sexta-feira, 2 de novembro de 2012
NÃO HÁ ALTERNATIVA ???
Num livro publicado em França o ano passado, Il n'y pas d'alternative, mas cuja leitura é particularmente aconselhável aos portugueses de hoje, os autores evocam a desregulação dos mercados protagonizada por Margaret Thatcher e Ronald Reagan e a famosa frase daquela que ficou conhecida pela Dama de Ferro: " There Is No Alternative" ou o seu acrónimo "Tina". Esta frase tem sido repetida vezes sem conta pelos políticos dos mais diversos países, nomeadamente na Europa e nos Estados Unidos. Bush disse-a a propósito da Guerra do Golfo, e ela foi citada até à exaustão sobre as mais diversas matérias, mas sempre com o objectivo de justificar o injustificável. Porque existem obviamente alternativas, mas não no quadro do capitalismo neo-liberal.
A respeito de Thatcher, referem os autores: « Elle déteste toutes les formes de socialisme, de la social-démocratie au communisme. Pour Maggie, il n'y a aucune différence: c'est stalinisme et compagnie». E ainda: «Elle n'a peur de rien et surtout pas du regard des autres. Elle a conquis un parti historiquement tenu par la gentry masculine britanique. Maggie n'hésite pas à rappeler le peu de respect que lui inspirent ses prédécesseurs, tous issus de la grande bourgeoisie. Elle s'est faite à la force du poignet et sait parfaitement jouer de ses origines modestes. Lorsqu'elle refuse que la contribuition britanique européenne aide d'autres pays que le sien, elle assume sans complexe son rôle de ménagère ladre: "I want my money back."
«Ronald Reagan, lui, arrive à la Maison Blanche après une suite de catastrophes: le Watergate et le départ de Richard Nixon, le désastre vietnamien, la prise d'otages de l'ambassade de Téhéran et la présidence de Jimmy Carter... Cela fait beaucoup pour un seul pays. Reagan comprend vite l'intéret qu'il peut tirer de cette situation. Gouverneur de Californie, ancien acteur de second plan, il obtient enfin le premier rôle: celui du héros qui rendra sa fierté aux États-Unis. Son numéro est parfaitement point. Rendant grâce à Dieu à chaque discours, patriote, proche des gens, émaillant des interventions publiques de clins d'oeil, l'homme sait être charmeur et persuasif.»
Não me vou alongar em citações mas aconselho vivamente a leitura do livro.
A emergência destas duas figuras sinistras, ambas anglo-saxónicas (como posteriormente se haveria de verificar com a maldita aliança Bush/Blair), demonstra à evidência a relação privilegiada entre os dois países. Razão tinha o general de Gaulle, que detestava ingleses e americanos, em considerar que a Inglaterra não fazia propriamente parte da Europa. Coisa que os seus sucessores, nomeadamente Sarkozy ignoraram totalmente. Seria um favor que a placa geotectónica empurrasse, definitivamente as Ilhas Britânicas para o Novo Mundo, sobre o qual, lamentavelmente, Dvorak escreveu uma belíssima sinfonia. O título é que deve estar errado.
Qualquer estudioso, minimamente objectivo, da História Universal, conhece os malefícios que o Reino Unido, o Império das Índias, a Commonwealth, têm provocado no resto do mundo. E os dois séculos da pseudo-democracia americana, com a invasão militar e depois económica da Europa e o controlo de uma parte do globo através da fomentação de golpes militares, nada abona em favor da confiança que os americanas pretextam a Deus. Verdadeiramente "In God we Trust" significa "In Gold We Trust".
Leiam o livro.
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2 comentários:
Alternativas haverá sempre, em qualquer situação. Restará saber se são melhores ou piores.
De facto, retrospectivamente, poderia ter sido melhor, até para os próprios britânicos, que o Reino Unido não tivesse aderido à então CEE. Os franceses, aliás, só deixaram cair o seu veto quando se asseguraram que o Reino Unido não se eximiria a pagar uma boa parcela da aberrante e irracional PAC de que a França foi, por concepção, - e tem sido desde a primeira hora - o principal país beneficiário. Antes, porém, havia que construir o famigerado acquis communautaire que todo o país candidato à entrada tinha que aceitar em pacote... (em prejuízo, claro, da Commonwealth e dos consumidores europeus, diga-se).
Parece hoje não haver dúvidas que a entrada dos EUA na I e II GG (até Herbert Hoover o denuncia), se foi desejada pelos europeus que se opunham à Alemanha, foi também activamente "cozinhada" pelos presidentes americanos em exercício que evidenciaram um desvelo intervencionista só próprio dos impérios. Mesmo quando os presidentes eleitos o foram sob o "ticket" da não participação nas guerras de outros.
De qualquer modo, no desafio de determinar "a génese do mal", não assestaria as baterias para o império britânico. Pensaria antes em Paris, em 1789, no Terror subsequente, e na tríade diabólica que Napoleão começaria por desfraldar e pretender, pela força das armas, "libertar" os outros.
A alternativa é o fim do regime capitalista!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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