domingo, 31 de março de 2013

QUANDO O OCIDENTE APOIA OS CRIMINOSOS DE GUERRA




Não é de espantar que o Ocidente apoie com armas e dinheiro e pressões políticas sobre terceiros a oposição síria ao regime de Bashar Al-Assad. Aliás, a "primavera árabe" cada vez mais parece uma invenção ocidental, com intuitos que se virão a revelar muito brevemente.

Por exemplo, ao bombardear Hiroshima e Nagasaki, os Estados Unidos cometeram um crime horrendo relativamente ao qual nunca alguém foi sequer julgado. Para não falar já do Vietname, do Iraque, etc., etc. Sempre o Mundo Ocidental, em especial, o sub-mundo anglo-saxónico foi fértil nas suas atrocidades.

A situação na Síria, a que nos temos referido várias vezes, é aqui ilustrada por um vídeo, obtido pelo meu amigo Raul Braga Pires, em que um sheikh de Deraa, na Síria, incita à guerra santa e apresenta, já sem cabeça, o corpo de um oficial sírio leal ao regime. Às pessoas sensíveis recomenda-se a não visualização das imagens.

sexta-feira, 29 de março de 2013

PARSIFAL




A propósito de Sexta-feira Santa, o Parsifal, na Ópera de Berlim, em 1992, com a Staatskapelle, dirigida por Daniel Barenboim, numa encenação de Harry Kupfer.

Uma das grandes produções da derradeira ópera de Wagner, especialmente concebida para o Teatro de Bayreuth, onde teve exclusividade de representação, até os direitos caírem no domínio público.

CARTA ABERTA AO MINISTRO DAS FINANÇAS ALEMÃO




O presidente do Conselho Económico e Social, José da Silva Peneda, enviou ao ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, no passado dia 28, a carta que, pela sua importância, se transcreve:

O Senhor Ministro afirmou que há países da União Europeia que têm inveja da Alemanha. A primeira observação que quero fazer, Senhor Ministro, é que as relações entre Estados não se regem por sentimentos da natureza que referiu. As relações entre Estados pautam-se por interesses.

Queria dizer-lhe também, Senhor Ministro, que comparar a atitude de alguns Estados a miúdos que na escola têm inveja dos melhores alunos é, no mínimo, ofensivo para milhões de europeus que têm feito sacrifícios brutais nos últimos anos, com redução muito significativa do seu poder de compra, que sofrem com uma recessão económica que já conduziu ao encerramento de muitas empresas, a volumes de desemprego inaceitáveis e a uma perda de esperança no futuro.

E acrescentou o Senhor Ministro: “Os outros países sabem muito bem que assumimos as nossas responsabilidades…”. Fiquei a saber que a nova forma de qualificar o conceito de poder é chamar-lhe responsabilidade!

E disse mais o Senhor Ministro: “Cada um tem de pôr o seu orçamento em ordem, cada um tem de ser economicamente competitivo”. A este respeito gostaria de o informar que já tínhamos percebido, estamos a fazê-lo com muito sacrifício, sem tergiversar e segundo as regras que foram impostas.

Quando o ministro das Finanças do mais poderoso Estado da União Europeia faz afirmações deste jaez, passa a ser um dos responsáveis para que o projeto europeu esteja cada vez mais perto do fim.

Passo a explicar. O grande objetivo do projeto europeu foi garantir a paz na Europa e como escreveu um antigo e muito prestigiado deputado europeu, Francisco Lucas Pires, “… essa paz não foi conquistada pelas armas mas sim através de uma atitude de vontade e inteligência e não como um produto de uma simples necessidade ou automatismo…”. A paz e a prosperidade na Europa só foram possíveis porque no desenvolvimento do projeto político de integração europeia teve-se em conta a grande diversidade de interesses, as diferentes culturas e tradições e os diferentes olhares sobre o mundo. Procurou-se sempre conjugar todas essas variedades, tons e diferenças dos Estados-membros numa matriz de valores comuns.

Esta declaração de Vossa Excelência põe tudo isto em causa, ao apontar o sentimento da inveja como o determinante nas relações entre Estados-membros da União Europeia. Quero dizer-lhe, Senhor Ministro, que o sentimento da inveja anda normalmente associado a uma cultura de confrontação e não tem nada a ver com uma outra cultura, a de cooperação.

Com esta declaração, Vossa Excelência quer de forma subtil remeter para outros Estados a responsabilidade pela confrontação que se anuncia. Essa atitude é revoltante, inaceitável e deve ser denunciada.

A declaração de Vossa Excelência, para além de revelar uma grande ironia, própria dos que se sentem superiores aos outros, não é de todo compatível com a cultura de compromisso que tem sido a matriz essencial da construção do sonho europeu dos últimos 60 anos.

Vossa Excelência, ao expressar-se da forma como o fez, identificando a inveja de outros Estados-membros perante o “sucesso” da Alemanha, está de forma objetiva a contribuir para desvalorizar e até aniquilar todos os progressos feitos na Europa com vista à consolidação da paz e da prosperidade, em liberdade e em solidariedade. Com esta declaração, Vossa Excelência mostra que o espírito europeu para si já não existe.

Eu sei que a unificação alemã veio alterar de forma muito profunda as relações de poder na União Europeia. Mas o que não deveria acontecer é que esse poder acrescido viesse pôr em causa o método comunitário assente na permanente busca de compromissos entre variados e diferentes interesses e que foi adotado com sucesso durante décadas. O caminho que ultimamente vem sendo seguido é o oposto, é errado e terá consequências dramáticas para toda a Europa. Basta ler a história não muito longínqua para o perceber.

Não será boa ideia que as alterações políticas e institucionais necessárias à Europa venham a ser feitas baseadas, quase exclusivamente, nos interesses da Alemanha. Isso seria a negação do espírito europeu. Da mesma forma, também não será do interesse europeu o desenvolvimento de sentimentos anti-Alemanha.

Tenho a perceção de que a distância entre estas duas visões está a aumentar de forma que parece ser cada vez mais rápida e, por isso, são necessários urgentes esforços, visíveis aos olhos da opinião pública, de que a União Europeia só poderá sobreviver se as modificações inadiáveis, especialmente na zona euro, possam garantir que nos próximos anos haverá convergência entre as economias dos diferentes Estados-membros.

As declarações de Vossa Excelência vão no sentido de cavar ainda mais aquele fosso e, por isso, como referiu recentemente Jean-Claude Juncker a uma revista do seu país, os fantasmas da guerra que pensávamos estar definitivamente enterrados, pelos vistos só estão adormecidos. Com esta declaração, Vossa Excelência parece querer despertá-los.

José da Silva Peneda

Presidente do Conselho Económico e Social



Tem sido por demasiado evidente que o ministro alemão, por insondáveis (ou não tanto) desígnios pessoais e políticos, deseja uma confrontação com o resto da Europa, ou pelo menos com parte dela. As suas afirmações só contribuem para o aumentar dos sentimentos anti-germânicos que já grassam um pouco por todo o Velho Continente. A Alemanha já perdeu duas guerras mundiais. Não ganhará a terceira.

quarta-feira, 27 de março de 2013

POMPEIA


Pompeia - Villa dos Mistérios


O British Museum inaugura amanhã, dia 28, conforme se noticia aqui, a exposição "Vida e Morte em Pompeia e Herculano", cidades sepultadas sob as cinzas do Vesúvio em 25 de Agosto do ano 79, menos de dois meses após Tito ser proclamado imperador de Roma.

A tragédia que se abateu sobre Pompeia, Herculano e Estabia, cujas ruínas permaneceram ocultas até às primeiras pesquisas no século XVII, permitiu de algum modo reconstituir a vida de uma cidade romana em plena actividade, já que os malogrados habitantes foram apanhados de surpresa (ou quase: tinham-se registado nos dias anteriores pequenas erupções e alguns abalos de terra) e permaneceram (eles, os seus animais, as suas casas, os objectos do quotidiano) "conservados" pela lava até aos nossos dias.

A partir das primeiras escavações, que ainda hoje duram, foram revelados ao mundo aspectos essenciais da vida normal das populações nas primeiras décadas do Império Romano.O caso de Pompeia apaixonou o mundo. O famoso escritor inglês Edward Bulwer-Lytton escreveu em 1834 um romance intitulado The Last Days of Pompeii, que teve uma projecção mundial e foi traduzido em inúmeras línguas.

Uma das curiosidades de Pompeia, cujos principais objectos recuperados se encontram no Museu Arqueológico de Nápoles, tem a ver com a descrição da vida sexual da época representada por pinturas e objectos que, sem margem para dúvidas, revelam uma intensa, e mais ou menos livre actividade sexual dos romanos, ainda não espartilhados pelos condicionalismos "morais" das religiões monoteístas.

