segunda-feira, 29 de abril de 2013

OS MESTRES CANTORES DE NUREMBERGA





(Final de Die Meistersinger von Nürnberg, de Richard Wagner. Festival de Bayreuth, 1984. Direcção musical de Horst Stein; encenação de Wolfgang Wagner)

Os Mestres Cantores de Nuremberga, no original Die Meistersinger von Nürnberg, longa ópera (4 horas e meia) de Richard Wagner, estreou-se no Teatro Real de Munique, em 21 de Junho de 1868, sob a direcção do maestro Hans von Bülow.

Nuremberga é uma cidade medieval alemã, situada na região histórica da Francónia, a norte da Baviera, célebre pelo seu passado, cidade onde se guardavam as jóias e insígnias do Santo Império Romano Germânico, onde viveu Albrecht Dürer, centro de irradiação cultural das ciências, das letras e das artes na Idade Média e princípios da Idade Moderna e que, no século passado, se notabilizou por ter sido a escolhida por Adolf Hitler para realização dos congressos do Partido Nazi, e depois, para sede do tribunal que julgou os crimes praticados pelos alemães na Segunda Guerra Mundial.



A criação desta ópera não tem a ver com o século XX, mas o passado da cidade certamente inspirou Wagner para a compor, e Hitler, que tributava profunda devoção a Wagner (um pouco como Luís II da Baviera), ter-se-á inspirado na ópera para erigir a cidade em símbolo do nazismo.

Atendendo ao papel que a Alemanha vem desempenhando nos últimos tempos na cena política europeia e mundial, julgo curioso transcrever, em tradução minha, os últimos versos da ópera:

Ninguém saberia mais o que é alemão e autêntico.
se isso não vivesse na honra dos mestres alemães!
Por isso vos digo:
honrai os vossos mestres alemães,
e assim conjurareis os espíritos favoráveis!...
E se concederdes o vosso apoio à sua acção,
mesmo que se dissolvesse em fumo
o Santo Império Romano,
para nós haveria ainda
a arte santa alemã!...

Honrai os vossos mestres alemães,
e assim conjurareis os espíritos favoráveis!...
E se concederdes o vosso apoio à sua acção,
mesmo que se dissolvesse em fumo
o Santo Império Romano,
para nós haveria ainda
a arte santa alemã!...

Viva Sachs!...
O caro Sachs de Nuremberga!...


Isto explica muita coisa.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

É O MOMENTO DE AGIR

É O MOMENTO DE AGIR por José Loureiro dos Santos* in “Público”

gen loureiro dos santos
 
 
Era visível há muito tempo a incompetência do ministro do Orçamento (com a designação oficial de ministro das Finanças), o que, aliado às políticas absolutamente desastrosas da União Europeia decorrentes dos interesses e das imposições de Berlim, cujo calendário e decisões se baseiam no estrito interesse nacional alemão, conduziu o país à situação desesperada em que se encontra.
 
 Têm sido inúmeras, quase unânimes, as opiniões dos mais credíveis economistas portugueses e estrangeiros, no sentido de classificarem como contraproducentes as sucessivas medidas tomadas pelo Governo, sem suficiente confronto e entendimento com os interesses nacionais, já que, aparentemente, o ministro com o papel principal na definição e conduta da estratégia de resolução da crise financeira que atravessamos entende serem nossos os interesses alemães que Merkel defende, o parlamento germânico impõe e o respetivo tribunal constitucional monitoriza. E não só, pois vai mesmo além daquilo que os estrangeiros nossos credores nos exigem, numa atitude de inexplicável subserviência com as instituições sob cuja tutela nos encontramos (FMI, BCE e UE). Atitude também (e tão bem) ilustrada pelo “colaboracionismo” rasteiro com os alemães, demonstrado por altos funcionários europeus, alguns deles (lamentavelmente) portugueses.
 
A desmotivação que as sucessivas falhas de Vítor Gaspar têm gerado nos portugueses, pelo emprego que destroem e a desesperança e a miséria que criam, já há muito aconselham a sua demissão e substituição por um português que conheça a nossa realidade e esteja interessado em renovar o ânimo do país e fazer todos os esforços para o retirar do poço para que foi lançado pelo contabilista ainda em funções.
 
Só com esta decisão o primeiro-ministro poderá ter condições para pedir aos portugueses que readquiram a esperança e voltem a confiar nos governantes, desde que aproveite a oportunidade para também se ver livre do seu ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares, transformado numa pedra amarrada ao seu chefe, que levará para o fundo se dela se não livrar, e corrói a credibilidade do Governo e das mulheres e homens sérios e competentes que o integram.
 
Se o primeiro-ministro não entender que deve e precisa de avançar urgentemente com esta solução, porventura acompanhada de outros ajustamentos que se divisem como necessários, poderemos deduzir que assume como suas as linhas executivas das orientações estratégicas do vetor financeiro que vêm sendo determinadas pelo ministro do Orçamento e não está disponível para reajustar o rumo até agora empreendido, nomeando outro responsável pelas Finanças que seja capaz de infletir a marcha para o abismo para que o seu atual encarregado nos atirou.
 
