terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A IMPLOSÃO DA CLASSE MÉDIA


Acabou de ser publicado o livro de Elísio Estanque A Classe Média: Ascensão e Declínio. Trata-se de uma obra de investigação, a que o PÚBLICO deu o devido relevo, e que se debruça, numa primeira parte, sobre os aspectos teóricos da matéria, e numa segunda parte, concretamente sobre Portugal.

Não sendo agora o momento de tecer considerações sobre este oportuníssimo livro, importa especialmente o que o autor escreve sobre a situação portuguesa, mormente numa altura em que já estamos a ser telegovernados de Bruxelas, ou de Berlim. Mas não se deve descurar a análise teórica da obra. Verifica-se desde há tempos um concertado ataque à classe média a nível mundial, que se insere numa estratégia conhecida, até porque muitos documentos estão publicados, por vezes disfarçadamente. Dirão alguns que esta apreciação se insere no que costumam designar por teorias da conspiração. Então esperem, e vejam.

Sabe-se que a classe média tem constituído desde a Revolução Francesa, grosso modo, o sustentáculo dos regimes democráticos. As medidas que contra ela são agora adoptadas, um pouco por toda a parte, vão provocar, impreterivelmente, a sua implosão. O que se seguirá depois? Os artífices desta confessada, embora inconfessável, estratégia, têm, como se sabe, como objectivo, derrubados que sejam os regimes (já só aparentemente) democráticos, a criação de um tipo novo de sociedade, em que a maioria esmagadora das populações fique sujeita a uma condição próxima da escravatura, enquanto uma minoria, possuidora da sabedoria e dos bens, se encarregará de dirigir o mundo. Nada disto é novidade. O progressivo desmantelamento do estado social é já um sinal claro das intenções ainda não totalmente reveladas.

Para tornar credível às massas a imposição de medidas excepcionais, clama-se que o dinheiro não chega, que são necessários sacrifícios, mais trabalho, menos rendimento, menos saúde e assistência social, que se abandonem os velhos que já não produzem, e por aí adiante. Mas nunca tão poucos ganharam tanto em tão pouco tempo.

Para ajudar a convencer os mais renitentes, encenou-se o hábito de reuniões semanais (ou até diárias) dos responsáveis mundiais, com a finalidade de provar que, apesar dos seus denodados esforços, as políticas de austeridade são imperativas e irreversíveis.

Porque insondáveis são os desígnios da Providência, não sei se os interessados nesta via, da qual os dirigentes políticos não são, por vezes, mais do que meros executantes, conseguirão atingir os seus objectivos. Mas não tenhamos dúvidas de que tudo farão para consegui-los.

2 comentários:

Anónimo disse...

Vamos de mal a pior. Quando é que este governo vai porta fora??????????????

Anónimo disse...

Seria mais de reclamar, quando é que todos estes governos, TODOS, vão borda fora! aPENAS UM, NÃO ADIANTA NADA. Revolução bolchevique, já!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!