domingo, 25 de agosto de 2019

SALÓNICA XXVI - ALACA IMARET




A mesquita de Alaca Imaret (Αλατζά Ιμαρέτ), significa em turco mesquita do minarete colorido, uma vez que este, destruído depois da libertação de Salónica em 1912, estava revestido de pedras coloridas. A mesquita foi mandada construír por ordem de Ishak Pasha em 1484, quando renunciou voluntariamente ao lugar de Grão-Vizir, e se instalou em Salónica, com as funções de Administrador, e situa- se numa pequena praça interior junto à rua Kassandrou, perto da igreja de São Demétrio.


O termo 'imaret' poderá traduzir-se por cozinha de caridade pública, actividade que funcionava nos espaços sob as abóbadas laterais. O plano da mesquita é de um T invertido, usual na antiga arquitectura otomana. O espaço de oração situava-se sob as cúpulas principais.


Actualmente este edifício é utilizado pela Municipalidade de Salónica como centro de actividades culturais e galeria de arte.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

SALÓNICA XXV - IGREJA DE SANTA SOFIA



A  Igreja de Santa Sofia (Ἁγία Σοφία), [da Santa Sabedoria], fica situada na praça homónima e é uma das mais antigas da cidade que ainda permanece conservada.


No seu lugar existia desde o século III uma igreja sobre a qual foi erguida a actual basílica, no século VIII, segundo o modelo da Basílica de Santa Sofia, em Constantinopla. Em 1205, por ocasião da Quarta Cruzada, foi a mesma convertida em catedral de Salónica, assim permanecendo até que a cidade regressou ao poder do Império Bizantino. Quando Salónica foi tomada por Murad II, em 29 de Março de 1430, a igreja foi convertida em mesquita, continuando nessa qualidade até à libertação do território da dependência do Império Otomano, em 1912.



O edifício tem a forma de uma cruz grega, com cinco naves, e uma cúpula sobreposta. A decoração da igreja sofreu sucessivas alterações com a questão dos Iconoclastas. Actualmente, o mosaico da cúpula representa a Ascenção, sendo a imagem cercada pelas figuras da Virgem, dos Doze Apóstolos e de dois anjos.



Foi restaurado no princípio do século passado, devido aos estragos do incêndio de 1890. E foi novamente atingido pelo grande incêndio de 1917. Posteriormente, foi objecto de obras de beneficiação.

Escultura em frente de Santa Sofia
Idem

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

ESTAMOS TODOS LIGADOS AO MUNDO




Lido, obliquamente (são quase 500 páginas), Chaque homme est lié au monde - Carnets (Août 1939 - Août 1944), diário de Roger Stéphane, de 19 de Agosto de 1939, dia em que completou 20 anos, até 29 de Maio de 1944 (com um epílogo em 19 de Agosto), é um longo texto, publicado em 1946, em que o autor nos conta, dia a dia, a invasão da França pela Alemanha nazi, o regime de Vichy, a Resistência, a prisão, a passagem à clandestinidade, a Libertação.

Tendo como explicador o escritor René Étiemble, Stéphane (1919-1994) desde os 15 anos que começou a frequentar os círculos literários e a conviver com algumas das mais notórias personalidades francesas. Assim se explica o seu relacionamento, largamente evocado no Diário, com André Gide, Roger Martin du Gard, Jean Cocteau, Louis Aragon, André Malraux, etc. Judeu, comunista e abertamente homossexual, Stéphane refere no livro os principais acontecimentos relativos à ocupação da França, e as atitudes dos seus principais protagonistas, o marechal Pétain, Laval, o almirante Darlan, o general Weigand, Reynaud, Lebrun e a lista seria extensa. Exprime as suas convicções sobre o desenrolar da guerra, dá conta das suas leituras e dos seus encontros com escritores amigos, mas, curiosamente, omite qualquer referência às suas relações íntimas, que certamente manteve neste período de cinco anos, apesar de nunca ter escondido a sua orientação sexual.