Neste caso, perante o facto de não ser possível a inversão do caminho até agora percorrido pelos atuais governantes e a perspetiva de uma ainda maior deterioração da situação do nosso país, é a altura de o Presidente da República – comandante supremo das Forças Armadas e percecionado pelos portugueses como último garante do bem-estar e da segurança de todos nós – assumir as suas responsabilidades e “dar um murro na mesa”, demitindo o atual Governo e dando início a um processo rápido que conduza à formação de um novo elenco governativo.
 
Não há tempo a perder. Se os órgãos institucionais próprios não tomarem as decisões que lhes competem em tempo útil, Portugal poderá ver-se a braços com momentos de grande perturbação social suscetíveis de produzir sérias situações de tensão política muito difíceis de conter. Além de ficar cada vez mais problemática a retoma da economia portuguesa, a possibilidade de saldarmos aquilo que devemos e a consequente restauração da nossa soberania. É O MOMENTO DE AGIR
 
Não nos encontramos apenas perante a necessidade de mais uma mudança de quem tem a tarefa de governar o país, a acrescentar às muitas que já se verificaram, pelas razões que se justificavam e tendo em vista os efeitos então pretendidos. O problema com que nos confrontamos não reside somente na conveniência de substituir alguém que nos governa por quem seja mais eficiente na direção e orientação do exercício das políticas públicas.
 
Agora, estão em causa: por um lado, o bem-estar, a autoestima, a esperança e o sentido de destino dos portugueses, que querem continuar a ser portugueses, prolongando com altivez uma História de quase nove séculos, de que se orgulham; por outro lado, a garantia de que Portugal tem capacidade de se regenerar e de voltar a agir de acordo com os seus interesses e não em função de interesses estranhos. Ou seja, estamos perante um problema que tem a ver com um Portugal livre e senhor do seu futuro, isto é, com a nossa independência nacional.
 
*General

quarta-feira, 24 de abril de 2013

ENTRE O CAIRO E PARIS




O mais recente livro de Alain Blottière, Rêveurs, conta-nos a história de dois jovens, um em Paris e outro no Cairo, ambos presos de sonhos, de sonhos diferentes, e que acabam por se encontrar, ainda que fugazmente, já no fim do romance, junto às águas do Nilo.

 O francês, Nathan, é um estudante liceal, que vive confortavelmente com a família nos arredores de Paris, oscilando entre o tédio do quotidiano e o medo do desconhecido. E que se refugia no mundo virtual dos jogos vídeo e, no mais perigoso, do jogo do lenço, do "sonho indiano" que o leva a estrangular-se por segundos, consecutivamente, para reencontrar as visões de que gosta.

O egípcio, Goma, é um rapazinho das ruas do Cairo, que cresceu num bairro miserável e super-povoado, na companhia de outros garotos famintos, a quem tudo falta, habitualmente brutalizados pela polícia. Para sobreviver apanha cartões na rua e o seu único sonho é partir. A acção decorre nos dias da queda de Mubarak e das manifestações da praça At-Tahrir, o que lhe dá a esperança (afinal infundada) de melhores dias.


Nathan e Goma acabam por conhecer-se e banhar-se ambos no Nilo, aquando de uma viagem de férias do francês ao Egipto. Ao longo da história, vários acontecimentos, alguns colaterais, que o autor tão bem sabe descrever, ele que é um familiar das terras dos faraós, com a qual divide a sua vida em Paris.

A leitura deste livro, para lá da estória, concede também ao leitor que conheça as duas cidades um especial prazer topográfico. É que Alain Blottière situa o plot nos lugares reais, o que permite a quem lê imaginar mais concretamente o cenário da acção. No que ao Cairo respeita, senti-me em casa. Quanto a Paris, um pouco menos, já que os percursos de Nathan são mais os arredores do que a cidade propriamente dita, mas mesmo assim, não me são totalmente alheios.

Constitui por isso um redobrado prazer mergulhar em Rêveurs, escrito pela pena de um profundo conhecedor do Egipto, das suas gentes, costumes, dos malefícios do regime deposto e das frustradas esperanças colocadas no advento da nova "democracia". Não omite Blottière as brutalidades da polícia nas esquadras, a venda de órgãos humanos de mortos e até de moribundos processada nos hospitais, a extrema miséria a par da insultuosa riqueza, a acção dos "facebooks" (como os egípcios pobres chamam aos jovens das novas tecnologias e cuja acção na revolta contra Mubarak foi primordial), a tomada do poder pelo sectarismo religioso. Por tudo isto, e pelo profundo humanismo que o livro transpira, trata-se de uma obra que importa ler.

A MESQUITA DE ALEPO



A Mesquita antes da destruição do minarete

A  tragédia que se desenrola na Síria, desde há mais de dois anos, não só causou até hoje um número imenso de vítimas, como tem provocado a destruição de parte do património histórico do país, que o é também da Humanidade.

