quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

OS "AMIGOS DA SÍRIA" (II)



Em 24 de Fevereiro deste ano publiquei um post intitulado «Os "Amigos da Síria"», aqundo da primeira reunião, em Tunis, sobre o reconhecimento do auto-denominado Conselho Nacional Sírio. Porque nada de essencial desde então mudou, recomendo aos meus leitores que o revejam.

Também, no seu blogue Maghreb/Machrek, Raul Braga Pires publicou hoje um interessante texto, que importa ler, com o título «Os "Amigos da Síria" em Marraquexe», a propósito da quarta reunião dos ditos "amigos", hoje, na cidade de Marraquexe.

O site da Al Jazira informa-nos também de que, igualmente hoje, se verificou mais uma oportuna explosão junto ao ministério do Interior, em Damasco, e outra próximo do Palácio da Justiça, com diversos mortos e feridos. Repete-se o cenário da invasão do Iraque (até há referência a armas químicas), agora disfarçado de guerra civil, o que sai mais barato a americanos e ingleses e não choca tanto as opiniões públicas. Estima-se que, desde Março de 2011, aquando das primeiras manifestações contra o regime de Assad, tenham já morrido 40.000 pessoas, fora os feridos, os desalojados, os estropiados, os emigrados, os que enlouqueceram, a destruição material do país e, como aconteceu no Iraque, a inevitável destruição do património cultural velho de milénios e também o roubo de preciosidades dos museus e arquivos, cujo valor é inestimável. As vítimas totais da invasão anglo-americana (e sicários) do Iraque provocou, num total, cerca de cinco milhões de vítimas. Para os americanos, que são o povo mais estúpido e ignorante que conheço, salvo as honrosas excepções, nada disto tem importância. Os países civilizados deveriam ter mais atenção à situação humana e material, mas dirigidos por líderes de uma mediocridade confrangedora, fecham os olhos e encolhem os ombros, ou, cúmplices, enfiam os pescoços na areia.

Não vou repetir o que então escrevi nem o que o prof. Braga Pires hoje escreve no seu blogue.

Para encerrar as insurreições da chamada "Primavera Árabe", depois da Tunísia, do Egipto e da Líbia, faltava a Síria, já que Marrocos navega em águas um pouco diferentes e com a Argélia não se metem. A Jordânia está em stand-by e a Arábia Saudita e os países do Golfo integram-se na estratégia americana do petróleo farto e a bom preço.

Depois, há o Irão, um osso mais difícil de roer. A passagem pela Síria (com a Turquia rendida às sereias ocidentais em troca de uma aceitação da progressiva islamização do laico país criado por Atatürk) é uma condição fundamental do êxito de um ataque americano e dos seus comparsas. O país terá certamente armas nucleares, químicas, bacteriológicas e outras e, se necessário for, para o provar os agressores poderão sempre recorrer a Tony Blair, um especialista na matéria (não nos devemos esquecer do "suicídio" do físico David Keller).

A Síria que eu conheci não mais a voltarei a ver, pois a sua reconstrução levará muitos anos, e será sempre uma caricatura do país que me encantou. Nem a convivência multi-religiosa e multi-étnica promovida pelo partido Ba'ath será jamais possível. Aonde coabitavam pacificamente sunitas, xiitas, alauítas, drusos, maronitas, arménios, gregos melkitas, gregos ortodoxos, síriacos antigos, caldeus, assírios, coptas, protestantes diversos, católicos romanos, agnósticos, ateus, e ainda outros, não mais restará do que uma interminável guerra civil que nem a ocupação estrangeira, seja da NATO ou de qualquer outra organização de reputação duvidosa, poderá travar, a exemplo do que continua a verificar-se no Iraque

Os promotores desta guerra não têm perdão.

Desejo que a terra lhes seja bem pesada..

1 comentário:

Anónimo disse...

Apoiado, muito apoiado, esses gajos não têm puta de vergonha. Assim se destrói um país.

Por isso estou de acordo com o autor do texto: que a terra lhes seja bem pesada. Não sei se Portugal reconheceu esse Conselho Sírio, mas para o caso o nosso país nem interessa muito. Os grandes criminosos já reconheceram. por isso acrescento ao autor do texto, que antes da terra lhes ser pesada que o resto da vida lhes seja atroz.