Não tendo estudos que lhe assegurassem uma carreira académica, enveredou com êxito pelo jornalismo, dedicando-se à crónica política e à crítica literária. Em 1950, foi um dos fundadores do "Observateur", antepassado do "Nouvel Observateur", converteu-se numa figura central da imprensa francesa, integrando cenáculos literários, e relacionou-se, além dos escritores já citados, com Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Jean Genet, Marcel Jouhandeau, François Mauriac, Georges Simenon, Paul Morand, etc. 

Roger Stéphane

Publicou cerca de vinte livros, entre os quais algumas biografias (Bourguiba, T.E. Lawrence, Simenon ou Cocteau). Em 1952, deu à estampa uma autobiografia, Parce que c'était lui, em que reafirma a sua homossexualidade, e em 1989, uma crónica do seu tempo, Tout est bien.

Desencantado do mundo (e dos homens, que nem sempre lhe estão ligados, ao contrário do título do seu primeiro livro - a designação foi emprestada por Malraux), doente e empobrecido, em 4 de Dezembro de 1994 suicidou-se com um tiro na cabeça.


domingo, 18 de agosto de 2019

SALÓNICA XXIV - IGREJA DOS SANTOS APÓSTOLOS



A Igreja dos Santos Apóstolos (Agioi Apostoloi) fica situada na rua Polignotou, junto às muralhas da cidade e próximo da Praça da Democracia.



Foi fundada em 1310-14, pelo patriarca Nífon I de Constantinopla e seria a igreja principal de um mosteiro dedicado à Virgem Maria, como é atestado pela inscrição num lintel de mármore sobre a entrada.



Construída em forma de cruz,  possui na parte norte da galeria uma capela dedicada a São João Baptista. Uma sacristia e uma câmara funerária subterrânea existem na parte sul. O interior da cúpula exibe uma pintura de Cristo Pantocrator e dos profetas. A decoração do interior é uma combinação de mosaicos (na parte superior das paredes) e de pinturas (na parte inferior), mandadas executar pelo abade Pavlos, discípulo de Nífon.



Os mosaicos desta igreja são considerados obras-primas da arte bizantina, a par com os da igreja de Chora, em Constantinopla.



Foi convertida em mesquita nos anos 1520-30 pelos turcos, tendo sido danificados muitos mosaicos e os frescos pintados de branco. Depois da libertação da cidade, em 1912,  o templo foi restituído ao culto cristão.



As escavações em torno do monumento começaram em 1995 e prosseguem. A igreja foi restaurada em 1940 e novamente depois do terramoto de 1978.





sábado, 17 de agosto de 2019

SALÓNICA XXIII - IGREJA DE SÃO PANTALEÃO




A Igreja de São Pantaleão [Panteleimon] (Αγίου Παντελεήμονα) fica situada na esquina das ruas Arrianou e Leonida Iassonidou, próximo da Rotunda. 


Algumas investigações recentes sustentam que a igreja fazia parte do Mosteiro bizantino da Virgem Peribleptos, também conhecido como Mosteiro de Kir Isaac, do nome do seu fundador, Jacob, que foi bispo metropolita da cidade (1295-1315) e se tornou monge com o nome religioso de Isaac. Foi convertida em mesquita em 1548 tomando o nome de Ishakiye Cami (Mesquita de Isaac), regressando ao culto cristão em 1912, com a designação de São Panteleimon.


Há quem argumente que não existe qualquer relação com o Mosteiro e que o nome de Isaac provém do facto do kadi da cidade, quando foi convertida em mesquita, se chamar Ishak Çelebi.


A sua construção data do século XIII, mas o edifício sofreu grandes modificações e foi parcialmente destruído pelo terramoto de 1978, sendo posteriormente restaurado. 


Subsistem duas capelas originais e, no pátio, uma fonte de mármore e o pedestal do minarete entretanto demolido.