quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
O DESACORDO DE MINSK E AS TRÊS SOLUÇÕES PARA A UCRÂNIA
Depois de uma maratona de mais de 15 horas, Putin, Merkel, Hollande e Poroshenko, reunidos em Minsk, conseguiram um acordo precário de cessar-fogo que, permitindo alguma ajuda humanitária, não resolve minimamente o conflito na Ucrânia.
Tenho escrito várias vezes neste blogue sobre a situação na Ucrânia, a última vez aqui, a propósito de um artigo do embaixador Francisco Seixas da Costa. Não vou, por isso, repetir o que muitas vezes já disse.
Por culpa nomeadamente dos Estados Unidos, que pretendem alargar ilimitadamente a NATO, e também da União Europeia (recordem-se as intervenções de Barroso, quando presidente da Comissão e também de Merkel, Hollande, Cameron), a situação chegou ao lamentável ponto que hoje conhecemos, com mais de 5.000 mortos e um milhão de deslocados. Uma guerra civil gratuita devida à ambição, imperícia e estupidez humana.
No estado actual da confrontação, e para resumir, parece-me que existem apenas três soluções para o caso:
1) O actual governo de Kiev promove a federalização do país, através da constituição de repúblicas com razoável grau de autonomia, reabsorvendo assim os territórios em poder dos separatistas (que exigirão certamente garantias adequadas), ao mesmo tempo que renuncia ao ingresso da Ucrânia na União Europeia e na NATO;
2) O governo de Kiev recusa a solução 1) e a Rússia obtém para a sua órbita, através dos separatistas, mais alguns territórios, em especial a cidade de Mariupol, e o Donbass realiza a secessão da Ucrânia. Quanto à Crimeia é um facto consumado de que nem vale a pena falar;
3) Os Estados Unidos acedem ao pedido de Poroshenko e enviam armas de grande porte para a Ucrânia. Inevitavelmente, a Rússia reagirá e instalar-se-á um conflito aberto em solo ucraniano que poderá estender-se aos países vizinhos, com todas as consequências daí decorrentes, maxime, uma guerra civil europeia, quando não mesmo uma Terceira Guerra Mundial.
O último cenário é o cenário de horror.
Marginalmente, coloca-se uma questão. Quem mandatou Angela Merkel para (embora acompanhada de Hollande como quem transporte um caniche) para intervir em nome da Europa? Não há Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, ou Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão?
Já nem se tenta sequer salvar as aparências. O estado do conflito, o estado das negociações são também o reflexo do estado a que tudo isto chegou!
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