Ninguém poderá ficar indiferente quando é informado de que o minarete da célebre Mesquita dos Omíadas, em Alepo, se desmoronou devido aos combates entre as forças do regime de Bashar Al-Assad e as forças sírias e estrangeiras que se lhe opõem, nomeadamente os fundamentalistas islâmicos.

A Mesquita dos Omíadas, que foi erguida no século VIII, e onde tive o privilégio (agora irrepetível) de estar por mais do que uma vez, encontrava-se já semi-destruída desde há meses, devido ao facto de os opositores ao regime (o auto-denominado Exército da Síria Livre) a terem transformado num dos seus baluartes de combate. Fora classificada pela UNESCO como Património da Humanidade.

Não causa espanto que a sua destruição não provoque qualquer mágoa aos extremistas do Jabhat Al-Nusrah, grupo filiado na Al-Qaeda, já que os fanáticos do islão, inimigos dos autênticos muçulmanos, são contrários a todo o tipo de mesquita que possua qualquer valor artístico ou histórico. Ouvi uma vez, já há alguns anos, um estudante universitário de Alexandria dizer que a principal mesquita da cidade, a Mesquita de Abul Abbas deveria ser destruída, não só pelo seu aparato, mas porque alberga os túmulos de alguns "santos" muçulmanos, o que os fanáticos abominam.




Aliás, uma parte da cidade de Alepo, uma das mais notáveis do Médio Oriente, encontra-se já praticamente destruída, o que constitui mais um crime a acrescentar à devastação operada nas outras cidades sírias, na sequência da destruição da maior parte do património edificado do Iraque.

É com incrível perplexidade que se assiste ao apoio que o chamado "Mundo Livre" tem prestado aos revoltosos sírios. Os líderes ocidentais sabem bem que a "primavera síria" acabará, se o regime de Assad cair, por transformar o país numa espécie de Líbia, ou na melhor das hipóteses, em regimes semelhantes aos do Egipto e da Tunísia. Os que contribuíram para a abertura desta caixa de Pandora não deverão depois queixar-se das consequências.

domingo, 21 de abril de 2013

UM LIVRO INDISPENSÁVEL




Foi publicado há um mês o mais recente livro de Gabriel Matzneff, Séraphin, c'est la fin!. Trata-se de uma obra que recolhe 60 textos do autor, de 2005 a 2012 (ainda que alguns sejam anteriores a este período), publicados em diversos jornais e no seu site, ou relativos a conferências.

Escritor controverso, o que os franceses chamam sulfureux, Gabriel Matzneff é autor de uma vasta obra que engloba vários géneros literários: romance, conto, ensaio, poesia, diário íntimo. Oscilando entre um sentimento religioso de raiz ortodoxa (devido à sua ascendência russa) e um proselitismo libertário, Matzneff insurge-se contra a "nova ordem mundial" «pregada pelos fariseus glabros de Além-Atlântico e os excitados barbudos da Arábia que, uns e outros, pretendem reger os nossos costumes e estender a sua sombra sobre o planeta». Sem prejuízo da simpatia que Matzneff dispensa aos árabes (que não os actuais fundamentalistas islâmicos) e tenha escrita um livro intitulado Le Carnet arabe. «Lorsque le décervelage opéré par les media, les sales guerres de l'impérialisme américain, la bruyante omniprésence des mufles du tourisme de masse, les mercuriales des tartuffes culs-bénits et des tartuffes bouffeurs de curés, les prurigineux anathèmes des quakeresses de gauche et des psychiatres de droite, s'emploient à détruire tout ce qui constitue le charme et le sel de la vie, un écrivain épris de liberté a d'autant plus le devoir de se répéter que cette liberté est désormais tenue pour subversive, sulfureuse».



Para Matzneff, a sua geração viveu um breve período de euforia libertária, que durou em França cerca de 12 anos, de 1970 a 1982 mas que terminou, por razões que talvez os sociólogos possam explicar. «Nous aurions pu espérer qu'avec le siècle nouveau, un juvénile souffle de liberté dissiperait ces miasmes pharisaïques. Il n'en a hélas rien été. Nous sommes dans le douzième année du siècle. et le politiquement correct, le sexuellement correct, n'ont jamais été aussi frétillants. Il ne se passe pas une semaine qu'on ne nous explique ce que nous devons manger - cinq fruits et légumes par jour! -, fumer, penser, écrire, publier, aimer, et surtout ce que nous n'avons pas le droit de manger, de fumer, de penser, d'écrire, de publier et d'aimer».

Ao longo destes textos (como, aliás, da sua obra) Matzneff manifesta a sua profunda aversão pelos americanos (o que só prova a lucidez do seu espírito) e pelas suas guerras, insurge-se contra as invasões da Sérvia, do Iraque, da Líbia, manifesta a sua admiração por Qaddafi (lamentando o espalhafato dos seus últimos tempos e de quem predisse o fim muitos anos antes do seu assassinato), recorda que as vítimas de Saddam Hussein, durante o período em que esteve no poder, foram infinitamente inferiores às provocadas pela coligação anglo-americana. Todavia, a conferência que proferiu no anfiteatro da Maison des étudiants da Universidade de Bordéus 3, em 14 de Dezembro de 2007, intitulada "À propos du viol", aquando do colóquio internacional "Viol, violence, corps et identité", por se tratar de uma intervenção notável, justifica, só por si, a leitura do livro.