Nada que não continuasse a verificar-se ao longo dos séculos, mas a coberto do manto espesso da hipocrisia. O próprio rei Francisco I das Duas Sicílias (Nápoles e Sicília), quando visitou no Museu Arqueológico de Nápoles, em 1819, as obras de arte eróticas provenientes das escavações, determinou que as mesmas fossem guardadas num gabinete secreto só acessível a "pessoas maduras e de moral respeitável". A "câmara do prazer" foi depois aberta, novamente fechada, outra vez reaberta e por fim lacrada, assim permanecendo mais de 100 anos. Só na década de 1960 se tornou novamente acessível, com reservas, e finalmente aberta ao público, em 2000, embora com restrições às pessoas de menor idade (a maior parte das quais sabendo, provavelmente,  mais de sexo do que os seus acompanhantes, mas há que sacrificar no altar do politicamente correcto, como, outrora, os romanos, sacrificavam, obviamente por outros motivos, nos altares dos deuses).

Um dos investigadores de Pompeia foi o célebre erudito alemão Johann Winckelmann, um dos pais da arqueologia moderna, que quando regressava a Itália, após uma estada em Viena, onde foi recebido pela imperatriz Maria Teresa, foi assassinado em Trieste, em 8 de Junho de 1768, por Francesco Arcangeli, um cozinheiro de 30 anos com quem estabelecera amizade e que recebera no seu quarto do hotel  Osteria Grande. O móbil do crime foram as medalhas que a imperatriz oferecera a Winckelmann.



A vida em Pompeia encontra-se pormenorizadamente descrita no livro Pompeii - The Life of a Roman Town, de Mary Beard, uma das melhores e mais correctas obras de divulgação sobre a matéria.

O ministério italiano para os Bens e as Actividades Culturais publicou também um elucidativo guia do local, cuja imagem da edição francesa se reproduz abaixo.


Para além desta exposição do British Museum e de outras que neste momento têm lugar, nomeadamente em Madrid e em Cleveland (EUA), nada como visitar a localidade e também o Museu Arqueológico de Nápoles.


domingo, 24 de março de 2013

ÓSCAR LOPES




Morreu na passada sexta-feira, dia 22, com 95 anos, o ensaísta e crítico literário Óscar Lopes, professor jubilado da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Intelectual prestigiado e político empenhado, Óscar Lopes era militante do PCP desde 1944, e integrava o Comité Central daquele Partido, o que lhe valeu estar diversas vezes preso durante o regime anterior.

Autor de numerosas obras e textos, Óscar Lopes tornou-se especialmente conhecido por ser co-autor, com António José Saraiva, da História da Literatura Portuguesa (1955), obra fundamental, indispensável e praticamente única sobre a matéria, sucessivamente reeditada, e por onde estudaram, durante décadas, milhares de portugueses.

Eduardo Lourenço considerou que a morte de Óscar Lopes, que era irmão de Mécia Lopes de Sena, e cunhado do falecido intelectual Jorge de Sena, "fecha uma espécie de ciclo na nossa vida histórica, por um lado, mas também política e ideológica, sob a égide ou referência de uma visão do mundo, que foi o marxismo de que a obra dele está impregnada, mas tem uma importância superior a isso e ultrapassou-a". Acrescentou ainda que "este é um dia de luto para a cultura portuguesa e particularmente para a nossa geração".

Em Portugal, no mundo da Cultura, estamos cada vez mais sós.

quinta-feira, 21 de março de 2013

SEM TECTO, ENTRE RUÍNAS




A situação que se vive, há cerca de três anos, na Síria, é verdadeiramente insuportável. Uma contestação ao regime do presidente Bashar Al-Assad, na sequência da chamada "Primavera Árabe", e que foi reprimida com uma violência despropositada, desencadeou um conflito de proporções inimagináveis.

É um facto, perfeitamente constatável, que nunca a oposição síria (que naturalmente existia) pudesse provocar a guerra civil em curso, sem o recurso a aliados exteriores. Ou então, contradição suprema, o regime de Assad havia permitido a todos os sírios armazenarem em casa armas e munições bastantes para levar a cabo esta sangrenta confrontação. O que não se coadunaria com o proclamado carácter ditatorial do regime.

Ninguém ignora que os opositores do presidente sírio beneficiaram e continuam a beneficiar do apoio estrangeiro, seja da Arábia Saudita, do Qatar, da Turquia, dos djihadistas internacionais e do Ocidente (Estados Unidos e União Europeia, em particular da França e do Reino Unido). Assim como um analista norte-americano, cujo nome não me ocorre, proclamou que o caminho para Jerusalém ( para resolução do conflito israelo-palestiniano) passava por Baghdad (só poderia ter sido um gracejo de mau gosto), também agora se afigura que o caminho para o Irão passa pela Síria.

Muita gente há que já se pergunta se a Primavera Árabe não foi criada pelos interesses de algumas potências com a finalidade de desestabilizar todo o Mundo Árabe. É certo que caíram algumas nefastas ditaduras, que, no entanto, estão sendo substituídas por outras ainda piores. Será que o jovem tunisino Mohamed Bouazizi se imolou mesmo pelo fogo ou alguém lhe ateou o incêndio que desencadearia o derrube de Ben Ali? Porém, outras ditaduras, como as da Península Arábica, permanecem incólumes.

A resistência do regime sírio tem espantado os seus opositores. Ninguém pensou, no início desta tragédia, que Bashar Al-Assad aguentasse tanto tempo, mas insondáveis são os desígnios da Providência. E contavam, certamente, com uma intervenção estrangeira, como na Líbia, com um pseudo-filósofo tipo Bernard Henri-Lévy (um Lévy d'Arabie, como lhe chamou aqui o seu compatriota Pierre Assouline) a servir de arauto. A oposição da Rússia e da China não permitiu essa aventura, e ainda bem, tendo em conta o estado em que se encontra hoje a Líbia. Todavia, Bernard Henri-Lévy ainda não foi julgado nem condenado, passeando-se entre Paris e Marraquexe.

A guerra civil na Síria provocou até agora 4 (quatro) milhões de deslocados e mais de 70.000 mortos, fora os feridos, os deficientes, os que enlouqueceram, as famílias desfeitas, o país destruído. Estamos perante uma situação absolutamente chocante. Depois do Iraque, a Síria, com a Líbia de permeio. Quantos mortos serão ainda necessários para pôr termo à loucura do Ocidente e seus aliados?

Para lá da tragédia humana, há a devastação de um país, um dos mais belos e antigos países do Médio Oriente. O que restará das cidades e monumenrtos e vestígios arqueológicos da Síria, no fim de um conflito que agora, sim, só agora, já opõe sírios contra sírios, para lá dos combatentes estrangeiros. Porque os familiares dos que pereceram sob as balas, inevitáveis, do regime, se voltam contra ele, compreensivelmente.

A maioria dos políticos, ao longo dos séculos, tem sido constituída por seres abomináveis, desprovidos de quaisquer sentimentos humanos. Por isso se diz que não se faz política com bons sentimentos. Creio, porém, que os políticos do nosso tempo exageram na sua insensibilidade, na procura de louros e riquezas que não levarão para o túmulo, pois sendo todos nós mortais, eles morrerão inexoravelmente. Alguns ainda terão pessoas para lhes depor algumas flores sobre os caixões; outros, só pessoas que irão escarrar sobre os seus túmulos.

Soubemos hoje que o sheikh Muhammad Al-Buti, imam da Mesquita dos Omíadas, em Damasco, morreu numa explosão provocada por um bombista suicida, que provocou mais 42 mortos e 84 feridos. O atentado teve lugar dentro da mesquita de Al-Mezzeh, no centro da cidade.

O pacífico povo sírio, que tão bem conheci, e que sempre aspirou à paz e a uma vida normal, está hoje enlouquecido. Os poderes exteriores que provocaram esta hecatombe assistem, insensíveis, à acção dos demónios que soltaram da sua caixa infernal.

QUE A MALDIÇÃO DE ALLAH (para os que são crentes) FULMINE TODOS OS RÉPROBOS.

quarta-feira, 20 de março de 2013

DEZ ANOS DEPOIS


A verdadeira bandeira do Iraque


Ocorre hoje o décimo aniversário da invasão anglo-americana do Iraque, em que participaram forças armadas de outros países. A decisão final (pelo menos formal) foi tomada na vergonhosa Cimeira das Lajes, onde foi anfitrião o então primeiro-ministro de Portugal e actual presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso. Participaram três figuras sinistras que hoje já não estão no poder: o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair e o presidente do governo espanhol, José Maria Aznar.

A invasão e destruição do Iraque prenunciou a destruição do Médio Oriente, que prossegue hoje com a guerra civil na Síria. Só no Iraque, o número de iraquianos mortos, feridos, estropiados, desalojados, emigrados, loucos, deficientes ronda os cinco milhões (5 milhões de vítimas). Além dos soldados estrangeiros feridos e mortos.

