terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A TUNÍSIA, AQUI TÃO PERTO


Durante duas décadas viajei frequentemente para a Tunísia. Três a quatro vezes por ano. A primeira vez, como simples turista. Depois, a fim de estudar a história e a sociedade tunisina, proferir conferências (uma das quais a convite da ALECSO, a UNESCO da Liga Árabe), visitar lugares históricos, desfrutar da paisagem e do clima, banhar-me nas águas tépidas das praias mediterrânicas, e conviver com os amigos que, ano após ano, adquiri em tão hospitaleira terra. Por razões várias, não vou à Tunísia há cerca de cinco anos. Previra uma deslocação em Maio passado, mas as declarações intempestivas de um ex-ministro (já pós-revolução) que levaram a um novo decretar do estado de emergência e recolher obrigatório, obrigaram-me a cancelar a viagem.

As minhas estadas na Tunísia, e especialmente em Tunis, proporcionaram-me a oportunidade de adquirir livros sobre o país que não encontraria em qualquer outra parte do mundo. Tornei-me assim cliente habitual das livrarias da cidade, nomeadamente da Claire Fontaine, da Rue d'Alger, da Al-Kitab, da Avenue Habib Bourguiba e, em especial, da Diwan, em plena Medina, e cujo funcionário, Sofian, passou a procurar livros de história e de arte que ele sabia me interessariam, e que eu comprava aquando das minhas deslocações. O exemplar da imagem é uma dessas obras.

Muitos dos meus amigos passaram para França (para onde nunca tinham conseguido visto) no período agitado que se seguiu à revolução. Visitá-los-ei logo que possa. Mas estou curioso de voltar a Tunis, certo de que, apesar das modificações ocorridas, e de uma assembleia maioritariamente islâmica e cuja legislação se aguarda, possa aspirar ainda uma vez o cheiro do jasmim, contemplar os mosaicos do Bardo, tomar um chá em Sidi-Bou-Saïd, viajar no TGM, e percorrer ao cair da tarde a Avenida (Bourguiba, é claro) - lamentavelmente modificada ainda no tempo de Ben Ali, para imitar os Champs-Elysées -, mas que lhe retirou o carácter excepcional a que durante tantos anos me habituara.

1 comentário:

Anónimo disse...

A Tunísia sempre foi um lugar de eleição. Esperemos que as novas autoridades não estraguem a liberdade de costumes que existia um pouco por todo o país, aliás como no resto do mundo árabe. Com os fundamentalistas, cujos chefes até serão ateus, nunca se sabe o que pode acontecer.