sábado, 31 de dezembro de 2011

EUGÉNIO DE ANDRADE: O FIM DA FUNDAÇÃO


Nestes últimos dias de 2011, segundo se lê no PÚBLICO, os membros da última Direcção da Fundação Eugénio de Andrade, criada em 1992 e extinta em Setembro passado, entregaram à Câmara Municipal do Porto as chaves da parte pública do edifício-sede da Fundação.

A restante parte do edifício é habitada pelos legatários de Eugénio de Andrade,os quais foram recentemente objecto de uma notificação do município para que procedam à entrega do piso que ocupam num prazo de 60 dias.

 Foi Eugénio de Andrade um grande poeta contemporâneo mas os equívocos que rodearam a constituição da Fundação, e as posteriores conclusões do seu presidente, o prof. Arnaldo Saraiva, levaram à constatação da inviabilidade da mesma. Pretendeu Eugénio reservar uma parte do edifício que abriga o seu espólio para a sua família de adopção, o seu afilhado Miguel Moura e os pais, Ana Maria Moura e Gervásio Moura, que foi amigo pessoal do poeta. Mas os problemas que sucessivamente surgiram, incluindo direitos autorais e ausência de subsídios públicos e privados, tornaram insustentável a manutenção da instituição, à qual a Câmara Municipal do Porto terá agora de dar um destino adequado.

Tudo teria sido mais simples se Eugénio, em vida, tivesse abandonado as suas hesitações identitárias, aliás bem expressas nos primeiros poemas, que são sem dúvida os mais notáveis. Não o quis fazer, em contradição com a postura que se aguardava por parte de um homem de particular sensibilidade e cultura. Emaranhou-se numa teia de públicas virtudes e afectos privados.  Às vezes resulta, mas nem sempre, como agora se verifica.

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