Nenhum dos responsáveis desta verdadeira carnificina, assente em flagrantes mentiras, conforme já se sabia então e foi mais tarde amplamente comprovado, foi submetido a julgamento e por isso os seus crimes de guerra e contra a Humanidade permanecem impunes.

Muito se escreveu sobre o assunto durante estes dez anos. O "Público" procede hoje a um resumo dos acontecimentos. As armas de destruição maciça não existiam. A Al-Qaida até era combatida por Saddam Hussein. Desde então o fundamentalismo islâmico não pára de progredir.

Temos já razões de nos interrogarmos se a chamada "Primavera Árabe", a coberto de boas intenções, não foi desencadeada pelos mesmos artífices da invasão do Iraque com o intuito de desestabilizar todo o Mundo Árabe, à excepção, por agora, das petro-monarquias da Península Arábica.

As guerras, ao longo da História, sempre foram más, mas afigura-se que o cinismo da nossa época ultrapassa o inimaginável.

Aos autores morais (eles nunca são materiais, estão sempre nos seus gabinetes) desta tragédia só poderemos desejar que, na hora da verdade, a terra lhes seja bem pesada.

O BANDO DOS QUATRO

Para que possamos reflectir com a conveniente serenidade. Quem são, ou foram, estes homens???

Google, Amazon, Apple et Facebook : main basse sur la culture !

La "bande des 4" domine les industries mondiales du contenu, à mesure que ces dernières basculent dans le numérique. Au risque de menacer notre souveraineté ?


De gauche à droite : Larry Page, fondateur de Google; Jeff Bezos, patron d'Amazon; Mark Zuckerberg, fondateur de Facebook et Tim Cook, PDG d'Apple. (Photos Sipa)
De gauche à droite : Larry Page, fondateur de Google; Jeff Bezos, patron d'Amazon; Mark Zuckerberg, fondateur de Facebook et Tim Cook, PDG d'Apple. (Photos Sipa)
Ils l'aiment, notre culture ; ils la bichonnent, notre vie privée. Ils les vénèrent ! Jeff Bezos, le patron d'Amazon, est un grand lecteur marié à une romancière. Steve Jobs, de son vivant, était tellement épris des artistes qu'il se plaignait de n'avoir "jamais passé autant de temps à convaincre les gens de faire ce qui est le mieux pour eux" !
Mark Zuckerberg, le fondateur de Facebook, ne se contente pas de connecter plus d'un milliard d'humains, il le fait de manière res-pon-sable : "Nous existons à l'intersection de la technologie et des problèmes de société, et nous consacrons beaucoup de temps à réfléchir à l'une comme aux autres." Et qui ne connaît pas le leitmotiv de Google : "Don't be evil" ("Ne soyez pas malveillants") ?

Les maîtres du numérique à l'échelle mondiale

Derrière ces belles paroles se cache une réalité moins idyllique. La "bande des quatre" règne sur les marchés qu'elle a pris d'assaut. Reçus comme des chefs d'Etat, leurs PDG sont reconnus pour ce qu'ils sont : les maîtres du numérique à l'échelle mondiale. Même Eric Schmidt, l'ex-PDG de Google, reconnaît qu'"on n'a jamais vu quatre entreprises grandir ensemble à cette échelle". Amazon a décimé les librairies et menace les éditeurs, Apple a bouleversé l'industrie musicale et exerce un droit de veto sur ses applis, Facebook possède - et vend - les milliards d'informations, photos, vidéos que nous lui fournissons gracieusement, Google contrôle près de 80% du marché des moteurs de recherche.
Les quatre géants "déterminent de façon disproportionnée ce qu'est l'Internet - une réalité très éloignée de la vision originale d'un réseau entre égaux. S'il a pu exister dans le passé une notion d'Internet immune par nature à la monopolisation, le présent montre à quel point ceux qui y croyaient ont pris leurs désirs pour des réalités", remarque Tim Wu, professeur à l'Université de Columbia et spécialiste de la lutte antitrust (auteur de "The Master Switch", Borzoi Books, 2010), un front sur lequel Google a gagné la première manche aux Etats-Unis, écopant d'une simple réprimande de la part des autorités.

Culture et vie privée, le cœur et les poumons d'une démocratie

Cette réalité est d'autant plus troublante qu'il ne s'agit pas de marchés ordinaires : culture et vie privée sont le cœur et les poumons d'une démocratie. Prenez Amazon. Depuis que Jeff Bezos a lancé sa machine de guerre, quelque 2.000 librairies américaines ont mis la clé sous la porte, une tendance qui s'accélère avec le succès des livres électroniques, dont Amazon contrôle 60% du marché aux Etats-Unis. Les éditeurs sont maintenant dans la ligne de mire du géant de Seattle, qui a commencé à publier et souhaite crever le prix plancher de 10 dollars par livre.
Diapo milliardaires high tech - Jeff Bezos
Jeff Bezos, patron d'Amazon, lors de la présentation du Kindle. (The Yomiuri Shimbun via AP Images)
Amazon jure seulement vouloir "bousculer" un système obsolète. Mais les conséquences de son blitzkrieg sont profondes. "Amazon veut capturer le marché américain des livres en le faisant migrer de force vers l'internet, où il peut plus facilement éliminer ses concurrents", accuse Paul Aiken, le directeur de la Guilde des Auteurs. "D'ici à cinq ans, 80% des ventes de livres à succès se feront en ligne", prédit Mike Shatzkin, un consultant respecté.
Les librairies seront-elles encore le lieu où l'on découvre accidentellement un auteur ? Pas sûr. Les points de vente seront tellement peu nombreux !"
Morgan Entrekin, patron de Grove/Atlantic, le plus important éditeur indépendant, ne se sent personnellement "pas menacé" par l'éditeur Amazon, mais il a ce conseil pour Jeff Bezos :
J'espère qu'il réalise que le succès ne signifie pas que tous ses concurrents doivent mourir. Il faut qu'il comprenne qu'il a une très grande responsabilité sociale : s'il s'apprête à contrôler la distribution de l'information dans notre société, il doit en mesurer les conséquences."
Nick Hanauer, un millionnaire de Seattle qui fut l'un des premiers investisseurs dans Amazon, défend mordicus la stratégie de la société :
Ce qui compte, dans les livres, c'est la bataille des idées, pas le support papier ou la librairie de quartier dans laquelle il était vendu. Je ne crois absolument pas que Jeff Bezos soit l'ennemi des livres."
Mais il reconnaît aussi le côté capitaliste pur et dur de son ami : "Jeff se fiche du sort de la petite librairie française de province, parce qu'il laisse au marché le soin de faire le tri. Au bout du compte, il s'agit simplement de savoir si Jeff Bezos sera riche ou non."

Agressivité sans états d'âmes

Cette agressivité sans états d'âme, on la retrouve chez Facebook, Google ou Apple. Difficile, en ce qui concerne Facebook, de dire ce qui est le plus troublant : sa part de marché écrasante, ses manœuvres pour que les utilisateurs "partagent" leurs données ou l'âpreté avec laquelle elle rentabilise cette manne d'informations. "Zuck" s'est justifié en expliquant que "les gens sont devenus très à l'aise avec l'idée, non seulement de partager plus d'informations et des infos de types différents, mais de le faire ouvertement et avec davantage de monde". Le "rôle" de Facebook serait donc d'"innover et mettre au jour" son offre pour "refléter ce que sont les normes sociales actuelles" - ou ce que Mark Zuckerberg décrète qu'elles sont...
Mark Zuckerberg Facebook
Mark Zuckerberg dévoile le nouveau design de Facebook à Menlo Park (Californie), le 7 mars 2013 (Jeff Chiu/AP/SIPA).
Google ? L'enfant prodige de Larry Page et Sergey Brin, qui domine de la tête et des épaules les moteurs de recherche, a failli faire main basse sur la distribution en ligne de millions de livres, a raflé une bonne partie des ressources publicitaires de la presse et contrôle une grande partie des vidéos échangées dans le monde, via YouTube.
"Google veut devenir le système d'exploitation de nos vies, la société qui gère le flot de données dans tous les aspects de notre vie - quand nous sommes au volant, marchons, bavardons avec nos amis, etc.", résume Siva Vaidhyanathan, professeur à l'Université de Virginie et auteur d'un livre sur "la Googlisation de tout" ("The Googlization of Everything", University of California press, 2011).
Larry Pages
LARRY PAGES - 39 ans - ETATS-UNIS - 23 milliards de dollars. Origine de la fortune : inventeur du procédé PageRank, cet informaticien est le co-fondateur et l'actuel PDG de Google. (SIPA)
"Leur part du marché des moteurs de recherche n'est pas l'important", explique le professeur. "Ce qui compte, c'est ce qu'ils font de leur pouvoir. De plus en plus, Google cherche à couper l'herbe sous le pied de la compétition en offrant des services que des sociétés plus petites pourraient proposer."
Un nombre croissant de PME en Europe soupçonnent les résultats de recherche de Google de ne pas être exhaustifs et pertinents, mais biaisés à son seul bénéfice. En outre son service de vidéo en ligne YouTube est peut-être, estime le professeur Siva Vaidhyanathan, "l'activité qui a le plus d'influence en termes de culture et de politique. Regardez l'affaire du film insultant le Prophète : YouTube a une responsabilité incroyable, quant à la façon dont les gens perçoivent le monde."
[WEEK END] Google, Amazon, Apple et Facebook: main basse sur la culture !
Tim Cook, PDG d'Apple. (Sipa)
Reste Apple, qui, lui, n'a pas besoin de détenir une part de marché dominante pour être profitable. Sa façon à lui de capturer ses utilisateurs est de les maintenir dans un écosystème fermé. Cela lui permet d'offrir une "expérience" aussi esthétique et intuitive que le sont ses gadgets, par le biais de son système d'exploitation, d'iTunes et des applis. Les clients d'Apple sont consentants. La presse, pour laquelle Apple prélève une commission de 30% sur les abonnements iPad tout en gardant la propriété des fichiers d'abonnés, est, elle, obligée de passer à la caisse...

