dans la mesure où tout le monde ne le reconnaît pas. La légitimité d'Israël n'est pas entière, et elle ne le sera pas tant que les Palestiniens ne la lui reconnaîtront pas. Et l'inverse est vrai pour les Palestiniens: eux-mêmes auront besoin d'être reconnus par Israël pour devenir pleinement légitimes. J. Daniel. - Pour compléter cette originalité de situation, il y a le fait que vous semblez refuser, à savoir que les gouvernements israéliens n'ont jamais accepté de définir le tracé des frontières. Ils ont toujours été schizophrènes dans leur stratégie, qui consistait à dire qu'ils forment une nation, tout en refusant de la définir géographiquement puisqu'ils espéraient qu'elle s'agrandirait ultérieurement. A. Oz. - Il ne faut jamais utiliser le mot «jamais» au Moyen-Orient. Chez nous, les expressions «jamais», «pour toujours» et «pour l'éternité» correspondent à une durée qui varie entre six mois et trente ans. Nous avons vu ce qu'il est advenu des grands «jamais» du passé. Je n'aurais jamais rêvé pouvoir un jour me rendre en Egypte ou en Jordanie avec un visa égyptien ou jordanien sur mon passeport israélien. Je suis prêt à faire la prophétie suivante : il y aura un jour une ambassade palestinienne en Israël et une ambassade israélienne en Palestine, et on pourra se rendre de l'une à l'autre à pied, puisque l'une se trouvera à Jérusalem-Ouest et l'autre à Jérusalem-Est. Je suis incapable de vous dire combien de temps cela prendra, mais cela arrivera un jour. J. Daniel. - C'est l'un des rêves que vous pouviez avoir quand vous avez été l'un des grands militants de La Paix maintenant et du plan de paix de Genève. Que reste-t-il de ces combats, avec le Hamas d'un côté et le fanatisme religieux juif de l'autre ? A. Oz. - Il faut que je partage une bonne nouvelle avec vous, puisqu'en Europe vous ne recevez que les mauvaises du Moyen-Orient. Cette bonne nouvelle, c'est que la majorité des Juifs israéliens comme la majorité des Arabes palestiniens savent maintenant qu'au bout du compte il y aura deux Etats. Est-ce qu'ils s'en réjouissent ? Non. Est-ce qu'ils iront danser dans les rues lorsque l'Etat palestinien verra le jour ? Certainement pas. Mais ils savent que cela finira par arriver, et c'est un grand changement. Quand avec mes collègues nous avons commencé à militer en 1967 pour la création d'un Etat palestinien indépendant, nous étions si peu nombreux que nous aurions pu tenir nos assises nationales dans une cabine téléphonique. A présent, la majorité des Palestiniens, comme la majorité des Israéliens, sont convaincus de l'inéluctabilité de ce processus. Si vous faisiez un sondage dans les deux camps, 60% à 70% des personnes interrogées vous répondraient qu'elles pensent qu'il y aura un jour deux Etats. Ca ne veut pas dire qu'ils trouvent la solution idéale ou juste, mais ils savent que c'est ce qui va se passer, même si certains ajouteront aussitôt qu'à leurs yeux c'est une catastrophe. On peut résumer la situation actuelle par une métaphore : le patient est prêt à se faire opérer. Ca ne l'enchante pas de passer sur le billard, mais il y est préparé, même si les médecins sont des lâches. J. Daniel. - Je vais vous répondre ceci : je sais que je vais mourir, mais je vis comme si j'étais immortel. Ils savent qu'il va y avoir deux pays, mais ils se conduisent comme si ça n'allait pas se produire. Ce faisant, ils compromettent ce à quoi ils croyaient. Si bien que le progrès qui consiste à penser qu'il y aura deux Etats est détruit par la réalité des forces qui luttent contre ces deux Etats. C'est pour cela que je n'arrive pas à croire vraiment que c'est un progrès, sauf le respect, l'amitié que j'ai pour vous et le fait qu'il m'est beaucoup plus facile de m'entendre avec vous qu'avec la plupart des personnalités juives françaises. A. Oz. - Même si les deux camps ne se sont pas encore suffisamment rapprochés, ils sont désormais plus proches qu'ils ne l'ont jamais été depuis un siècle. Ils ne sont toujours pas d'accord sur Jérusalem, sur le tracé des frontières, sur la colonisation ou sur le statut des réfugiés, mais le fossé se réduit. Il faut être patient et continuer à travailler dur, et c'est ce que mes collègues et moi-même persévérons à