quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

PIER PAOLO PASOLINI





Dedica o Magazine Littéraire deste mês de Janeiro de 2015 (nº 551) o seu dossier especial a Pier Paolo Pasolini.

Entendeu a revista colocar sob a sua égide o ano que hoje começa. Recorde-se que Pasolini foi encontrado morto no hidro-aérodromo de Ostia, nos arredores de Roma, brutalmente assassinado, em 2 de Novembro de 1975, ocorrendo este ano o quadragésimo aniversário desse crime até agora não devidamente esclarecido.

Sobre a vida e a obra de Pasolini foram já escritas milhares de páginas. Poeta, romancista, tradutor, editorialista, repórter, crítico, teórico, dramaturgo e cineasta, Pasolini é um génio europeu.

O escritor René de Ceccatty, biógrafo e tradutor de Pasolini, que nasceu em Tunis faz hoje, precisamente, 63 anos, preenche a maior parte deste dossier, que inclui outras colaborações notáveis, acerca das várias facetas do grande homem.

Obcecado pelo inquérito sobre o assassinato do seu grande amigo, Alberto Moravia escreveu, em Junho de 1976, um poema "Souvenir de la base d'hydravions", em resposta a uma entrevista onde Pino Pelosi (o suposto criminoso de 17 anos) dizia que sabia que tinha morto um "grande homem", que estava arrependido e que queria ler os livros de Pier Paolo Pasolini. Cito Moravia, na tradução de Ceccatty: «Non, tu n'as pas tué un grand homme tu n'as même pas tué un homme, tu as tenté de te tuer toi-même sans y parvenir. Il se tenait face à toi tu l'as regardé et tu as cru te voir toi-même vraiment toi-même comme dans un miroir avec ta misère ton ignorance ta ruse ton abjection et alors tu t'es haï pour tout ce que tu n'était pas pour tout ce que tu ne pouvais être tu t'es haï.»

Estreia-se hoje em Portugal o filme Pasolini, do cineasta americano Abel Ferrara, apresentado em Setembro passado no Festival de Veneza. Tem por tema o último dia do escritor (1 de Novembro de 1975) e conta com a participação notável de Willem Dafoe, no protagonista, de Maria de Medeiros, em Laura Betti, de Adriana Asti, na Mãe de Pasolini e de Damiano Tamilia, em Pino Pelosi. Uma abordagem cinematográfica discutível, todavia, mais um contributo para a recordação do inesquecível autor de Salò.



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