Regresso, para consulta, a essa extraordinária obra, a melhor que conheço no género, sobre a Civilização e a Homossexualidade, ou os homossexuais - ou melhor, os actos homossexuais, porque homossexualidade é coisa que só existe desde o século XIX: Homosexuality and Civilization, de Louis Crampton, professor emérito da Universidade de Nebraska, editado pela Universidade de Harvard em 2003. Uma obra com mais de 600 páginas e convenientemente ilustrada. Li alguns capítulos, quando a comprei na data da publicação, e a ela regresso para esclarecimento de quaisquer dúvidas.
Informa o autor que decidiu escrever esta obra de referência depois da edição, em 1978, de Greek Homosexuality, de Sir Kenneth Dover, presidente da Academia Britânica, Chanceler da Universidade St. Andrews e presidente do Corpus Christi College, de Oxford. Apesar de publicado há cerca de meio século, o livro de Sir Kenneth Dover é ainda a grande autoridade em matéria de homossexualidade na Grécia Antiga.
Não permite a extensão do livro, nem a sua profundidade e erudição, tecer aqui quaisquer comentários. Limitar-me-ei a indicar os capítulos, cujos títulos despertarão certamente nos interessados o desejo da leitura.
1 - Early Greece (776-480 BCE)
2 - Judea (900 BCE-600 CE)
3 - Classical Greece (480-323 BCE)
4 - Rome and Greece (323 BCE-138 CE)
5 - Christians and Pagans (1- 565 CE)
6 - Darkness Descends (476-1049)
7 - The Medieval World (1050-1321)
8 - Imperial China (500 BCE-1849)
9 - Italy in the Renaissance (1321-1609)
10 - Spain and the Inquisition (1497-1700)
11 - France from Calvin to Louis XIV (1517-1715)
12 - England from the Reformation to William III (1533-1702)
13 - Pre-Meiji Japan (800-1868)
14 - Patterns of Persecution (1700-1730)
15 - Sapphic Lovers (1700-1793)
16 - The Enlightenment (1730-1810)
No Prefácio e nas Conclusões, o autor responsabiliza as religiões abraâmicas pela abominável interdição dos actos homossexuais, herança funesta da religião Judaica em nome da qual o Catolicismo e o Protestantismo haveriam de cometer os mais monstruosos crimes. Também o Islão, como religião do Livro, condenou tais práticas, mas elas foram sempre toleradas, salvo períodos excepcionais, pelo poder secular e pelo poder religioso. E o radicalismo islâmico actual é um epifenómeno contemporâneo.
Pena que o prof. Louis Crampton não tenho dedicado um capítulo ao Mundo Árabe-Islâmico, bem como à Índia e à África Sub-Sahariana. E também à esfera Cristã da Ortodoxia.
Menciono, a título de curiosidade, que há no Capítulo 10 um sub-capítulo: The Inquisition in Portugal.
O livro está exaustivamente documentado e as transcrições dos nomes é correctíssima.
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