sexta-feira, 31 de maio de 2013
CONFRONTOS EM ISTANBUL
Centenas de pessoas ficaram feridas em violentos confrontos com a polícia na célebre praça de Taksim, em Istambul, e nas artérias adjacentes, devido à recusa de abandonarem o parque Gezi, o local arborizado daquela praça, uma espécie do nosso parque Eduardo VII, onde se tinham instalado, em atitude de recusa aos projectos municipais e governamentais de urbanizarem aquela que é uma das principais zonas de convívio ao ar livre da antiga capital do Império Otomano.
À hora a que escrevemos, os incidentes continuam, no que é também uma forma de contestação ao governo islamista de Recep Tayyip Erdogan, já que Istambul, mais do que Ankara, mantém uma tradição republicana e laica, herdada dos tempos de Mustafa Kemal Pasha Atatürk.
Os confrontos alastraram também a Ankara, com milhares de pessoas a manifestarem-se no grande parque da cidade, no que é a primeira grande demonstração de força anti-governamental, desde que o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), dito islamista moderado, assumiu o poder.
A polícia tem utilizado gás lacrimogéneo, canhões de água, balas de borracha e bastões contra uma população cada vez mais contestatária dos puritanismos governamentais, e que igualmente contesta a projectada construção de uma terceira ponte sobre o Estreito de Bósforo, que destruirá as ainda restantes zonas verdes da cidade.
JOÃO MOUTINHO
João Moutinho, que era considerado uma "maçã podre" no Sporting, e emigrou depois para o Porto, é agora jogador do Mónaco, contratado por cinco anos, por 25 milhões de euros.
É caso para dizer que o futebolista de 26 anos passou a ser uma fruta apetitosa.
EM NOME DA DECÊNCIA
Transcrevemos a Mensagem enviada por Pacheco Pereira a Mário Soares, sobre o Encontro de ontem na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, e publicada no seu blogue "Abrupto":
Caro Presidente Mário Soares,
Não podendo estar presente nesta iniciativa, apoio o seu objectivo de contribuir para combater a “inevitabilidade” do empobrecimento em que nos querem colocar, matando a política e as suas escolhas, sem as quais não há democracia. Gostaria no entanto de, por seu intermédio, expressar com mais detalhe a minha posição.
A ideia de que para alguém do PSD, para um social-democrata, lhe caem os parentes na lama por estar aqui, só tem sentido para quem esqueceu, contrariando o que sempre explicitamente, insisto, explicitamente, Sá Carneiro disse: que os sociais democratas em Portugal não são a “direita”. E esqueceu também o que ele sempre repetiu: de que acima do partido e das suas circunstancias, está Portugal.
Não. Os parentes caem na lama é por outras coisas, é por outras companhias, é por outras cumplicidades, é por se renegar o sentido programático, constitutivo de um partido que tem a dignidade humana, o valor do trabalho e a justiça social inscritos na sua génese, a partir de fontes como a doutrina social da Igreja, a tradição reformista da social-democracia europeia e o liberalismo político de homens como Herculano e Garrett. Os que o esquecem, esses é que são as más companhias que arrastam os parentes para a lama da vergonha e da injustiça.
Não me preocupam muito as classificações de direita ou de esquerda, nem sequer os problemas internos de “unidade” que a esquerda possa ter. Não é por isso que apoio esta iniciativa. O acantonamento de grupos, facções ou partidos, debaixo desta ou daquela velha bandeira, não contribui por si só para nos ajudar a sair desta situação. Há gente num e noutro espectro político, preocupada com as mesmas coisas, indignada pelas mesmas injustiças, incomodada pelas desigualdades de sacrifícios, com a mesma cidadania activa e o mesmo sentido de decência que é o que mais falta nos dias de hoje.
A política, a política em nome da cidadania, do bom governo, e da melhoria social, é que é decisiva. O que está a acontecer em Portugal é a conjugação da herança de uma governação desleixada e aventureira, arrogante e despesista, que nos conduziu às portas da bancarrota, com a exploração dos efeitos dessa política para implementar um programa de engenharia cultural, social e política, que faz dos portugueses ratos de laboratório de meia dúzia de ideias feitas que passam por ser ideologia. Tudo isto associado a um desprezo por Portugal e pelos portugueses de carne e osso, que existem e que não encaixam nos paradigmas de “modernidade” lampeira, feita de muita ignorância e incompetência a que acresce um sentimento de impunidade feito de carreiras políticas intra-partidárias, conhecendo todos os favores, trocas, submissões, conspirações e intrigas de que se faz uma carreira profissionalizada num partido político em que tudo se combina e em que tudo assenta no poder interno e no controlo do aparelho partidário.
Durante dois anos, o actual governo usou a oportunidade do memorando para ajustar contas com o passado, como se, desde que acabou o ouro do Brasil, a pátria estivesse à espera dos seus novos salvadores que, em nome do "ajustamento" do défice e da dívida, iriam punir os portugueses pelos seus maus hábitos de terem direitos, salários, empregos, pensões e, acima de tudo, de terem melhorado a sua condição de vida nos últimos anos, à custa do seu trabalho e do seu esforço. O "ajustamento" é apenas o empobrecimento, feito na desigualdade, atingindo somente "os de baixo", poupando a elite político-financeira, atirando milhares para o desemprego entendido como um dano colateral não só inevitável como bem vindo para corrigir o mercado de trabalho, "flexibilizar” a mão de obra, baixar os salários. Para um social-democrata poucas coisas mais ofensivas existem do que esta desvalorização da dignidade do trabalho, tratado como uma culpa e um custo não como uma condição, um direito e um valor.
Vieram para punir os portugueses por aquilo que consideram ser o mau hábito de viver "acima das suas posses", numa arrogância política que agravou consideravelmente a crise que tinham herdado e que deu cabo da vida de centenas de milhares de pessoas, que estão, em 2013, muitas a meio da sua vida, outras no fim, outras no princípio, sem presente e sem futuro.
Para o conseguir desenvolveram um discurso de divisão dos portugueses que é um verdadeiro discurso de guerra civil, inaceitável em democracia, cujos efeitos de envenenamento das relações entre os portugueses permanecerão muito para além desta fátua experiência governativa. Numa altura em que o empobrecimento favorece a inveja e o isolamento social, em que muitos portugueses tem vergonha da vida que estão a ter, em que a perda de sentido colectivo e patriótico leva ao salve-se quem puder, em que se colocam novos contra velhos, empregados contra desempregados, trabalhadores do sector privado contra os funcionários públicos, contribuintes da segurança social contra os reformados e pensionistas, pobres contra remediados, .permitir esta divisão é um crime contra Portugal como comunidade, para a nossa Pátria. Este discurso deixará marcas profundas e estragos que demorarão muito tempo a recompor.
O sentido que dou à minha participação neste encontro é o de apelar à recusa completa de qualquer complacência com este discurso de guerra civil, agindo sem sectarismos, sem tibiezas e sem meias tintas, para que não se rompa a solidariedade com os portugueses que sofrem, que estão a perder quase tudo, para que a democracia, tão fragilizada pela nossa perda de soberania e pela ruptura entre governantes e governados, não corra riscos maiores.