Ocioso será referir que Gabriel Matzneff é um homem de profunda erudição, e que qualquer pessoa, ainda que dotada de grande cultura, aprende sempre algo com ele. Por isso, os seus livros reúnem um vasto leque de admiradores, e apreciadores, e criam sempre a necessidade de conhecer o conjunto da sua obra.

Julgo que poderia subscrever a totalidade das asserções de Matzneff, à excepção de uma: chamar sistematicamente mahometanos aos muçulmanos, quando a última designação é a correcta, sendo a primeira a utilizada durante séculos passados mas que desde há muitas décadas caiu em desuso. Possivelmente que não o faz por lapso, mas intencionalmente, pois não poderá ignorar que "muçulmano" é a palavra correcta. Empregará "mahometano" por convicção, talvez porque os seguidores de Cristo são cristãos e que os muçulmanos são seguidores de Maomé. Só que, religiosamente falando, Cristo é Deus e Maomé é tão só um profeta de Deus (Allah).

Em Séraphin, c'est la fin!, Matzneff recorda-nos alguns escritores da maior importância que estão praticamente esquecidos, pelo menos do público em geral, designadamente escritores russos, enaltece a nossa herança greco-romana, conta-nos episódios da sua vida pessoal, presta homenagem a Casanova, procede a alguns ajustes de contas literários, procura conciliar o sentimento religioso (a ortodoxia) e a vida libertina (segundo o conceito vigente).

Oxalá estas breves notas suscitem nos meus leitores o desejo de lerem este último livro de Gabriel Matzneff.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

A ARTE DE IGNORAR OS POBRES




Os tempos difíceis que vivemos, em Portugal e no Mundo, suscitam-nos a leitura de um texto do economista John Kenneth Galbraith (1908-2006), publicado pela primeira vez no número de Novembro 1985, do "Harper's Magazine", e depois no número de Outubro 2005, de "Le Monde diplomatique". Seria posteriormente editado, em 2011, conforme a imagem.

Não obstante o tempo decorrido desde a sua redacção (quase 30 anos), não poderia ser mais actual. Como não perdeu actualidade a sátira de Jonathan Swift (1667-1745), aqui com o título Du bon usage du cannibalisme.

Não se esqueceu o autor de lembrar a expressão de Milton Friedman «as pessoas devem ser livres de escolher», ignorando que os pobres não têm capacidade de escolha, pois em opções como a educação ou a saúde dependem do que se considerou chamar o Estado-Providência, que também os protege na velhice, e que se encontra em desmantelamento progressivo, com o argumento de que é insustentável.  Talvez o seja quando são aplicadas políticas económicas ultra-liberais, permitidas em grande parte pela desregulamentação do sistema financeiro internacional, que teve como protagonistas Ronald Reagan e Margaret Thatcher. Dizia esta que "a sociedade não existe, o que existe são pessoas, famílias", não com o intuito de aprofundar um conceito sociológico (que hoje se discute) mas para melhor atingir os seus objectivos políticos. Em circunstâncias normais (que não são as actuais, em que a especulação capitalista se sobrepõe ao valor do trabalho), sabe-se que nem mesmo o factor demográfico invalida a manutenção do Estado-Providência, ainda que este deva ser adaptado ao momento actual, corrigido dos seus desperdícios e gerido da forma mais eficaz.

Porque foi hoje o dia do funeral dessa chefe do governo britânico, que se tornou célebre pela sua fúria privatizadora, de que os ingleses ainda hoje sofrem as consequências (a pobreza duplicou no Reino Unido desde a data da sua nomeação, 1979, até à data da sua saída, 1990)  e continuarão a sofrer, importava registar aqui o pequeno "manifesto" do insuspeito economista, cujo texto poderia ser subscrito por muito boa gente devidamente credenciada na matéria.

terça-feira, 16 de abril de 2013

SAADALLAH WANNOUS






A Comédie-Française apresenta, de 18 de Maio a 11 de Julho deste ano, na Sala Richelieu, a peça do escritor sírio Saadallah Wannous Rituel pour une métamorphose. Assinalando a primeira vez que o Théâtre-Français apresenta uma peça traduzida do árabe, o Institut du Monde Arabe, agora dirigido por Jack Lang, promove, em parceria com a Comédie-Française, a editora Actes Sud- Papiers e o INALCO (Institut National des Langues et Civilisations Orientales) os seguintes eventos:

- 16 de Abril - Projecção do filme Il y a tant de choses à raconter, de Omar Amiralay, seguido de debate sobre a personalidade e a obra teatral de Saadallah Wannous.

-16 de Maio - Debate sobre Rituel pour une métamorphose, com participações diversas.

- 13 de Junho - Leitura de textos de Saadallah Wannous.

