A decisão do Eurogrupo de aplicar um imposto extraordinário (hoje tudo é extraordinário, nos diversoso sentidos da palavra) sobre os depósitos de nacionais e estrangeiros até 12,5% (9,9% acima de 100.000 euros; 6,7% abaixo deste valor) nos bancos de Chipre, uma das medidas de resgate financeiro para o empréstimo àquela república de um montante até 10.000 milhões de euros, constitui uma notícia alarmante, que para além do prejuízo sofrido pelos próprios cipriotas (e não cipriotas) acarretará certamente "danos colaterais".
Um deles, e não é pequeno, é que, especialmente nos países em crise, a confiança nas instituições bancárias sai fortemente abalada. A decisão foi tomada de surpresa (para os cipriotas, evidentemente, que não para os dirigentes europeus) impedindo os depositantes de levantar a totalidade ou parte das suas poupanças. As contas bancárias foram já bloqueadas no sentido da retenção do valor do imposto aplicado.
Vivemos presentemente numa Europa enlouquecida, cujos dirigentes não se dão conta do caminho que trilham. Muitos perseguem uma ideia, independentemente das consequências advenientes; outros vão simplesmente atrás, ou porque se julgam igualmente "iluminados", ou porque não têm força para contrariar a tendência extorcionária e torcionária dos primeiros.
Está em curso um "rapto" da Europa, não já no sentido mitológico mas num mais prosaico contexto real. Desta vez, Zeus não leva a Europa para Creta, mas começa por concretizar o rapto em Chipre, ilhas aliás bem próximas. E Creta, pertencendo à Grécia, também se poderia incluir já nesse rapto simbólico que é o resgate daquele país.
"O Rapto de Europa", pelo Tiziano |
Segundo o "Nouvel Observateur", o presidente cipriota, Nicos Anastasiades, terá declarado que a solução escolhida era a única "que nos permitia continuar as nossas vidas sem remoinhos". Também o "Público" relata a situação que se vive na ilha.
As sucessivas medidas aplicadas a diversos países da União pela própria União Europeia só podem ter uma leitura: o desejo ardente de uma confrontação não apenas social mas obviamente militar, cujas consequências não estarão a ser devidamente ponderadas pelos seus promotores. Esta não é uma conclusão alarmista, e o tempo se encarregará de o demonstrar.
2 comentários:
A espoliação das poupanças cipriotas, com o pretexto de salvar a banca do país, e também por causa dos supostos depósitos russos, constitui um roubo tão descarado que já nem há a preocupação de disfarçá-lo. O Mundo, e a Europa em particular, estão entregues a agentes mafiosos que fazem corar de inveja aqueles a quem vulgarmente se atribuía o epíteto.
«A espoliação das poupanças cipriotas, com o pretexto de salvar a banca do país, e também por causa dos supostos depósitos russos, constitui um roubo tão descarado que já nem há a preocupação de disfarçá-lo. O Mundo, e a Europa em particular, estão entregues a agentes mafiosos que fazem corar de inveja aqueles a quem vulgarmente se atribuía o epíteto.»
Infelizmente tenho que concordar com tudo.
Que nojo
Virginia
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