Precisamos de ajudar a restaurar na vida pública, um sentido de decência que nos una e mobilize. Na verdade, não é preciso ir muito longe na escolha de termos, nem complicar os programas, nem intenções. Os portugueses sabem muito bem o que isso significa. A decência basta.
quarta-feira, 29 de maio de 2013
HERBERTO HELDER
Herberto Helder é um dos maiores poetas (e prosadores) portugueses contemporâneos.
Do seu novo livro Servidões, extraímos uma frase e dois versos:
«Vivemos demoniacamente toda a nossa inocência»
«dos trabalhos do mundo corrompida
que servidões carrega a minha vida»
A frase supracitada dirige-se a todos os hipócritas puritanos que pretendem castrar um segmento da população. Nem carece de explicações, de tão evidente e concisa que é a linguagem do poeta.
domingo, 26 de maio de 2013
O HEZBOLLAH NA SÍRIA
O sheikh Hassan Nasrallah, líder do Hexbollah, declarou hoje, publicamente, que o seu movimento está ao lado do presidente sírio Bashar al-Assad, e que os libaneses xiitas aceitarão as consequências desta tomada de posição. Segundo o PÚBLICO, a entrada oficial do Hezbollah no conflito que opõe a oposição armada ao regime de Assad, alterou radicalmente a situação, já que a guerra facilmente transitará para o interior das fronteiras do Líbano, e Israel será compelido a tomar uma posição militar no terreno, como já o fez em outras ocasiões. Só que agora, terá de contar com um novo e poderoso actor regional, o Irão, cuja estratégia quanto ao agravamento do conflito se desconhece.
Também a posição da Turquia, que de "aliada" de Assad passou a "contestária" do regime alauíta, e da Arábia Saudita e dos países do Golfo, intervenientes confessos no conflito sírio, terão de se adaptar à decisão hoje publicitada pelo Hezbollah. Tal como as posições da União Europeia e dos Estados Unidos e da própria Rússia, interessda na promoção de uma conferência que sente à mesma mesa representantes da oposição e do regime.
São pois de aguardar os desenvovimentos das próximas semanas.
sábado, 25 de maio de 2013
A INDIGNAÇÃO DE RUY DE CARVALHO
O actor Ruy de Carvalho publicou, endereçada ao Governo, a carta que abaixo se transcreve:
Ruy de Carvalho
Senhores Ministros:
Tenho 86 anos, e modéstia à parte, sempre honrei o meu país pela forma como o representei em todos os palcos, portugueses e estrangeiros, sem pedir nada em troca senão respeito, consideração, abertura – sobretudo aos novos talentos -, e seriedade na forma como o Estado encara o meu papel como cidadão e como artista.
Tenho 86 anos, e modéstia à parte, sempre honrei o meu país pela forma como o representei em todos os palcos, portugueses e estrangeiros, sem pedir nada em troca senão respeito, consideração, abertura – sobretudo aos novos talentos -, e seriedade na forma como o Estado encara o meu papel como cidadão e como artista.
Vivi a guerra de 36/40 com o mesmo cinto com que todos os portugueses
apertaram as ilhargas. Sofri a mordaça de um regime que durante 48 anos
reprimiu tudo o que era cultura e liberdade de um povo para o qual
sempre tive o maior orgulho em trabalhar. Sofri como todos, os
condicionamentos da descolonização. Vivi o 25 de Abril com uma esperança
renovada, e alegrei-me pela conquista do voto, como se isso fosse um
epítome libertador.
Subi aos palcos centenas, senão milhares de vezes, da forma que melhor sei, porque para tal muito trabalhei.
Continuei a votar, a despeito das mentiras que os políticos utilizaram para me afastar do Teatro Nacional. Contudo, voltei a esse teatro pelo respeito que o meu público me merece, muito embora já coxo pelo desencanto das políticas culturais de todos os partidos, sem excepção, porque todos vós sois cúmplices da acrescida miséria com que se tem pintado o panorama cultural português.
Hoje, para o Fisco, deixei de ser Actor…e comigo, todos os meus colegas Actores e restantes Artistas destes país - colegas que muito prezo e gostava de poder defender.
Tudo isto ao fim de setenta anos de carreira! É fascinante.
Continuei a votar, a despeito das mentiras que os políticos utilizaram para me afastar do Teatro Nacional. Contudo, voltei a esse teatro pelo respeito que o meu público me merece, muito embora já coxo pelo desencanto das políticas culturais de todos os partidos, sem excepção, porque todos vós sois cúmplices da acrescida miséria com que se tem pintado o panorama cultural português.
Hoje, para o Fisco, deixei de ser Actor…e comigo, todos os meus colegas Actores e restantes Artistas destes país - colegas que muito prezo e gostava de poder defender.
Tudo isto ao fim de setenta anos de carreira! É fascinante.
Francamente, não sei para que servem as comendas, as medalhas e as Ordens, que de vez em quando me penduram ao peito?
Tenho 86 anos, volto a dizer, para que ninguém esqueça o meu direito a não ser incomodado pela raiva miudinha de um Ministério das Finanças, que insiste em afirmar, perante o silêncio do Primeiro-Ministro e os olhos baixos do Presidente da República, de que eu não sou actor, que não tenho direito aos benefícios fiscais, que estão consagrados na lei, e que o meu trabalho não pode ser considerado como propriedade intelectual.
Tenho pena de ter chegado a esta idade para assistir angustiado à rapina com que o fisco está a executar o músculo da cultura portuguesa. Estamos a reduzir tudo a zero... a zeros, dando cobertura a uma gigantesca transferência dos rendimentos de quem nada tem para os que têm cada vez mais.
É lamentável e vergonhoso que não haja um único político com honestidade suficiente para se demarcar desta estúpida cumplicidade entre a incompetência e a maldade de quem foi eleito com toda a boa vontade, para conscientemente delapidar a esperança e o arbítrio de quem, afinal de contas, já nem nas anedotas é o verdadeiro dono de Portugal: nós todos!
É infame que o Direito e a Jurisprudência Comunitárias sirvam só para sustentar pontualmente as mentiras e os joguinhos de poder dos responsáveis governamentais, cujo curriculum, até hoje, tem manifestamente dado pouca relevância ao contexto da evolução sociocultural do nosso povo. A cegueira dos senhores do poder afasta-me do voto, da confiança política, e mais grave ainda, da vontade de conviver com quem não me respeita e tem de mim a imagem de mais um velho, de alguém que se pode abusiva e irresponsavelmente tirar direitos e aumentar deveres.
É lamentável que o senhor Ministro das Finanças, não saiba o que são Direitos Conexos, e não queiram entender que um actor é sempre autor das suas interpretações – com diretos conexos, e que um intérprete e/ou executante não rege a vida dos outros por normas de Exel ou por ordens “superiores”, nem se esconde atrás de discursos catitas ou tiradas eleitoralistas para justificar o injustificável, institucionalizando o roubo, a falta de respeito como prática dos governos, de todos os governos, que, ao invés de procurarem a cumplicidade dos cidadãos, se servem da frieza tributária para fragilizar as esperanças e a honestidade de quem trabalha, de quem verdadeiramente trabalha.
Tenho 86 anos, volto a dizer, para que ninguém esqueça o meu direito a não ser incomodado pela raiva miudinha de um Ministério das Finanças, que insiste em afirmar, perante o silêncio do Primeiro-Ministro e os olhos baixos do Presidente da República, de que eu não sou actor, que não tenho direito aos benefícios fiscais, que estão consagrados na lei, e que o meu trabalho não pode ser considerado como propriedade intelectual.
