terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O SENTIDO DO FIM


O romancista inglês Julian Barnes, que se celebrizou pelo Flaubert's Parrot (1984), acaba de ganhar o Man Booker Prize 2011 (para o qual fora várias vezes nomeado em anos anteriores), pela sua obra O Sentido do Fim (The Sense of an Ending).

A atribuição do mais alto galardão literário britânico é perfeitamente justa. Em 140 páginas (na edição portuguesa), Barnes procede a uma reflexão profunda sobre o sentido da vida e a sua finalidade. Em muitos momentos, identificamo-nos todos (creio eu) com o narrador do romance, desde os seus pensamentos mais sublimes aos actos mais prosaicos. E reconhecemos a nossa incapacidade para prescrutar os sentimentos dos outros e julgar das suas acções. Escrito numa linguagem acessível (e bem traduzido, apesar da utilização do sinistro acordo ortográfico), O Sentido do Fim percorre a vida do protagonista desde os bancos da escola à idade da reforma, situando essa vivência na evolução acelerada do mundo actual, com todas as suas contradições. Um dos membros do júri do prémio referiu que o livro se "dirige à humanidade do século XXI", uma humanidade cada vez mais desumanizada e que se debate hoje com um eventual regresso à barbárie "civilizada".

Com os concorrentes de peso que teve nas nomeações para o prémio, este seu 11º romance venceu o Booker 2011 pelo inegável mérito do conteúdo e da forma.

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