Transcreve-se a notícia do Institut du Monde Arabe para consulta de pormenores:


  

Récemment nommé à la tête de l'Institut du monde arabe, Jack Lang a souhaité créer des partenariats entre l’IMA et les principaux établissements culturels parisiens. C’est ainsi qu’à l’occasion de l’entrée au répertoire de la Comédie-Française, pour la première fois, d’une pièce traduite de l’arabe, Rituel pour une métamorphose du dramaturge syrien Saadallah Wannous, un partenariat a pu être mis en place entre les deux institutions.
Parallèlement à la création au Théâtre-Français de cette pièce, dans une mise en scène de Sulayman Al-Bassam, l’Institut du monde arabe propose, en partenariat avec la Comédie-Française, Actes Sud-Papiers et l'INALCO, un cycle de trois soirées autour de la personnalité et de l'œuvre de Saadallah Wannous (les 16 avril, 16 mai et 13 juin prochains).
A la Comédie-Française
Rituel pour une métamorphose, du 18 mai au 11 juillet.

A l’Institut du monde arabe
Le mardi 16 avril, à 18h30, projection d'Il y a tant de choses à raconter, film d'Omar Amiralay, suivie d'un débat autour de la personnalité et de l'œuvre théâtrale de Saadallah Wannous avec Hala Albdalla, réalisatrice et productrice et Hoda Ibrahim, critique de cinéma.

Le jeudi 16 mai à 18h30, débat autour de Rituel pour une métamorphose de  Saadallah Wannous avec Sulayman Al-Bassam, metteur en scène, Sylvia Bergé, sociétaire de la Comédie-Française, Farouk Mardam Bey, éditeur, Luc Deheuvels, professeur à l’INALCO, Rania Samara, traductrice, Mohamed Seif, metteur en scène, Salwa Alneïmi, poétesse et écrivaine. 
Le jeudi 13 juin, à 18h30, lectures de textes de Saadallah Wannous par les Comédiens-Français.
Saadallah Wannous est né en 1941, en Syrie. Après des études de journalisme au Caire, il écrit pour les pages culturelles du journal Al-Baath en Syrie et As-Safir au Liban, tout en commençant une carrière d’auteur dramatique. À la fin des années 1960, étudie le théâtre à Paris. À son retour à Damas, profondément influencé par divers courants théâtraux européens, il milite en faveur d’un théâtre mêlant tradition et modernité, et participe à la création du premier festival de théâtre du monde arabe. Il fonde, à la fin des années 1970, l’Institut supérieur du théâtre de Syrie, ainsi qu’une revue, La Vie Théâtrale. Partisan d’un théâtre politique, en prise avec la société, ses pièces se veulent émancipatrices et explorent sans concession les liens entre l’individu et le pouvoir. Considéré comme l’un des plus grands hommes de théâtre de langue arabe, il meurt prématurément en 1997.
Como se escreve acima, Saadallah Wannous nasceu em Hussein al-Bahr, aldeia perto da cidade de Tartus, na Síria, em 1941 e morreu prematuramente em 15 de Maio de 1997 devido a doença cancerosa.



segunda-feira, 15 de abril de 2013

COLIN DAVIS




Noticia hoje o PÚBLICO a morte, ocorrida ontem à noite,  de Colin Davis, célebre maestro britânico, que contava 85 anos. Foi director da Orquestra Sinfónica de Londres e da Orquestra Sinfónica da Rádio - Baviera e maestro titular da Ópera de Londres - Covent Garden, entre muitas das funções que exerceu.

Devem-se-lhe algumas prestações notáveis, na Europa e nas Américas. A sua memória poderá contudo reviver (nunca é a mesma coisa) nos numerosos discos que gravou, nomeadamente nas famosas interpretações de Berlioz, de quem registou, ao que julgo, toda a obra.

Para um melhor conhecimento da vida e actividade musical de Sir Colin Davis, pode consultar-se este "site", devidamente documentado.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

VAMPIROS



Taylor Lautner, em Twilight


O nº 529, de Março passado, do "Magazine Littéraire", dedica parte das suas páginas à literatura romena e inclui como tema do seu dossier mensal o Vampiro. Os vampiros, quer os balcânicos, quer os das outras partes do mundo, sempre estiveram activos, e a nossa época é um exemplo claro das suas estratégias sofisticadas para sugarem o sangue do próximo. Deixaremos para outra ocasião a vampirização que deixa os povos exangues e concentremo-nos num dos textos do dossier, cujo interesse é evidente. Também, em outra altura, trataremos da literatura romena.

O artigo que pretendemos salientar, da autoria de Clémentine Baron, chama-nos a atenção para a forma como, nos nossos dias, é tratada a figura do vampiro. Na impossibilidade de transcrever o texto integral, teremos de nos contentar com alguns parágrafos:


«À l'aube des années 2000, on attendait logiquement le retour des suceurs de sang. Comme à chaque fois, ils reviennent, plus jeunes et plus beaux, de moins en moins cruels, de plus en plus humains. Jusqu'au vampires d'aujourd'hui qui sont, n'en déplaise à Aristote, des animaux sociaux. Twilight nous les fait rencontrer au lycée, se déplaçant en famille, quand ceux de True Blood passent à la télévision et luttent pour les droits sociaux, loin de la solitude mythique de l'immortel, reclus dans son manoir aux sombres tours crénelées.