Concurrence, éthique et "solutionisme"...

Les justifications que donnent ces quatre géants sont multiples. Le monde de la technologie évolue à toute vitesse, disent-ils, la concurrence est seulement "à un clic de distance". Vrai, Google et Facebook se livrent une concurrence acharnée sur les réseaux sociaux et la recherche, Google et Apple vont se lancer dans le streaming musical, Amazon et Netflix se bagarrent pour le streaming de films à la demande... Mais "pour les activités centrales à leurs business, ces quatre n'ont pas beaucoup de concurrence", rappelle Vaidhyanathan.
Deuxième justification : ces sociétés seraient intrinsèquement "bonnes", pétries d'éthique, n'ayant à l'esprit que l'intérêt de leurs utilisateurs. "Quand nous nous sommes attelés à la création du Kindle, nous nous sommes demandé : 'Qu'est-ce qui pourrait être plus important que de permettre à quiconque, où que ce soit dans le monde, d'avoir accès à un livre ?', indique Ian Freed, directeur de Kindle chez Amazon. Personne ne met en question l'utilité de leurs services et produits, mais le profit et la domination des concurrents sont une préoccupation constante pour ces sociétés.
Troisième logique, encore plus troublante : une foi totale dans la capacité de la technologie à offrir une solution à tous les problèmes, qu'ils soient triviaux, sociétaux ou métaphysiques. "Ils sont guidés par cette idéologie perverse et dangereuse que j'appelle 'solutionnisme'", écrit l'essayiste Evgeny Morozov dans le "New York Times" : "une pathologie intellectuelle qui identifie les problèmes en tant que tels en fonction d'un seul critère, à savoir si l'on peut leur donner une 'solution technologique clean et sympa (...). Les solutionnistes se fourvoient en assumant les problèmes comme tels plutôt que de les questionner. Avec les marteaux numériques de la Silicon Valley, tous les problèmes ont tendance à ressembler à des clous, et toutes les solutions, à des applis."

Nas fotos: Jeff Bezos (Amazon), Mark Zuckerberg (Facebook) , Larry Pages (Google) e Tim Cook (Apple).

terça-feira, 19 de março de 2013

CARTA ABERTA AOS INGLESES




Transcreve-se a Carta Aberta que o antigo primeiro-ministro francês, Michel Rocard, endereçou aos "seus amigos ingleses" e que o Nouvel Observateur publicou no seu nº 2522, de 7-13/3/2013:

(Longa, mas prenhe de interesse)


"VOTRE PEUPLE SOUHAITE LA SÉPARATION? QUE NE LE SUIVEZ-VOUS?" 

 Lettre ouverte à mes amis anglais 

Tout en saluant les relations privilégiées que nous avons longtemps entretenues avec Londres, l'ancien Premier ministre estime que les Britanniques devraient être conséquents : accepter la construction d'une Europe unie ou... partir 

 MONSIEUR LE PREMIER MINISTRE, CHERS AMIS ET VOISINS BRITANNIQUES,

Vous venez de décider que dans moins de deux ans le Royaume-Uni choisira par référendum de rester membre de l'Union européenne ou de la quitter. C'est une décision considérable et, pour nous Français, d'une émouvante gravité.

J'appartiens à cette grosse dizaine de millions de Français qui sont nés avant la dernière guerre mondiale. Nous l'avons subie, et suivie, dans la peur et la honte. La seule lueur d'espoir qui subsistait portait les couleurs de votre drapeau. Votre immense courage a d'abord sauvé l'honneur en Europe, puis, appuyé par les Américains et les Russes, assuré la victoire et consolidé la démocratie.

Enfant, j'avais pendant quatre ans affiché des cartes d'Europe, d'Afrique du Nord et d'Asie occidentale sur les murs de ma chambre, où je piquais de petits drapeaux anglais, puis américains ou russes, marquant l'avancée des troupes.

Et naturellement, à l'heureuse fin de tout cela, la première fille que j'ai aimée fut anglaise.

Nous avons eu - nous avons - avec vous des relations comme nous Français n'en avons jamais eues avec personne d'autre. Ni avec Israël que pourtant nous fûmes seuls à aider pendant les quatre premières années décisives de sa vie d'Etat indépendant. Ni avec l'Algérie proche où le mélange des sangs versés et des populations n'a pas pu créer la fraternité, ni avec les Etats-Unis, que nous eûmes fierté à aider à se libérer de vous, et qui bien normalement sont en train de l'oublier, ni non plus avec l'Allemagne avec qui, réconciliés, nous vivons une manière de mariage de raison qu'expliqué seulement votre retrait.

Ce qu'il y a entre vous et nous est unique et irremplaçable, mais n'est pas arrivé à changer notre nature profonde, ni chez vous ni chez nous.

Vous n'êtes pourtant pas pour rien dans l'effort de résurrection qu'en tant qu'Européens nous nous acharnons à poursuivre. C'est l'immense Churchill qui en 1946 à Zurich, réfléchissant sur le drame récent, prononça ces phrases inouïes: « Vous les Européens, devriez tenter de construire quelque chose comme les Etats- Unis d'Europe. Y réussiriez-vous que vous auriez le soutien immédiat et enthousiaste de la communauté britannique des nations, et presque aussi sûrement celui des Etats-Unis d'Amérique. Il y a lieu dépenser que la grande Union soviétique puisse y être favorable, auquel cas tout serait résolu. » Churchill voyait l'Europe faite, et la Grande-Bretagne à l'extérieur...

On se mit à la tâche. Des prophètes à la haute stature, Jean Monnet, Robert Schuman, Konrad Adenauer, Alcide De Gasperi, Paul-Henri Spaak accomplirent une tâche de géants. Vous fûtes indifférents à la création de la Communauté européenne du Charbon et de l'Acier. C'était une affaire de continentaux... donc seconde. Vous avez souri sarcastiquement lorsque nous nous sommes empêtrés dans un projet de Communauté européenne de Défense, dont vous ne vouliez à aucun prix mais pensiez surtout qu'elle ne vous concernait pas. L'idée pourtant était forte. Produite par la France, très soutenue par cinq autres nations, elle fut tuée par la France.

Nous étions à ce moment six nations membres de la Ceca. Inquiets et navrés de voir l'effort ainsi interrompu, nous entreprîmes quelque chose d'infiniment plus ambitieux. Je n'ai pas le souvenir que vous ayez accordé la moindre attention à la Communauté européenne de l'Energie atomique, beau traité rédigé, signé et ratifié dans l'enthousiasme et l'unanimité, toujours à six, que, depuis, la France, de l'intérieur, a systématiquement vidé de son contenu pour conduire sa propre politique nucléaire. Nul n'est parfait dans cette affaire, nous pas plus que vous...

Mais vient en même temps l'idée de la Communauté économique européenne, un embryon de vraie fédération. Là, vous vous déchaînez. La quasi-totalité de vos responsables politiques, ministres et parlementaires, dénoncent, condamnent et éructent... Vous aviez déjà laissé se créer chez vous, au nom de la liberté, paraît-il, une presse vulgaire, coutumière de l'insulte et de l'outrance.

Ce fut un festival. Vous avez tout essayé pour briser l'idée dès la naissance, jusqu'à l'improbable Zone européenne de Libre Echange. Mais cela n'a pas marché, la CEE se crée. Ce fut au début un immense triomphe. L'ouverture du marché intérieur permit un accroissement fulgurant du développement. Gérer ensemble nous réconciliait. Et vous n'y étiez point.

Il nous faut pourtant vous comprendre. Depuis un millénaire, du continent, vous n'avez reçu que des ennuis : guerres, menaces d'invasion, épidémies, deux guerres mondiales nées hors de vous, qui vous obligent à intervenir pour mettre fin aux désordres du continent... et y perdre un million d'hommes.

