quarta-feira, 24 de abril de 2013

A MESQUITA DE ALEPO



A Mesquita antes da destruição do minarete

A  tragédia que se desenrola na Síria, desde há mais de dois anos, não só causou até hoje um número imenso de vítimas, como tem provocado a destruição de parte do património histórico do país, que o é também da Humanidade.

Ninguém poderá ficar indiferente quando é informado de que o minarete da célebre Mesquita dos Omíadas, em Alepo, se desmoronou devido aos combates entre as forças do regime de Bashar Al-Assad e as forças sírias e estrangeiras que se lhe opõem, nomeadamente os fundamentalistas islâmicos.

A Mesquita dos Omíadas, que foi erguida no século VIII, e onde tive o privilégio (agora irrepetível) de estar por mais do que uma vez, encontrava-se já semi-destruída desde há meses, devido ao facto de os opositores ao regime (o auto-denominado Exército da Síria Livre) a terem transformado num dos seus baluartes de combate. Fora classificada pela UNESCO como Património da Humanidade.

Não causa espanto que a sua destruição não provoque qualquer mágoa aos extremistas do Jabhat Al-Nusrah, grupo filiado na Al-Qaeda, já que os fanáticos do islão, inimigos dos autênticos muçulmanos, são contrários a todo o tipo de mesquita que possua qualquer valor artístico ou histórico. Ouvi uma vez, já há alguns anos, um estudante universitário de Alexandria dizer que a principal mesquita da cidade, a Mesquita de Abul Abbas deveria ser destruída, não só pelo seu aparato, mas porque alberga os túmulos de alguns "santos" muçulmanos, o que os fanáticos abominam.




Aliás, uma parte da cidade de Alepo, uma das mais notáveis do Médio Oriente, encontra-se já praticamente destruída, o que constitui mais um crime a acrescentar à devastação operada nas outras cidades sírias, na sequência da destruição da maior parte do património edificado do Iraque.

É com incrível perplexidade que se assiste ao apoio que o chamado "Mundo Livre" tem prestado aos revoltosos sírios. Os líderes ocidentais sabem bem que a "primavera síria" acabará, se o regime de Assad cair, por transformar o país numa espécie de Líbia, ou na melhor das hipóteses, em regimes semelhantes aos do Egipto e da Tunísia. Os que contribuíram para a abertura desta caixa de Pandora não deverão depois queixar-se das consequências.

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