Tenho pena de ter chegado a esta idade para assistir angustiado à rapina com que o fisco está a executar o músculo da cultura portuguesa. Estamos a reduzir tudo a zero... a zeros, dando cobertura a uma gigantesca transferência dos rendimentos de quem nada tem para os que têm cada vez mais.
É lamentável e vergonhoso que não haja um único político com honestidade suficiente para se demarcar desta estúpida cumplicidade entre a incompetência e a maldade de quem foi eleito com toda a boa vontade, para conscientemente delapidar a esperança e o arbítrio de quem, afinal de contas, já nem nas anedotas é o verdadeiro dono de Portugal: nós todos!
É infame que o Direito e a Jurisprudência Comunitárias sirvam só para sustentar pontualmente as mentiras e os joguinhos de poder dos responsáveis governamentais, cujo curriculum, até hoje, tem manifestamente dado pouca relevância ao contexto da evolução sociocultural do nosso povo. A cegueira dos senhores do poder afasta-me do voto, da confiança política, e mais grave ainda, da vontade de conviver com quem não me respeita e tem de mim a imagem de mais um velho, de alguém que se pode abusiva e irresponsavelmente tirar direitos e aumentar deveres.
É lamentável que o senhor Ministro das Finanças, não saiba o que são Direitos Conexos, e não queiram entender que um actor é sempre autor das suas interpretações – com diretos conexos, e que um intérprete e/ou executante não rege a vida dos outros por normas de Exel ou por ordens “superiores”, nem se esconde atrás de discursos catitas ou tiradas eleitoralistas para justificar o injustificável, institucionalizando o roubo, a falta de respeito como prática dos governos, de todos os governos, que, ao invés de procurarem a cumplicidade dos cidadãos, se servem da frieza tributária para fragilizar as esperanças e a honestidade de quem trabalha, de quem verdadeiramente trabalha.
Acima de tudo, Senhores Ministros, o que mais me agride, nem é o facto
dos senhores prometerem resolver a coisa, e nada fazer, porque isso já é
característica dos governos: o anunciar medidas e depois voltar atrás.
Também não é o facto de pôr em dúvida a minha honestidade intelectual,
embora isso me magoe de sobremaneira. É sobretudo o nojo pela forma como
os seus serviços se dirigem aos contribuintes, tratando-nos como
criminosos, ou potenciais delinquentes, sem olharem para trás, com uma
arrogância autista que os leva a não verem que há um tempo para tudo,
particularmente para serem educados com quem gera riqueza neste país, e
naquilo que mais me toca em especial, que já é tempo de serem
respeitadores da importância dos artistas, e que devem sê-lo sem medos e
invejas desta nossa capacidade de combinar verdade cénica com
artifício, que é no fundo esse nosso dom de criar, de ser co-autores, na
forma, dos textos que representamos.
Permitam-me do alto dos meus
86 anos deixar-lhes um conselho: aproveitem e aprendam rapidamente,
porque não tem muito tempo já. Aprendam que quando um povo se sacrifica
pelo seu país, essa gente, é digna do maior respeito... porque quem não
consegue respeitar, jamais será merecedor de respeito!
RUY DE CARVALHO
RUY DE CARVALHO
sexta-feira, 24 de maio de 2013
OS PAPAS E O DEMÓNIO
Durante largos anos, o Demónio deixou de fazer parte do catálogo das preocupações da Igreja Romana. Não me recordo, mas posso estar esquecido, que a evocação (que não a invocação) do Maligno fosse tema da predilecção de Pio XII ou de João XXIII, papas meus contemporâneos. Segundo o jornal "i", em notícia de hoje que transcrevo, Paulo VI ter-se-á referido uma vez a Satanás em 1972, mas creio não ter sido assunto das suas prédicas habituais.
Como João Paulo I, morto em condições pouco claras, não teve tempo, nos 33 dias do seu pontificado, e certamente mais preocupado com outras coisas, de se referir ao Diabo, coube ao seu sucessor, João Paulo II, de usar e abusar das referências a Belzebú. Bento XVI, que era um intelectual, um homem de gabinete, de investigação e estudo, o contrário do grande propagandista da Igreja (e da política, strictu sensu, mais reaccionária) que foi o seu antecessor, raramente concedeu ao Demónio honras de citação.
Eis que agora, o papa Francisco é citado como tendo realizado um exorcismo na Basílica de São Pedro, além das muitas evocações do Inimigo que tem feito, antes de ascender à cátedra pontifícia, e já depois de nela estar instalado.
A Igreja, até por atitude cultural e ética, tinha-se afastado do Demónio, depois de, em nome dele, ter condenado, durante séculos, muita gente à fogueira, como a História regista. Não deixa por isso de ser preocupante este regresso do Maligno às preocupações pontifícias.
Por mim, que associo, como o comum dos mortais, o Demónio ao Inferno, continuo a perfilhar a última fala da peça de Jean-Paul Sartre Huis Clos: «L'enfer c'est les autres».
E passo à transcrição do artigo:
Os últimos Papas desafiaram o inimigo. João Paulo II fazia exorcismos e Paulo VI disse que Satanás entrou na Igreja
O Diabo foi banido, nas últimas décadas, das pregações da Igreja, mas só nas primeiras 48 horas de pontificado, o Papa Francisco desafiou o inimigo n.o 1 dos católicos por duas vezes. A 14 de Março, na Capela Sistina, citou o escritor francês Léon Bloy: “Quem não reza ao senhor, reza ao Diabo.” E logo a seguir, acrescentou: “Quando não se confessa Jesus Cristo, confessa-se o mundanismo do Diabo.” No dia seguinte, voltou à carga e deixou um aviso sério aos cardeais: “Não cedamos nunca ao pessimismo e à amargura que o Diabo nos oferece.”
A batalha não ficou por aí. Poucos dias depois, Francisco relembrou o Demónio, num discurso dirigido aos jovens. “E nestes momentos vem o inimigo, vem o Diabo, muitas vezes disfarçado de anjo e insidiosamente nos diz a sua palavra. Não o escuteis.” Mesmo antes de chegar à cátedra de São Pedro, e quando era cardeal, Bergoglio já falava publicamente do Demónio. Ainda em Buenos Aires, chegou a atribuir a aprovação do casamento gay às manobras do inimigo. Em 2010, o agora Papa escreveu uma carta às carmelitas argentinas, pedindo-lhes que rezassem: “Não sejamos ingénuos. Esta não é uma mera luta política. Trata-se de uma proposta destrutiva do plano de Deus. Não é uma mera proposta legislativa (essa é apenas a forma), mas uma medida do pai da mentira para confundir e iludir os filhos de Deus.”
As primeiras abordagens de Francisco aos assuntos demoníacos passaram despercebidas, mas o exorcismo que terá feito no último domingo, na Praça de São Pedro, acordou a opinião pública. Será o novo Papa obcecado, nas suas pregações, pelo tema do demónio? E como poderá, nesse caso, liderar uma Igreja rendida às evidências da Ciência e que, nas últimas décadas, foge do tema como o Diabo da cruz? “A pregação sobre o Demónio ou sobre o inferno quase desapareceu das homilias e ganharam força questões politicamente correctas, como a doutrina social da Igreja”, confirma um sacerdote. Mas nem por isso os padres católicos passaram a negar a existência do Demónio e todos os papas têm repetido – uns mais discretamente do que outros – a doutrina tradicional da Igreja, que preconiza que o Diabo existe e que Jesus é o salvador precisamente porque libertou do mal.