Et surtout, c'est votre grandeur, avec l'habeas corpus vous fûtes les créateurs des droits de l'homme. Il fallut trois cents ans pour que vous commenciez à être imités sur le continent... Ce n'est pas très longtemps après que, pour contrôler et limiter la dépense royale vous sûtes confier ce rôle à une Assemblée populaire nommée Parlement: vous êtes les créateurs de la démocratie. Il fallut deux siècles, beaucoup de violences et de révolutions pour que le continent vous suive. Nous savons, nous assumons, pour vous nous sommes des barbares.

Au demeurant pendant bien des siècles votre politique extérieure eut pour objet de vous protéger de nous. Le continent devait rester divisé. Vous fûtes tout au long alliés de la deuxième puissance militaire du continent pour affaiblir le poids de la première et cela de manière rotative. Autriche, Russie, Pays-Bas, Prusse, Espagne, enfin la France pour le dernier siècle, furent alternativement et brièvement vos alliés.

Il n'y a pas de mystère à ce que vous ayez la hantise de voir un tel continent s'unir. Il ne pourrait en venir que du désordre et du drame.

Mais comprenez-nous aussi. Ce n'est de la faute de personne si, en Europe, une grosse douzaine de communautés linguistiques ont su pendant des millénaires résister les unes aux autres au point d'y interdire le développement logique du pouvoir comme sur les autres continents. Le pouvoir naît de la force nécessaire à la sécurité. La légitimité interne de sa police vient de ce que chaque peuple est fondé à se croire pour lui-même pacifique et fraternel. La violence, l'agression viennent toujours de l'autre, l'étranger, le barbare, celui qui n'a pas la même couleur de peau, prie autrement et parle différemment. Il faut repousser le plus loin possible les frontières du pays connu, solidaire et défendu, jusqu'aux limites du monde explorable avec les moyens de l'époque. Le Japon dans ses îles, la Chine, l'Inde ont connu cette histoire, comme aussi Cyrus de Perse, Alexandre de Macédoine, la Haute-Egypte, Rome et plus tard la Russie. Comme encore l'empire aztèque ou l'empire inca, et même, moins connus parce que leur culture n'était pas écrite, l'empire zoulou, celui du Bénin, celui du Ghana, celui du Mali, séparés par quelques siècles et durant chacun quelques siècles.

Rien de pareil en Europe : douze ou quinze pôles de résistance, d'abord linguistiques. Nous nous entredéchirons depuis un millénaire. Votre insularité et votre empire vous ont épargné ce destin.

Pourrez-vous nous comprendre ? Nos nations continentales sont lasses de cette faiblesse, de cet émiettement et de leur impuissance. Tous nos conflits ont eu pourtant leur fertilité: la civilisation contemporaine, cultivée, mécanique et démocratique, s'est créée chez nous, avec vous d'ailleurs. Nous avons commandé le monde, nous sommes en train de disparaître de son ordonnance. C'est une immense frustration. Cela fait un peu peur, en même temps.

Nous ne sentons guère chez nos voisins russes la même propension à vivre dans la démocratie et la paix que chez nous. Nous savons l'immense Chine, en train de prendre la dominance du monde, porteuse d'une très ancienne sagesse, mais capable aussi de vouloir se venger de la longue humiliation que nous avons contribué à lui infliger.

Et puis, il faut bien le dire aussi, parce que cela fait partie du problème, nous ne sommes qu'à demi rassurés par nos amis communs américains. Maîtres financiers du monde comme vous l'étiez il y a un siècle, ils furent beaucoup moins sérieux que vous : ils ont privilégié et installé la spéculation, créant par là cette crise dans laquelle nous nous débattons. Ce peuple jeune à l'histoire courte est, probablement pour cette raison, trop fier de son immense force et trop heureux de s'en servir, ce qu'il fait à tout propos... C'est notamment avec l'Islam aussi qu'il faudra faire la paix du monde, par exemple.

Bref, vous l'avez compris et c'est clair, depuis la Seconde Guerre mondiale qui signa leur déclin, les nations fatiguées et vaincues du vieux continent européen veulent se ressaisir et sont décidées à redevenir fortes. Vous ne fûtes ni envahis ni vaincus: vous ressentez moins ce besoin. C'est normal et légitime. Mais pour nous c'est une condition de survie, mieux encore la seule ouverture possible d'un avenir créateur à la taille mondiale. Plus clairement, nous avons l'impression nette que le modèle de société qui nous unit, démocratie, droits de l'homme et sécurité sociale, n'est guère représenté ailleurs, même si beaucoup nous l'envient. Notre continent sait qu'il lui faut devenir une force politique puissante pour le défendre, le consolider et l'exporter.

Et nous voilà en route. Il y faut une organisation des interdépendances, des traités, des institutions communes. Il y faut un commandement aussi. Au tout début, le commandement n'est pas le plus nécessaire. L'enthousiasme et la convergence des volontés suffisent. On peut accepter le commandement évanescent et le pilotage flou si les intentions s'accordent, et cela d'autant plus que le contexte est étonnamment porteur. Que cela commence par un succès étonnant vous posa un problème. Il était évidemment vital pour la Grande-Bretagne d'être présente sur ce qui commençait par être un marché commun, même si vous l'aviez rejeté, vilipendé et condamné.

Maïs l'attirance commerciale fut la plus forte. Vous demandez à entrer, en 1963. De Gaulle commença par dire non mais vous êtes tenaces. Vous entrez en 1972.

Très vite vous bénéficiez des avantages commerciaux que vous saviez devoir trouver, et découvrez en même temps la vigueur de l'espoir fédéraliste des nations fondatrices, la fragilité des mécanismes de décision, et la grande facilité qu'il y a à tout bloquer.

Il faut vous rendre hommage. Entre votre adhésion et aujourd'hui, soit quarante ans tout juste, vous fûtes le pays le plus discipliné dans la transposition interne des directives européennes. Vous fûtes aussi inlassables qu'efficaces dans l'européanisation des normes, des standards et des comportements de marché sans lesquels il n'y a pas de vraie pratique commerciale commune.

Et vous fûtes aussi efficaces dans le combat permanent contre tout pas en avant nouveau vers un peu plus d'intégration et de commandement supranational.

C'était superbe à observer: absolue continuité historique, absolue solidarité droite-gauche, absolue discipline de tous vos hommes -et femmes- commissaires, députés et fonctionnaires. Il n'y a que vous pour être capables de cela. C'en était admirable. Et vous avez gagné : tous les élargissements se font, pour diluer l'entité collective, aucun approfondissement jamais, des accords contraires aux traités s'il le faut - optingout, « I want my money back» - aucun leadership européen n'a jamais pu émerger, la fiscalité, le cœur du droit social, la politique étrangère demeurent extérieurs au progrès communautaire, la Commission inhibée se tait, et devient une annexe technique du Conseil.

L'Europe est sans voix comme sans volonté, comme vous l'aviez voulu. Mais l'histoire va vite, et les temps changent. Le capitalisme s'essouffle, la croissance ralentit, chômage et précarité se développent. Surtout la finance dérégulée commande à l'économie et aux nations, puis devient folle.

Après l'éclatement de la bulle des subprimes, suivie de sa dilution par la technique malhonnête de la titrisation mélangeant créances saines et douteuses - dont la City et donc vous-même êtes les inventeurs- vient l'énorme crise bancaire des années 2007 et 2008 : plus d'un millier de banques en faillite, dont quelques-unes chez vous. On redoute la réédition de 1929, un krach boursier transformé en récession profonde et-durable par la réaction malthusienne de toutes les puissances publiques. Mais en 2008 l'Europe se tait.

Une complicité intelligente et innovante de votre Premier ministre de l'époque, Gordon Brown, avec notre président Nicolas Sarkozy conduit le G20 à éviter ce risque en appelant les Etats, et donc les contribuables, à la rescousse.

Tout cela était mondial. On appela par convention « Europe » le ralliement des autres membres de l'Union à la position défendue par Messieurs Brown et Sarkozy, soutenue du bout des lèvres par Mme Merkel.

On avait négligé au passage un événement important survenu entre-temps. Dans vos victoires contre l'intégration européenne vous n'aviez pas pu éviter que la volonté fédéraliste des fondateurs n'arrache son dernier succès, la création d'une monnaie unique, l'euro.

Cette création ne doit rien à la nécessité économique, nulle sur ce point, et tout à la vision géopolitique, la nôtre, pas la vôtre. Un de vos délicieux journaux avait même qualifié l'euro de « monnaie papier hygiénique»...

Mais c'est bien sûr l'Europe à 27 donc avec vous, qui en avait accepté la création, sans que tout le monde s'y joigne. Il n'y avait par conséquent ni organe politique ni commandement de gestion, hors la Banque centrale.

Or depuis vingt ans, depuis le ralentissement de la croissance, tous les Etats s'étaient beaucoup endettés. L'appel aux contribuables pour traiter la crise bancaire privée a massivement aggravé la situation. Les Etats les plus faibles deviennent insolvables. Pour certains d'entre eux, à commencer par la Grèce, la dette est en euros. Les marchés ne font pas le détail, une menace venant de la petite Grèce est une menace pour l'euro.