faire. J. Daniel. - C'est une bonne discipline que d'y croire. Mais il y a quelque chose de nouveau depuis que nous avons passé notre vie à imaginer des solutions : c'est le degré de confessionnalisation, les ravages de la conviction religieuse de part et d'autre. Auparavant, le fait de vivre ensemble en Palestine était considéré comme une réalité humaine, tandis qu'à présent les deux camps sont persuadés de ne plus répondre qu'à la loi divine. Et de ce point de vue, nous sommes témoins d'une régression tragique. A. Oz. - Je suis d'accord. Les religieux fanatiques des deux bords jouent chacun le jeu de l'autre. Ils s'entraident. Vous avez écrit « Dieu est-il fanatique ? », c'est un bon titre. Nous sommes à présent en guerre contre les fanatiques. Ce n'est plus un conflit entre Israéliens et Palestiniens. Quand je discute avec des Palestiniens laïques, nous trouvons un terrain d'entente et des solutions, même si nous ne sommes pas d'accord sur tout. C'est plus compliqué avec les pro-Palestiniens de l'étranger, et ça n'est pas plus simple avec les pro-Israéliens de l'étranger. Mais entre Palestiniens laïques et Israéliens comme moi, le dialogue est possible, même s'il n'est pas toujours facile. Le problème est double : il y a, d'une part, les fanatiques des deux camps et, d'autre part, les dirigeants politiques, qui sont des lâches. Ils savent ce qu'il faut faire mais ils n'ont pas le courage d'agir. J. Daniel. - J'ai une différence avec vous. La légitimité ne dépend pas uniquement des voisins. Dans la mesure où Israël existe en fidélité avec une histoire du peuple qui est aussi une histoire de Dieu, nous sommes confrontés à cette contradiction scandaleuse, incroyable, inacceptable qui fait que Dieu choisit un peuple pour être exemplaire et lui enjoint d'occuper une terre étrangère. C'est cela pour moi la prison juive. Cet Etat n'a de légitimité que s'il est exemplaire : l'exemplarité est la seule justification de l'élection. A. Oz. - Vous avez écrit « la Prison juive » et je suis d'accord à 75% avec vous. Il serait totalement contre nature pour deux juifs comme nous d'être d'accord sur tout. Il y a 7,5 millions d'Israéliens, et donc autant de prophètes et de messies. Tous sont persuadés de détenir la vérité. Ce n'est pas pour rien que les juifs n'ont jamais eu de pape. Nous ne sommes pas d'accord sur la chose suivante : pour moi, la légitimité n'est pas une question de vertu ou de morale. Israël peut se conduire bien ou se conduire mal, comme toutes les autres nations. Israël est légitime parce qu'il est reconnu, et cette reconnaissance lui confère une légitimité. L'Allemagne a fait des choses infiniment pires qu'Israël et personne ne remet en question sa légitimité en tant que nation. C'est pareil pour la France. Je suis moi aussi très attaché à la morale et à l'exemplarité, et je me bats pour que nous soyons exemplaires, mais l'exemplarité ne peut pas être un préalable à la légitimité. J. Daniel. - J'accepte l'idée, mais pas le tempo. A partir du moment où Israël est reconnu par ses voisins, il peut se permettre d'être aussi horrible que la France et l'Allemagne. C'est une question de degré dans le temps. Le problème de la vertu, de la fin et des moyens est plus important pour un juif que pour un autre, surtout si l'on veut accomplir une mission et se dire juif, ce qui n'est pas après tout une obligation. Je crois que nous sommes en désaccord et j'ai eu beaucoup de peine à penser que vous avez eu l'air gêné de condamner l'intervention israélienne à Gaza. C'est toute la question de la fin et des moyens, qui est la définition de la morale, et je suis pressé de vous entendre à ce sujet. A. Oz. - En ce qui concerne Gaza, le Hamas a tiré environ 10 000 roquettes en cinq ans sur les villes et les villages israéliens. J'étais d'avis qu'Israël avait le droit de mener une contre-offensive limitée et proportionnelle à l'agression, et c'est pour cela que j'ai soutenu l'opération militaire à Gaza pendant quarante-huit heures. Le troisième jour, j'ai publié un article dans le « Yediot Aharonot » pour demander que l'on arrête tout : nous avions dépassé les limites de ce qui était justifié dans le cadre d'une riposte et il fallait interrompre l'opération avant que trop de