sábado, 21 de fevereiro de 2015
PANTEÃO NACIONAL OU ALBERGUE ESPANHOL
Informa a comunicação social de que os deputados de todos os partidos representados na Assembleia da República aprovaram ontem, por unanimidade, a trasladação dos restos mortais de Eusébio para o Panteão Nacional. Se a memória não me falha, essa ideia foi avançada pelo deputado socialista Alberto Martins (que se "celebrizou" na vida por ter interrompido uma sessão na Universidade de Coimbra em que estava presente o então presidente da República Américo Thomaz) aquando da morte daquele jogador de futebol.
Tive ocasião de escrever aqui e aqui sobre o que considero serem as condições essenciais para uma figura merecer honras de Panteão, já que a legislação sobre a matéria é um pouco elástica, embora não tanto que permita arrumar no local os despojos de quem, no momento, melhor e mais oportunisticamente serve os interesses político-partidários.
Não sendo o Panteão por natureza inesgotável em termos de espaço, recomendaria o bom senso que ali fossem depositados os Homens que mais relevantes serviços houvessem prestado à Pátria, não só para os distinguir dos demais, mas para que outros não ocupassem o espaço que àqueles é devido.
Parece, contudo, que não é esse o entendimento dos representantes da Nação ou de quem lhes dá as ordens. Nunca percebi porque foram colocadas no Panteão Nacional as ossadas de Humberto Delgado e de Amália Rodrigues, ainda que esta merecesse condigna sepultura, e mesmo um monumento funerário, no cemitério em que descansava. Ou porque, mais recentemente, a poetisa Sophia de Mello Breyner para lá foi trasladada, quando vultos eminentes da política e da cultura portuguesa, como Passos Manuel (o criador do Panteão) ou Jorge de Sena, permanecem de fora.
Pelo caminho que as coisas levam, o Panteão Nacional corre o sério risco de a breve trecho se transformar num albergue espanhol onde há sempre, e sabe Deus como, lugar para mais um.
Nota: Espero sinceramente que os ilustres parlamentares acautelem desde já um espaço para Cristiano Ronaldo (cujo passamento desejo muito distante) pois, já que entrámos no domínio do futebol, creio que é até hoje, e ainda é muito novo, o mais ilustre representante português da modalidade e o português mais universalmente conhecido.
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5 comentários:
Inteiramente de acordo. Qualquer dia não é só a reserva de um espaço para Ronaldo, mas de dois outros um para Figo e outro para Mourinho. Provavelmente, não sei se haverá espaço para muita mais gente, mas para o Zé do Telhado, seguramente, se encontrarem as respectivas ossadas.
O que mais me espanta é a unanimidade Não houve uma vez, uma única voz dissonante, naquela AR? Nem a senhor loura frustacionalmente inconseguida?
Espero também que deixem lá um lugar para o grande presidente cavaco pelos enormes serviços que prestou à coelhada!
Para Unknown:
Falando de futebol, e porque não um espaço para o Nani? É um simpático jogador, e assim assegurar-se-ia a diversidade, inumando um negro numa casa que até à data só conta com brancos.
Não é certamente por causa do Eusébio e da Amália que aquilo já se pareça há muito com um albergue espanhol.
Para João Alves:
Claro que não. Mas com as aquisições recentes ou futuras (presume-se) a semelhança é cada vez mais evidente.
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