La sortie de l'euro étant à la fois effrayante et impossible, les Etats de la zone euro, Allemagne comprise, finissent par comprendre que la résistance à cette menace exige un niveau de solidarité monétaire et budgétaire bien supérieur à celui qui est actuellement organisé. Or l'illusion n'est pas permise. Solidarité budgétaire veut dire solidarité politique, parce que le budget, c'est polyvalent. Le hasard du traitement ponctuel d'une difficulté monétaire de court terme nous oblige à recourir à des outils puissants et permanents, ceux mêmes qu'appelaient les principes et les objectifs retenus par les pères fondateurs. Surprenante occurrence...

Nous décidons donc de reprendre les négociations pour l'approfondissement de notre solidarité et de sa gestion. Pour la première période budgétaire cela vient d'être fait, douloureusement mais c'est fait. Pour l'ensemble des institutions cela commence à peine.

C'est le moment que vous choisissez pour vous interroger sur votre appartenance.

Chers amis anglais, il faut préserver le respect mutuel entre nous. Nous vous concédons beaucoup de droits dans l'Union, mais pas celui de nous empêcher de poursuivre les objectifs pour lesquels elle a été créée.

Dussiez-vous décider de rester parmi nous, je gage que vous n'auriez pas abandonné pour autant votre refus de l'Europe-entité politique de plein exercice. Or nous avons rouvert le chantier. De semaine en semaine vous verriez revenir dans les débats des projets de décisions intégrantes, sur tous sujets. Vous vous battrez, ce sera intenable.

Je devine sans peine qu'ici vous souriez en me lisant : vous pensez pouvoir compter dans ces batailles sur le soutien de près de la moitié d'entre nous.

Il est vrai, au demeurant, que celles des nations au sein de l'Union que la géographie et l'histoire ont empêché de grandir ont fini, après avoir passé bien des siècles à subir dominations et souffrances, par renoncer à tout espoir de maîtriser leur destin. Ce qu'elles cherchent, c'est une échappatoire ou une protection contre les tracas du monde, un refuge ou, comme certaines l'ont dit, une grande Suisse.

Prenez-y garde, amis anglais. Cette résignation n'en fait pas des complices de votre propre vision d'avenir pour vous et pour le monde, qui est d'une toute autre nature. Et ces mêmes nations, pour avoir baissé les bras, n'en savent pas moins que si seules devant une tornade monétaire mondiale, ou le réchauffement climatique, ou l'excès d'endettement dans une monnaie collective, elles ne peuvent en effet rien, l'Union, elle, en revanche, a les moyens potentiels de la riposte et de la vraie protection.

Et puis enfin, notre âpreté à renouer avec le projet initial se renforce de craintes très contemporaines. La première vise la sortie de la multicrise actuelle, chômage, explosion financière menaçante, dettes souveraines et réchauffement climatique pour s'y limiter.

Nous ne sommes pas naïfs au point de penser qu'en quelques années notre effort renouvelé pourrait enfin donner à l'Europe l'unité de vues et le leadership qu'elle n'a pas su trouver depuis l'origine. Mais déjà plus de solidarité et de discipline autour des accords ponctuels et épisodiques passés entre quelques-uns de nos chefs de gouvernement et qualifiés d'européens, pour cacher la misère institutionnelle, sont à nos yeux nécessaires à cette sortie de crise. Or déjà de cela vous ne voulez pas. On se disputera, on s'agressera.

La deuxième crainte est plus lourde. Elle est à l'horizon d'un quart de siècle à peine. Dans ce temps l'Asie, largement conduite par la Chine, produira la moitié du produit brut mondial, initiera la moitié du commerce international et aura le leadership à l'OMC, au FMI et dans sans doute d'autres institutions mondiales.

C'est alors qu'il faudra établir les conditions des échanges mondiaux entre pays à niveaux de salaires et de protection sociale profondément différents.

Ni la Chine ni l'Inde ne sauront ni ne voudront distinguer entre la petite trentaine de contrées rassemblées dans une Union floue à l'autorité incertaine. Il y faudra un géant parlant fort et d'une seule voix, sachant traiter chez lui les conflits d'intérêts secondaires, capable enfin de traiter et de se faire obéir. Vingt ans pourront à peine suffire à son émergence. Voilà pourquoi nous recommençons à vouloir faire l'Europe. Il faut être très clair. C'est le concept de souveraineté nationale qui est en cause. Ce concept puissant, historiquement décisif, a permis la cristallisation sur des territoires identifiés et définis de la sécurité, du droit et du peuple. Il a permis, par là, la civilisation. Ce fut inouï. Mais ledit concept est maintenant à bout de souffle. Et puisque tous les lourds problèmes que nous affrontons tous aujourd'hui sont maintenant continentaux sinon mondiaux, il est devenu contre-productif. C'est pour le dépasser que nous voulons l'Europe unie ou fédéraliste.

Pour dire la même chose en d'autres termes, ma peur principale en tant que Français pour l'avenir long de mes enfants et petits-enfants concerne l'absence de commandement en Europe, infiniment plus que ne m'inquiéterait, s'il est efficace, un commandement étranger, fût-il allemand.

Il paraît aujourd'hui évident que votre vision est totalement étrangère à celle-là.

Au reste, et pour être loyal comme c'est bien l'intention de toute cette lettre, je ne vous comprends pas. Je ne devine pas l'intelligence profonde du projet britannique d'isolement. Je le crois même suicidaire pour vous, signe évident que son sens historique m'échappe. Mais c'est votre choix et votre affaire.

Nous sommes aujourd'hui, le Royaume-Uni et l'esquisse d'Union, agrippés l'un à l'autre comme des boxeurs au corps à corps dans un combat furieux où chacun cherche à empêcher l'autre de se forger un avenir selon le chemin qu'il a choisi.

Dans une telle situation, on se méprise et s'énerve.

C'est ce climat, Monsieur le Premier ministre, qui vous a conduit, voici peu, choisissant un prétexte fiscal futile, à insulter gravement mon pays. La différence entre l'insulte entre nations et l'insulte privée, c'est que dans le second cas il existe des tribunaux de proximité pour évaluer le dommage, prescrire la compensation et rendre ainsi possible l'oubli. Dans le premier cas, seule l'histoire s'en charge. Mais elle, qui n'oublie rien, est vengeresse et méchante. Le Premier ministre David Cameron a annoncé le 24 janvier qu'il organiserait, s'il était réélu en 2015 un référendum sur le maintien de la Grande-Bretagne au sein de l'Union européenne.

Or le climat qui persistera si vous décidez de rester parmi nous ne pourra que multiplier les causes d'aigreur et d'irritations, les occasions de recourir à ce langage. Mieux vaudrait éviter cela.

Votre peuple l'a d'ailleurs bien compris, lui qui répond aux deux tiers à chaque sondage qu'il souhaite cette séparation... Serions-nous déjà si indignes à ses yeux? Mais surtout, que ne le suivez-vous?

Au reste, pourquoi décideriez-vous finalement de rester? Ce sont vos banques et la City qui le demandent... Et il est vrai qu'elles font beaucoup de profit à gérer les conséquences financières de la paralysie institutionnelle que vous contribuez à pérenniser...

Monsieur le Premier ministre, chers amis britanniques, épargnez-nous et épargnez-vous cette décision pour ce motif. Ce ne serait digne ni de vous ni de nous.

Le mot me vient naturellement sous la plume : il nous faudrait savoir conclure cette affaire en gentlemen. Or la définition du gentleman est toute britannique. L'élégance en est la première exigence.

Votre départ serait élégant. Vous y retrouveriez du panache, et par là favoriseriez la renaissance d'une amitié qui ne demande qu'à se réveiller.

C'est avec ce souci d'élégance que je vous présente pour terminer tout ce qui me reste de sentiments amicaux à votre endroit. J'espère ne pas vous surprendre en vous disant que tout de même il en reste beaucoup !

MICHEL ROCARD 

RETALIAÇÃO NAZI


 Transcrevemos, pelo seu interesse público, o seguinte post do blogue "Politeia":

RETALIAÇÃO NAZI



O ASSALTO AOS DEPÓSITOS EM CHIPRE
 
O que se passou no último conselho do Eurogrupo, na noite de sexta e na madrugada de sábado passados, assinala uma nova etapa na condução da União Europeia na defesa do capital financeiro em estreita aliança com objectivos nacionais hegemónicos, protagonizados pela Alemanha.