Paulo VI e os avisos O Papa que mais se referiu ao Demónio foi João Paulo II. Mas a expressão mais célebre na história da relação entre o Vaticano e o Diabo pertence a Paulo VI que, em Junho 1972, chocou a imprensa internacional. “Tenho a sensação de que o fumo de Satanás entrou no templo de Deus através de alguma fenda”, disse, referindo-se à crise da Igreja, saída do Concílio Vaticano II e à perda de influência no mundo moderno. A tirada rendeu-lhe dissabores na opinião pública e, sobretudo, junto da ala progressista da Igreja – que o acusaram de voltar à Idade Média.
Mesmo assim, Paulo VI insistiu e, numa longa homilia dedicada aos perigos do Demónio, avisou os católicos de que o Diabo não é um mito. “Devemos lutar contra o demónio. Quase ninguém pensa nele”, criticou. E acrescentou: “Já não se fala dele porque não é uma experiência visível. Crê-se que não existem as coisas que não se vêem.”
Os exorcismos de João Paulo II A postura de João Paulo II na batalha contra o inimigo foi bem mais pragmática e durou quase até ao fim da vida. Aos 80 anos e a sofrer de Parkinson, o beato terá exorcizado uma rapariga italiana de 19 anos, que viajou do Norte do país de propósito para resolver um problema de possessão.
A história, revelada num dos livros do exorcista de Roma Gabriele Amorth, é muito semelhante à que se conta sobre o exorcismo do Papa Francisco. A rapariga foi levada à Praça de São Pedro para assistir à audiência semanal de João Paulo II, depois de vários exorcistas terem desistido do caso.
João Paulo II não fez o ritual completo: abeirou-se dela, abraçou-a e rezou. Mas este não foi o seu primeiro exorcismo: a estreia terá ocorrido ainda na década de 1970, mas pouco se sabe sobre o caso. Já sobre a segunda experiência de João Paulo II há muitos detalhes que ficaram para posteridade. Um cardeal francês, Jacques Martin, contou tudo nas suas memórias. Wojtyla terá exorcizado uma mulher chamada Francesca. Durante horas, desfiou orações sem sucesso. Até que lhe disse: “Amanhã rezarei uma missa por ti”. O cardeal conta que Francesca voltou a si nesse momento. Um ano depois, já curada, foi recebida, com o marido numa audiência papal.
Bento XVI e a luta silenciosa Contrariamente aos seus antecessores, Bento XVI falou poucas vezes no Demónio. Mas em Agosto do ano passado, quando estava de férias em Castel Gandolfo e antes da oração do Angelus, Ratzinger recordou a traição de Judas. “Ele poderia ter ido embora, mas escolheu ficar com Jesus para se vingar dele.” A culpa, sublinhou o Papa emérito, foi da falsidade. “E a falsidade é a marca do diabo”, rematou.
Numa outra ocasião, na quaresma de 2008, Bento XVI afirmou: “Temos de encarar o mal e combater os seus efeitos mas sobretudo as suas causas e a sua causa primeira, que é Satanás.” Terão sido, porventura, as únicas duas vezes que Ratzinger tocou publicamente no assunto. O que não significa, sublinha um padre consultado pelo i, que Bento XVI não tenha travado as suas batalhas contra o Diabo. “Como profundo teólogo, abordou muitíssimas vezes as consequências da sua existência: o relativismo moral, o consumismo desenfreado ou o esquecimento de Deus.”
quinta-feira, 23 de maio de 2013
PROTESTO NA FUNDAÇÃO GULBENKIAN
Jerusalem Quartet |
Um grupo de activistas pró-palestinianos interrompeu ontem, na Fundação Gulbenkian, o concerto do Jerusalem Quartet, composto por soldados israelitas, e cuja missão é precisamente branquear, através de manifestações culturais, a política expansionista do Estado de Israel.
Por todo o mundo os concertos desta formação, financiada pelo exército israelita, têm sido regularmente interrompidos ou boicotados por aqueles que defendem o fim da ocupação por Israel dos territórios que foram atribuídos aos palestinianos por decisão das Nações Unidas, aquando da Resolução da Partilha da Palestina, em 1947.
Após terem erguido faixas e bandeiras e gritado slogans, os manifestantes abandonaram pacificamente o Grande Auditório da Fundação.
quarta-feira, 22 de maio de 2013
RICHARD WAGNER
Completam-se hoje 200 anos sobre o nascimento, em Leipzig, de Richard Wagner. Não escreverei sobre o homem e a obra, pois tudo o que escrevesse transcenderia os limites de um post e sempre seria insuficiente. Os interessados poderão consultar, para sua elucidação, o artigo da Wikipédia.
Por isso, este blogue apenas pretende assinalar a data e registar que Wagner foi um dos maiores compositores de sempre, um homem que revolucionou as convenções operáticas e também um revisitador de temas mitológicos e iniciáticos, emprestando-lhes um significado cuja actualidade não falece.
O ciclo O Anel do Nibelungo (15 horas de música) constitui uma tetralogia imperecível, que se mantém nos palcos do mundo desde a sua criação e Parsifal, a última ópera do compositor, consagraria Wagner, definitivamente, como um dos grandes mestres do século XIX e de todos os tempos.
Lohengrin, Prelúdio do 1º acto
Otto Klemperer dirige a Philharmonia Orchestra
terça-feira, 21 de maio de 2013
SUICÍDIO EM NOTRE DAME
O historiador francês Dominique Venner, de 78 anos, suicidou-se hoje frente ao altar-mor da catedral de Notre Dame de Paris. O acto ocorreu às 16 horas locais e as cerca de 1.500 pessoas que se encontravam na igreja foram de imediato evacuadas.
Ainda hoje publicara no seu blogue o seguinte texto:
La manif du 26 mai et Heidegger
Categorie(s) : Actualité, Réflexions, publié le 21 mai 2013
Les manifestants du 26 mai auront raison de crier leur impatience et leur colère. Une loi infâme, une fois votée, peut toujours être abrogée.
Je viens d’écouter un blogueur algérien : « De tout façon, disait-il, dans quinze ans les islamistes seront au pouvoir en France et il supprimeront cette loi ». Non pour nous faire plaisir, on s’en doute, mais parce qu’elle est contraire à la charia (loi islamique).
C’est bien le seul point commun, superficiellement, entre la tradition européenne (qui respecte la femme) et l’islam (qui ne la respecte pas). Mais l’affirmation péremptoire de cet Algérien fait froid dans le dos. Ses conséquences serraient autrement géantes et catastrophiques que la détestable loi Taubira.
Il faut bien voir qu’une France tombée au pouvoir des islamistes fait partie des probabilités. Depuis 40 ans, les politiciens et gouvernements de tous les partis (sauf le FN), ainsi que le patronat et l’Église, y ont travaillé activement, en accélérant par tous les moyens l’immigration afro-maghrébine.
Depuis longtemps, de grands écrivains ont sonné l’alarme, à commencer par Jean Raspail dans son prophétique Camp des Saints (Robert Laffont), dont la nouvelle édition connait des tirages record.
Les manifestants du 26 mai ne peuvent ignorer cette réalité. Leur combat ne peut se limiter au refus du mariage gay. Le « grand remplacement » de population de la France et de l’Europe, dénoncé par l’écrivain Renaud Camus, est un péril autrement catastrophique pour l’avenir.
