Piero Cappuccilli canta "Urna fatale", de La Forza del Destino, de Verdi, no Teatro Alla Scala, de Milão, em 18 de Junho de 1978
São as urnas, normalmente, fatais. Quer quando utilizadas para acondicionar os mortos que seguem para a sua, presumivelmente, última morada, quer quando destinadas a acondicionar os boletins dos escrutínios eleitorais.
Tivemos estes dias algumas eleições, todas importantes, embora algumas pareçam (um erro) mais importantes do que outras.
A comunicação social portuguesa (e mundial) deu a primazia da informação à eleição presidencial em França, que foi fatal, ainda bem, para Nicolas Sarkozy. As eleições gregas foram também objecto de interesse da imprensa internacional, não por causa da substituição do incumbente, mas atendendo à crítica situação económica e financeira da Grécia e ao previsível, e confirmado, resultado inconsequente da votação. Aparentemente inconsequente, mas perfeitamente consequente em face das políticas prosseguidas naquele país, primeiro pelos seus dirigentes incapazes e corruptos e depois pelas receitas (que nem ao Diabo lembrariam) destinadas à "recuperação nacional". Quero dizer que a União Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional, uma troika de mau agoiro, agindo sob a batuta, melhor, sob o cabo da vassoura da Lilith germânica, ultrapassaram os desígnios de Satan, do pequeno Satan, entenda-se, já que o Grande Satan habita outras paragens.
Mas realizaram-se, igualmente, eleições na Sérvia, país que deveria merecer as maiores atenções. Eleições presidenciais (primeira volta) e parlamentares. Passam à segunda volta o actual presidente Boris Tadic (26,7 %) e o seu concorrente directo Tomislav Nicolic (25,5%). A segunda volta será a 20 de Maio. Os resultados das eleições legislativas, segundo os dados de que dispomos, foram sensivelmente idênticos aos obtidos nas eleições presidenciais. Assim, o Partido Democrático, de Tadic, e o Partido Progressista Sérvio, de Nicolic, obtiveram percentagens semelhantes às dos seus líderes. O partido Socialista, outrora liderado por Slobodan Milosevic, obteve 16,6%, ficando em terceiro lugar.
Hoje, e apesar do boicote da oposição, realizaram-se também eleições legislativas na Síria, as primeiras eleições democráticas das últimas décadas. Segunda informa a cadeia russa RT, concorreram mais de 7.000 candidatos, incluindo 710 mulheres, para os 250 lugares do Parlamento. Concorreram diferentes partidos políticos e candidatos independentes. As secções de voto encerraram ás 19 h (TMG) e não existem ainda resultados escrutinados. Desde 1963, é a primeira vez que a população síria é chamada a escolher directamente os seus representantes. Não obstante o clima de violência que se regista no país, o acto eleitoral decorreu com a possível normalidade, não se tendo registado significativos incidentes. O novo sistema eleitoral consta da nova Constituição aprovada, há meses, por referendo popular, e que visa dotar o regime de alguma legitimidade, dado que até agora o partido Baath, de Bashar Al-Assad, detinha o monopólio da representação nacional. Também destas urnas se aguardam os resultados, embora deles não se espere uma significativa mudança na evolução política do país.
Contudo, todas as eleições referidas são importantes não só para os respectivos países mas para a Europa e para o equilíbrio internacional.
E através destas urnas se poderá intuir também da força do destino.
2 comentários:
Bravo, bravo. A ópera, que representa a vida, aqui evocada na vida real. Parabéns ao autor.
wonderful post.Never knew this, regards for letting me know.
Enviar um comentário