sexta-feira, 22 de julho de 2016

FERNANDO MEDINA E O MARQUÊS DE POMBAL




Como é sabido, o marquês de Pombal, "primeiro-ministro" do rei D. José I, ordenou a reconstrução de Lisboa sobre as ruínas do terramoto de 1755, de acordo com o plano elaborado pelo arquitecto Eugénio dos Santos. Uma obra notável erguida, com largos horizontes, em cima dos escombros de uma cidade destruída.

O que agora se verifica na capital do país é algo de muito diferente. A Câmara Municipal, presidida por Fernando Medina, decidiu arrasar uma parte importante da cidade, não sei exactamente bem para quê, ou porquê.

Com certeza que as cidades envelhecem, que as artérias carecem de conservação, que importa por vezes introduzir remodelações no traçado urbano. Mas tem de haver uma justificação plausível, até porque as obras custam dinheiro ao contribuinte, e aquelas actualmente em curso (desconheço os orçamentos e quem os aprovou, se é que isso existe) deverão atingir milhões de euros.

A generalidade das modificações que estão a ser efectuadas não tem aos meus olhos, e da maior parte dos lisboetas, a mínima justificação, e são feitas apenas pelo desejo de mudança, quiçá por preocupações eleitoralistas que provavelmente não renderão votos. Mudar o que está bem para o tornar pior é não só injustificável como altamente reprovável, para não usar outro termo.

Duvido da utilidade da maior parte destas obras, mas a sua execução em simultâneo, provocando uma confusão total no trânsito, com engarrafamentos monstruosos numa cidade onde já se circula com dificuldade, constitui um problema grave, e o estreitamento das faixas de rodagem ou o encerramento de várias ruas parece-me uma ideia aberrante e perigosa.

Se, por acaso, ocorresse uma catástrofe em Lisboa, a situação presentemente existente impediria a rápida prestação de socorros e verificar-se-ia uma tragédia nacional.

Não consigo compreender, para além dos presumíveis votos, o que faz correr Fernando Medina e os seus vereadores.

Mais valia que o dinheiro gasto nestas discutíveis transformações, sem que tivesse havido o indispensável debate por parte dos munícipes, se destinasse ao melhoramento dos transportes públicos, altamente deficientes em qualidade, frequência e circuitos, seja no Metro, na Carris, ou mesmo nos comboios suburbanos que servem a capital.

Definitivamente, Fernando Medina não é Sebastião José de Carvalho e Melo, nem o vereador Manuel Salgado é comparável a Eugénio dos Santos. E as motivações serão certamente outras.


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