Até ao presente nunca o FMI tinha usado ou imposto tal meio nos países por ele intervencionados. Embora o Fundo desempenhe no plano internacional o papel de ponta de lança do capital financeiro, nunca FMI, nas múltiplas situações em que tem actuado, esteve em condições de aplicar uma medida semelhante por razões que bem se compreendem. No quadro de uma pura relação bilateral, como foram todas aquelas em que o FMI tinha intervindo até ser chamado pela Alemanha para a ajudar a defender o euro, seria politicamente muito difícil fazer a aplicação de tal meio. Todavia, num quadro profundamente anti-democrático, como é o da União Europeia, politicamente hegemonizado pela Alemanha com a participação de governos colaboracionistas, o FMI (e o capital financeiro que ele representa) já não teve qualquer problema em aceitar a aplicação de uma medida tipicamente nazi.

De facto, a decisão de confiscar uma percentagem de todos os depósitos dos bancos cipriotas é, pela sua natureza aleatória e pela completa ausência de causalidade entre a falência do sistema financeiro cipriota e os capitais nele depositados, um acto de retaliação tipicamente nazi.

Apanham-se os que estão por perto, que nada têm a ver com o acto que se pretende reprimir, para prevenir, pela brutalidade e pela arbitrariedade, a repetição de actos de natureza semelhante.

Sendo o acto em si é a todos os títulos condenável, poderia supor-se que ele é também na sua essência estúpido e irracional por verdadeiramente nada resolver quanto à causa do acto que pretende reprimir. Explicando melhor, se um atentado contra um SS (Reinhard Heydrich, por exemplo) poderia ser futuramente prevenido com um massacre de populações inocentes (Lidice, no exemplo dado), já que a respectiva resistência nacional teria doravante de passar a ponderar as consequências dos seus actos no povo que pretendia libertar ou vingar, no caso de Chipre poderia à primeira vista dizer-se que a retaliação nada resolve, por não haver uma ligação semelhante entre os detentores do capital financeiro e os depositantes. A verdade é quem assim pensar engana-se redondamente.

A retaliação decidida pela Alemanha na madrugada de sábado passado é ainda mais perversa: exactamente por não haver aquele tipo de ligação entre os depositantes e os detentores do capital financeiro é que a Alemanha espera que os capitais que antes afluíam aos bancos cipriotas, bem como muitos dos que estão depositados nos países periféricos intervencionados de facto ou de direito (Portugal, Grécia, Espanha, Itália), afluam aos bancos germânicos ou aos dos seus aliados por estas passarem a ser as únicas praças onde se podem sentir verdadeiramente seguros.

Com o tempo os processos perversos tendem a refinar-se de modo a que se possam alcançar exactamente os mesmos resultados que antes se pretendiam obter pela brutalidade física. É uma questão de ir afeiçoando os meios ao contexto do tempo em que se vive.

Dir-se-á, todavia, se assim for a Alemanha estará cavando a prazo a decadência da sua prosperidade económica em grande parte resultante do extraordinário excedente que há mais de uma década vem crescendo no seio da zona euro.

Certamente. Mas a partir daqui já entramos noutro tipo de conversa. Aparentemente assim será, embora a Alemanha possa supor que o extraordinário crescimento dos países emergentes lhe permitirá dentro de relativamente pouco tempo substituir os mercados europeus por aqueles. Embora os números não apontem nesse sentido, já que qualquer pequeno país europeu rico compra mais a Alemanha do que, por exemplo, a Índia, ela pode, por via do seu “racional irracionalismo”, caminhar mesmo assim para o fim com o entusiasmo grandioso das óperas de Wagner. Ninguém exprimiu esse pensamento melhor do que Hitler nas últimas horas da sua vida.

domingo, 17 de março de 2013

A GRANDE CONSPIRAÇÃO




Para todos aqueles (nem ouso classificá-los) que ainda acreditam que tudo o que está a acontecer na Europa e no Mundo é fruto do acaso, aconselho a leitura do livro Global Conspiracy, de David Icke, que explica muitas coisas do passado recente e do presente e, porventura, do futuro. Nem tudo será absolutamente exacto, mas é um exercício particularmente saudável. Outras obras existem sobre a matéria, devidamente documentadas, como as de Daniel Estulin, John Coleman, etc., mas não pode ler-se tudo ao mesmo tempo.

O livro de David Icke tem cerca de 600 páginas. Existe uma edição em língua portuguesa.

sábado, 16 de março de 2013

A EUROPA ENLOUQUECIDA



A decisão do Eurogrupo de aplicar um imposto extraordinário (hoje tudo é extraordinário, nos diversoso sentidos da palavra) sobre os depósitos de nacionais e estrangeiros até 12,5% (9,9% acima de 100.000 euros; 6,7% abaixo deste valor) nos bancos de Chipre, uma das medidas de resgate financeiro para o empréstimo àquela república de um montante até 10.000 milhões de euros, constitui uma notícia alarmante, que para além do prejuízo sofrido pelos próprios cipriotas (e não cipriotas) acarretará certamente "danos colaterais".

Um deles, e não é pequeno, é que, especialmente nos países em crise, a confiança nas instituições bancárias sai fortemente abalada. A decisão foi tomada de surpresa (para os cipriotas, evidentemente, que não para os dirigentes europeus) impedindo os depositantes de levantar a totalidade ou parte das suas poupanças. As contas bancárias foram já bloqueadas no sentido da retenção do valor do imposto aplicado.

Vivemos presentemente numa Europa enlouquecida, cujos dirigentes não se dão conta do caminho que trilham. Muitos perseguem uma ideia, independentemente das consequências advenientes; outros vão simplesmente atrás, ou porque se julgam igualmente "iluminados", ou porque não têm força para contrariar a tendência extorcionária e torcionária dos primeiros.

Está em curso um "rapto" da Europa, não já no sentido mitológico mas num mais prosaico contexto real. Desta vez, Zeus não leva a Europa para Creta, mas começa por concretizar o rapto em Chipre, ilhas aliás bem próximas. E Creta, pertencendo à Grécia, também se poderia incluir já nesse rapto simbólico que é o resgate daquele país.

"O Rapto de Europa", pelo Tiziano

Segundo o "Nouvel Observateur", o presidente cipriota, Nicos Anastasiades, terá declarado que a solução escolhida era a única "que nos permitia continuar as nossas vidas sem remoinhos". Também o "Público" relata a situação que se vive na ilha.

As sucessivas medidas aplicadas a diversos países da União pela própria União Europeia só podem ter uma leitura: o desejo ardente de uma confrontação não apenas social mas obviamente militar, cujas consequências não estarão a ser devidamente ponderadas pelos seus promotores. Esta não é uma conclusão alarmista, e o tempo se encarregará de o demonstrar.

sexta-feira, 15 de março de 2013

A DÍVIDA E A DÚVIDA



A conferência desta manhã do ministro das Finanças tem suscitado os mais diversos comentários, nos mais variados órgãos de informação. E também nas redes sociais. Percebo o choque das declarações ministeriais, mas não penso que devam constituir motivo de grande admiração.

Mais uma vez, ocorreu o que sempre se tem verificado desde que este Governo iniciou funções. Vítor Gaspar falhou sistematicamente até hoje todas as previsões para Portugal, mesmo tendo em conta a deterioração da situação internacional. Uma circunstância que não abona a sua apregoada competência financeira. A preocupação obsessiva e exclusiva com a dívida, ignorando a progressiva destruição do tecido económico, arrastou, e continua a arrastar, Portugal para uma situação de miséria a que só escapa a magra franja dos privilegiados, e mesmo esta a estreitar-se de dia para dia. É claro que existem ainda grandes fortunas, a maior parte das quais a repousar em bem guardados paraísos, mas isso é a excepção à regra nacional.

Contudo, parece que a vulgarmente designada troika avaliou positivamente o desempenho governamental, não obstante o não cumprimento dos prazos, das metas e da maior parte dos restantes compromissos assumidos. E é esta classificação positiva da troika que se afigura preocupante.

Sem entrar em detalhes de números, de todos já sobejamente conhecidos, e sendo as perspectivas para o futuro do país as mais sombrias, conhecidas que são as consequências da adopção de medidas de austeridade que ultrapassam o admissível (a Grécia, primeiro laboratório de ensaio, é um exemplo flagrante) e tendo em conta as sucessivas e recentes afirmações do primeiro-ministro luxemburguês, Jean-Claude Juncker, que foi presidente do Eurogrupo e conhece a situação do Velho Continente melhor do que a maior parte dos actuais governantes europeus, à dívida acrescenta-se a dúvida.

Todos (ou quase todos) os países vivem e convivem com a dívida, sendo Portugal uma excepção durante o Estado Novo. A Alemanha teve uma dívida fabulosa, perdoada parcialmente no pós-guerra e cuja parte remanescente só foi paga recentemente. Nunca, nas últimas décadas, foi exigido a qualquer Estado um esforço sobre-humano (e desumano) para a satisfação dos seus compromissos externos. Sabemos que após a desregulação económico-financeira, apadrinhada por Reagan e Thatcher, o neo-liberalismo alastrou pelo mundo. Mas não chega.