Il ne suffira pas d’organiser de gentilles manifestations de rue pour l’empêcher. C’est à une véritable « réforme intellectuelle et morale », comme disait Renan, qu’il faudrait d’abord procéder. Elle devrait permettre une reconquête de la mémoire identitaire française et européenne, dont le besoin n’est pas encore nettement perçu.
Il faudra certainement des geste nouveaux, spectaculaires et symboliques pour ébranler les somnolences, secouer les consciences anesthésiées et réveiller la mémoire de nos origines. Nous entrons dans un temps où les paroles doivent être authentifiées par des actes.
Il faudrait nous souvenir aussi, comme l’a génialement formulé Heidegger (Être et Temps) que l’essence de l’homme est dans son existence et non dans un « autre monde ». C’est ici et maintenant que se joue notre destin jusqu’à la dernière seconde. Et cette seconde ultime a autant d’importance que le reste d’une vie.
C’est pourquoi il faut être soi-même jusqu’au dernier instant. C’est en décidant soi-même, en voulant vraiment son destin que l’on est vainqueur du néant. Et il n’y a pas d’échappatoire à cette exigence puisque nous n’avons que cette vie dans laquelle il nous appartient d’être entièrement nous-mêmes ou de n’être rien.
Dominique Venner
A polícia encontrou uma carta junto ao corpo, mas o seu conteúdo não foi divulgado. O seu editor, Pierre-Guillaume de Roux, que ainda ontem à noite falara com Venner a propósito da próxima edição de uma obra deste, declarou estar convencido de que o suicido não estaria relacionado com a recente aprovação em França do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Dominique Venner era um intelectual da extrema-direita, fizera parte da Organização Secreta Armada, tendo publicado diversos livros, alguns traduzidos em português. De há muito que manifestava a sua preocupação pela substituição da população de França e da Europa pela imigração afro-magrebina.
Este gesto simbólico de um pagão num templo cristão assume um significado sacrificial, podendo entender-se como um "grito de alarme" contra aquilo que Venner considerava a decadência da civilização europeia.
segunda-feira, 20 de maio de 2013
IRAQUE - DEZ ANOS DEPOIS DA INVASÃO
Hoje, no Iraque |
Dez anos depois da invasão anglo-americana (e mais outros parceiros) do Iraque, o país continua a ser diariamente palco de atentados. As vítimas desta sinistra invasão, protagonizada pelos não menos sinistros George W. Bush e Tony Blair, salda-se por mais de CINCO MILHÔES de mortos, feridos, desaparecidos, estropiados, desalojados, loucos, refugiados, órfãos, viuvo(a)s, etc. As vítimas deste acto tresloucado, invocado para levar a democracia ao Iraque (como se alguém em seu perfeito juízo acreditasse) são infinitamente superiores às vítimas do consulado de Saddam Hussein, que ao pé desta catástrofe está hoje revestido de uma aura de santidade.
Os atentados de hoje, que provocaram cerca de 100 mortos, além de centenas de feridos, na zona de Baghdad, verificaram-se em áreas sunitas e xiitas.
Pela sua imensa gravidade, pela ocorrência quase ininterrupta destes ataques, pela insegurança que se vive há uma década no país, pela tragédia sofrida pelo povo iraquiano, transcrevemos, para elucidação dos leitores, a notícia da CBC:
«A wave of attacks killed at least 95 people in Shia and Sunni areas
of Iraq on Monday, officials said, pushing the death toll over the past
week to more than 240 and extending one of the most sustained bouts of
sectarian violence the country has seen in years.
The bloodshed is still far shy of the pace, scale and brutality of the dark days of 2006-2007, when Sunni and Shia militias carried out retaliatory attacks against each other in a cycle of violence that left the country awash in blood. Still, Monday's attacks, some of which hit markets and crowded bus stops during the morning rush hour, have heightened fears that the country could be turning back down the path toward civil war.
Sectarian tensions have been worsening since Iraq's minority Sunnis began protesting what they say is mistreatment at the hands of the Shia-led government. The mass demonstrations, which began in December, have largely been peaceful, but the number of attacks rose sharply after a deadly security crackdown on a Sunni protest camp in northern Iraq on April 23.
Iraq's Shia majority, which was oppressed under the late dictator Saddam Hussein, now holds the levers of power in the country. Wishing to rebuild the nation rather than revert to open warfare, they have largely restrained their militias over the past five years or so as Sunni extremist groups such as al-Qaeda have targeted them with occasional large-scale attacks.
But the renewed violence in both Shiite and Sunni areas since late last month has fueled concerns of a return to sectarian warfare. Since last Wednesday alone, at least 240 people have been killed in attacks, according to an AP count.
Prime Minister Nouri al-Maliki accused militant groups of trying to exploit Iraq's political instability to exacerbate sectarian tensions at home, and blamed the recent spike in violence on the wider unrest in the region, particularly in neighboring Syria. At the same time, he pledged Monday that insurgents "will not be able to bring back the atmosphere of the sectarian war."
Many Sunnis here contend that much of the country's current turmoil is rooted in decisions made by al-Maliki's government, saying his administration planted the seeds for more sectarian tension by becoming more aggressive toward Sunnis after the U.S. military withdrawal in December 2011.
The surge in bloodshed has exasperated Iraqis, who have lived for years with the fear and uncertainty bred of random violence.
"How long do we have to continue living like this, with all the lies from the government?" asked 23-year-old Baghdad resident Malik Ibrahim. "Whenever they say they have reached a solution, the bombings come back stronger than before."
"We're fed up with them and we can't tolerate this anymore," he added.
The predominantly Shia city of Basra in southern Iraq was also hit Monday, with two car bombs there — one outside a restaurant and another at the city's main bus station — killing at least 13 and wounded 40, according to provincial police spokesman Col. Abdul-Karim al-Zaidi and the head of city's health directorate, Riadh Abdul-Amir.
A parked car bomb later struck Shiite worshippers as they were leaving a mosque in the southern city of Hillah, killing nine and wounding 26, according to police and health officials said.
In the town of Balad, about 80 kilometers north of Baghdad, a car bomb exploded next to a bus carrying Iranian pilgrims, killing 13 Iranians and one Iraqi, a police officer said on condition of anonymity because he was not authorized to brief the media.
In the town of Balad, about 80 kilometres north of Baghdad, a car bomb exploded next to a bus carrying Iranian pilgrims, killing six Iranians and one Iraq and wounding nine people, a police officer said.
Monday's violence also struck Sunni areas, hitting the city of Samarra north of Baghdad and the western province of Anbar, a Sunni stronghold and the birthplace of the protest movement.
A parked car bomb in Samarra went off near a gathering of pro-government Sunni militia who were waiting outside a military base to receive salaries, killing three and wounding 13, while in Anbar gunmen ambushed two police patrols near the town of Haditha, killing eight policemen, police and army officials said.
Also in Anbar, authorities found 13 dead bodies in a remote desert area, officials said. The bodies, which included eight policemen who were kidnapped by gunmen on Friday, had been killed with a gunshot to the head.
The officials spoke on condition of anonymity because they were not authorized to talk to the media.»
