O Museu Nacional de Arqueologia, em Valetta, está instalado num prédio barroco que foi, em tempos, o Albergue da Língua de Provença. Construído para os Cavaleiros provençais, é anterior a 1571 e a sua fachada exibe características maneiristas habitualmente associadas ao ao famoso arquitecto local Gerolamo Cassar, pelo que se presume tenha sido ele o autor, já que subscreveu os mais importantes edifícios de Valetta naquela época.
A divisão mais importante é o Grande Salão, situado no primeiro piso. Era usado para as reuniões dos cavaleiros e também como refeitório e sala de banquetes. As paredes da sala estão admiravelmente pintadas e o tecto possui excelentes painéis.
O edifício teve diversos ocupantes, desde 1798, quando a Ordem foi expulsa de Malta. Em 1826 passou a acolher a Malta Union Club, cujo arrendamento expirou em 2002, mas só foi executado em 12 de Agosto de 1955. Nesta data foi destinado a Museu Nacional de Malta, que foi inaugurado em Janeiro de 1958 por Agatha Barbara, ministra da Educação. Assumiu as funções de director o Capitão Charles G. Zammit (filho de Sir Themistocles Zammit, um médico que foi o promotor da arqueologia maltesa).
A exposição permanente do período neolítico encontra-se no piso térreo, e as peças provêm das escavações efectuadas em vários templos e locais de Malta e de Gozo. Ocorrem por vezes exposições temporárias, que são apresentadas no Grande Salão, que também é utilizado para conferências e outros eventos. Ainda no piso superior pode ver-se um conjunto de peças da Idade do Bronze e da Arte Fenícia.
A tábua cronológica do Neolítico de Malta é a seguinte:
1) Fase Ghar Dalam - 5 200 - 4500 AC
2) Fase Skorba Cinzento - 4 500 - 4 400 AC
3) Fase Skorba Vermelho - 4 400 - 4 100 AC
4) Fase Zebbug - 4 100 - 3 800 AC
5) Fase Mgarr - 3 800 - 3 600 AC
6) Fase Ggantija - 3 600 - 3 000 AC (Inclui uma sub-fase Saflieni - 3 300 - 3000 AC)
7) Fase Tarxien - 3 000 - 2 500 AC
As fases Ghar, Skorba e princípio de Zebbug correspondem ao Período Neolítico Inferior.
As fases Zebbug (final), Mgarr, Ggantija e Tarxien correspondem ao Período Templo.
A exposição de peças do neolítico compreende seis salas.
A sala 1 é dedicada ao neolítico inferior e apresenta várias peças de cerâmica tais como cabeças de animais e figuras humanas, utensílios do quotidiano, lâminas de pedra e de sílex, núcleos de obsidiana, ou objectos encontrados em túmulos, como ossos ou o célebre Círculo de Pedra Xaghra.
Na sala 2 há ruínas do período Templo, que nos ajudam a compreender a arquitectura das estruturas megalíticas, com reconstituições dos monumentos. E indicações de como se procedia à construção dos templos.
A sala 3 é dedicada às representações humanas, com estátuas de diversas divindades. Existe uma estátua colossal de mulher do período Tarxiano e muitas figuras de cerâmica e de alabastro. E ainda um relicário de pedra encerrando dois volumosos pénis. Há aliás muitas representações de símbolos fálicos que se supõe terem sido venerados na época, bem como fragmentos de corpos abraçados , não se distinguindo se pertencem ao mesmo sexo ou a sexos diferentes.
A sala 4 contém numeroso objectos de cerâmica incomuns, como uma "roda solar" de argila, seixos com incisões, cilindros de pedra com incrustações em ouro, colares, pingentes de pedra verde, etc.
Na sala 5 pode ver-se uma das peças mais famosas do Museu: a "Senhora Adormecida", escultura em barro proveniente do hipogeu de Hal Safieni. E outras peças do mesmo hipogeu.
A sala 6 está adornada com numerosos blocos de pedra e altares provenientes dos templos tarxianos. E também objectos diversos, como chávenas, tigelas, etc.
O Catálogo refere-se apenas ao Período Neolítico, embora o Museu abrigue agora peças da Idade do Bronze e da Arte Fenícia, das quais, passados vários anos sobre a minha visita, já não me recordo.
Sem comentários:
Enviar um comentário