Pela sua importância, transcrevemos o post de hoje do blogue "Abrupto", de José Pacheco Pereira:
8.4.13
12:01
(JPP)
O MATERIAL TEM SEMPRE RAZÃO (4)
O número de artigos e notas em blogues que começam com “a decisão do
Tribunal Constitucional fez e aconteceu….” representam um sucesso do
pensamento único governamental. Na verdade, deviam começar com “a
política do governo fez e aconteceu…” Isto, porque a decisão do Tribunal
Constitucional é que é a normalidade e a lei, e a política do governo é
que é a anormalidade e a ilegalidade. A decisão do Tribunal
Constitucional representa uma consequência da política do governo, das
escolhas do governo, da incapacidade do governo de encontrar políticas
de contenção orçamental que não passem pela violação da lei e pelo
afrontamento da Constituição.
Mais: o caminho seguido pelo governo para o objectivo de cumprimento do
memorando da troika é que põe em causa esse cumprimento, porque não teve
em conta qualquer preocupação em salvar um quantum da economia
nacional, desprezou os efeitos sociais do “ir para além da troika”, não
deu importância a qualquer entendimento social e político, vital em
momentos de crise. Foi um caminho de pura engenharia social, económica e
política, prosseguido com arrogância por uma mistura de técnicos
alcandorados à infalibilidade com políticos de aviário, órfãos de
cultura e pensamento, permeáveis a que os interesses instalados
definissem os limites da sua política. Quiseram servir os poderosos com
um imenso complexo de inferioridade social, e mostraram sempre
(mostrou-o de novo o primeiro-ministro ontem), um revanchismo agressivo
com os mais fracos.
Pensaram sempre em atacar salários, pensões, reformas, rendimentos
individuais e das famílias, serviços públicos para os mais necessitados e
nunca em rendas estatais, contratos leoninos, interesses da banca,
abusos e cartéis das grandes empresas. Pode-se dizer que fizeram uma
escolha entre duas opções, mas a verdade é que nunca houve opção: vieram
para fazer o que fizeram, vieram para fazer o que estão a fazer.
2 comentários:
Nas rendas pagas pelo Estado a privados pela instalação de serviços públicos poderia o Estado poupar muitas centenas de milhões de euros.
Há já muita gente, e boa gente, que se interroga se, guardadas as devidas distâncias no tempo e nas circunstâncias, não se viveria melhor, ou pelo menos com mais segurança, e certamente mais honestidade, no tempo de Salazar do que nestes tempos ditos democráticos (o que para Passos Coelho e Vítor Gaspar soa a falso) em que se pode (ainda, até quando ?) protestar mas em que os protestos de nada valem.
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