No que a Portugal respeita (e outros países, possivelmente com maior peso do que Portugal na Balança da Europa, como a Espanha e a Itália, trilham caminhos mais suaves) a dúvida que emerge é mais, muito mais, preocupante. As sucessivas medidas de austeridade do Governo, que estão a devastar o país por várias gerações (Gaspar dixit) destinam-se apenas a sanear a situação financeira, ou têm como objectivo oculto a destruição de Portugal? Cada vez se ouve mais gente a interrogar-se sobre os verdadeiros desígnios de Vítor Gaspar e se ele se encontra ao serviço da Nação ou de poderes ocultos (hoje já não tão ocultos como no passado) cujo intuito é tudo arrasar para depois edificar sobre as ruínas não se sabe bem o quê?

Será que o Governo de Portugal serve os interesses de Portugal ou se encontra ao serviço de interesses estrangeiros (porventura internacionais, já que o capital não tem pátria)?

Será a "nota positiva" da troika um presente envenenado?

Esta dúvida começa a inquietar mais os Portugueses do que a própria dívida e era bom que fosse rapidamente esclarecida. Rapidamente e em força, para citar um estadista já falecido, que poderia ter imensos defeitos, mas defendeu, contra ventos e marés, os interesses de Portugal.


quarta-feira, 13 de março de 2013

HABEMUS PAPAM




O Conclave elegeu hoje Papa o cardeal Jorge Mario Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires, de 76 anos, que adoptou o nome de Francisco I.

Quanto à orientação que imprimirá à actividade da Santa Sé, é cedo para avançar prognósticos. O tempo se encarregará de revelar o pensamento de Francisco I sobre o seu entendimento da missão da Igreja Católica.

As notas biográficas detalhadas constam das notícias da imprensa mundial.

terça-feira, 12 de março de 2013

HOMENS NUS




Para quem não teve a oportunidade de ver a notável exposição do Leopold Museum, em Viena, sobre o Nu Masculino desde 1800, que foi prolongada até o passado dia 4, devido ao extraordinário número de visitantes (mais de 400.000) durante o período inicialmente previsto, e que levou a direcção do Museu a protelar o encerramento por mais algumas semanas, recomenda-se a aquisição do notável catálogo "Nude Men - From 1800 to the present day", organizado por Tobias G. Natter e Elisabeth Leopold, e que, pelas imagens e pelo texto, constitui uma valiosa contribuição artística para o estudo do "Nu" no nosso tempo (e também através da história).

Como referimos aqui, numa curiosa experiência, o Museu abriu gratuitamente as suas portas, no passado dia 18 de Fevereiro, a todos os visitantes que quisessem contemplar a exposição totalmente despidos, iniciativa acolhida com o maior entusiasmo, a avaliar pela quantidade de pessoas que afluiram àquela prestigida instituição.

segunda-feira, 11 de março de 2013

JUNCKER ALERTA PARA GUERRA NA EUROPA



Segundo últimas notícias, o primeiro-ministro luxemburguês Jean-Claude Juncker alertou para a eventualidade de uma guerra na Europa.

Transcreve-se o texto, pela sua importância:


O chefe do Governo luxemburguês, Jean-Claude Juncker, alertou para a possibilidade de uma eventual guerra na Europa, motivada pela crise económica.

«Quem acredita que a eterna questão da guerra e paz na Europa não pode voltar a ocorrer, está completamente errado. Os demónios não desapareceram, estão apenas a dormir, como foi demonstrado pela guerra na Bósnia e no Kosovo», revelou o antigo líder do Eurogrupo em entrevista à revista alemã Der Spiegel, hoje publicada.

Uniformes nazis na Grécia e movimentos anti-europa são situações que Juncker afirma que podem potenciar um clima de tensão que poderá levar a conflitos: «A forma como alguns políticos alemães se têm referido à Grécia, um país severamente atingido pela crise, deixou feridas profundas na sociedade grega. Da mesma forma, assustou-me ver manifestantes em Atenas receber a chanceler alemã, Angela Merkel, envergando uniformes nazis (...) Também a campanha eleitoral italiana foi excessivamente anti-alemã e anti-europeia.»
 
 
18:18 - 10-03-2013

 

domingo, 10 de março de 2013

INQUIETAÇÕES CASTRENSES


General Loureiro dos Santos

Em jantar que reuniu há dias dezenas de oficiais generais e superiores dos três ramos das Forças Armadas, entre os quais diversos ex-chefes de Estado-Maior, na reserva e na reforma, o general Loureiro dos Santos, ex-ministro da Defesa e ex-chefe do Estado-Maior do Exército, falando em nome dos presentes, advertiu, segundo o "Expresso", para o risco de desarticulação das Forças Armadas e para o receio (face às medidas políticas de anteriores e do actual Governo e às que vêm sendo anunciados pelo executivo em funções) de as Forças Armadas serem "incapazes de satisfazer as necessidades de defesa do país" e de levarem à "descaracterização da condição militar".

Também, citando o mesmo jornal, o coronel Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, afirmou em entrevista à TSF que só não organiza uma nova revolução dos cravos porque entende que "não há condições para isso", acrescentando que "se sentisse que havia condições (para fazer um novo 25 de Abril) já estava a preparar outro".

Por sua vez, o general Garcia Leandro, professor do Instituto de Altos Estudos Militares e antigo governador de Macau, declarou que o ministro da Defesa, Aguiar-Branco, "não sabe o que está a fazer".

Igualmente, o general Valença Pinto, ex-chefe do Estatdo-Maior General das Forças Armadas, reconheceu que "o poder político está a funcionar em relação às Forças Armadas como uma espécie de 'aprendiz de feiticeiro'".

No mesmo sentido, têm sido proferidas declarações pelos responsáveis das associações militares de oficiais, sargentos e praças.

São, portanto, notórias, as inquietações castrenses.

E seria bom o que o actual Governo as tivesse na devida conta, porque nunca se sabe...

Ninguém ignora que as Forças Armadas de um país, com todos os defeitos que possam ter e com as eventuais imperfeições de alguns dos seus membros, constituem, ainda (até quando ?), a Reserva Moral da Nação.

E creio que em todas as críticas formuladas não se trata apenas de reivindicações pecuniárias (como alguns parecem pretender) mas de uma mais profunda preocupação com a própria instituição militar.

Além do mais, é um disparate dizer-se, como muitas vezes se ouve, que o país não necessita de forças armadas porque não estamos em guerra. Não só elas são necessárias em tempo de paz, para o cumprimento das mais variadas missões, como é cada vez mais previsível a eclosão de uma guerra de contornos ainda indefinidos, em que Portugal não ficará indemne. Isso aconteceu com Salazar, mas os tempos eram outros, e qualquer eventual comparação entre o governo de Salazar (por muito que se discorde da personagem) e o actual governo é um insulto à inteligência.

Conviria, pois, que nestes "tempos sombrios", para evocar Hannah Arendt, o presidente da República, como Comandante Supremo das Forças Armadas, tivesse uma palavra, e não se refugiasse em silêncios, que poderão ser, em alguns casos, meritórios, mas não se compadecem com a responsabilidade da Suprema Magistratura da Nação.

sábado, 9 de março de 2013

METÁFORA DO TEMPO PRESENTE




Tannhäuser, de Richard Wagner - Festival de Bayreuth, 1989

(Excertos)

Direcção musical de Giuseppe Sinopoli - Encenação de Wolfgang Wagner

quinta-feira, 7 de março de 2013

AINDA O DESAFIO EM OLD TRAFFORD



Algumas imagens obtidas pelo "Daily Mail"

Segundo aquele jornal, apesar de Cristiano Ronaldo (por mais do que compreensíveis razões), se ter recusado a celebrar a vitória do Real Madrid, os seus companheiros Diego Lopez, Mesut Özil, Sérgio Ramos, Raphaël Varanne, Fábio Coentrão e Sami Khedira posaram semi-nus para a objectiva do fotógrafo:


Também José Mourinho, segundo o jornal, não se poupou esforços a consolar Nani pela sua injustificada expulsão do jogo:


A fraternidade no futebol é uma qualidade que sempre apreciei. 

terça-feira, 5 de março de 2013

HUGO CHÁVEZ




A VENEZUELA ESTÁ DE LUTO

Segundo informa a comunicação social, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, morreu hoje em Caracas, aos 58 anos, na sequência de complicações decorrentes das operações a um cancro a que vinha sendo submetido.

Profundamente emocionado, o vice-presidente, Nicolás Maduro, anunciou a notícia na televisão.

Eleito democraticamente, o arauto da revolução bolivariana foi alvo de várias conspirações americanas para o derrubar, mas conseguiu promover a melhoria das classes mais desfavorecidas, num país onde 80% da população ainda vive abaixo do limiar da probreza, apesar dos consideráveis recursos petrolíferos.

De acordo com o "Nouvel Observateur", o povo depositava as maiores esperanças nesta personalidade carismática, capaz de enfrentar os poderosos de dentro e de fora do país.