quinta-feira, 7 de setembro de 2023

A HOMOSSEXUALIDADE E A CIVILIZAÇÃO

Regresso, para consulta, a essa extraordinária obra, a melhor que conheço no género, sobre a Civilização e a Homossexualidade, ou os homossexuais - ou melhor, os actos homossexuais, porque homossexualidade é coisa que só existe desde o século XIX:  Homosexuality and Civilization, de Louis Crampton, professor emérito da Universidade de Nebraska, editado pela Universidade de Harvard em 2003. Uma obra com mais de 600 páginas e convenientemente ilustrada. Li alguns capítulos, quando a comprei na data da publicação, e a ela regresso para esclarecimento de quaisquer dúvidas.

Informa o autor que decidiu escrever esta obra de referência depois da edição, em 1978, de Greek Homosexuality, de Sir Kenneth Dover, presidente da Academia Britânica, Chanceler da Universidade St. Andrews e presidente do Corpus Christi College, de Oxford. Apesar de publicado há cerca de meio século, o livro de Sir Kenneth Dover é ainda a grande autoridade em matéria de homossexualidade na Grécia Antiga.

Não permite a extensão do livro, nem a sua profundidade e erudição, tecer aqui quaisquer comentários. Limitar-me-ei a indicar os capítulos, cujos títulos despertarão certamente nos interessados o desejo da leitura.

1 - Early Greece (776-480 BCE)

2 - Judea (900 BCE-600 CE)

3 - Classical Greece (480-323 BCE)

4 - Rome and Greece (323 BCE-138 CE)

5 - Christians and Pagans (1- 565 CE)

6 - Darkness Descends (476-1049)

7 - The Medieval World (1050-1321)

8 - Imperial China (500 BCE-1849)

9 - Italy in the Renaissance (1321-1609)

10 - Spain and the Inquisition (1497-1700)

11 - France from Calvin to Louis XIV (1517-1715)

12 - England from the Reformation to William III (1533-1702)

13 - Pre-Meiji Japan (800-1868)

14 - Patterns of Persecution (1700-1730)

15 - Sapphic Lovers (1700-1793)

16 - The Enlightenment (1730-1810)

No Prefácio e nas Conclusões, o autor responsabiliza as religiões abraâmicas pela abominável interdição dos actos homossexuais, herança funesta  da religião Judaica em nome da qual o Catolicismo e o Protestantismo haveriam de cometer os mais monstruosos crimes. Também o Islão, como religião do Livro, condenou tais práticas, mas elas foram sempre toleradas, salvo períodos excepcionais, pelo poder secular e pelo poder religioso. E o radicalismo islâmico actual é um epifenómeno contemporâneo.

Pena que o prof. Louis Crampton não tenho dedicado um capítulo ao Mundo Árabe-Islâmico, bem como à Índia e à África Sub-Sahariana. E também à esfera Cristã da Ortodoxia.

Menciono, a título de curiosidade, que há no Capítulo 10 um sub-capítulo: The Inquisition in Portugal.

O livro está exaustivamente documentado e as transcrições dos nomes é correctíssima.


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