The bloodshed is still far shy of the pace, scale and brutality of the dark days of 2006-2007, when Sunni and Shia militias carried out retaliatory attacks against each other in a cycle of violence that left the country awash in blood. Still, Monday's attacks, some of which hit markets and crowded bus stops during the morning rush hour, have heightened fears that the country could be turning back down the path toward civil war.
Sectarian tensions have been worsening since Iraq's minority Sunnis began protesting what they say is mistreatment at the hands of the Shia-led government. The mass demonstrations, which began in December, have largely been peaceful, but the number of attacks rose sharply after a deadly security crackdown on a Sunni protest camp in northern Iraq on April 23.
Iraq's Shia majority, which was oppressed under the late dictator Saddam Hussein, now holds the levers of power in the country. Wishing to rebuild the nation rather than revert to open warfare, they have largely restrained their militias over the past five years or so as Sunni extremist groups such as al-Qaeda have targeted them with occasional large-scale attacks.
But the renewed violence in both Shiite and Sunni areas since late last month has fueled concerns of a return to sectarian warfare. Since last Wednesday alone, at least 240 people have been killed in attacks, according to an AP count.
Prime Minister Nouri al-Maliki accused militant groups of trying to exploit Iraq's political instability to exacerbate sectarian tensions at home, and blamed the recent spike in violence on the wider unrest in the region, particularly in neighboring Syria. At the same time, he pledged Monday that insurgents "will not be able to bring back the atmosphere of the sectarian war."
Many Sunnis here contend that much of the country's current turmoil is rooted in decisions made by al-Maliki's government, saying his administration planted the seeds for more sectarian tension by becoming more aggressive toward Sunnis after the U.S. military withdrawal in December 2011.
10 car bombs hit Baghdad markets
The worst of Monday's violence took place in Baghdad, where 10 car bombs ripped through open-air markets and other areas of Shia neighbourhoods, killing at least 47 people and wounding more than 150, police officials said. In the bloodiest attack, a parked car bomb blew up in a busy market in the northern Shia neighbourhood of Shaab, killing 14 and wounding 24, police and health officials said.The surge in bloodshed has exasperated Iraqis, who have lived for years with the fear and uncertainty bred of random violence.
"How long do we have to continue living like this, with all the lies from the government?" asked 23-year-old Baghdad resident Malik Ibrahim. "Whenever they say they have reached a solution, the bombings come back stronger than before."
"We're fed up with them and we can't tolerate this anymore," he added.
The predominantly Shia city of Basra in southern Iraq was also hit Monday, with two car bombs there — one outside a restaurant and another at the city's main bus station — killing at least 13 and wounded 40, according to provincial police spokesman Col. Abdul-Karim al-Zaidi and the head of city's health directorate, Riadh Abdul-Amir.
A parked car bomb later struck Shiite worshippers as they were leaving a mosque in the southern city of Hillah, killing nine and wounding 26, according to police and health officials said.
In the town of Balad, about 80 kilometers north of Baghdad, a car bomb exploded next to a bus carrying Iranian pilgrims, killing 13 Iranians and one Iraqi, a police officer said on condition of anonymity because he was not authorized to brief the media.
In the town of Balad, about 80 kilometres north of Baghdad, a car bomb exploded next to a bus carrying Iranian pilgrims, killing six Iranians and one Iraq and wounding nine people, a police officer said.
No immediate claim of responsibility
There was no immediate claim of responsibility for the attacks, but the fact that they all occurred in Shia areas raised the suspicion that Sunni militants were involved. Also, Sunni insurgents, particularly al-Qaeda in Iraq, are known to employ such large-scale bombings bear.Monday's violence also struck Sunni areas, hitting the city of Samarra north of Baghdad and the western province of Anbar, a Sunni stronghold and the birthplace of the protest movement.
A parked car bomb in Samarra went off near a gathering of pro-government Sunni militia who were waiting outside a military base to receive salaries, killing three and wounding 13, while in Anbar gunmen ambushed two police patrols near the town of Haditha, killing eight policemen, police and army officials said.
Also in Anbar, authorities found 13 dead bodies in a remote desert area, officials said. The bodies, which included eight policemen who were kidnapped by gunmen on Friday, had been killed with a gunshot to the head.
The officials spoke on condition of anonymity because they were not authorized to talk to the media.»
NAS VÉSPERAS DO BICENTENÁRIO
Winifred Wagner com Hitler, em Bayreuth |
Segundo o PÚBLICO, Katharina Wagner, actual co-directora do Festival de Bayreuth, está a equacionar a doação ao Estado da Baviera de documentos herdados do seu pai, Wolfgang, relativos à história do festival.
«A confirmar-se, este gesto permitirá que eles possam ser estudados e façam luz sobre as relações da família do compositor com o ditador nazi. A bisneta de Wagner falou das suas intenções numa entrevista publicada na edição deste domingo do diário alemão Tagesspiegel, e citada pela agência de notícias AFP.
Mas Katharina Wagner ressalva que a completa disponibilização dos arquivos do Festival de Bayreuth, até agora mantidos fechados, deverá passar pelo acordo dos quatro ramos da família. Por isso, alerta, “é difícil fazer com que esta correspondência muito dispersa fique desde logo acessível ao público”. E deu a entender que só com o consentimento de todos os herdeiros é que essa doação poderá ser feita.
Katharina Wagner, de 34 anos, partilha com a sua meia-irmã, Eva Wagner-Pasquier, de 68 , a direcção artística de Bayreuth, o festival fundado pelo próprio Richard Wagner em 1876 para a execução da sua obra.
Adolph Hitler sempre nutriu uma admiração muito especial por Wagner: pela música, pela pessoa e pelo seu declarado anti-semitismo. E sabe-se que o ditador foi um frequentador assíduo do Festival de Bayreuth até ao início da Segunda Guerra Mundial, tendo relações muito próximas com o filho de Wagner, Siegfried, a sua mulher Winifred, e os netos Wolfgang e Wieland – que chamavam afectosamente a Hitler “Tio Wolf”.
Depois da morte de Siegfred Wagner, em 1930, e até ao final da guerra, em 1945, o festival foi dirigido pela viúva, Winifred, a quem depois sucedeu Wolfgang Wagner.
A passagem, este ano (no dia 22 de Maio), do bicentenário do nascimento do compositor de O Anel dos Nibelungos tem vindo a ser pretexto, não apenas para a revisitação da obra de Wagner (ver PÚBLICO deste domingo), mas também do modo como a sua figura, a sua obra e a sua herança (Festival de Bayreuth incluído) foram usadas por Hitler e pelo regime nazi, nomeadamente na perseguição aos judeus.
Essa herança de Wagner é, de resto, o tema do livro que acaba de ser lançado pelo historiador Sven Oliver Müller, Richard Wagner e os Alemães. Uma História de Ódio e Fervor (Richard Wagner und die Deutschen. Eine Geschichte von Hass und Hingabe), e divulgado este domingo no jornal espanhol El Mundo.