Ce retour s'explique par un contexte favorable. Dans une époque qui pousse le culte de la beauté et de la jeunesse à son paroxysme, le vampire, immortel, incarne un modèle parfait de nos aspirations. Sa figure joue avec une névrose collective universelle - la peur de la mort - et son expression la plus contemporaine - l'horreur de la vieillesse. La figure du vampire se voit instrumentalisée dans ce cadre par la littérature, le cinéma et la télévision. Deux exemples tendent à confirmer cette idée: les phénomènes Twilight et True Blood.

*****

Non seulement Twilight prône l'abstinence et le mariage, mais aussi l'acte sexuel comme moyen de procréer et non comme source de plaisir érotique. 

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Ainsi, à une époque où l'on pense tout pouvoir montrer de la sexualité, le paradoxal succès de fictions radicalement conservatrices comme Twilight reflète l'influence de la réaction. La figure du vampire devient un prétexte pour contester les acquis des années 1960.

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Dans True Blood, au contraire, le vampire ne représente plus l'interdit. Il s'est révélé aux yeux des hommes: des lors que ceux-ci ont mis au point du sang synthétique, il a pu cesser de se nourrir des humains et revendiquer un statut de citoyen. Contrairement à son homologue de Twilight, il ne se cache plus des humains, mais reste un symbole de la différence. La figure du vampire reprend ici un discours sur les minorités, sur l'exclusion et la discrimination raciale, mais aussi sexuelle. 

*****

À partir d'un même thème et d'éléments souvent proches les deux sagas diffusent des messages contraires: quand Twilight utilise la figure "rebelle" du vampire pour faire passer des idées conservatrices, True Blood fait entrer le vampire dans la norme sociale, afin de faire ressortir les déviances de celle-ci. Le comportement des humains se révèle souvent bien plus chocant que celui des vampires»


Muito mais escreve a autora, concluindo que, e isto é muito interessante, enquanto True Blood nos apresenta um discurso de consonâncias democratas, denunciando os excessos da sociedade americana cujos defeitos são mais para recear que os caninos dos vampiros,  Twilight apresenta-nos principalmente vampiros republicanos.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

A DESTRUIÇÃO DO PAÍS



No espaço de comentário político da TVI24, Manuela Ferreira Leite, antiga presidente do PSD,  teceu ontem à noite duras críticas ao Governo, considerando que as políticas prosseguidas estão a destruir o país.

Tratando-se de uma figura que já ocupou diversas pastas ministeriais, entre as quais a das Finanças, a sua opinião reveste-se, no contexto em que vivemos, de especial importância. Por isso, transcrevemos a notícia do PÚBLICO:

Manuel Ferreira Leite acusou nesta quarta-feira à noite o Governo de estar a dramatizar e a teatralizar sobre a decisão do Tribunal Constitucional (TC) que não vai levar a lugar nenhum, considerando mesmo que os cortes anunciados pelo Executivo “não vão ser cumpridos, nem são exequíveis”.

Na estreia de um espaço semanal de opinião na TVI24, a antiga presidente do PSD confessou que pensou que “tinha saído a sorte grande ao Governo” com a decisão do TC de considerar inconstitucionais algumas das medidas do Orçamento do Estado para 2013, uma vez que era uma oportunidade para mudar de políticas “sem ninguém perder a face”. Mas reconheceu que se enganou porque o Governo insiste na política de austeridade.

“Fiquei perplexa por não verem isto [decisão do TC] como uma oportunidade, mas como uma contrariedade. (…) Vão insistir na austeridade. (…) Não estamos a chegar a ponto nenhum”, afirmou a antiga ministra da Finanças.

Manuela Ferreira Leite diz que o país está a entrar “numa fase de privação, abaixo da pobreza, em que as pessoas já não se conseguem alimentar” e lamenta que o Governo faça uma dramatização “que não vai levar a lugar nenhum”.

“O país está a ser destruído”, afirmou, considerando que o despacho do ministro da Finanças que “congela” os gastos do Estado faz parte da “dramatização e teatralização”. “É um despacho totalmente ineficaz”, acrescentou.

A social-democrata lamentou ainda que se esteja a passar a ideia de que vai ser necessário um segundo resgaste depois da decisão do TC, afirmando que se ele é necessário já não é de agora. Lamenta ainda que o Governo esteja a assustar os portugueses com as afirmações que tem feito nos últimos dias.

Ferreira Leite insistiu na ideia de que “não se consegue refazer um país a partir das cinzas” e, afirmando-se como uma social-democrata, diz que é uma crítica deste Governo porque é uma “defensora dos valores do PSD”. “O Partido Social Democrata sempre colocou em primeiro lugar o primado da pessoa.”

terça-feira, 9 de abril de 2013

GUY DEBORD




A Biblioteca Nacional de França - François Mitterrand apresenta, até 13 de Julho, a exposição "Guy Debord. Un art de la guerre", sobre a obra do fundador da Internacional Situacionista.