Palestiniens ne soient tués. C'était ma position, et elle était identique à celle que j'avais défendue deux ans auparavant lors de l'intervention au Liban. J'étais favorable à une option militaire mesurée : je ne suis pas un pacifiste, et je ne tends pas l'autre joue. Mais j'étais opposé à une guerre à grande échelle qui n'était pas justifiée au Liban en 2006 et qui ne l'était pas davantage à Gaza en 2009. C'est là que je place très clairement la limite. J. Daniel. - A propos de Gaza, il y a eu une logique savante et stratégique dans les actes de Sharon : il construisait la souveraineté et l'isolement d'Israël en refusant de négocier avec les Palestiniens. Il ne leur a pas dit : « Je vous fais ce cadeau de Gaza pour que nous puissions nous entendre », il leur a dit : « Je vous fais ce cadeau afin de ne plus entendre parler de vous. » A. Oz. - C'est vrai. Néanmoins, nous pensions que le retrait de Gaza y calmerait la situation, ce qui n'a pas été le cas. Et la gauche israélienne a eu toutes les peines du monde à se justifier et à expliquer pourquoi ça ne s'est pas passé ainsi. Bien sûr, nous avons dit : « Sharon aurait dû donner Gaza à Abou Mazen dans le cadre d'un accord, et non de manière unilatérale. » Mais il a été pratiquement impossible de convaincre l'opinion publique israélienne, qui nous a dit : « Regardez, nous avons fait ce qu'a dit la gauche, nous avons donné Gaza aux Palestiniens, et tout ce que nous recevons en échange, c'est une pluie de roquettes. » N. O. - Votre ami le pacifiste palestinien Sari Nusseibeh a publié récemment une tribune où il évoquait la colonisation et «l'ingéniosité coloniale» israélienne qui a pour but de rendre impossible toute partition, et donc la création d'un Etat palestinien indépendant. A. Oz. - Le vrai fossé entre Israéliens et Palestiniens est un fossé psychologique. Et ce fossé risque de continuer à exister dans les années qui suivront la paix. Car la paix n'est pas une histoire d'amour, ou une scène sortie d'un roman de Dostoïevski où les anciens rivaux s'étreignent et fondent en larmes en se disant qu'ils s'aiment et qu'ils sont prêts à laisser la terre à l'autre. Le mur psychologique continuera à se dresser un certain nombre d'années, et il finira par s'éroder petit à petit, comme cela s'est produit en Europe. Les murs de béton, les frontières, les barrières et les barbelés disparaissent toujours en dernier, jamais en premier. La première étape, ce sera le tracé des frontières, les passeports et les visas. Soyons réalistes : ce ne sera pas une lune de miel et il ne faut pas s'attendre à ce que les Israéliens et les Arabes sautent dans le même lit pour fêter la nuit de noces. Pas après un siècle de tragédie, de violences et de sang versé. Puisque je suis d'humeur prophétique aujourd'hui, je vais vous faire une autre prédiction : il a fallu à l'Europe deux mille ans de tragédies et de massacres pour parvenir à la stabilité et à l'harmonie qui prévalent aujourd'hui. Cela nous prendra bien moins longtemps au Moyen-Orient. Le verrou psychologique qui existait entre les Israéliens et les Palestiniens a sauté. Je suis assez âgé pour me souvenir de l'époque où les Palestiniens et les Arabes ne pouvaient même pas prononcer le mot «Israël». Ils parlaient toujours de l'«Etat artificiel » ou de l'« entité sioniste ». Et les Israéliens n'utilisaient jamais le terme «Palestine» parce que c'était une obscénité. Ils parlaient des «autochtones arabes» pour ne pas avoir à les appeler les Palestiniens. Les Palestiniens et les Arabes pensaient qu'Israël était une tumeur qui finirait par disparaître pour peu qu'on l'enlève assez vigoureusement. Les Israéliens étaient convaincus que le problème palestinien n'existait pas, et qu'il avait été inventé de toutes pièces par la propagande panarabe. Maintenant, tout le monde sait que l'autre est bien là et qu'il ne va pas disparaître. Je le répète, nous sommes plus proches de la paix que nous ne l'avons jamais été en un siècle. J. Daniel. - Votre foi dans l'histoire et ses convulsions est beaucoup trop hégélienne pour moi. Je préfère vivre dès aujourd'hui les moments de fraternité dans vos livres.
Frente-a-frente Amos Oz-Jean Daniel (Le Nouvel Observateur nº 2361 - 4 a 10 Fevereiro 2010)