“Wagner, ou se adora, ou se detesta, tanto pela música como pela própria pessoa”, escreve o autor, que aborda na sua obra as várias facetas do compositor, que classifica como “um ser monstruoso”. Müller cita o caso particular do seu anti-semitismo defendido num ensaio publicado em 1850, O Judaísmo na Música, e depois actualizado e reafirmado numa segunda versão do texto, em 1869. Mas Müller explica também que “o que é relevante em Wagner não é o que fez em vida, mas como ele influenciou, e continua a influenciar, a Alemanha e os alemães, que a cada duas décadas mudam a sua perspectiva sobre ele e a sua música, actualizando sempre a sua interpretação do génio”.»
domingo, 19 de maio de 2013
A PAIXÃO ÁRABE
Num livro de quase 500 páginas, Passion arabe, Gilles Kepel (insigne arabista francês, professor em Sciences-Po até 2010, data em que a instituição encerrou o programa de Estudos Árabes, actualmente membro senior do Institut Universitaire de France, autor de uma dezena de obras sobre o mundo árabe e o islão) recolhe, em forma de diário, o seu testemunho sobre as revoluções da Primavera Árabe e a situação em que actualmente se encontram os países árabes.
Há quatro décadas que Gilles Kepel viaja frequentemente pelo mundo árabe (no quadro das suas actividades docentes), mas com muito mais frequência desde 2011, a fim de registar os eventos que abalaram e continuam a abalar os regimes dessa zona do globo. Neste período, viajou o autor pela Palestina, Israel, Egipto, Tunísia, Líbia, Oman, Iémen, Qatar, Bahreïn, Arábia Saudita, Líbano, Turquia e Síria, alguns destes países visitados mais do que uma vez.
Este périplo, escrito ao vivo e enriquecido depois no trabalho de gabinete, capta em catorze capítulos, como as estações da Paixão, as angústias íntimas dessas sociedades. Eu acrescentaria que para lá da Paixão árabe, no sentido religioso do termo, este livro revela também a imensa paixão do autor pelo universo árabe.
Esta obra dá-nos a paisagem humana e material dos países em causa, as entrevistas com gentes de todos os quadrantes (salafistas e laicos, Irmãos Muçulmanos e militares, djihadistas e intelectuais, ministros e fellahs, diplomados no desemprego e capitalistas do ouro negro), os pequenos episódios do quotidiano, e, ao mesmo tempo, a propósito das pessoas e dos acontecimentos, aproveita para nos ensinar, ou recordar, aspectos essenciais da história do Islão, da língua árabe, da religião muçulmana, de tantas coisas que nunca soubemos ou, se as soubemos, já esquecemos.
Não tomei apontamentos durante a leitura e, por isso, recordo, de cor, algumas notas curiosas. O jovem tunisino que se imolou pelo fogo em 17 Dezembro de 2010, em Sidi Bouzid, não se chamava Mohamed Bouazizi, mas sim Tarek; a expressão xeque-mate (do xadrez) diz-se em árabe ash sheikh mat, "o rei está morto"; os salafistas (generosamente apoiados pela Arábia Saudita) odeiam os Irmãos Muçulmanos (que o Qatar largamente suporta na sua política todos os azimutes) e só se aliam com estes por uma questão táctica, já que consideram a democracia apanágio dos incréus (kafir, pl. kuffar), pois o Poder reside em Deus e não no Povo; o sheik Yussef al-Qaradawi, o telepregador de Al-Jazira, chamado o "mufti mundial", membro dos Irmãos Muçulmanos, é odiado pelos salafistas que o consideram um perigoso concorrente; o Institut Arthur Rimbaud, inaugurado em Aden, pelos franceses, em 1990, acabou por ser transformado em hotel, por um investidor local, com o nome de "Rambo"; o sultão Qabus, do Oman, mandou construir um teatro de ópera em Mascate, onde jovens árabes dançam O Lago dos Cisnes em 'tutu' (para ira dos imams conservadores) e a sua guarda desfila em tronco nu no dia da festa do trono; Muammar Qaddafi, segundo a tradição dos soberanos muçulmanos, mantinha na sua residência de Bab al-Aziziyya, em Tripoli, um harém de rapazes e raparigas para os seus prazeres sexuais; a mesquita Abul-Haggag, encostada ao templo de Luqsor, danificada por um incêndio em 2009, foi restaurada, deixando a descoberto os hieróglifos e as imagens que se encontravam por baixo dos estuques e que mostram agora Osiris, Ísis, a vaca Hathor, o chacal Anúbis, etc., para grande irritação dos extremistas islâmicos; o rei do Bahreïn mandou destruir o monumento da praça da Pérola, onde se juntavam os manifestantes de Março de 2011, transformando o local em placa de mudança de auto-estradas; o sheikh salafista de Tripoli (Líbano), Salim al-Rafeï, proclama num sermão que o Irão colonizou o Iraque com a ajuda dos Estados Unidos e domina a Síria, o Líbano e a Palestina, que todos juntos, formam uma aliança contra os povos sunitas e os árabes (do Golfo), mas que a Umma sairá vitoriosa; ou ainda as lendas corsa e judaica sobre as origens maternas de Qaddafi, muito curiosas mas cuja descrição não cabe neste espaço.
Para lá de curiosidades como estas, sempre pertinentes, e que salpicam o livro, o importante é a análise do autor sobre a chamada "Primavera Árabe", que torna esta obra uma das mais importantes já publicadas sobre o assunto. De facto, Gilles Kepel, que há mais de 40 anos se dedica ao mundo árabe, é uma das maiores autoridades a nível mundial relativamente à matéria. Uma dos aspectos do livro é a inequívoca demonstração de como os movimentos islamistas se apropriaram do que, no início, foi uma revolta laica contra o despotismo dos ditadores em exercício. Mas os dólares da Arábia Saudita e dos países do Golfo encarregaram-se de estimular aqueles movimentos, alguns com real implantação, de forma a permitir-lhes ganhar as eleições que se seguiram. Assim, temos o partido Ennahdha na Tunísia, e o Hizb al-Hurriya Wal- 'Adala (Partido da Liberdade e Justiça), rosto eleitoral da organização dos Irmãos Muçulmanos (Gama'at al-Ikhwan al-Muslimin) no Egipto, que se acomodam, pelo menos tacticamente, às regras democtáticas, e que são apoiados, a contra-gosto e por ora, ainda que com algumas excepções, pelos partidos salafistas, inimigos da Democracia.
O livro termina com a entrada na Síria, aliás o primeiro país árabe que Gilles Kepel visitou, ainda estudante. A partir de Antioquia, no sandjak de Alexandrette, hoje território turco, integrado na Turquia em 1937 por decisão de Léon Blum, numa altura em que os franceses terminavam o mandato na Síria, decisão que os sírios nunca reconheceram, Kepel atravessa clandestinamente a fronteira e penetra em território sírio dito libertado, mais concretamente na aldeia de Kharbet al-Juz (a dupla ruína). A aldeia revoltou-se contra Assad, foi depois retomada pelo exército regular, que destruiu muitas casas de oposicionistas ao regime e cujos moradores se puseram em fuga para a vizinha Turquia, e novamente conquistada pelos ditos rebeldes. Em muitas casas incendiadas está esta comum imprecação em árabe, "Yakhrib baytak!" (que a tua casa seja arruinada), o que confere um especial e oportuno significado ao nome da aldeia, a "dupla ruína". De resto, a palavra tem a mesma raiz: Kh-r-b. Os actuais detentores da aldeia pertencem às brigadas Ansar al-Cham (os partidários da Síria), salafistas djihadistas que chamam aos soldados mortos do regime, ainda com os rostos ensanguentados, "Kilab al-Assad" (os cães de Assad).