Recordemos que em 2011, a viúva de Guy Debord vendeu à Biblioteca Nacional, por um milhão de euros, os arquivos do escritor, cineasta e revolucionário francês, agora expostos ao público.

Autor de vários filmes e de numerosos livros, entre os quais La Société du spectacle, Guy Debord (1931-1994) foi também autor de vasta correspondência, traduções, canções, etc., enfim, uma personagem que marcou indelevelmente o panorama cultural francês da segunda metade do século passado.


Transcrevemos a tese 9 do capítulo I do livro acima referido:

"Dans le monde réellement renversé, le vrai est un moment du faux".

Proveniente de uma fórmula de Hegel, n'A Fenomenologia do Espírito (O falso é um momento do verdadeiro), a inversão de Debord foi um traço de génio, método aliás aplicado na construção do seu pensamento.

Todos os livros de Guy Debord, bem como os textos inéditos, foram reunidos num volume de OEuvres, Gallimard, colecção "Quarto", em 2006.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

O GOVERNO E O TRIBUNAL CONSTITUCIONAL

Pela sua importância, transcrevemos o post de hoje do blogue "Abrupto", de José Pacheco Pereira:
 
 
8.4.13

 O MATERIAL TEM SEMPRE RAZÃO (4)


 O número de artigos e notas em blogues que começam com “a decisão do Tribunal Constitucional fez e aconteceu….” representam um sucesso do pensamento único governamental. Na verdade, deviam começar com “a política do governo fez e aconteceu…” Isto, porque a decisão do Tribunal Constitucional é que é a normalidade e a lei, e a política do governo é que é a anormalidade e a ilegalidade. A decisão do Tribunal Constitucional representa uma consequência da política do governo, das escolhas do governo, da incapacidade do governo de encontrar políticas de contenção orçamental que não passem pela violação da lei e pelo afrontamento da Constituição. 

Mais: o caminho seguido pelo governo para o objectivo de cumprimento do memorando da troika é que põe em causa esse cumprimento, porque não teve em conta qualquer preocupação em salvar um quantum da economia nacional, desprezou os efeitos sociais do “ir para além da troika”, não deu importância a qualquer entendimento social e político, vital em momentos de crise. Foi um caminho de pura engenharia social, económica e política, prosseguido com arrogância por uma mistura de técnicos alcandorados à infalibilidade com políticos de aviário, órfãos de cultura e pensamento, permeáveis a que os interesses instalados definissem os limites da sua política. Quiseram servir os poderosos com um imenso complexo de inferioridade social, e mostraram sempre (mostrou-o de novo o primeiro-ministro ontem), um revanchismo agressivo com os mais fracos. 

Pensaram sempre em atacar salários, pensões, reformas, rendimentos individuais e das famílias, serviços públicos para os mais necessitados e nunca em rendas estatais, contratos leoninos, interesses da banca, abusos e cartéis das grandes empresas. Pode-se dizer que fizeram uma escolha entre duas opções, mas a verdade é que nunca houve opção: vieram para fazer o que fizeram, vieram para fazer o que estão a fazer.

domingo, 7 de abril de 2013

NOVOS CONFRONTOS NO EGIPTO


 


Verificaram-se hoje novos confrontos no Cairo, entre cristãos e fundamentalistas islâmicos, junto à catedral copta de S. Marcos, na zona de Abbassiya, aquando do funeral de quatro coptas mortos nos incidentes da passada sexta-feira, em Al-Khusus, a norte da capital. Dos incidentes de hoje resultaram pelo menos um morto e mais de 20 feridos. A polícia interveio com gás lacrimogéneo e balas de borracha para dispersar os manifestantes.

O papa copta Tawadros II apelou à calma e o presidente Mohamed Morsi declarou que qualquer ataque à catedral era como "um ataque a ele mesmo". No entanto, desde a queda do anterior regime que aumentou exponencialmente a violência contra os coptas, que representam entre 10 a 15% da população egípcia. As relações entre as duas comunidades foram geralmente pacíficas nos últimos séculos, mas com a tomada do poder pelos Irmãos Muçulmanos e pelos extremistas do partido Al-Nur, os elementos fundamentalistas têm-se empenhado em provocar confrontos, na prossecução da política djihadista de regressar às "origens da religião muçulmana e à estrita interpretação do Corão" e, eventualmente, de restabelecer o Califado.




O Egipto, com a desagregação que se seguiu à demissão, julgamento e prisão do presidente Mubarak e, depois, à eleição de Morsi para a presidência da República, encontra-se numa situação caótica e à beira da bancarrota, tanto mais que o turismo, uma das fontes de receita do país, está praticamente extinto.

O novo presidente tem-se mostrado incapaz de governar eficazmente a nação, não só porque não quer desagradar à sua própria organização, a Irmandade Muçulmana, como não alcançou ainda os empréstimos internacionais, indispensáveis para a sobrevivência de uma economia  à beira da catástrofe e cuja concessão depende da aplicação de medidas que mergulhariam indubitavelmente o país em aberta guerra civil, como o corte da concessão de subsídios aos géneros alimentícios de que depende a vida de uma larguíssima fatia dos 80 milhões de habitantes.

São cada vez mais frequentes as interpretações de personalidades de várias nacionalidades, e de que a net e alguma imprensa se faz eco, de que a "primavera árabe" foi concebida nas chancelarias ocidentais para uma recolonização do mundo árabe, após terem obtido a destruição das instituições desses países que, embora mal, ainda funcionavam. O caso da Líbia, especialmente protagonizado por Sarkozy e pelo seu fiel acólito, o pseudo-filósofo Bernard-Henri Levy e o caso da Síria são, a esse propósito, emblemáticos. Demonstrada assim a impossibilidade dos países em questão poderem viver em democracia, só restaria o recurso a novas ditaduras, mas desta vez mais dóceis aos interesses ocidentais.

Os incidentes prosseguem no momento em que escrevemos este post.


sexta-feira, 5 de abril de 2013

HERBERT VON KARAJAN




Ocorre hoje o 105º aniversário do nascimento do maestro Herbert von Karajan, um dos mais notáveis chefes de orquestra do século XX. De ascendência greco-macedónica, nasceu Karajan em Salzburg, cidade do então Império Austro-Húngaro, tendo recebido o nome de Heribert, que mais tarde transformou para Herbert.

Revelando-se um menino-prodígio ao piano, cedo enveredou pela direcção de orquestra, tendo dirigido, apenas com 21 anos a Salome, no Festspielhaus de Salzburg. Entre 1929 e 1934 foi Kappelmeister no Stadttheater de Ulm. Em 1934 dirigiu pela primeira vez a Orquestra Filarmónica de Viena e de 1934 a 1941 foi director musical do Teatro de Aachen, começando a ser convidado para a regência de orquestras no estrangeiro.

Em 1937 dirigiu pela primeira vez a Filarmónica de Berlim e o Fidelio na Staatsoper de Berlim. Em 1938 assinou um contrato com a Deutsche Grammophon, empresa para a qual haveria de gravar dezenas de obras, num total estimado de mais de 200  milhões de discos. Membro do partido Nazi, Karajan manteve-se em Berlim durante a guerra, e ainda dirigiu um concerto em 18 de Fevereiro de 1945, após o que partiu para Milão, onde se instalou, com a protecção do celebérrimo maestro italiano Vittorio de Sabata.

Em 18 de Março de 1946, a comissão para a desnazificação ilibou-o de qualquer culpa nos crimes do regime derrotado, reassumindo Karajan a sua carreira e dando, nesse ano, o seu primeiro concerto pós-guerra com a Filarmónica de Viena. Dirigiu igualmente no Scala de Milão, apoiou a formação da Philharmonia Orchestra de Londres e regeu no Festival de Bayreuth em 1951 e 1952.

Em 1955 foi nomeado director vitalício da Orquestra Filarmónica de Berlim, sucedendo a Wilhelm Furtwängler. De 1957 a 1964 foi director artístico da Ópera de Viena. Ao longo da sua carreira, dirigiu óperas e concertos em quase todos os grandes teatros do mundo. Em 1968 regeu dois memoráveis concertos no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, a que tive o inolvidável privilégio de assistir.

Morreu de um ataque do coração em 16 de Julho de 1989, com 81 anos.

Em 16 de Julho de 2009, escrevemos aqui uma nota, na passagem do 20º aniversário da sua morte, aproveitando material da nossa estada em Berlim em Abril desse ano.

Herbert von Karajan é justamente considerado um dos maiores directores de orquestra de todos os tempos.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

AS RUÍNAS DE PALMIRA



Segundo se informa aqui, os rebeldes sírios combatem as forças governamentais nas próprias ruínas milenárias de Palmira, um dos mais importantes "sítios " arqueológicos do Médio Oriente. Verificaram-se já significativos danos materiais, nomeadamente no celebérrimo Templo de Baal.



A exemplo do que se verificou com a invasão anglo-americana do Iraque, onde os restos monumentais das civilizações mesopotâmicas sofreram danos irreparáveis e onde foram perpetrados os mais importantes roubos de objectos de incalculável valor registados ao longo dos tempos e destruídos documentos insubstituíveis para a História da Humanidade, também agora, na Síria, com a cumplicidade e conivência do chamado Mundo Ocidental (e também da Liga Árabe, hoje serventuária do mesmo) se assiste à aniquilação de um património que não é apenas propriedade de um país mas faz parte de um Legado Universal.

Se os políticos que, por maldição dos deuses, governam o mundo, tivessem a noção das calamidades que fomentam ou permitem, certamente que estes actos não teriam lugar. Mas não. Tudo se conjuga para que a vandalização planetária prossiga até à destruição final.

Então, será tarde!