Acrescento eu que a Síria, país que visitei algumas vezes, encerra para mim um significado particular, pela sua história de muitos milénios (Damasco é a mais antiga cidade do mundo permanentemente habitada desde a sua fundação) e pela diversidade da sua população. As suas belezas naturais, as suas ruínas famosas, a coexistência de muitos credos, o palco de muitas civilizações, tornam a Síria, também chamada em árabe ash-Sham, um país de conhecimento imprescindível. Mergulhada há dois anos numa sangrenta guerra civil, cujo fim ainda não se divisa, a Síria vive uma vez mais um tempo de paixão. Esperamos e desejamos que possa ressuscitar em todo o seu esplendor.
Este livro encerra uma invulgar sabedoria, adquirida ao longo de quase meio século. Ensina-nos muito sobre a história dos países mencionados. Descrevendo as insurreições árabes, Gilles Kepel aproveitou o ensejo para nos prodigalizar uma lição de cultura. Assim, Passion arabe é verdadeiramente um livro indispensável.
sexta-feira, 10 de maio de 2013
JOÃO VILLARET
Ocorre hoje o centenário do nascimento de João Villaret, actor e declamador dos mais notáveis do século XX português, que morreria, prematuramente, a 21 de Janeiro de 1961.
Quem, como eu, ainda teve ocasião de o ver sobre as tábuas do palco (entre outros espectáculos assisti à estreia, no antigo Teatro Avenida, da peça Patate, de Marcel Achard, onde, já doente, ele entrou em cena pela última vez), pode avaliar o privilégio de assistir às suas extraordinárias interpretações.
Os seus desempenhos em Esta Noite Choveu Prata, ou em A Ceia dos Cardeais, ou no Romeiro do Frei Luiz de Souza tornaram-se lendários e os seus recitais de poesia (quem não se recorda das noites no S. Luiz, felizmente gravadas em disco?) fizeram escola, mesmo que haja quem actualmente prefira outra estilo de diseur.
Não será exagero afirmar que João Villaret incarnou uma época do teatro português e uma outra vivência de Portugal, hoje caída no olvido. Por isso, são escassas as referências à sua pessoa, que, também ela, contribui para a divulgação da poesia de Fernando Pessoa.
Oiçamos, do poeta, "O menino de sua mãe":
quinta-feira, 9 de maio de 2013
O ADEUS DO VELHO SENHOR
Informa a imprensa que Sir Alex Ferguson, treinador do Manchester United durante 26 anos, vai deixar o seu lugar na equipa, passando a director e embaixador do clube. Com 71 anos, tendo conquistado 38 títulos ao serviço do clube incluindo 13 campeonatos de Inglaterra e duas Ligas dos Campeões, esta notável figura do futebol britânico entendeu que chegara o momento de dizer adeus a uma carreira plena de sucessos.
Deve referir-se que Sir Alex Ferguson foi o responsável pela contratação e lançamento na alta roda de grandes figuras do futebol mundial, que sem o seu estímulo e apadrinhamento não teriam possivelmente alcançado o estrelato. A sua perspicácia para descobrir novos talentos, como já aqui referimos, foi uma qualidade não despicienda ao longo da sua notável carreira.
A ele se deve a contratação de dois portugueses que brilham nos relvados internacionais - Cristiano Ronaldo e Nani - a quem sempre encorajou e habilitou para os mais extraordinários desempenhos. Homem lúcido, retira-se triunfalmente do palco principal no momento por si escolhido.
quarta-feira, 8 de maio de 2013
PARSIFAL (OUTRA VEZ)
Festival de Baden-Baden, 2004 - Direcção musical de Kent Nagano; encenação de Nikolaus Lehnhoff
Uma das mais notáveis produções contemporâneas do Parsifal, que revisitamos, após a referência que fizemos aqui ao espectáculo de 1992, em Berlim, dirigido por Barenboim. A última ópera de Wagner é, de facto, uma obra genial pela música e pela concepção intelectual, ainda que o texto do compositor não esteja exactamente à altura das sonoridades magistrais que fizeram dela uma referência absoluta para os melómanos.
O espectáculo apresentado em Baden-Baden em 2004 utiliza a encenação que Nikolaus Lehnhoff concebera para a English National Opera em 1999, e que foi considerado uma das mais notáveis representações do Parsifal, recolhendo a unanimidade ditirâmbica da crítica.
O fascínio do Graal (recordemos que também Dan Brown, no Da Vinci Code, se aproveitou do tema, com fins muito distintos, a começar pela best-selleridade) permanece ao longo dos tempos, e a ele não foi imune a mística do nazismo. A procura do Cálice sagrado tem apaixonado multidões e dado origem aos mais diversos livros e às mais herméticas organizações e empreendimentos.
Também por isso a ópera de Wagner mantém plena actualidade.
terça-feira, 7 de maio de 2013
A DESOBEDIÊNCIA CIVIL
Transcrevemos o post de Pacheco Pereira, publicado anteontem no blogue "Abrupto":
Hoje é um dia em que a politiquice, a pura coreografia política, a ilusão, o dolo, vão atingir limites de insulto a todos os portugueses que estão a empobrecer. Esta dança entre Passos Coelho e Portas (e deliberadamente escrevo antes de Portas falar) é a utilização da comunicação social e de alguns truques demasiado conhecidos para "todos se sairem bem", com o objectivo de nos distrair e enganar. É corrrupção das mentes, tão grave quanto a dos bolsos, é exactamente tudo aquilo que desagrega velozmente uma democracia. Metáforas habilidosas, recursos semânticos de um autor de títulos de soundbyte, frases que pretendem ser virais, desculpas apresentadas como vitórias, imagem, imagem, imagem, vaidade, vaidade, vaidade. E pequenez disfarçada de esperteza.
O combate contra o governo incompetente, arrogante e destruidor que
temos, que vive do medo das pessoas de perderem o mais básico da sua
vida, vai acabar por ter mais do que uma dimensão política, vai ter uma
dimensão de dever, de obrigação, uma dimensão ética. Com este tipo de
coerografias dolosas, sem respeito por ninguém, sem sentido de
responsabilidade, e muito menos de estado, está-se a abrir o caminho
para a desobediência civil. E estou a dizer exactamente o que quero
dizer.
ESTE GOVERNO SE NÃO FOSSE UMA TRAGÉDIA, SERIA UMA FARSA!
domingo, 5 de maio de 2013
ISRAEL ATACA A SÍRIA
A aviação israelita atacou esta madrugada um centro militar de investigação em Jamraya, a norte de Damasco, provocando grandes estragos e numerosas vítimas. Segundo o ministro sírio da Informação, esta acção das forças armadas judaicas "abre a porta a todas as possibilidades". Este é o terceiro ataque israelita a alvos sírios este ano.
As explosões iluminaram a noite de Damasco, sendo o fumo visível por trás do Monte Qassiun. Embora o governo de Netanyahu não tenha confirmado o bombardeamento, fontes israelitas referiram que os alvos foram locais onde se encontram armazenados mísseis iranianos destinados ao Hizbullah e eventualmente armas químicas, cuja existência tem sido denunciada pelos serviços secretos ocidentais.
Dada a gravidade da agressão - o ataque já foi condenado pelo Egipto e pelo Irão - a Liga Árabe pediu a reunião urgente do Conselho de Segurança. Segundo a AL Jazira, não se espera uma retaliação por parte de Damasco, a braços com a rebelião interna, mas esta violação da soberania síria poderá contribuir para o agravamento da já de si complexa situação que se vive no Médio Oriente.
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